59
Os raios de sol emanavam pelo céu azul, nenhuma nuvem, que lembrava focos de algodão-doce, cobria a sua exposição solar. Com as temperaturas amenas e o dia bonito, fazia com que qualquer um saísse das suas casas reluzentes, prontos para aproveitar aquele dia maravilhoso da melhor forma possível.
Todavia, ao contrário desses seres, havia outro lúpus que acordava irritado com o barulho perturbador do seu dispositivo móvel. Com raiva, atendeu a ligação pronto para gritar ou insultar a pessoa do outro lado da linha de todos os modos possíveis.
— É importante! — prontificou Chris a dizer, percebendo o silêncio e a respiração pesada do outro. — Sei que o teu hut acaba hoje, precisamos de ti aqui! Temos problemas a serem resolvidos! Traz o Jeongin!
Após receber a informação, Hyunjin desligou sem nem antes dizer algo, eram apenas onze da manhã, sentia-se cansado pelos dias anteriores, mas não infeliz. Olhando o ser adormecido ao seu lado, Hyunjin sorriu abertamente, ergueu a mão em direção às bochechas do loiro e acariciou suavemente, como se tocasse em algo frágil.
O ómega tinha a respiração leve, a expressão serena, e os lábios levemente entre abertos, estes de onde saiam pequenos ronronares baixinhos, e os olhos fechados.
— Anjo... — chamou com a voz grossa, porém baixo. Jeongin não teve nenhuma reação, acabando por provocar uma risada nasalada no alfa. — Ei, Innie. Meu amor.
— Só mais cinco minutinhos... — resmungou espalmando o rosto contra o peito do lúpus e agarrando-se mais ao mesmo. Hyunjin negou veemente, mantendo uma expressão divertida.
— Vamos, meu amor! — enfatizou as duas palavras sussurrando-as rente ao lóbulo de Yang, sentindo o ómega tremer abaixo de si. Repentinamente, e prevendo as ações do mais novo, Jeongin tentou se afastar ao abrir os olhos, porém o seu corpo foi agarrado pelo de Hyunjin.
— Y-ya... T-tu não disseste que precisamos de i-ir...? — questionou baixo envergonhado. — Jinnie!
— Jamais disse precisarmos de ir, apenas te chamei. — respondeu sorrindo ardiloso ao obter um pequeno beliscão, gentil, de Jeongin. — Doeu...! — dramatizou.
— Mentiroso! — apontou escondendo mais uma vez o rosto vermelho no peito desnudo do lúpus. — Jinnie...
— Sim, meu amor?
— N-nada! Vou-me arrumar! — pulando da cama com agilidade, Yang grunhiu alto ao sentir a ardência na sua bacia, coxas, e principalmente no rabo, ainda conseguia andar, que por sorte achou ser um milagre. Olhou pelo canto do olho, e viu Hyunjin ainda deitado com a coberta apenas a cobrir-lhe as coxas, enquanto o seu peitoral desnudo estava ali, sem qualquer vestimenta, as tatuagens agora ainda mais visíveis. — A tatuagem...
Seguindo o olhar e o dedo de Yang, Hyunjin suspirou ao ver que este apontava para o pequeno corvo pousado numa caveira.
— É difícil explicar, e nem sei se irás perceber, mas... Penso que saibas que o corvo pode ser associado à negatividade, morte, escuridão e mistérios? — perguntou chamando o menor com a mão, este, não resistindo, caminhou de volta à cama, deitando-se sobre ela e olhando os olhos acastanhados do lúpus. Jeongin estava atento às expressões suaves e calmas do alfa, tanto que se perdeu e esqueceu totalmente de responder ao outro. — Innie?
— Ah... Não! Por quê? Eles parecem ser fofinhos!!
— Nem todos têm esse ponto de vista, Innie. Infelizmente! Bom, uns montes de simbolismos negativos relativamente ao corvo surgiram a partir da sua aparência em campos de batalha. Eles são catadores sendo vistos a pegarem em restos mutilados de guerreiros caídos em campos de batalha.
— Como? — confuso deslizou a sua cabeça para o lado. — Eles são assim tão inteligentes?!
