Duda empurrou Diego e encarou Mônica, que estava vermelha de raiva. Já ela estava com as bochechas coradas de tanta vergonha. Na hora sentiu vontade de chorar, pois mesmo tendo aceitado namorar Diego, não queria que todos soubessem ainda. Tudo parecia um pesadelo e ela não via a hora de acordar.

          "Eu tô esperando uma explicação, Diego! Sai dessa piscina e vem aqui agora!", Mônica gritou mais uma vez e entrou para a cozinha. Diego ainda estava sem reação, voltou-se para Duda e tentou falar algo, mas nem sabia o que queria dizer. "Vamos", ela disse segurando sua mão.

          Os dois saíram da água e se enrolaram nas toalhas. Entraram na cozinha abraçados ao próprio corpo para amenizar o frio que sentiam por conta do vento frio da madrugada. Mônica estava sentada ao lado do fogão à lenha com cara de poucos amigos, e bastou Duda olhá-la para sentir vontade de sair correndo.

– Eu quero saber o que foi que eu vi aí fora! – se exaltou, batendo a mão no banco de madeira.

– Mãe, a gente pode expl...

– Maria Eduarda, o que sua mãe ia dizer disso?! – o interrompeu e encarou Duda com certa decepção.

– Mônica, eu... – sentiu os olhos arderem – Não importa o que minha mãe ia dizer... – suspirou – Infelizmente ela tá morta.

– Eu quero uma explicação! – gritou – Diego, vocês são primos!

– Eu estou tentando explicar, mas você não deixa! – gritou ainda mais alto – Eu não tô nem aí pra isso! A gente é primo de sei lá quantos graus!

– Olha o que você está falando! – apoiou os cotovelos nos joelhos e passou a mão pelos cabelos – Eu não acredito...

– Mãe, eu me senti culpado por isso tempo demais pra deixar outra pessoa se incomodar por mim! Eu não me importo!

– VOCÊS SÃO PRIMOS!

          O grito de Mônica fez as luzes da sala de acendem e a movimentação nos outros cômodos começar. Gabriela apareceu vestindo seu pijama, seguida de Steve, que estava apenas de shorts. Bastou o gringo olhar para os três para entender o que estava acontecendo ali.

– Mãe, o que aconteceu? A vó tá bem? – Gabriela perguntou preocupada.

– Esses dois! Eu não aceito!

– Você não tem que aceitar! – Diego voltou a aumentar o tom de voz – Eu já tô cansado de esperar a aceitação de todo mundo!

– Eu ainda não entendi – Gabi falou em meio a um bocejo.

– Eu vi esses dois se beijando! – Mônica falou ainda desacreditada.

– Ah é só isso... – relaxou os ombros – Eu fiquei assustada.

– Como assim é só isso, Gabriela?! – ralhou – Vai me dizer que você acha isso normal?!

– Na verdade eu acho sim. Eu já sabia – deu de ombros.

– E você não me contou?! Qual é o problema de vocês?! – gritou.

          O barulho de chinelo se arrastando chegou na cozinha, seguindo os passos de Jonathan e Daniela. Maria e Pedro caminhavam devagar até o cômodo, já que acordaram com os gritos da filha. Jonathan ajudou sua tia-avó a se sentar na cadeira e pegou um copo de água para a senhora, que olhava para todos ainda confusa com o que acontecia.

– Mônica, minha fia, o que aconteceu? – perguntou com a voz doce.

– Esses dois, mãe! Você acredita que eu saí pra apagar a luz do quintal e vi esses dois se beijando na piscina?! – apontou os dois.

– Ah, é isso... – tomou um gole de água e abriu um sorriso para Mônica – E por que você tá gritando, fia?

– Mãe, ela é a Maria Eduarda, filha da Laura, ele é o Diego, meu filho... Eles são primos! – bufou – Isso tá errado!

