Capítulo catorze

Olho nos olhos de Víctor após este beijo.

Seus olhos é como uma esmeralda que deve ser admirada por todos, pela sua simples beleza.
Sempre me perdi em seus olhos. Olhar para eles é como me perder em um lugar desconhecido e conhecido ao mesmo tempo.

Víctor não tira os olhos de mim e percebo que seus olhos estão procurando algo nos meus para entender o que está acontecendo.

E foi aí que eu saí de meu transe.

-Desculpe, eu não queria te...

-Shiiuu. Não diga nada.- Ele fala colocando o dedo indicador em meus lábios.

-Melhor. Me fale do porque você estar assim?- Diz, me puxando para deitar com ele.

Fico deitada de lado de frente para Víctor.

-Eu não quero tocar neste assunto. -Digo fechando os olhos para conter mais lágrimas que ameaçavam cair.

Eu era apenas uma menina quando esse acidente horrível aconteceu. Não gosto de falar sobre isso, eu tento esquecer, porém meu subconsciente insiste em me lembrar.

Tento me acalmar.

-Você sonhou com o acidente, não foi? -Pergunta Victor, mexendo em meus cabelos.

Respiro fundo e me viro para o outro lado, ficando de costas para ele antes de responder.

-Foi.-Falo.

Fecho os olhos, mas mesmo assim sinto uma lágrima rolar pelo lado esquerdo do meu rosto.

Victor estava lá naquela noite. Era para ser um final de semana com a nossa família, mas que se tornou para mim, uma noite de horror.

Victor respira fundo e tira as mãos de meus cabelos.

-Kathi... Minha Kathi... Esquece isso...

Viro para ele com tudo.

-você acha que eu não estou querendo esquecer? Ham? Acha que é fácil para mim ter que sonhar com aquele acidente? Não sou eu que escolho sonhar com um carro pegando fogo e corpos carbonizados.
Falo com a voz um pouco alterada e seco minhas lágrimas com raiva.

Ele me encara.
Ficamos assim,encarando um ao outro, por alguns segundos que pareceu uma eternidade.

-desculpa.-Ele diz por fim.

Respiro fundo.

Eu estou sendo injusta com ele. Estou descontando minha raiva nele. Por mais que ele não tenha visto todo o decorrer do acidente, ele viu os corpos carbonizados.

-Não é sua culpa, é que eu...

Respiro fundo.

-...É que eu não entendo como é que aquilo aconteceu. Já perguntei à minha mãe de como isso acabou acontecendo, mas ela disse que a polícia não descobriu muita coisa. Eu não sei, mais acho que ela está me escondendo alguma coisa.- Desabafo e me deito ficando de barriga para cima.

Ele faz o mesmo.

Ficamos em silêncio por um bom tempo.

Quando o silencio já estava me fazendo ficar incomodada, penso em me levantar e ir na cozinha para beber água, porém não foi necessário.

-Às vezes é melhor não procurar saber do inexplicável. Não saber daquilo que procuram te ocultar. Talvez assim, você não se arrependa depois. Diz Victor quebrando o silencio.

Olho para ele.
Seu olhar parecia distante.

Não entendi do porque ele disse isso. Se arrepender do que? Do que ele está falando?

-Victor... Do que você está falando? -Pergunto, me levantado para olhar em seus olhos.

Seus olhos encontram os meus. Parecem confusos... Estranhos. Perdidos.

-mmm? Não é nada... Vamos dormir. -Diz se virando e ficando de costas para mim.

Olho para ele sem entender nada. Quer saber, esquece!

Bufo de frustração.

Não sei porque, mas algo me diz que Víctor está me escondendo algo.

***
Alguns dias se passaram depois do ocorrido no apartamento de Víctor.

Quando eu acordei no dia seguinte, Víctor já estava melhor e eu não tinha mais o que fazer em seu apartamento. Então eu fui embora.

No decorrer da semana, Victor e Luk trocavam olhares assustadores na sala de aula ou quando se encontravam por aí.
Bem, o rosto de Luk estava deplorável, parecia que tinha sido atropelado por um caminhão.

Mas enfim, não mudou muita coisa a minha relação com Victor. Nós estamos nos comunicando melhor, mas ele ainda se fecha em um casulo que não consigo ver.

Argh! Isso é muito cansativo.

Agora estou em meu quarto, deitada em minha cama, após um dia cansativo.
Já era umas 17:30 mim da tarde, quando meu celular começou a tocar:

-Alô? -Pergunto, o velho e costumeiro "alô".

-Katherine?

Abri um sorriso imediatamente, assim que reconheci a voz. Era Daniel.

- Oi Dan. Tudo bem?-Digo e fico deitada de barriga para cima e olho para o teto, distraída.

-melhor agora. E você?Como tem passado? Pergunta e escuto um som de papel sendo amassado ao fundo da ligação.

-ah! Estou bem. Só entediada.-Falo.

-Mas me diz, porque a ligação? Precisa de alguma coisa?-Pergunto.

-Eu liguei porque precisava ouvir sua voz.- Diz.

Silêncio.

Por mais que ele esteja do outro lado da linha, eu ainda consigo ruborizar.
Abro um sorriso bobo.

-Dan...- Falo o repreendendo como sempre.

Ele dá uma risada do outro lado da linha por causa da minha repreensão. Ele sempre faz isso.

-Sabe, já que você disse que está entediada e eu estava pensando em te convidar mesmo para sair, acho que seria uma ótima oportunidade para te ver. Eu realmente preciso ver você.-Fala e acho que escuto um suspiro. Acho.

