6|| "Eu preciso sobreviver"

Boa leitura!

Aubrey

Acordo com uma dor de cabeça terrível, não me lembro de nada depois de que o médico chegou hoje de manhã para avisar que em uma hora os testes começariam. Eu me lembro de terem me levado na maca até uma sala, mas depois nada, como seu eu não estivesse lá.

Abro meus olhos e sinto uma irritação na veia do braço esquerdo. Soro. Odeio isso. Me sento na cama me apoiando apenas com o braço direito, para não irritar mais o esquerdo mas algo está diferente.

A sala está mais clara, a cama mais dura, mais aparelhos em volta de mim, e... Não estou na mesma sala. Estou sozinha aqui. Observo a sala em si, e ela é bem mais espaçosa que a antiga. Seis camas, uma ao lado da outra na parede de frente para a porta. Em frente a cada cama há uma mesa com medicamentos e umas listas. Ao lado de cada cama, uma poltrona com aparência confortável, ao invés de ter detalhes brancos a sala é toda branca, e com janelas, três janelas, fechadas como costume. O piso de azulejo branco reflete a luz branca do teto, que se junta com o branco das mobílias e das paredes.

A porta se abre, e vejo Andrew com uma prancheta na mão, ele vem até os pés de minha cama e para.

-Você terá alta hoje a tarde, mas quero sua presença aqui no hospital daqui a seis dias para assinar um formulário, que permite que você vá para a Rússia, para tratarmos os exames. Por ora, é só. Alguma dúvida?- pergunta.

-Ããã, por que eu não me lembro dos exames?- pergunto e vejo ele hesitar.

-É normal, com o tempo, você vai se lembrar, não se preocupe.- diz e vai embora. Batendo a porta com força. Estranho.

Tento não pensar nisso, mas os meus pensamentos me levam para a Rússia. Como era mesmo o nome das ilhas que ele disse? Ilhas .....ilhas Diomedes! Na Rússia! Por que tudo isso para uma convulsão?

De repente, borrões surgem à minha mente pessoas a minha volta, sangue, seringas...

Aí que dor de cabeça! De novo! Então uma dor mais forte me atinge. Começo a gritar freneticamente enquanto vejo luzes se apagando, as cores ficando cada vez menos variadas, vejo minha visão ficar turva e logo depois escurecer.

Não consigo me mexer, não consigo abrir os olhos, apenas grito. Ouço vozes me mandando parar de gritar e vou respirando calmamente aos poucos.

Continuo sem me mexer, mas consigo ouvir, ouço as vozes do doutor Andrew, de enfermeiras e médicos.

-Saiam todos!- ordena Andrew.

-Vejamos- ele continua em voz alta logo depois que ouve a batida da portas se fechando.- A mais inteligente dos seis tem que ter uma vantagem a mais, mas não consigo descobrir, não enquanto estivermos aqui. Você respondeu bem aos exames, mas o que será que o sangue fez ou vai fazer em você? Exames normais nunca vão poder me responder isso, preciso levar vocês seis para a Rússia logo. Mas agora, vou fazer você dormir.- ele diz e derrama um líquido na minha boca e não ouço mais nada.

Acordo com a voz de minha mãe, onde estou?

Abro lentamente os olhos me acostumando com a claridade e vejo que estou na mesma sala, um pouco mais clara pelo fato da janela ao meu lado estar aberta. Minha mãe vem em minha direção e me abraça.

-Que bom que acordou, estou louca para sair desse hospital, já assinamos os formulários, já tiraram os aparelhos de você e agora é só você se trocar e vamos para casa!- diz mandona como sempre.

-Ok.- me levanto e todos saem para mim me vestir. Olho para a mesa que havia aos pés da cama e vejo uma mala com minhas roupas, as quais não usei, acabei por usar apenas a camisola do hospital. Vou ao banheiro que eu não percebi que tinha e me olhei no espelho, uma visão um tanto macabra eu diria. Estava completamente pálida, magra e meus cabelos estavam horríveis! Decido então tomar um banho, não ligo pelo fato de minha mãe reclamar da demora, preciso me dedicar a mim.

Tomo banho, ponho o short jeans claro e a camiseta sem manga azul dos Ramones e uma sapatilha azul. Deixo meu cabelo loiro molhado, para secar sozinho e quando saio do banheiro vejo um corpo na cama ao lado da que eu estava, uma cabeleira ruiva. Fede fede.

Vou em sua direção e o observo. Pálido, como eu, ressaltando seu cabelo ruivo, ele estava desacordado, cheio de máquinas a sua volta como eu outrora estava. Seus cabelos, ligeiramente bagunçados, estavam sujos, mas mesmo assim, seu ar brincalhão ainda me invadia.

-Será que vamos nos ver de novo Fede fede?- pergunto acariciando seus cabelos.- Se a resposta for não...eu só quero dizer que vou sentir sua falta. Sei que a gente não se conhece bem, ma você foi importante pra mim.Obrigada!- deposito um beijo em sua testa e saio, não sem o olhar novamente. Se não nos vissemos de novo, isso seria um adeus.

Suspiro e fecho a porta atrás de mim. Ando pelos frios e claros corredores com uma ou duas pessoas sentadas nas cadeiras a frente das salas onde pacientes dormiam, passavam por mais uma consulta ou comiam. Estaria completamente perdida se não fosse pelas placas azuis que indicavam onde ficavam cada lugar.

Dobro a direita e avisto o elevador, fico esperando ali, parada observando a porta de metal brilhante onde era possível ver o próprio reflexo. A porta se abre e entro, apertando o botão que me levaria ao primeiro andar.

Tiro meu colar do bolso do short e o obsevo. O que significaria? Um M? E o triângulo? Por que eu teria isso? Com certeza eram muitas perguntas para um mísero objeto, e muitas perguntas as quais não podiam ser respondidas.

Narradora.

Perguntas que nem a garota mais inteligente dos seis pode responder.

Aubrey

Ponho o colar e a porta se abre. Saio e avisto meu irmão com as mãos nos bolsos da calça jeans. Chego perto dele o abraçando, daquela família, ele ra o que eu mais gostava, mesmo me irritando, ele era meu porto seguro, como se com ele, tudo desse certo.

Ele passa o braço direito pelos meus ombros e me conduz até o estacionamento.

Perto de um carro prata de quatro portas estão minha mãe e meu pai. Eles entram no carro, seguidos por eu e meu irmão.

Ao sairmos consegui ver nuvens, várias nuvens, escuras e claras. Odiava não poder ver o sol, odiava não poder ver o céu azul. Odiava mais ainda, não poder responder as perguntas que vinham a minha mente.

"Acalme-se, em breve teremos o poder e você fará o que quiser com o que quiser pequena Aubrey"- uma voz fria disse a minha cabeça.

O que é isso? A cada vez fica mais frequente, a cada vez fica mais estranho, Deus o que tá acontecendo comigo? Eu preciso saber. Eu preciso sobreviver.

*

Espero que tenham gostado!

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