          Maria olhou de soslaio para o marido e começou a rir, fazendo Pedro rir também. Mônica semicerrou os olhos e encarou os pais, que não paravam de dar risada. Não entendia qual a graça naquilo, afinal, eles eram primos!

– Será que vocês podem me explicar qual é a graça?!

– Ah, minha fia... ocês tem cada uma que mais parece duas... – Maria riu.

– Uai, qual é o problema, fia? – Pedro ainda sorria – Eu e sua mãe somos primos e olha a gente aqui, quase sessenta anos de casados, uma penca de fio saudável...

          Duda arregalou os olhos e Diego sorriu. Gabriela não sabia se ria junto dos avós ou se ficava surpresa. Jonathan abriu um sorriso e balançou a cabeça em negação, ainda desacreditado. Mônica não escondeu a cara de espanto, não fazia a menor ideia de que seus pais eram primos.

– Mas vó... Como que a gente nunca soube disso?! – Diego perguntou ainda com o sorriso sutil no rosto.

– Uai, meu fio, ocês nunca perguntaram – Maria deu de ombros – Se tivessem me perguntado, eu falaria.

– Então quer dizer que... – Gabriela começou a rir e precisou de fôlego para voltar a falar – Se a gente já soubesse disso, sei lá, há três anos... Nada do que aconteceu teria acontecido?

– O que aconteceu?! – Mônica questionou – Não vai me dizer que você também ficou com o Jonathan?! – se irritou.

– Deus me livre! – Gabriela e Jonathan falaram juntos.

          Daniela riu da cara de nojo que Gabriela e o marido fizeram. Mônica continuava reclamando, dizendo que não era certo, batendo na tecla de que eram primos mesmo sabendo agora que seus pais também eram. O rapaz já não aguentava mais toda a gritaria desnecessária, então decidiu acabar de vez com isso.

– CHEGA! – gritou – Mãe, pelo amor de Deus! Olha o estresse desnecessário que você tá criando!

          Todos ficaram calado, inclusive Mônica, que assustou com o grito do filho. "Mamãe?", a voz de Arthur foi ouvida e os olhares se voltaram para a sala, onde o pequeno menino sonolento caminhava descalço abraçado à sua coberta em direção a Duda. "Eu acho que ocê tem mais novidades pra sua mãe", Maria sussurrou ao pegar a mão do neto. Diego ficou surpreso ao se dar conta de que sua avó também sabia. "Como você sabe?", perguntou para a senhora, que apenas sorriu e bateu o dedo indicador na têmpora.

– Mãe... – acalmou a voz – Eu só quero que você entenda que eu amo a Duda.

– Mas Diego, tem tanta mulher no mundo... – Mônica suspirou.

– Mas não me importa nenhuma outra mulher do mundo... – foi até Duda e segurou sua mão, mesmo com ela ainda envergonhada – É ela e sempre vai ser.

– Mas meu filho, eu tinha esperanças que você voltaria com a Nicole... – começou a chorar – Você está destruindo sua família, Diego...

– Minha família?! O Pedro não vai deixar de ser meu filho por eu não estar mais com a mãe dele. Eu não sou o meu pai pra abandonar o filho porque estou com outra mulher! Aliás...

          Diego pegou Arthur do colo de Duda, que com os olhos úmidos, pediu para ele não contar. "Me desculpa, amor, mas eu preciso", ele sussurrou.

– Eu jamais vou abandonar nenhum dos meus filhos, porque o Arthur... – suspirou – O Arthur também é meu filho.

          O silêncio voltou. Duda não segurou mais as lágrimas e chorou abraçada a Jonathan. Gabriela pela primeira vez não sabia o que dizer, então abraçou Steve e sussurrou em seu ouvido o que Diego havia acabado de falar, fazendo o gringo arregalar os olhos. Mônica se levantou e passou a desferir tapas nos braços do filho.

– Eu. Não. Acredito. Que. Você. Traiu. A. Nicole! – cada palavra era um tapa.

– Eu não traí! – se defendeu com as mãos.

