Capítulo 17
O sol estava começando a nascer quando Halt destrancou a porta da sua antiga escola.
A rua atrás deles estava deserta e a antiga escola, em um silêncio quase que perturbador.
Estava tudo exatamente da forma que Halt deixara: os montes de feno onde ele pendurava os alvos estavam empilhados em um canto seco e a mesa onde Fernando se sentava estava coberta por um lençol branco.
A luz obviamente não funcionava mais, mas Callie estava iluminando o caminho com uma lanterna.
Foi apenas quando eles entraram no antigo escritório que notaram algo estranho: a porta estava destrancada e havia luz vindo dele.
— Mas o que diabos... Dylan?! — Halt deu um pulo para trás quando localizou a figura adormecida em sua antiga mesa, a cabeça apoiada nos próprios braços e uma lanterna fraca iluminando os cabelos desgrenhados e nitidamente sujos.
Halt se aproximou do homem que acordou em um pulo. Em um movimento fluído, ele pegou uma pistola que estava sobre seu colo e apontou para Halt.
O moreno ergueu as mãos em sinal de paz, e Callie recuou alguns passos, instintivamente, sentindo uma corrente elétrica percorrer por suas mãos.
— Dylan, sou eu! — exclamou Halt, fazendo o homem hesitar por alguns segundos. Ele olhou por cima da arma, demorando alguns segundos para focalizar a figura vestida de preto na sua frente.
— Halt...? — então seus olhos se iluminaram. O homem barbado não pode deixar de notar que haviam bolsas profundas em baixo deles e que sua barba estava há algumas semanas sem fazer. — Halt!
Ele abaixou a arma e foi correndo na direção do velho amigo, o abraçando.
— O que está fazendo aqui, Dylan? E, diabos, há quanto tempo não toma banho?
— Quatro dias — disse, soltando Halt do abraço. — Ou cinco. Não me lembro bem..
Halt olhou de relance para Callie, que observava toda a cena com um olhar assustado.
— Callie, vigie a calçada — mandou Halt.
— NÃO! — gritou Dylan, segurando no braço da menina. — É muito perigoso.
Halt franziu o cenho, confuso.
— Há... monstros lá fora — explicou, quase em um sussurro.
— Que tipos de monstros?
— Horríveis! Pareciam gorilas... ou ursos — Halt e Callie se entreolharam. — Os olhos são vermelhos e apenas de olhar para eles por alguns segundos já dá uma vontade enorme de cometer suicídio. Mas a voz... A voz deles, Halt! Nunca mais quero ouvir de novo...
Dylan balançou a cabeça, atordoado.
— Eles vão picar essa garota em pedacinhos. Vocês tiveram muita sorte de terem conseguido chegar aqui com vida.
— Dylan — Halt segurou os ombros do amigo, obrigando-o a olhar para ele. — Me conte o que está acontecendo.
— Já disse, os monstros...
— Você esbarrou com eles?
— Eles invadiram minha casa — disse com a voz trêmula e uma lágrima silenciosa escorreu por seu rosto cansado. — Acredite em mim, Halt. Eu não estou louco nem nada do tipo. Eu tentei te ligar, mas você não atendia. Tudo o que me restou foi me esconder aqui, já que eu ainda tinha a cópia das chaves.
— Kallckaras invadiram a casa dele? — indagou Callie, o que fez Dyaln olhar para ela.
— Kallckaras?
— É o nome desses monstros — disse Halt. — Mas o que eles estavam fazendo na sua casa... — ele balançou a cabeça, subitamente se sentindo tonto. — Não, isso não faz sentido.
— Eles estavam procurando uma tal de cinética — contou Dylan. — Descreveram um homem igualzinho a você e disseram que estavam procurando por ele — seus olhos se arregalaram. — O que está acontecendo, Halt?
— Kallckaras atacam pessoas aleatórias? — indagou Callie. — Isso não faz o menor sentido!
— De alguma forma eles descobriram minha proximidade com Dylan e pensaram que ele soubesse dizer a eles onde nós estamos.
— Que burros — disse, mas Halt negou com a cabeça.
— Você é a primeira cinética com protetor. Tudo bem que agora há mais, mas isso é bem recente e demora um tempo para aprender como é que o inimigo trabalha — falou. — E isso vale tanto para eles quanto para nós. — Ele se virou para Dylan. — Venha conosco, Dylan. Vou te levar para um lugar seguro. Você fez muito bem em se esconder aqui.
Ele se afastou do amigo e foi até a escrivaninha. Abriu uma gaveta e tirou de lá um saco plástico cheio de pontas de flecha douradas. Em seguida, pegou a lanterna fraca que Dylan estava usando de iluminação e entrega a ele em troca da arma.
— Vamos correndo — disse Halt e Callie e Dylan assentiram.
Mas assim que saíram da sala para correr, Callie e Halt tiveram que diminuir o ritmo. No escuro era difícil de notar, mas assim que o sol tocou-o, as bochechas de Dylan que estavam começando a ficar magras apareceram e, apesar de estar de agasalho, era nítido que Dylan perdera vários quilos.
Halt voltou alguns passos e ajudou o amigo a ir mais depressa.
— Vão, vão, vão — mandou Halt com urgência. O silêncio estava mexendo com sua cabeça. Aquela rua nunca fora muito quieta. Havia sempre pelo menos um carro ou cachorro latindo.
Ele sentia que algo estava errado desde que chegaram e os relatos de Dylan apenas confirmaram suas suspeitas. A qualquer momento, eles podiam sofrer um ataque.
Ele fechou o portão rapidamente enquanto Callie ajudava Dylan a entrar no carro.
Halt se virou para atravessar a rua a tempo de ver vultos pretos no final da esquina.
Seu coração acelerou. Seria pedir demais para que os vultos não fossem carros de pessoas trabalhadoras?
Um grito gutural ecoou pela rua e Halt ouviu Dylan se jogando no banco, tremendo.
— São eles, Halt! — disse, apesar de não precisar.
O barbado entrou no carro como um raio bem a tempo de ouvir um tiro ao lado deles.
— Estamos sob ataque! — gritou Callie, já conseguindo distinguir as figuras peludas correndo na direção deles.
Halt girou a chave e mudou a marcha para sair dali antes de levarem um tiro.
Mas não deu tempo para acelerar: o vidro da frente explodiu em pedaços e um raio vermelho brilhante passou a centímetros da sua cabeça.
Mas isso fora proposital. O tiro não era para ele. Ele ouviu um gemido de dor no banco de trás e, de repente, o mundo de Halt ficou cinza.
🔥⚡🔥
Joguei a bomba e saí correndo.
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