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Alguns anos atrás...

— Vou reconsiderar o pedido de casamento... — afirmou a omega sorrindo abertamente ao perceber a feição irritada do alfa. — O que foi? Não é como se fosse fácil decidir casar ou não com um mafioso!

— Não é para tanto! Desde que começamos a namorar soube dos riscos e de tudo, nunca te escondi qualquer coisa...

— Então, porque não me dizes o que aconteceu para teres uma rixa com o líder do norte? Min... Minjun? É isso! — apontou com uma falsa expressão séria, todavia Heejin queria respostas. Há semanas que pareciam esconder-se de algo que nem mesmo ela sabia. — Changmin!

— Eu não posso dizer nada! Irá colocar-te ainda mais em perigo!! Não entenderias!! — reclamou grunhindo baixo. O alfa colocou as mãos nos fios de cabelo puxando-os levemente, há dias que não dormia por pensar tanto na segurança da sua ómega como na sua. A qualquer momento poderiam ser invadidos pelos inimigos junto a Minjun, não queria pensar que essa possibilidade estaria muito próxima, mas tinha que se adiantar e cobrir toda a área da sua mansão, fazer a equipa de proteção fiel do ómega ainda mais implacável e matar todos os possíveis traidores dentro da sua máfia.

— Changmin, eu preciso de respostas! Estou a esconder-me, mal saiu de casa, e se sair é com todos aqueles alfas, parece que estou a ir para uma guerra! Se eu não souber de quem me proteger, como eu estarei em segurança?! Como?! — Heejin não poderia ficar exaltada nem nervosa, então ela tentava manter toda a calma possível.

— Eu já disse, Heejin!! Desculpa, mas eu realmente não posso falar nem uma palavra sobre o que acontece! E se fores sequestrada e eles fizerem com que fales algo de importante?! Eu já disse! Não posso! — murmurou levemente irritado com a insistência da ómega. Querendo colocar um fim naquele assunto, Changmin virou-se de costas pronto para sair do cómodo.

— E é assim que o nosso bebé vai crescer? Em meio a segredos?! PORRA, CHANGMIN! — bradou altivo, porém não podia desfazer as suas ações. O alfa olhou para si com os olhos arregalados, estava estagnado com as palavras da ómega, tanto que não se importou com os capangas presentes no cómodo e gritou.

— O quê?! Heejin... desculpa...

— Eu ainda não me esqueci do que disseste! Mesmo esperando um filho teu! Achas mesmo que se fosse torturada abriria a boca para contar os teus pontos fracos?! Eu não acredito, Changmin... — negou levemente com a cabeça com um semblante descrente. Heejin estava magoada, e o Hwang pôde sentir esse sentimento pela marca.

— Jinnie... Não sabes a dor de uma tortura... Eles arrancariam tudo de qualquer forma, mesmo que não sentisses nada, mesmo que não te importasses com o que eles fariam.... Há um jeito para tudo ser dito, tudinho! Eu não posso arriscar isso, não posso! Perder-te para eles, perder o nosso filhote... e perder a máfia deste jeito!! — disse com um brilho nos olhos ao falar do seu futuro bebé.

— Chang... E como posso saber que estou em segurança? O que custa dizeres algo? Um nome, o plano! O quê?!

— Heejin! Escuta-me com atenção! — argumentou aproximando-se lentamente da ómega. — Mesmo que eu quisesse, mesmo que eu pretendesse contar tudo, eu não podia! Não enquanto não averiguei a situação aqui dentro! Pode existir traidores! Ninguém pode desmentir que com um pouco de dinheiro eles não dariam todas as informações necessárias para que alguém adentre a mansão e mate todos! E como eu iria proteger-te após isso?! Eles fariam um banho de sangue!

Heejin abaixou a cabeça suspirando. O seu alfa, de certa forma, tinha razão, não podia encobrir essa verdade. Muitos estavam ali por dinheiro, e se alguém oferecesse uma quantia mais alta do que recebem de Changmin, eles dariam as costas ao alfa. Menos os que eram leais, os que foram achados por Changmin nos seus piores períodos, quando foram abaixo Changmin foi quem lhes deu uma oportunidade de voltar à vida, e fazer com que tivessem mais um objetivo.

— Tudo bem. Percebi. Mas não posso continuar trancafiada aqui dentro!

— Vamos resolver isso, ok? Eu amo-te, Heejin... Muito! E ao nosso futuro filhote!

— Também vos amo!

— Hyunjin, não saias daí! — avisou a mulher tendo um sorriso na face. — Daqui a uns minutos, liga ao appa, sim?

Hwang Hyunjin.

Um alfa lúpus forte, mesmo sendo pequeno, era inteligente, astuto e compreendia tudo o que diziam. Com os seus cabelos castanhos a balançarem com o vento um pouco forte, o alfa assentiu agarrando o aparelho que a mulher lhe havia dado.

