Capítulo 9

Mas não havia noite pior para Calliope escolher fugir.

A garota morava a duas quadras de um bar. Bar este que coincidentemente havia um homem de aspecto cansado e barba mal feita tomando uma caneca de café.

Quando ele viu pela janela a loira passando pelo bar em passos decididos, carregando uma grande mochila nas costas e vestindo roupas de frio a prova d'água, ele automaticamente soube que algo estava errado.

Deixou o dinheiro no balcão e se dirigiu até a menina.

— Com licença... — pediu ela assim que o estranho ficou na sua frente, bloqueando sua passagem.

— Calliope, certo? — a menina recuou um passo.

— Como sabe meu nome? — perguntou, seus dedos apertando a alça da mochila com força.

Ele ignorou a pergunta.

— Por que está fugindo?

— Como sabe meu nome? — indagou novamente, com mais firmeza dessa vez. — Quem é você?

— Sou uma pessoa que está atrás de respostas — replicou no mesmo tom.

A expressão da garota endureceu subitamente, mas o barbado notou que suas mãos tremiam fracamente.

— Legal, e eu sou uma garota que sugere que você saia do meu caminho se não quiser se machucar — disse ela, irônica, claramente se esforçando para manter a expressão firme.

O barbado deu um passo para o lado e fez um gesto, indicando para ela continuar sua rota.

— Por favor. Não quero ser eletrecutado — disse, em um tom tão calmo que fez a garota recuar, ao invés de aproveitar a chance para passar.

Ela não notou os dedos cruzados do homem a sua frente.

— Você viu..? — ela sacudiu a cabeça, repreendendo-se — Não, é claro que viu. Se sabe até o meu nome, por que não teria visto... — ela se interrompeu e encarou o homem, constrangida.

Os nós dos dedos ficaram brancos pela força com que segurava a alça da mochila.

— Olhe.. — começou hesitante, escolhendo as palavras com cuidado. — Por favor, se quiser dinheiro, eu lhe dou os poucos trocados que tenho, mas por favor, em nome de tudo o que é sagrado, não conte pra ninguém sobre o que você viu.

O homem arqueou uma das sobrancelhas.

— Eu juro que aquele raio foi sem querer! — ela abaixou a cabeça, os olhos marejados — Por favor... não conte.

O homem descruzou os dedos e deu um passo na direção da garota prestes a chorar.

Raio? Ele apenas queria provar a si mesmo que tudo aquilo não passava de papo furado de um louco stalker, mas a menina parecia genuinamente em pânico. Ele precisava de mais respostas e precisava encontrar alguma forma de fazê-la falar tudo.

— Calliope e Halt! Mas que coincidência agradável... — os dois se viraram na direção da voz e Halt grunhiu.

Mas é claro. Um bom stalker sempre estará lá nas horas certas...

— O que faz uma hora dessas em um lugar como este, Calliope? — a expressão de desapontamento do negro era o mesmo de quando uma criança errava alguma conta na lição de casa.

A garota deu mais um passo para trás, genuinamente assustada, mas Elijah se adiantou antes que ela pudesse tomar qualquer decisão:

— Queremos lhe ajudar. Você é poderosa, Calliope, e há pessoas ruins que querem você por causa disso. Você não quer machucar mais ninguém, certo? Eu posso te ajudar; posso te ensinar a controlar esse poder que há em você.

— Quem...

Ele a interrompeu:

— Meu nome é Elijah, e eu sujiro que tenhamos essa conversa em um outro lugar. As paredes tem ouvidos, sabe?

A garota assentiu. Ela olhou para trás novamente. E pensou.

Pensou no que aconteceria se corresse. Se eles a deixassem fugir, ela iria continuar com seu plano e...

E o quê?

Afinal, à quem ela estava tentando enganar? Não sobreviveria um mês sozinha. E o pior: poderia matar mais pessoas.

Agora, se ela fosse com esses dois... Se eles fossem maus, sua morte apenas se adiantaria. Se eles fossem bons e estivessem falando a verdade, ela poderia aprender mais sobre sua situação.

Ela deu um passo na direção do homem barbado, que parecia curioso com essa situação. Ela se identificou com ele.

— Para onde?

O negro sorriu aliviado.

🔥⚡🔥

Calliope tenta parecer mandona como a Astrid, mas no fundo é um bebezinho.

O que estão achando? Me contem, me contem!

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