— Está tudo bem em ficares por aqui durante todo o processo? O Jeongin não se sentirá mal? — indagou Chan preocupado. Hyunjin apenas acenou pensativo, estava com um colete há prova de balas, assim como os restantes capangas ali, também ajudava a colocar os itens perigosos e pedidos por Lalisa nos caixotes. Porém, repentinamente largou o caixote e virou-se para o amigo, suspirando baixo.

— O Wang disse para criar um ninho e transbordar feromônios em todo o quarto, fiz tudo antes de sair, mas mesmo assim estou com medo de que ele sinta que foi abandonado... — sussurrou envergonhado. Estava inseguro do que aconteceria assim que chegasse na mansão, esperava que Yang não ficasse zangado consigo, ou até mesmo acabasse por resolver-lhe deixar. Bang riu nasalado, parando o que fazia e olhando ao seu redor.

— Acredito que lhe tenhas informado do que está a acontecer, certo? — o lúpus assentiu. — Então, porque ele se sentiria abandonado? Sei que as hormonas no cio podem fazer-nos mais sentimentais e protetores, mas o Jeongin tem o conhecimento do que está a acontecer agora, ainda por mais segue as instruções do Jackson, ele sabe o que está a fazer!

— Certo...

— Hyunjin, o Jeongin pode ser frágil, meigo, e muito inocente. Mas acima disso, ele tem simplicidade, compreende, e é encantador a capacidade do teu ómega perceber o que está a acontecer ao seu redor. Sabias que quando o Felix estava inseguro quanto às cicatrizes, o Innie foi o primeiro a notar isso? — riu baixinho revivendo a memória. — O Jeongin não é tão inocente quanto parece, ele somente expressa as suas emoções e falas de forma diferente. Durante anos foi abduzido a ser um escravo, um ómega que tem de servir a superiores, mantinha-se calado em todas as situações, não podia expressar o que sentia, nem mesmo abrir a boca quando quisesse. Hyunjin, eu confio em ti para o guiares, mas tens de confiar nele cem por cento! Somente deixa ele também te guiar. Agora têm a marca, cada um sente o que o outro está a sentir. Não te preocupes!

Mesmo inseguro quanto às falas do amigo, Hyunjin não poderia retroceder, nem mesmo levar o seu pequeno ómega para o porto, não colocaria Jeongin em perigo sabendo que na mansão ele estaria devidamente seguro. Querendo ocupar os seus pensamentos, pegou um caixote que continham armas pesadas e levou até ao contentor que mais tarde seria devidamente colocado no barco.

Meia hora depois, Hyunji  limpou o rastro de suor analisando tudo ao seu redor, todos os contentores abertos davam a visão que Hwang queria. Todos devidamente cheios, com munições, equipamentos, armas, granadas, um pouco de tudo, assim como havia combinado com a alfa líder. Todavia, sorriu de lado ao avistar a confusão de todos ao se aproximar de Seungmin, a confusão chegou ao observarem o lúpus abrir a grande mochila no chão e retirar objetos redondos, parecidos a granadas.

Ninguém se alertou, ou tentou retirar dúvidas, sabiam que Hyunjin iria explicitar todo o conteúdo do material, desde a sua função e talvez como era feito, ou de que materiais seriam feitos.

— Bom, agradeço desde já o esforço de cada um! — começou levantando-se com o objeto ainda em mãos. — Pedi que deixassem todos os contentores abertos, pois teremos uma precaução perante os perigos que estes contentores irão percorrer. Para isso, o Seungmin com a ajuda do Changbin desenvolveram um, digamos que, novo dispositivo.

— Este dispositivo irá ser instalado em cada contentor, em cada um deverão estar instalados dois dispositivos. Um localizado na parte de baixo do contentor, junto às portas, e outro na parte de cima, atrás! — apontou Seungmin indicando a localização em que cada dispositivo deveria estar. Alguns capangas olhavam para si, enquanto outros somente digeriam a informação e retinham as suas perguntas na mente. — Eles serão ativados assim que todos tiverem dispostos, não irá sobrar algum, verificarei assim que instalarem. Ou seja, ninguém aqui conseguirá retirar algum dispositivo sem nós darmos conta!

— O que eles exatamente fazem? — indagou um alfa loiro, mantendo a sua expressão séria e um tanto que confusa.

— Explode assim que os contentores forem abertos antes de chegarem à sua localização final definida. E assim que Lalisa abrir os contentores, eu mesmo desativarei as suas funções, deixando a máfia da Tailândia sem qualquer perigo de vida!

De facto, ninguém se assustou ou fez menção em sair do local, como esperado avançaram em direção a Seungmin pedindo as devidas instruções. Aproveitando esse momento, Hyunjin caminhou para dentro do carro desportivo, retirou o aparelho digital do seu bolso e sorriu ao ver mensagens de Felix ali afirmando que o seu ómega lúpus estava bem e naquele preciso momento a dormir.