— Essa pode ser uma das melhores características deles! — acenou rindo nasalmente, levou a sua mão até à outra do loirinho e colocou-se a acariciá-la. — O corvo é frequentemente ouvido a cacarejar declarações que soam como "cras, cras". O "cras" significam "amanhã" em latim. Isso dá mais poder ao corvo como um pássaro que pode prever o futuro, e revelar presságios e sinais. E, também, o corvo é um mensageiro, então o seu trabalho é tanto manter como comunicar mistérios profundos.
— Wow... E o que isso tem a ver? Por que a colocaste no corpo?
— Eu queria ser um corvo, saber os mistérios mais profundos, o motivo da morte da minha mãe, o que aconteceu por detrás de tudo isso. E, agora, quero saber quem realmente anda a provocar tudo isto! Os teus sequestros, a bomba, as ações do casino, a minha mãe... Eu queria saber e ter esse conhecimento, assim como os corvos.
— Ah... — foi a única coisa que deixou escapar antes de abraçar o ruivo, que sorrindo pequeno o aconchegou no seu corpo. — Desculpa...
— Está tudo bem, Innie. Nada de desculpas, certo? Hm. Bom, precisamos mesmo de ir, o Chris ligou e tem algo importante. Passei demasiado tempo sem ter conhecimento do que acontece na máfia.
— Jinnie?
— Sim, Innie?
— Se for mesmo ele... Eu quero falar primeiro, quero falar com ele!
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— Está tudo bem sairmos? — indagou assustado assim que colocou os pés fora da residência. Atrás de Hyunjin, Jeongin mantinha-se levemente apavorado enquanto olhava os arredores, desconfiado. — Não quero que aconteça outra vez... N-não quero.
— Está tudo bem, amor. Estás comigo, e com muitas pessoas que se dispuseram a proteger-nos. Vamos estar seguros, prometo! — beijou os fios loiros, sentindo os olhares queimantes em si, os seus capangas, que passavam por ali, sorriam e comentavam sobre a cena que viam. O lúpus jamais mostrou aquela sua personalidade para ninguém, exceto Jeongin, e algumas vezes, para os seus amigos. — Confia em mim, ok?
— Eu sempre confiei... — admitiu baixando a cabeça tímido. — Bom vamos!!
Ambos entraram no carro espaçoso de Hyunjin, um BMW preto, que ao olhar de Jeongin parecia novo em folha, mesmo não percebendo nada de automóveis, Yang olhou ao redor inclinando a cabeça em confusão.
Hyunjin, que colocava o cinto de segurança ajeitando o banco do assento, logo aprontou-se a olhar o ómega que continuava imóvel.
— Innie? — as marcas roxas no pescoço do menor, fizeram Hwang dar um pequeno sorriso ladino discreto. Jeongin havia esquecido daquele detalhe. - Meu amor?
— Este não é o carro da outra vez! — apontou confuso. — Ya!
— Hm. Adotaste a linguagem do Felix! — riu levemente negando com a cabeça. Lentamente retirou o seu cinto e aproximou-se do corpo do ómega. — Bela observação, gatinho. Não é o carro da outra vez, tenho vários, na verdade! — lambeu os lábios olhando os olhos amendoados arregalados. — Ainda tímido, Innie? Mesmo após...
— SHIU!! — tapou a boca do ruivo arregalando os olhos ao aperceber-se do que ele iria dizer. — N-não! S-soa mal se disseres alto!
— Oras! Por que soaria mal? Pessoas que se amam não podem fazer...
— JINNIE! — deu um pequeno gritinho completamente rubro. E, sem que o outro percebesse, Hyunjin colocou o cinto do mais novo e roubou um selar nos lábios do ómega, virando-se novamente no seu assento, colocou o próprio cinto de segurança, e deixou que uma risada passasse pela sua garganta. — Aigoo...
— Fofinho.
✦
Não demorou muito tempo, e finalmente, para sorte das bochechas avermelhadas de Jeongin, os dois lúpus saíram do carro em frente ao galpão. O constrangimento de Jeongin ao ver os capangas olharem para si, e cochicharem entre si, aumentou ao ter a sua pequena mão agarrada pela do outro.
Hwang parecia não interpretar, ou não querer saber, dos comentários ou cochichos que percorriam pelo edifício, já tinha declarado o ómega como seu. Então, porque olhavam tanto?
