One
Wednesday
A primeira reunião em uma nova escola sempre deixava Claire nervosa, não porque ela não estava acostumada com isso, afinal essa já era a terceira instituição da qual ela lecionava, mas sim pela reação dos pais ao conhecê-la.
Ela não sabia bem o porque, mas essa parte sempre á deixava com os nervos à flor da pele. Talvez porque a mãe sempre lhe ensinou que a primeira impressão é a que fica, ou era só a sua mania de sempre querer agradar as pessoas mesmo.
De qualquer modo, a morena balançava o corpo de um lado pro outro, esperando (ou não) que um dos pais viessem puxar assunto sobre os filhos. Depois de alguns longos e constrangedores minutos, aquilo finalmente aconteceu e a conversa até que acabou lhe ajudando a acalma-lá.
Claire havia apenas acabado de sair de uma dessas conversas, quando sentiu pequenas mãozinhas ao redor de suas pernas. Olhando pra baixo, a morena sorriu ao ver o rosto sorridente de Maya, uma de suas alunas favoritas (dessa parte os outros pais não poderiam saber).
—Maya!— Claire exclamou, se abaixando para ficar na altura da garotinha. —Oi Srta. Claire! Eu te vi lá do outro lado e vim dizer "Oi!"— disse Maya, com seu forte sotaque britânico. —É mesmo? Que bom que decidiu vir, pois eu estava mesmo com muita saudade. Há quanto tempo não nos vemos? Uh, deixa eu ver. — disse Claire, fingindo olhar seu relógio de pulso inexistente. —Três horas? Não nos víamos há três horas? Isso é loucura! — exclamou a mais velha, arrancando risadas de Maya.
Um minuto. Tom tirou os olhos da filha por um minuto e, quando voltou a atenção para ela, Maya havia desaparecido. Ele sentiu os batimentos cardíacos acelerarem e freneticamente olhando para os lados, soltou um suspiro aliviado ao encontrar os cachos ruivos de sua garotinha.
Com passos largos e sem nem perceber a presença de outra pessoa, Tom correu até a filha. —Maya, o que eu disse sobre soltar minha mão? Me deu o maior susto! — disse ele, se abaixando para ficar na altura de Maya, que segurava firme a mão de outra pessoa. Ao perceber isso, Tom rapidamente arrumou a postura e começou seu pedido de desculpas pela atitude da filha.
—Tudo bem, não se preocupe! Maya só quiz me dar um oi, não é Maya? — Claire questionou, sorrindo ao vê-la assentir. —Oh, eu... eu sou Tom, pai dessa garotinha! — ele se apresentou, estendendo uma das mãos para cumprimentar a mulher, que acabou chamando a atenção do moreno, tamanha sua beleza. —Muito prazer! Eu sou Claire, professora da Maya! — ela sorriu, se sentindo estranhamente confortável com a presença do homem.
—É a que eu te falei, papai! — Maya sussurrou ao se aproximar do homem. —Oh, sim! A professora nova que já é a favorita! — Tom exclamou, fazendo o coração de Claire aquecer. —Disse mesmo isso pro seu papai, Maya? — questionou a morena, sorrindo ao vê-la assentir. —Ela não parou de falar sobre você por uma semana! — disse o mais velho, arrancando um sorriso de Claire.
"E que sorriso!" Tom pensou, balançando a cabeça para tentar se livrar dos pensamentos.
—Eu é que tenho sorte em ter Maya como aluna, ela é uma criança incrível! — Claire afirmou, colocando um sorriso no rosto de Tom. —Ela é, sim! — ele sorriu, coçando a garganta. —Bom, agora temos que ir, Maya! Louise já deve estar nos esperando. — disse Tom, chamando a atenção da pequena, que pulou nos braços do pai.
—Tchau, Srta. Claire! — exclamou Maya, abanando uma das mãos, enquanto a outra segurava forte o pescoço de Tom. —Tchau Maya, até amanhã! Foi um prazer te conhecer, Tom! — disse Claire, com um de seus melhores sorrisos. —O prazer foi todo meu! Obrigado por cuidar dela! — Tom sorriu, apontando para a filha. —Imagina! — Claire deu de ombros.