— Aonde vais, mãe? — indagou o menor com os seus olhos felinos na direção da sua progenitora. Sentia que algo iria acontecer, então teria que perguntar aquilo, assim como o Changmin o havia ensinado cada vez que sentia aquela sensação estranha. — Mãe?

— E-eu... Já volto, sim? — avisou sentindo os seus olhos arderem pelas lágrimas que segurava. — Está tudo bem, Hyun... Eu amo-te muito. Não te esqueças disso! Sim?

— Parece que é uma despedida... — comentou o menor com um bico nos lábios, Heejin não pôde evitar sorrir para o menor, aquele hábito de colocar um bico nos lábios cada vez que pressentia algo ou estava envergonhado. Quando se ia virar sentiu o seu pulso ser agarrado pelo alfa.

— Hyunjin. — chamou atraindo a atenção do lúpus. — És um pequeno alfa. O mais fofo que já existiu! Assim que conheceres um parceiro ou parceira, ama-o como nunca amaste ninguém! Vive a tua vida intensamente, ama quem não pudeste amar, cuida do teu pai e da minha alma, sim? — o menor assentiu sentindo um arrepio percorrer todo o seu corpo. Hwang Hyunjin, então, observou a sua progenitora afastar-se lentamente, em meio há névoa e vento daquele dia.

— Omma, eu também te amo! Volta logo...

Heejin chorou no caminho, trancou a marca para que o seu alfa não pudesse sentir as suas emoções. A imagem de Hyunjin e Changmin juntos passou pela sua mente, e isso fez com que a ómega se sentisse aliviada em saber que brevemente os dois ficariam bem. Totalmente seguros.

E com alguma determinação em acabar com aquilo, passou escondida em meio às câmaras da rua, sabia que Changmin tinha acesso àquilo tudo, então, se evitasse o seu alfa, não teria nenhuma pista sobre para onde foi.

— Vejo que finalmente vieste! — afirmou Minjun com um sorriso de lado nos lábios. O mesmo estava com a sua arma em mãos, totalmente despojado na cadeira presente no cómodo. Porém, isso não foi o suficiente para assustar a ómega, nem mesmo os objetos colocados nas paredes e algumas mesas ali presentes. Ela reconheceu. Eram objetos de tortura...

— Espero que depois disto deixes a minha família em paz! — afirmou com um olhar penetrante.

— Temos um acordo! Não tocarei na tua família diretamente... não enquanto estiveres viva... — sussurrou a última parte ainda com o sorriso maldoso na cara. — Estás ciente de que se não me trouxeres informações a tortura será cada vez mais dolorosa, certo?

— Eu sei! E não. Não exporei a minha família! Não sou uma idiota que aceitaria morrer sendo que tens todos os podres e planos do meu marido!

— Então, comecemos!

— Hyunjin? — indagou o alfa com o cenho levantado vendo o filhote ali sentado na beira da estrada sozinho.

— Appa! — o lúpus levantou-se com a sua expressão cansada e triste.

— Onde está a omma? Hm? — indagou sentindo o nervosismo prolongar pelo seu corpo. Assim como Hyunjin, Changmin sentia que algo estava errado, algo estava fora dos eixos das suas vidas.

— Ela disse que ia... Só não sei onde!

— Heejin... — sussurrou abraçando o menor fortemente. A ómega estes dias andava estranha. Sorria, declarava-se diariamente, acordava mais cedo que o normal, tentava passar o dia inteiro com a sua família, e os sorrisos que ela dava quando estavam sozinhos pareciam ser tristes, como se algo estivesse prestes a acontecer. Todavia, Changmin não a forçou a dizer nada, se a ómega se sentisse confortável, ela diria... porém não imaginava que aquilo acontecesse.

— EU DISSE PARA SEGUIREM ELA!! — gritou com a sua voz de alfa olhando cada capanga presente. — E IGNORARAM AS MINHAS ORDENS!

— C-chefe...

O QUÊ?!

— Sem querer dizer algo que o ofenda ou há senhora Heejin... Mas ela pediu para irem neste pequeno passeio sozinhos, sem qualquer pessoa... E como o senhor disse, devemos obedecer às ordens da senhora Heejin...

— MAS ISSO NÃO CONSTA QUANDO A SEGURANÇA DE AMBOS ESTÁ COMPROMETIDA!! PORRA!

— Desculpe...

Desculpas, não retiram o que aconteceu!! — olhou ferozmente para o beta rosnando baixo. Heejin estava em perigo, não conseguia sentir as emoções da ómega e não sabia a localização, mesmo tendo analisado as câmaras de segurança.

— CHEFE!! — um alfa, com um pequeno 'tablet' em mãos, adentrou o local parecendo digitar algo rapidamente e apressar-se em direção a Changmin.

— O quê?!

— Achei! Achei a senhora Heejin! — apontou para o vídeo de uma câmara de segurança. — Ela conseguiu evitar todas as outras, mas pelo ângulo em que esta estava posicionada seria muito difícil! 

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