As pequenas reverências foram executadas pela parte dos homens de Hyunjin, declarando a confiança e lealdade que sentiam pelo alfa. Por vezes, Yang questionava-se sobre aquele sentimento, já ouvira algumas histórias sobre como alguns entraram na máfia do Hwang, todavia jamais imaginaria aquele nível de lealdade que muitos mantinham.
Hwang entregou tudo de si, esqueceu um pouco o passado e tornou-se um bom líder. Fechava leilões ilegais, dava a devida proteção aos indefesos, independentemente da classificação, e o principal, era o cérebro de todas as operações, não precisava de um planeador, mas sim de opiniões e críticas construtivas. Não se importava de correr riscos, não precisava de que alguém o protegesse em caso de tiros, ou em missões. Não deixaria que ninguém morresse em vão. E sim, por um motivo.
Yang teria que afirmar que na primeira vez a aura do lúpus era estranhamente estranha. O poder que Hyunjin exalava, a seriedade, e principalmente o cuidado, era extremamente cauteloso com tudo. De primeira vista, Jeongin diria a si mesmo para não se aproximar do alfa, porém as primeiras impressões eram totalmente enganosas.
A sua linha de raciocínio fora água abaixo assim que sentiu um aperto leve na sua cintura. Olhou a mão grossa com alguns vestígios das veias presente, e virou o rosto para o alfa que caminhava impotente pelos corredores. Pararam em frente à porta reconhecida por Jeongin e entraram.
— Hyunjin, alguma vez sentiste-te ameaçado? — disparou Jisung assim que sentiu os dois lúpus entrarem na sala totalmente reservada ao grupo.
— O quê? Ameaçado? — ergueu a sobrancelha confuso, riu levemente e negou com a cabeça. — Porque me sentiria? Sou um lúpus, quem me deve temer são estes desgraçados! — fechou a porta atrás de si trazendo o ómega consigo.
— Não falo nesse sentido! Mas sim, se quando ficaste com o Jeongin, desde que ele chegou, sentiste algum lúpus na região? Sem ser os que conhecemos! — voltou a interrogar Jisung mantendo um semblante apático no rosto, sentia-se esgotado com as infinitas opções, sendo que não conseguiam descartar nenhuma delas pela falta de informações.
— Hm. Somente senti o meu lobo mais protetor, mas achei que isso fosse normal, já que nunca tive um ómega que pudesse chamar de meu, ou sentisse este tipo de sentimentos. — respondeu arqueando a sobrancelha, tentando entender o rumo a que aquelas perguntas levavam. — Porquê?! Alguém entrou na região? Eu pedi para que quando houvesse algo do tipo me incomodassem!!
— Não foi nada disso, Hyunjin! — interrompeu Chris, também com um semblante sério. — Acho que chegou a hora de interrogarmos o Jae-sang, mais uma vez, e declararmos a zona do Minjun como nossa durante tempo indeterminado!
— Não vou mexer nesse inútil por agora, não é esse o meu plano! Se não encontrámos nada nas contas bancárias, que foram tatilmente alteradas, porque encontraríamos algo com ele preso aqui?! Prefiro alguém de olho nele, que me envie a sua localização, que me informe o que ele faz, onde ele está, e com quem está, do que o aprisionar durante tempo indeterminado e não obter nada! Segue o meu raciocínio, Bang Chan!
— Não faz sentido! Precisamos de procurar esse Yang Duri através do Jae-sang! Desculpa-me por isto Jeongin! Eu quero colocar um fim a isto, de uma vez! Antes que algo maior aconteça e não consigamos reverter a situação! — olhou o ómega antes de prosseguir. — Pois da próxima vez que ele raptar o Jeongin, será que...
— O homem disse que não me conseguirão achar... — sussurrou o ómega pensativo. — Ele afirmou que da próxima vez ninguém...
— Jeongin! — Felix interpelou, sentindo um arrepio percorrendo toda a sua coluna. — Precisamos de falar sobre este último acontecimento, mas agora, o que eu quero falar é sobre uma marca temporária!
A confusão estampada no rosto de Jeongin fez-se presente. O tiquetaque monótono de um relógio na parede da sala, fazia com que Yang ficasse ainda mais imerso em perguntas. O que era uma marca temporária? Por que todos olhavam para o ómega? Por que sentiu Hyunjin ficar tenso? Aliás, como sentiu Hyunjin ficar tenso?
