9. Alguém gosta da trave...

LANÇAMENTO LATERAL
É um método de recomeçar o jogo após a bola ter saído do campo pela linha lateral.

Em outras palavras, é o método mais fácil que Thomas precisa achar de resolver as coisas com Rules após fazer mais uma merda.

20.
04.
2019.

— Ela é incrível.

Robert Lewandowski e Thiago Alcântara já não aguentavam mais ouvir a respeito da mulher, cujo Thomas havia passado a semana enchendo o saco deles. Nem mesmo durante o aquecimento ele parava de dar informações que os amigos, na real, não queriam nem um pouco.

— Parabéns, cara. Aproveita essa oportunidade. — Thiago desejou de coração se alongando no corredor.

Em poucos minutos enfrentariam o Werder Bremen por mais uma rodada do campeonato alemão, que o Bayern era líder da tabela e favorito a campeão.

— Se você quiser minha opinião...

— Quero não. — Thomas cortou Robert, saltando de um degrau para o outro. — Eu falei mesmo só pra jogar na cara de vocês. A parte de opiniar, eu tô ignorando.

— Problema é seu. Eu sei que a Rules é uma adulta responsável pelas coisas que faz ou deixa de fazer, mas sei lá, não passou pela sua cabeça o que Marco vai achar do envolvimento de vocês? — Se Lewa não fosse tão amigo, Thomas já teria gargalhado na sua cara. — Eles são tipo, melhores amigos. Cuidam um do outro. Entende o que eu digo?

—  Na verdade, eu ignorei todo o resto depois do adulta e responsável. — Deu de ombros.

— Tô com Thomas nessa. — Thiago opinou: — Marco não é dono dela.

— Esse tipo de opinião eu tô aceitando.

— Só tô falando, porque hoje é uma noite importante pra ela. E com a sua ex-mulher vagando pelo momento importante dela, eu tô tentando evitar imprevistos.

— Não vai ter imprevistos. E foram você e Anna que convidaram a Lisa, então são vocês que vão lidar com ela. Não eu.

— A Anna convidou. Mas ela não sabia que você estava de caso com a Rules. Então, por favor, se for arrumar qualquer situação desagradável, espera a noite terminar.

Não tinha como negar para si mesmo que saber que Lisa estaria lá não o incomodava, pois incomodava. Sabia de sua amizade com a família de Lewandowski, mas se eles não tinham senso de sequer pensar que isso incomodaria Thomas, não seria ele a empatar o convite de ninguém. Mas duvidava que Rules tivesse convidado sua ex-mulher, pelo menos, não para implicar com ele.

Não parecia algo que Rules faria.

Nunca ia se conformar em como ninguém conseguia ver as coisas com os olhos dele, então apenas assentiu e seguiu seus companheiros para o campo, com o intuito de ajudar os Bávaros a levar mais um título para casa. A final, ele era bom no que fazia porque não deixava os problemas da vida entrarem em campo com ele.

NOTA PESSOAL DA RULES

A questão não é se você recomeça o jogo, e sim se continua com o mesmo esquema.

Rules já havia perdido a conta de quantas vezes já havia ido de uma ponta do salão a outra, carregando arranjos e levando tapetes. Sem contar as inúmeras cadeiras que já haviam sido transferidas de um lugar para o outro centenas de vezes. A equipe contratada para organização era ágil em montar e desmontar ambientes em minutos.

A plataforma do palco já tinha sido armada em dois locais diferentes em menos de meia hora. Rules nem sequer acompanhou o processo da primeira vez. Só o viu montado e quando piscou, já estava em outro canto.

Pelo menos tinha a certeza absoluta que se resolvesse fazer isso por conta própria, já estaria louquinha.

— Acho que alguém merece um descanso.

Ouvia a voz doce de Anna, e percebeu quando a mulher parou a sua frente. Estava acompanhada de uma moça tão bonita quanto ela.

— Oi, Anna. — Confessou, deixando um beijo em cada lado do seu rosto. — Que surpresa.

— Não por isso. Eu estava passando, e imaginei que você devia estar atolada de trabalho. Resolvi passar pra perguntar se precisa de algo.

— Na verdade, não preciso. Mas obrigada. — Rules encarou a mulher ao lado de Anna. — Ah, eu sou Rules Maniza.

