se quer saber, eu não segui em frente,
não fui o protagonista de uma jornada heroica,
nem me tornei o salvamento que alguém precisava.

se quer saber, ainda cometo os mesmos erros,
ainda procuro no passado as respostas que me escaparam,
ainda piso com cuidado no chão frio,
e paraliso diante do abismo que me olha de volta.

ainda tenho medo de altura,
prefiro o quarto iluminado pela luz da noite,
e me tremo inteira, mesmo sem razão aparente,
por medos que não consigo controlar.

mas, apesar disso, algo me faz seguir.
agora pulo dos penhascos, sabendo o que me espera,
apago as luzes e encaro as sombras,
mesmo que elas me observem com olhos em chamas.
ando tremendo,
meus joelhos vacilam,
meus ossos estalam até o cerne,
mas ainda assim, caminho.

não mudei do que era antes.
apenas continuei.
me encarei nos planos inacabados
e, de algum modo, encontrei força em permanecer.