– Eu não sou idiota, Diego! O Arthur é mais novo que o Pedro!

– Mas eu e a Nicole entramos em um consenso de que a gente só ia se considerar um casal a partir do "sim", e foi isso que aconteceu! A Duda engravidou antes do meu casamento!

– E quem me garante que isso é verdade?! Eu já não sei mais no que acreditar! Eu acreditava que vocês dois eram só amigos, de repente eu fico sabendo que vocês têm um filho!

          Duda até então estava quieta, digerindo tudo o que estava acontecendo. Não queria que tudo viesse à tona daquela maneira, mas agora já era tarde demais. Lembrou-se de todos os conselhos que recebeu de Steve, Jonathan e Gabriela ao longo dos anos e decidiu falar tudo o que sentia.

– Sabe, Mônica, por anos eu me culpei por gostar do Diego. Me perguntava o porquê disso, inclusive já falei pra ele diversas vezes que eu não queria sentir o que eu sinto. Eu pesquisei muito sobre o nosso parentesco só pra tentar me sentir menos culpada, mas chegou uma hora que eu estava tão bitolada nisso que o Steve precisou me dar um chacoalhão para eu me dar conta de que queria a todo custo ter uma prova de que podia continuar amando seu filho, sendo que o amor não precisa de provas, assim como eu também não. Eu só queria tê-las para mostrar pra vocês que eu podia ser feliz com o Diego, mas... por que eu devo satisfação pra vocês?

          Mônica não falou mais nada, mas era evidente que ela não estava contente com aquela situação. Diego segurou a mão de Duda e deu um beijo em sua testa.

– Mãe, a Duda é minha namorada e o Arthur é meu filho. Eu abri mão da nossa felicidade por tempo demais e isso não vai mais acontecer, então eu sinto muito, mas você gostando ou não, nós estamos juntos... e vamos continuar assim.

          Com os dedos cruzados nos dela, beijou sua mão. Arthur abraçou o pescoço de Diego e deitou a cabeça em seu ombro.

– Eu já aceitei o Arthur como meu neto, isso com certeza, eu adoro esse menino e ele não tem culpa nenhuma! – suspirou – Mas o namoro de vocês é algo que eu ainda preciso digerir, desculpa. Boa noite.

          Mônica voltou para seu quarto sem falar mais uma palavra. Duda sentou-se no banco ao lado do fogão e abaixou a cabeça, apertando os olhos com a palma das mãos para tentar aliviar a dor de cabeça. "Ocê fez certo em contar", Maria falou para o neto antes de seguir para seu quarto com Pedro.

          Diego pediu para ficar sozinho com Duda, então todos desejaram boa noite e foram para seus quartos. Ele se agachou em sua frente e segurou suas mãos geladas. Os olhos dela estavam vermelhos e ela tentava não chorar, mas parecia impossível.

– Por isso eu não queria contar! – suspirou – Agora sua mãe me odeia...

– Ela não te odeia, relaxa. Foi só o choque, isso vai passar...

– E se não passar? – fungou.

– Du... Não importa o que aconteça... Nós estamos juntos nessa.

          Duda assentiu em meio a um suspiro doído. Diego segurou seu queixo e deu um beijo suave em seus lábios. Por mais que as coisas ficassem difíceis, ele tinha a certeza de que estaria ao seu lado independentemente do que acontecesse.

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Então quer dizer que todo o rolo da Duda e do Diego poderia ter sido diferente se desde o começo ela soubesse que os avós dele eram primos?! hahaha

Alguém já desconfiava disso?

Esse capítulo ficou bem mais curto que os outros, mas eu não achei que havia necessidade de prolongar a discussão ainda mais só para ter muitas palavras, então preferi deixar assim. Sendo bem honesta, esse não chega nem perto dos capítulos que eu gosto, mas ele era necessário. O que acharam?

Deixem os comentários que tanto amo e a estrelinha, por favor!

Até a próxima!

Beijinhos ♥