— Uma marca temporária é quando um alfa morde um ómega, ou de outras classificações, sem ser numa relação sexual. E, quando a mordida cicatrizar completamente, a ligação deixará de existir! — explicou Hyunjin calmamente, virando o seu corpo para o ómega. — Porém, não poderia morder no pescoço, esse local está resguardado para outra marca, a permanente!
— Então?
— Innie, eu preciso que me ouças com atenção! — afirmou Hyunjin com um semblante sério. Yang riu nervoso olhando os presentes. O loiro sentiu-se nervoso até os dedos de Hyunjin e o cheiro amadeirado entorpecer os seus sentidos, acalmando todos os músculos do corpo de Yang. — Está tudo bem. Nada irá acontecer!
— Por quê?
— Innie...
— Ok! Assim, não é como se não desejasse a tua marca, mas não é muito cedo? Por exemplo, tem algumas características de uma marca permanente, não? — o outro acenou. — O Lixie explicou, e se algo acontecer? Se algum de nós morrer, como ficará o outro?
— Innie...
— Vamos sair e deixar-vos a sós por uns minutos! — ergueu Bang Chan recolhendo os seus pertences junto aos outros. Saíram da sala deixando os dois lúpus, por fim, sozinhos, deixando que o alfa encaminhasse Jeongin para o único sofá presente.
A única janela presente deixava que leves correntes de ar passassem pelas frechas, os raios de sol adornavam todo o céu. O ambiente, antes confortável, agora tinha uma pequena tensão, deixando Jeongin nervoso e ansioso. Sabia que Yang Duri estava vivo, aquilo com certeza era um facto.
Forjou a própria morte após matar a sua mulher ómega, a sua progenitora, a única pessoa que esteve com ele. Vendeu o filho para obter lucro para o seu próprio bem, e o que ganhou com isso? Perseguir o maior lúpus mafioso de toda a Coreia? Isso era como um suicídio, e agora que os dois estavam numa relação, ainda indefinida, Duri queria mesmo retaliar contra Minho? Roubá-lo de si?
A vida tornara-se-lhe subitamente um fardo demasiado terrível para poder suportar. E, nos lampejos de dor, Hyunjin e o grupo entraram no seu coração gradualmente. As amizades que procurou, o amor que tanto almejou, finalmente chegou.
Ainda incerto, Jeongin respirou trémulo.
— Dói? — indagou, atraindo a atenção do alfa.
— Não posso desmentir. Realmente dói um pouco, mas irei tentar-te distrair. Prometo! — disse confiante sem largar o pulso do menor. Fez um singelo carinho e sorriu confortante. — Seria bem aqui. — fez carinho no pulso apontando com a outra mão. — Percebo que estejas nervoso, eu entendo isso. Mas não quero abusar de ti, e sei que sabes isso.
— Jinnie, não é como se não tivéssemos conhecimento dos sentimentos um do outro. Por mais que eu não o fale, e sinto muito por isso, mas eu... argh!! — grunhiu irritado, sentindo os seus olhos arderem em desconforto. Ainda não se sentia preparado para dizer aquela palavra.
— Eu não duvido disso, Innie, jamais duvidaria! Prometo que irei tentar ser calmo! — sentindo a firmeza do pulso de Yang, Hyunjin sorriu confortável, Jeongin fez um pedido mudo para o alfa deixar as suas presas, visíveis agora, trespassarem a sua pele e perfurarem o seu pulso.
A dor repentina fez com que o ómega ofegasse e grunhisse em dor. Porém, aquietou-se assim que sentiu uma mão na coxa o confortando. Assim como o ómega, Hyunjin tinha requisitos dos olhos avermelhados na sua íris. O lampejo vermelho escarlate hipnotizou o ómega durante segundos, como se sugasse a sua alma em direção ao seu inferno.
Hyunjin obteve a atenção de Jeongin, após alguns minutos, assim que o outro lambeu alguns requisitos de sangue, olhando a marca perfeita que havia realizado.
— Não quero que sintas que me deves algo. Apenas quero que me entregues o teu coração, pois o meu já é teu! — exclamou Hyunjin olhando os pingos de sangue do pulso do ómega escorrerem pelo braço do outro, seguidamente observou os olhos amendoados mesclarem entre um roxo reluzente, e uma brasa de emoções transparentar-lhe todo o corpo. Por fim, estavam ligados temporariamente. — Eu amo-te, Innie.
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