— Lisa Mu... Lisa. — A mulher se embolou ao dizer, e apertou sem jeito a mão de Rules. — Sou convidada da Anna para a sua festa.

— Quanto mais mulheres, mais representação.

— Obrigada. E o café é pra você. — Estendeu o copo do Starbucks que Rules já conhecia bem. Ela hesitou. — De verdade, a gente veio oferecer ajuda porque Anna não consegue ficar parada. Ela é uma máquina.

— E café não se recusa. — Anna acrescentou.

Conformada, Rules aceitou o agrado.

— Obrigada. Mas em relação a ajuda, eu dispenso. Na verdade, eles dispensam. Eu mesma, sou enfeite de ambiente. A equipe do Events Germany é incrível e eu mal consigo ajudar aqui. — Terminou a frase bebendo o café. — Mas obrigada pelo café.

O que é que você está fazendo aqui?!!!

O momento seguinte veio seguido de um Thomas Müller chegando completamente alterado e irado, que se pôs entre Rules e Lisa, acabando completamente com o ambiente suave do lugar. Rules viu Thomas encarar Lisa com ódio, enquanto a mulher se afastou surpresa com a chegada dele.

Anna se pôs em alerta.

— Thomas ...

— Olha, Rules... — Thomas impediu que Lisa falasse, se virando para uma Rules curiosa. — Não importa o que ela tenha dito pra você, porque é mentira. Ela é uma mentirosa!

— Thomas. — Anna tentou ajudar.

— E você, Anna. Qual o seu problema? Por que trazer ela aqui? — Era notável a indignação, a rapidez com que cada palavra era proferida pelo alemão.

Rules bebia seu café enquanto absorvia a situação na qual estava presenciando, tentando encaixar um ponto solto no outro.

— Eu só vim... — Lisa tentou.

— Você não fala! — Thomas a calou. — Vai embora daqui e deixa a Rules em paz.

— Não é nada do que você está pensando.

— Da última vez também não era, não é? Sai daqui!

— Por favor, Thomas.

— Leva ela embora daqui, Anna. Porque até onde eu sei, foi você quem trouxe. — Suavizando a voz, ele apontou a saída.

A essa altura as pessoas ao redor, já haviam desviado sua atenção para o homem gritando no ambiente. Rules apenas negou, repudiando toda aquela situação. E parou o menino com um arranjo quando passou por ela. Deu uma última golada em seu copo, terminando o café e pediu que ele jogasse a embalagem fora.

— Obrigada. — Disse antes que saísse, e então voltou sua atenção para a cena ridícula que Thomas protagonizava. — Thomas.

— Me desculpe, Rules. — Ele lamentou olhando terno para ela. — Ela já vai sair.

— Não.

Pronto para despejar mais uma vez sua insatisfação sobre a ex-mulher, ele cancelou as palavras ao ouvir o "Não" que Rules direcionou a ele. Surpreso, curioso talvez. Ele encarou foi ela, e Rules negou, enquanto sentia vergonha da situação.

— Ela não vai embora. Você vai.

— Como é que é? — Questionou.

— Você ouviu. Não quero saber o que você tem lá fora com essa mulher, aqui é minha jurisdição. Você vem até o meu trabalho e arma esse circo todo. Quem você pensa que é? Vai embora. — O silêncio dele deixava claro sua surpresa. — Anda, Thomas. Vai embora.

Ele não acreditava, não, lógico que não. Tinha acabado de vencer um jogo difícil e decisivo, e a única coisa que ele queria era ver Rules, comemorar com ela. As flores e os bombons que estavam no carro agora pareciam ridículos em seu pensamento.

— Ótimo! — Foi o que disse, antes de deixar uma risada em deboche e caminhar pra longe delas.

Anna havia se arrependido da situação que logicamente podia ter sido evitada. Mas nada tinha sido proposital, e nem mesmo a cena de segundos atrás tinha uma explicação lógica em sua cabeça.

Thomas estava com Rules? E desde quando? Do outro lado, Rules sentia-se mal pela situação armada. Não importa quem Thomas fosse, humilhar Lisa não era um direito dele.

— Me desculpa por isso, Lisa.

— Eu mereço um pouco desse ódio. Mas sinceramente, desde que a gente se separou é a primeira vez que ele fala assim comigo. Eu que peço desculpas, Rules.

