"Certo, então o dono do bar identificou o homem que comprou a fita como Owen Lamar. Primo de Andrew Lamar, nosso falecido. Aparentemente ele correu, entrou em pânico e comprou dele." Hailey informou a equipe assim que voltou da conversa com o homem.

Isso foi uma surpresa para a equipe. Por que sua própria carne e sangue o matariam e tentariam enterrar o caso? Não fazia sentido algum para eles. Normalmente, a família faria absolutamente qualquer coisa para vingar seus entes queridos. Este não parecia ser o caso.

"Certo, temos um endereço para esse Owen Lamar?" Voight perguntou à sua equipe.

"Positivo, Sargento." Burgess falou, levantando-se instantaneamente e saindo com Atwater em seu encalço. Enquanto eles saíam, Voight pediu aos policiais que estavam respondendo para vasculhar a vizinhança novamente em busca de qualquer um que pudesse ter visto alguma coisa.

O resto dos detetives se acomodaram em suas mesas e continuaram procurando por qualquer tipo de informação sobre os outros dois criminosos. Meia hora se passou até que ouviram o portão do bullpen abrir. Platt subiu as escadas com Hermann, que foi imediatamente recebido por cada detetive enquanto eles se levantavam e esperavam que ele falasse.

"Hermann pode ter algo que pode ajudar vocês." Platt começou, apontando para Hermann, que deu um passo à frente. Ele tinha um CD nas mãos e não perdeu tempo antes de entregá-lo a Jay - que se preparou para ouvi-lo.

"Peguei a vigilância por vídeo de ontem depois que vi a descrição do homem branco que estava envolvido no tiroteio. A descrição me lembrou de um cara que vi saindo com uma jovem ontem à noite e bem-" Ele se interrompeu, apontando para o laptop. "Eu não estava errado."

A imagem mostrava Sam saindo do banheiro, reajustando seu vestido enquanto caminhava até o bar. Alguns segundos depois, o homem branco que ela descreveu como um dos criminosos saiu do banheiro. O homem ficou para trás por alguns segundos e todos franziram a testa, imaginando por que ele havia parado de repente sua busca para perseguir a mulher.

"O que ele está fazendo?" Hailey perguntou assim que Adam percebeu algo ao olhar mais de perto a imagem.

"Foi quando Jay foi até ela." Adam apontou para a tela e olhou para Jay para confirmar, mas ele só foi recebido com um rosto vazio quando Jay percebeu também.

"Ok, então o infrator conhecia Samantha Johnson-"

Voight foi interrompido por Jay. "Ou ele a abordou no bar e a ameaçou para não dizer uma palavra."

A verdade era que Jay não queria que ela estivesse jogando com eles. Ele não queria acreditar que talvez ela estivesse jogando para o outro time, porque ela faria isso? Claro, ela saiu do bar com o cara que ela havia descrito para eles, mas ele não pôde deixar de esperar que houvesse mais do que isso.

"Ela não parece nem um pouco angustiada. Parecia quando ela falou com você, Halstead?" Voight perguntou calmamente, levantando-se ereto enquanto olhava para Jay, que mantinha a cabeça baixa. A imagem então mostrou o homem bêbado puxando a mulher para longe de Jay e para fora do bar, ela seguindo sem nenhum suspiro de hesitação. "Ela pareceu ameaçada para você quando saiu do bar com ele de bom grado?"

Jay ficou em silêncio, porque não, ela não parecia ou soava como nenhuma dessas coisas. Voight sabia disso.

"Então ela o conhecia, nos contou sobre ele, mas ainda está brincando com ele." Voight jogou os braços para o ar e perguntou. "O que estamos perdendo?"

"Vamos perguntar a ela. Ela provavelmente já voltou da noite." Hailey sugeriu, olhando para o relógio e depois de volta para Voight. Ela evitou olhar para Jay, que ela sabia que ficaria magoado com suas palavras. A parceira de Jay não tinha certeza sobre a natureza do relacionamento deles, mas sabia que seu parceiro não gostaria muito da ideia de uma mulher do passado dele estar na cama com um criminoso.

