estou me afogando, me afastando da superfície mais rápido do que queria, mais fundo do que previa.

me debato, prendo o ar, num impulso tento subir, mas o oceano me envolve, me abraça, me pede para desistir.

o mar tem um ritmo brando, um toque frio e embriagante, mais doce que o oxigênio, mais calmo, mais fascinante.

talvez eu possa ficar aqui, me entregar sem hesitar, deixar meu corpo cair, sem medo, sem precisar lutar.

talvez eu possa descansar, me dissolver nessa imensidão, sumir nas ondas e no sal, ser levada pela imersão.

permitir que a espuma me guie, como quem nunca se perdeu, tocar a areia e partir, sem saber se sou mar ou se sou eu.