Capítulo Vinte e dois


Bip...bip...bip...

Bip...bip...bip...

Eu não conseguia abrir os olhos.

E tudo que eu conseguia era ouvir o leve e suave bip... aquele incrível som que deixa qualquer um com medo de morrer.

Neste momento, eu não conseguia abrir os olhos. E eu sei o porquê.

Eu não quero abrir os olhos e receber a notícia que alguém que tanto amo, morreu.

Talvez o meu cérebro esteja avisando ao meu corpo que ainda não é a hora, deixando tudo paralisado, desde de meus olhos até as pontas dos pés. Se não for isso, talvez seja algum sedativo que me deram para que assim que eu acordasse, eu ficasse meia aérea.

Então, a única coisa que eu faço é tentar ouvir o que está acontecendo ao meu redor.

Ouço um barulho de porta sendo fechada e logo em seguida, um barulho de algo se arrastando pelo chão.

Continuo de olhos fechados, quando sinto alguém tocar a minha mão.

- Filha...-era mamãe sussurrando perto do meu ouvido. Pelo som da voz, ela está chorando.

Mamãe entrelaça seus dedos nos meus, acho que tentando de alguma forma fazer com que eu acorde.

-Minha menina...precisamos de você...acorde logo...-Diz soluçando, fazendo com que eu sinta meu coração apertar.

Então faço um certo esforço que me cansa, para apertar sua mão e abrir os olhos.

E consigo.

Uma luz forte invade meus olhos, fazendo com que eu feche-os novamente com força.

Depois abro lentamente os olhos, me adaptando à luz do ambiente.

Encaro o teto branco típico de Hospital.

As cenas que vi no jardim vem com tudo, me fazendo ficar tonta.

Respiro fundo para ver se este mal estar passa, mas lembro de mamãe ali do meu lado, e me vem um medo de olhar para ela e ver a resposta refletida em seus olhos, a resposta que fará meu mundo ruir.

Mas eu não poderei fugir para sempre, então deixo que se passe alguns minutos antes de olhar para mamãe.

Crio coragem para enfrentar o que a vida me reserva.

Lentamente, vou virando a cabeça para o lado, e arregalo os olhos ao ver o estado que mamãe se encontrava.

Aquela mulher confiante e elegante que vi em minha festa, não se encontrava mais assim. O penteado de mamãe está todo desmanchado e alguns cachos que estavam presos antes em seu cabelo, agora se encontravam soltos e desfeitos. O rosto de mamãe está todo inchado como se ela estivesse chorado a noite inteira; seus olhos estão profundos e ao redor deles, cheios de orelhas, mostrando o quanto mamãe está exausta. Resumindo, mamãe está péssima.

-Kathy! -Diz mamãe assim que percebe que estou desperta, se levantando da cadeira para me abraçar.

Mamãe me abraça apertado.

-Ai minha menina...- Sussurra em um tom calmo.

-Mamãe...como ele está? - Pergunto quando mamãe volta a se sentar na poltrona ao meu lado.

Ela respira fundo e abaixa a cabeça.

-Filha...Você vai ter que ser forte. - Diz, envolvendo minhas mãos com as suas.

Olho para ela já com os olhos marejados, esperando pelo pior.

Ela respira fundo mais uma vez e diz:

-Não sabemos o que aconteceu ainda, a única coisa que fomos informados foi que Víctor o encontrou desmaiado no chão com um tiro no peito.

O trouxemos para cá o mais rápido possível, já que a ambulância teve que ser chamada. Quando chegamos, o Dr. Rodrigues o levou para a sala de cirurgia e ficou lá por horas à fio, sem nos dar nenhuma informação. Mas antes que eu viesse para cá, o Doutor veio nos dar notícias que ele está na UTI, em observação. No meio disso tudo, foram dois tiros e uma fratura na perna...

Mamãe se levanta e cruza os braços, indo até a janela, ficando de costas para mim.

Lágrimas começam a descer descontroladamente de meus olhos, fazendo com que eu não consiga ver nada com clareza, além de não conseguir respirar direito.

Com todas essas informações que mamãe me deu, uma não havia sido respondida. Porque eu já sei a resposta...porém quero ouvir para ter certeza.

- E como ele está? Ele vai ficar bem? -Pergunto, tentando me levantar da cama.

Silêncio.

Mamãe se curva para frente, soltando um soluço, chorando descontroladamente.