Eles se despediram e em minutos, Claire estava sendo puxada para outra conversa, sem que tivesse tempo para pensar sobre o encontro com o pai de Maya e a sensação de conforto e familiaridade que sentiu com sua presença. Mas, o sentimento á seguiu até a sua casa, onde ela passou praticamente a noite toda revivendo cada segundo da pequena interação.
Porquê ele estava sozinho? Talvez a mãe de Maya estivesse trabalhando. Pensando bem, a pequena nunca havia comentado sobre a mãe. Louise deve ser a mãe de Maya, mas se essa for a verdade, porquê Tom não á chamou de mamãe? E se ele for solteiro? Será que ele sentiu a mesma coisa que ela ao conhecê-la?
Os pensamentos de Claire não estavam à ajudando a pegar no sono, que era o que ela deveria estar fazendo há muito tempo atrás, já que tinha aula na manhã seguinte. Então, depois de colocar uma de suas playlists de sons relaxantes, Claire obrigou a si mesma a parar de pensar em Tom, afinal, ele era o pai de uma de suas alunas, e como ela sabia muito bem, qualquer coisa envolvendo eles que não fosse relacionada à Maya, era estritamente proibida.
Nas semanas seguintes, Tom apareceu cada dia mais na escola, para buscar a filha, é claro. Quem fazia isso na maioria das vezes era uma mulher mais velha, da qual, depois de pensar um pouco, Claire imaginou ser a tal de Louise, a mesma que ele havia comentado. O motivo dessa mudança ainda era um mistério para Claire, não que ela não deixasse seus pensamentos acharem que era por causa dela que ele estava ali.
Não, para com isso Claire! Ele deve estar saindo mais cedo do trabalho pra buscar a filha, é só isso. Por favor, você não é o motivo dessas visitas.
O problema é que, no fim das contas, Claire estaria mentindo se dissesse que, depois daquele dia, não começou a sonhar com olhos e cachos castanhos.
Friday
Mais um dia havia se concluído e Claire aguardava os pais buscarem os alunos no portão da escola, como fazia todos os dias. Talvez, mas só talvez, ela esperasse uma pessoa em particular, ficando discretamente próxima de Maya, que conversava com uma das amigas.
Tom chegou minutos depois, abrindo um enorme sorriso ao ver a filha correr para os seus braços.
—Oi, amor! Como foi a aula? — ele questionou, a segurando firme. —Foi ótima! A Srta. Claire nos deixou brincar na pracinha! — exclamou Maya, fazendo o sorriso de Tom aumentar. —Ah, é? Isso é ótimo, amor! — disse o moreno, desviando o olhar da filha, encontrando imediatamente o de Claire.
—Olá! — disse Claire ao aproximar. —Oi! — Tom sorriu. —Papai, a Srta. Claire pode vir jantar lá em casa? — Maya questiona, pegando ambos adultos de surpresa. —Oh, eu... — o moreno tentou, mas ficou sem saber o que responder. —Oh! Obrigada pelo convite, mas não quero incomodar! — Claire rapidamente adicionou.
Tom trocava o olhar entre a professora e a filha, sem saber o que fazer. —Não! Quer dizer, não é problema nenhum. — exclamou ele, sentindo o rosto corar. —Oh, tem certeza? — Claire indagou, recebendo um aceno positivo de Tom. —Bom, então eu adoraria! — disse ela, sorrindo ao ver Maya bater palmas.
—O que acha de amanhã? — Tom questionou, vendo Claire assentir. —Sim, amanhã é perfeito pra mim! — ela respondeu e ambos acabaram trocando olhares por alguns segundos, sem conseguir conter o sorriso. —Então, nos vemos amanhã? — indagou ele. —Sim! Tchau Maya! — Claire acenou. —Tchau Srta. Claire! Até amanhã! — respondeu a pequena. —Tchau! — disse Tom, mais uma vez direcionando seu sorriso para Claire. —Tchau! — respondeu a morena, tendo que morder o lábio para conter o sorriso que insistia em não sair de seus lábios.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top