Rafael

Na primeira vez que viu Tales, Rafael pensou que com certeza seria uma das pessoas que gostaria de ter em seus grupos de trabalho. Ele parecia competente e Rafael detestava ser atrapalhado com coisas do tipo "Não consegui fazer o rascunho" ou "Não terminei minha parte ainda".

No segundo ano da faculdade, os grupos para trabalho do segundo semestre acabaram sendo sorteados, dessa forma ele e Téo acabaram no mesmo grupo. Depois disso, foram aconselhados que se quisessem poderiam manter os mesmos membros para os outros trabalhos e, como ninguém disse nada a respeito, acabaram por manter o grupo intacto desde então. Somente uma vez que eles precisaram fazer o trabalho na casa de Rafael para ele ficar irmão pois a empregada havia passado mal. O grupo tinha sido dividido em dois e Rafael levou Téo para sua casa, sua mãe e seu pai o conheceram e também seu irmão. Eles se deram bem logo de cara, mas então precisaram ir fazer o trabalho, e sua mãe saiu logo depois, portanto como Téo nunca os visitou novamente eles nunca mais se viram. E desde o estabelecimento dos membros, eles conseguiam sempre as notas mais altas e Tales nunca atrasava sua parte do trabalho, nem nada do tipo.

Bem, a competência de Tales era a razão para Rafael ficar satisfeito em fazerem o trabalho juntos no primeiro semestre. O que veio depois com os outros ele não tinha certeza, o que ele sabia era que era divertido, e leve, e o tempo passava rápido, e ele se sentia confortável em fazer aquilo, só não sabia se era sobre a pesquisa para o trabalho ou sobre as conversas aleatorias no meio disso tudo.

Tales sempre foi muito legal de conversar e coisa do tipo, mas ultimamente parecia irritado, o que deixou Rafael confuso visto a forma com que ele o respondeu na sala antes de sair.

A frase dita por ele ainda reverberava em sua cabeça e sentia como se o problema fosse com ele. Super agressivo, e eu não fiz nada. Ah! Ele que se dane! A música alta e a boate mais cheia do que o normal voltaram a atrair seus sentidos. Os preparativos para o Natal eram visíveis nas decorações, a parte de cima do teto estava repleta de pisca-piscas que na verdade não faziam muita diferença já que as luzes coloridas dos refletores iluminam todo o espaço.

Rafael foi com as garotas até o bar e pediu uma bebida pra cada um.

- Não gostei da resposta daquele cara - ele disse, o que se arrependeu de fazer no mesmo momento pois percebeu elas o olhando de um jeito estranho, por isso resolve continuar. - Ele fala com se fosse melhor do que eu. Como se isso fosse possível.

- Ele é que está perdendo sua amizade - uma das garotas disse passando a mão por debaixo de sua camisa e subindo. Rafael sentiu um calafrio surgir, mas rapidamente se deu conta de que sua razão era puramente por causa da mão dela estar gelada. Há uns meses seria por outro motivo, mas agora aparentemente ele achava que algo tinha mudado. Não é nada, deixa pra lá.

- E mais, por que está irritado desse jeito? Ele nem é tão importante assim - a outra disse.

- Tem razão - Rafael concordou. - É só que você sabe, somos do mesmo grupo do trabalho. Esse mal estar pode atrapalhar o andamento e acabar nos prejudicando. E além do mais, como assim não somos amigos? Eu sou super amigável. Por quê parece estranho o que digo? Que droga.

A noite continuou e Rafael e as amigas continuaram bebendo e dançando por um certo tempo do qual não ele não se lembrava.

O dia seguinte raiou e ele acorda devagar. Ainda demorou para abrir os olhos completamente pois a luz do dia só piorava sua dor de cabeça. A ressaca o atingiu em cheio. Ele levantou seu tronco devagar e se sentou na cama, algo se mexeu no lençol e ele olhou para o lado. Pelo que percebeu, ele e uma das garotas passaram a noite juntos. Com a outra ele não fazia a menor ideia do que houve. A última coisa da qual se lembrava era de pegar um táxi e chegar em casa já bem bêbado, se bem que não era uma lembrança exata, apenas um borrão.

Ele se senta na beirada da cama olhando pro nada e então a resposta rude de Téo voltou à sua cabeça e um pensamento escapou no automático quando ele menos percebeu. Será se eu disse algo? Ele então decidiu se levanta para lavar o rosto e resolveu deixar isso de lado.

Pelo menos por enquanto.

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