— Você não teve culpa. — Anna consolou a amiga. — Thomas é estouradinho.

— Eu não diria que não tive culpa. — Riu sem jeito. — Mas vocês parecem se conhecer bem.

Ah.

— Ele é meu... vizinho.

— Vizinho vizinho ou vizinho com outra denominação?

— Eu não vou mentir e dizer que não, mas eu não sei. A gente ficou uma vez. Só isso.

— Entendo. Thomas é um homem bom. Eu que não soube ser mulher pra ele, mas eu quero que ele seja feliz.

— Ele vai perceber isso. — Anna foi dizendo: — Eu acho que a raiva toda foi a Rules está aqui do seu lado, e não você em si.

— Não estamos nesse nível. Ele só deve estar estressado. O jogo foi difícil. Seu marido vai te contar com certeza. — Anna assentiu. — Eu vi algumas partes bem tensas.

— Você viu o jogo? — Lisa questionou.

— Escapei do trabalho pra ver. Sei que é importante pra ele.

— Para Thomas. — Lisa concluiu, e riu em seguida. Talvez Rules não soubesse onde estavam, mas nesse nível era um começo. — Olha, Rules... Thomas é estressado e cabeça dura, mas não é maldoso. E essa cena aqui e agora, ele só não soube reagir. Então eu te aconselho a ir atrás dele.

— Ele foi um idiota com nós três.

— Você não sabe como fica a cabeça de uma pessoa traída. — Infelizmente, eu sei, pensou. — Por favor, vai atrás dele.

Ela queria recusar, mas sabia que também estava preocupada. Thomas havia saído daqui sem explosão de raiva, e a contenção as vezes era um pouco pior. Então ela foi.

Sinceramente, já esperava que ele tivesse partido. Mas não. Ele estava ali, no estacionamento. Demorou para achá-lo. Mas quando o viu, teve que se segurar para não rir da cena que presenciou: os chocolates esmagados no chão, enquanto Thomas maltratava as pobres flores com os pés.

Sentiu pena da floricultura que havia cedido as flores, enquanto Thomas pisoteava cada uma delas com os sapatos, que a essa altura já tinham pétalas grudadas por toda a sola.

— Merda! — Ele rosnou, se virando para o carro e metendo o pé na porta. Rules recuou. — Merda! Merda! Merda! Merda!

E enquanto ele chutava seu próprio carro, Rules sentiu raiva de Lisa. Não por estar lá, não, isso não importava de fato. Mas o quanto ela não devia ter partido o coração de Thomas? Rules se perguntava.

E foi quando ele parou, o corpo, talvez a mente já cansados: Thomas apoiou o cotovelo no teto do carro, apoiando a cabeça nas mãos. Um coração partido é pior do que um corte profundo. O tempo apaga uma cicatriz, mas nunca um acontecimento. Ele pode não ter cortes, pode seguir em frente, mas o que ela fez com os sentimentos dele, Thomas nunca vai esquecer.

E Rules só queria abraça-lo. Dizer "Eu tô aqui, você não precisa dela". Dizer qualquer coisa que o fizesse não nutrir tanta raiva daquela situação. Mesmo que parte dela estivesse zangada com a cena que ele armou.

Mas não agora.

Thomas estava tão ausente em seus pensamentos que nem a viu se aproximar, nem ouviu o barulho das botas no solo de cimento. Só notou sua presença quando sentiu o braços ao redor do seu peito. Já tinha gravado o perfume dela. Rules roçou seu nariz nas costas dele, que suavizou a respiração pesada. O silêncio, a ausência de ações. Nenhum dos dois disse nada. Uma das mãos de Thomas foi de encontro as de Rules, cobrindo-as em forma de proteção. Ela beijou seu ombro, como forma de passar calor.

— Você me mandou embora.

— Você nem devia ter vindo aqui.

— Vim te chamar para almoçar.

— Você ainda quer almoçar? — Questionou, ouviu a risada sutil de Thomas.

— Continuo com fome.

— E eu estou faminta.

É isso, rapeizes.
No capítulo de quarta a gente já vai pra essa festa. E eu tô ansiosa pra terminar essa Fanfic logo, por isso me aguardem sempre o mais breve possível.

Amo vocês.

Vocês vão encontrar a Rules no Instagram: @rulesmaniza

@storeluminosita
@ianamaniza

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