Foi nesse preciso minuto em que se permitiu pensar no que deveria ter desbloqueado o cio do ómega. Jackson pediu-lhe algumas informações, fez análises ao ómega enquanto o mesmo dormia, avaliou todos os exames variadas vezes, só então chegou há conclusão que não teria como saber. Nada nos exames mostrava que o corpo de Jeongin havia sido induzido ao cio, resultando assim em dúvida de que o seu lobo era o culpado. Todavia, ainda parecia confuso para Hyunjin.

— Ei! — Felix chamou pelo outro lado da tela, o dispositivo focado na sua cara enquanto parecia subir as escadas calmamente. — hyunjin?

— Sim? Eu... — respondeu absorto, olhando a tela vagamente. — Está tudo bem por aí? Ou...?

— Acredito que ele acorde daqui a poucos minutos, o Innie remexe-se bastante, penso que seja os sintomas a acordarem-no. Quanto a Sohui e Kim Liz, deixei as duas juntas assim como disseste, mas porquê?

— Estou desconfiado que ambas se conheçam, de qualquer forma continuem a vigiar pelas câmaras, um minuto ou outro elas iram se descuidar! — afirmou sério. Fazia três dias desde que pensava na possibilidade de ambas se conhecerem, facto veio à sua mente após ler os ficheiros que Changbin se arriscou para capturar.

" — Obrigado, Chang! — afirmou com um pequeno sorriso na direção do amigo, vendo o mesmo acenar e colocar o 'tablet' nas mãos de Hwang.

— Precisas de ler isto, urgentemente! Provavelmente já retiraste as tuas dúvidas em alguns detalhes, porém o que está aí escrito e os papéis que eu tenho em mãos... Serão um pouco digamos que... conclusivas, se é essa que deveria ser a palavra certa.

— Certo. — confirmou confuso. — Yang Sohui, atualmente, 24 anos, vejo que a pasta está desatualizada. Tem cadastro? Wow.... Abusou sexualmente de um menino de oito anos! Porra!

— E não fica por aí! — afirmou seco. Relembrava das informações que leu e obteve, e claro, aquele gatilho fez com que memórias horríveis passadas voltassem a atormentá-lo. Hyunjin, sabendo o que o olhar do amigo dizia, aproximou-se lentamente colocando a sua mão disponível no ombro de Seo dando leves batidas aconchegantes. — Está tudo bem...

— Prometo que farei a devida vingança! Tanto para ti quanto para Jeongin, e não esquecendo destes casos de abuso. Prometo! — sibilou convicto. Iria vingar todas as almas que Yang Sohui atormentou, e não pararia até ouvir a mulher sufocar no seu próprio sangue enquanto a esquartejava com precisão e lentidão.

— Bom, voltando a isto, achei algo "interessante" — fez aspas — que poderá esclarecer tudo ao Jeongin. Quando procurei pelos arquivos, fui relembrado pelo Minnie que deveria procurar também pastas, em papel, pelas salas trancadas e com placas proibidas. Em uma delas, encontrei um arquivo com o nome do Jeongin, e nele estavam os papéis da sua venda ao leilão de Kwang... Que de certa forma não é dele.

— Ela possui tudo em seu nome?

— Sim. Yang Sohui é a proprietária do leilão. Assim como a responsável pela venda de Jeongin ao seu próprio estabelecimento.

— E Yang Duri? Onde ele entra nesta história toda? — cerrou os olhos vendo o amigo comprimir os lábios e suspirar.

— O senhor Choi estava certo. Yang Duri era apenas um civil inocente, pacato, e modesto, levava a vida a trabalhar num café perto da moradia onde a família vivia. Encontrei registos de várias chamadas com pedidos de ajuda pela parte do alfa, contudo nunca houve resposta ou qualquer ação pela parte da polícia.

— O que é expetável. Ela tinha tudo planeado, tudo comandado, óbvio que conseguiria subornar alguém numa esquadra... — revirou os olhos perplexo e enfurecido pelas ações dos que se chamam tanto de polícias. — Proteger a nação o caralho!

— Já era esperado, Hyunjin. Porém, relativamente a isso não há nada o que poderemos fazer.

— O Jeongin preciso de saber disto, ele precisa de retirar todo o ressentimento que sentia pelo pai durante a vida inteira injustamente! — afirmou relendo algumas palavras escritas no 'tablet', coisas de que já tinha conhecimento. — Sohui não vai escapará com vida do que irá acontecer! Nem mesmo impune de todos os seus atos. — rosnou.

— Mas isso não é o mais chocante... Hyunjin... — sibilou fraco mantendo o seu olhar erguido. Hwang sentiu o seu lobo estremecer àquela fala, como se o que o outro alfa fosse dizer seria deveras perigoso.

— Credo, diz logo, Changbin, meu deus! — bradou voltando-se com lassidão para a mesa, onde repousou o dispositivo. Era um absurdo a sensação inquietante que crescia no seu interior, era simplesmente horripilante o desespero que o seu lobo queria tomar.

— Yang Duri está vivo!"

Yang Duri estava vivo, e agora, teria de lidar com variadas situações e descobrir o centro do problema. Se é que ele já não estava ali...