-Me vê? Porquê? Aconteceu alguma coisa?-Pergunto e franzo o cenho em sinal de preocupação.

-Aconteceu. Estou sentido a sua falta. Estou com saudades.- Diz.

Meu coração dá um pulo.

Daniel sabe como me seduzir e agir comigo. Ele sempre foi assim. Fala o que quer e o que sente. E agora não foi diferente. E pra falar à verdade, eu também estou sentindo saudades.

-Daniel, eu também estou com saudades de você.-Digo e falar isso parece que me faz sentir mais viva.

-então, eu passo em sua casa daqui a duas horas. Esteja pronta.

Dou risada de seu jeito bobo e fofo.

-okay, então. Estarei te esperando.

-até mais, anjo.- Fala Daniel.

-Até, bobo.- Respondo e desligo o celular.

Coloco o celular do meu lado ainda deitada e percebo que estou com um grande sorriso no rosto.

Aahh, com Daniel tudo é diferente.
Ele é simples, belo e claro como a água cristalina dos mares do Caribe.
Com Daniel eu não preciso me questionar com o que está acontecendo ou porque isso aconteceu. Ele não deixa isso acontecer, simplesmente porque ele gosta que as coisas sejam o mais claras possível.
Daniel não gosta de rodeios.

Ao contrário de Víctor.
Victor sempre gostou do mistério, do oculto, de coisas mal resolvidas e digamos até de "intrigas".
Victor nunca deixa as coisas muito claras. Você tem que se quebrar toda para simplesmente entender o que ele quer dizer, digamos que Victor gosta de enigmas.

Talvez por isso que Víctor e Daniel nunca foram amigos.
São muito diferentes.

Ultimamente minha relação com Victor está sendo meio estranha. Uma hora estamos numa boa e depois acaba acontecendo algo e ele se fecha, ficando arrogante e rude de novo.
Argh! Isso cansa.

Me levanto e vou até o closet atrás de uma roupa para vestir.

Pego uns cinco vestidos, uns cinco tipos de calça e várias blusas e deposito em minha cama.

Olho para as roupas.

"Já vesti muitas blusas que estão aqui, então não."

"Calça?...
...
...
...
...
...
Talvez"

Pego duas calças que eu ainda não usei e as separo das outras.

"Vestido?
...
Sabe, do jeito que Daniel é ele vai querer me levar para um jantar romântico. E um vestido cairia legal."

Pego três vestidos, um preto e dois vermelhos.

Deixo as calças de lado.

Provo todos os três vestidos.

Me olho no espelho e vejo que o vestido vermelho me caiu bem.

Olho para o meu cabelo.

Bufo.

-É sempre assim, quando não é uma coisa é outra. Digo, já sem paciência, para mim e meu reflexo.

É impressionante! Seu cabelo fica perfeito durante a manhã toda, mas quando você tem um encontro, ou é o cabelo que se manifesta ou é a roupa que não está legal.

Tiro o vestido e o deixo esticado na cama.
Entro no Banheiro e começo a tomar banho.

De repente cenas de Victor indo embora e tudo o que eu passei até agora me vem à mente.

E eu percebo que Daniel aparece na maioria das minhas lembranças.

Daniel me faz feliz. Eu gosto dele.

"Mas você não o ama como ele te ama..."

Balanço a cabeça, ignorando este pensamento.

-porque eu tenho que pensar em Victor? Porque? Me faço esta pergunta.

Affz.

Decido que esta noite será somente minha e de Daniel.

Está na hora de dar atenção à quem merece.

Saio do banho e vou me arrumar.

Como meu vestido é de renda e delicado, decido não passar muita maquiagem. Deixo meu cabelo solto e faço baby-liss nas pontas.
Coloco meu perfume e meu salto. Estou pronta.

E em instantes depois escuto um som de buzina.

Saio do quarto e desço as escadas.
Quando eu chego ao final da escada, Daniel estava entrando na sala.

Abro um sorriso.
Ele está muito lindo. Digamos muito gostoso.
Ele está de terno na cor preta e com os cabelos molhados e levemente bagunçados.

-Boa noite, minha dama.-Fala Daniel, pegando minha mão e  depositando um leve beijo nela.

Dou uma risadinha. Como ele é cavalheiro.

-Boa noite, Dan.-falo com um sorriso divertido no rosto.

-rosas brancas para meu anjo.- Diz Daniel, me estendo um buquê de rosas brancas. São as minhas favoritas.

-Muito obrigada, Dan. Que elegante da sua parte.-Digo pegando as flores e as cheirando.
O perfume das rosas eram como um aroma suave.

-Deixe-me levar essas rosas para seu quarto, filha.-Diz minha mãe que apareceu de algum lugar. Se ela não tivesse falado alguma coisa, não teria percebido sua presença.

Ela vem até mim e pega as flores.

-obrigada, mamãe.

Daniel estende o braço para mim e eu entrelaço o meu no dele.

Andamos até a porta e Daniel coloca a mão na maçaneta.

-Estou vendo que alguém está muito galanteador.- Digo, brincando com ele.

-Eu sou, anjo. E pra constar, você está muito bonita.- fala e em um movimento rápido, ele tira às mãos da maçaneta, me puxa para perto de si e me beija. Um beijo avassalador e  demorado.

-Boa noite.

Viramos a cabeça na direção da porta e vemos ali Víctor, com cara de poucos amigos.

Hahaha!
Iiiii vai dar besteira, hein!
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Bjs! E até a próxima!







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