Coloco o pé no chão e tiro os fios que estavam colados em meu peito, e ando em sua direção, meio cambaleante, sem me importar de estar descalça.

Abraço mamãe apertado, enquanto nos ajoelhávamos no chão, não suportando nosso próprio peso.

Ela retribui o meu abraço.

-Eu não sei o que vou fazer, Kathy...se ele...- sussurra, mas não a deixo terminar.

-Shiuuu...Não vamos pensar o pior mãe. - digo, afagando seus cabelos.

Ela concorda com a cabeça, enquanto enxuga as lágrimas.

Ficamos em silêncio por um tempo, compartilhando nossa dor uma com a outra.

Respiro fundo. Tenho que ser forte. Por nós três.

-Mamãe... A senhora tem que descansar...-Digo, colocando minhas duas mãos de cada lado de seu rosto, a fazendo olhar para mim.

Ela nega com a cabeça.

-eiii...nada disso. Deixa que eu resolvo tudo... a senhora tem que descansar um pouco. - Falo, dando um beijo em sua testa.

Ela resmunga baixo.

-Mas filha, você desmaiou e ficou desacordada a noite toda. Você precisa descansar também. - Insiste, tentando me fazer mudar de ideia.

-Mas nada, mãe. Eu estou bem e já descansei o suficiente. Agora, venha. -Digo, à ajudando a se levantar.

Envolvo meu braço ao redor de sua cintura e a levo até a cama.

Pego o lençol fino, afastando o suficiente para ela se deitar.

Mamãe sobe na cama e se deita, virada para o meu lado, enquanto a cubro com o lençol.

-Descanse, mãe. Qualquer novidade, eu venho avisá-la. -Digo e dou um beijo em sua bochecha.

Mamãe assente e fecha os olhos.

Espero algum tempo para ter certeza que ela dormiu, antes de sair do quarto.

Vou em direção a porta e abro a mesma.

Logo estou de frente para um corredor onde enfermeiros passam de um lado para o outro, ocupados com seus deveres.

Penso em parar algum deles, mas desisto.

Olho para as paredes do corredor à procura de alguma placa indicando a recepção, mas não foi necessário eu procurar por muito tempo, pois logo tia Linda aparece dobrando o corredor, vindo na direção do meu quarto.

Fico encostada na porta, esperando ela chegar.

Tia Linda está vestindo um vestido preto longo, de alças e com os cabelos presos em um coque elegante. Ela ainda está vestida com a roupa da festa.

"Com toda essa agitação, ninguém teve tempo para se trocar..."

Ela arregala os olhos quando me vê.

-O que você está fazendo aqui fora, menina? -Pergunta, colocando uma das mãos em minha testa, para sentir minha temperatura.

Reviro os olhos por seu gesto e abro um sorriso.

-eu estou bem, Tia Linda. Não precisa se preocupar. -Digo, tirando sua mão de minha testa e dando um abraço nela.

Ela retribui o abraço e dá um beijo em minha cabeça.

-Como não me preocupar? Você desmaiou, minha menina. -Diz alisando meus cabelos.

Me afasto um pouco dela e pego em sua mão.

-eu sei, Tia Linda. Mas já passou. Eu só quero comer alguma coisa e ver como ele está. -Digo.

-Venha menina. -Diz tia Linda, me levando em direção da cafeteria do Hospital.

Logo chegamos e pedimos algo para comer.

-Tia Linda, como ele está? - Pergunto assim que nos sentamos.

Ela se remexe na cadeira.

-está em um estado delicado, Kathy. Ele vai ficar em observação pelas próximas vinte e quatro horas. Só teremos que esperar para ver como ele vai reagir. - Diz, segurando em minhas mãos.

Apenas assinto.

Tudo aconteceu muito rápido. Não sei o que pensar direito.

Eu seu que papai é um Advogado importante e que tem muitos inimigos por causa disso. Que no caso, seria os mafiosos ao qual ele ajudou muitas pessoas, à colocar atrás das grades.

Mas...Como aquilo aconteceu? Quem faria isso? E porquê? Como conseguiram entrar na festa sem serem notados e ainda por cima, ter atirado e ninguém ter visto?

São muitas perguntas para nenhuma resposta. Mas eu vou fazer de tudo para consegui-las. Não importa o que seja, a justiça vai ser feita.

Eu vou descobrir quem atirou em meu pai.

Oláaaa, meus amores!!!!

Mais um capítulo para vocês!

Até a próxima!

Quero muitos comentários e votos!!

bjs!

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