E ela estava certa. O pensamento fez o estômago de Jay dar um nó enquanto ele ficava levemente enjoado. Ele sabia que as drogas, o álcool, o sexo eram algum tipo de fuga do TEPT, ele estava muito familiarizado com isso. Mas ele odiava saber que ela estava realmente passando por isso. Ela não merecia, seu coração era muito puro.

Voight mandou Halstead e Upton verificarem o apartamento e Jay não conseguiu evitar ficar nervoso com a ideia. Ele optou por não dizer a Hank que não achava que fosse uma ótima ideia, em vez disso, apenas concordou e guardou para si.

Jay e Hailey foram diretamente para o carro de Jay, o homem se posicionando atrás do volante enquanto deixava sua parceira digitar o endereço. Ele se concentrou no volante à sua frente, escapando da pena e dos olhos curiosos de Hailey. Mas aparentemente ele não conseguia escapar de sua boca grande.

"Então, quer me contar sobre Samantha?" Ela perguntou depois que terminou de digitar o endereço, virando a cabeça para olhar para Jay.

Ele ligou o carro e foi embora do distrito. Jay suspirou, imaginando o que ele realmente queria dizer a ela. "Nós servimos juntos. Ela era esse- esse raio de sol desde o primeiro dia." Jay riu, lembrando da primeira vez que a conheceu. "Ela tinha essa luz nos olhos e essa motivação no coração, uma verdadeira patriota, se você me perguntar. Sam sempre teve essa necessidade de proteger e defender este país. Na primeira vez que a conheci, ela parecia tão animada por estar lá e ela trabalhou mais duro do que qualquer outra pessoa no treinamento. Tudo o que ela queria era fazer seu trabalho e voltar para um país mais seguro." Ele puxou os lábios em uma linha apertada, sabendo exatamente que todas aquelas coisas que ele admirava nela tinham sumido.

"Mas com o passar dos dias eu podia dizer que a luz em seus olhos desapareceu e ficou cada vez mais difícil para ela acreditar em um final feliz. As coisas que vimos, as coisas que temos que fazer-" Ele suspirou, sua mão livre coçando seu queixo enquanto ele balançava a cabeça. "Isso a matou por dentro. Ela ainda era a mesma pessoa, parecendo feliz e forte, mas a motivação e a esperança foram embora dia após dia. Eu podia dizer que ela estava lutando apenas porque era o que lhe era pedido, não porque ela queria."

Jay virou à esquerda e estacionou o carro na garagem, desligando o motor. "Então Mouse e eu fomos embora enquanto ela foi convidada a ficar. Sam sendo Sam, ela ficou para lutar e proteger. E eu só posso imaginar em que estado isso a deixou."

Ele saiu do carro, não querendo realmente ouvir a opinião de Hailey enquanto subia para o prédio. Ela seguiu de perto, entrando atrás dele enquanto subiam as escadas. Hailey decidiu não dizer nada sobre a confissão de Jay. Ela ficou feliz que ele se abriu um pouco e isso lhe deu uma ideia de que tipo de pessoa Samantha era, mas ela não sentiu que havia algo para ela dizer.

Então ela silenciosamente seguiu Jay até a porta de Samantha, olhando cautelosamente ao redor deles para qualquer coisa que pudesse parecer fora do lugar. Sua atenção foi trazida de volta quando Jay sacou sua arma e a apontou para a frente dele.

"A porta está aberta." Jay sussurrou, gesticulando para Hailey pegar sua arma enquanto ele empurrava a porta com a sua. Eles gesticularam um para o outro indicando um cômodo para limpar, notando que nada parecia fora do lugar. O batimento cardíaco de Jay acelerou enquanto ele verificava o quarto - ou melhor, a bagunça que cercava sua cama. Ele sabia que Sam era uma pessoa organizada, então a visão diante dele o surpreendeu. Com sua arma apontada para a frente dele, ele verificou o closet, encontrando-o completamente vazio.

Assim que o quarto e o banheiro foram limpos, ambos voltaram para a cozinha depois de colocar suas armas de volta no suporte.

Hailey pegou um pedaço de papel do balcão e o levou até o rosto de Jay. "Acho que você estava certo, Jay."

Jay pegou o papel da mão dela e o observou, balançando a cabeça. "Então ela foi ameaçada." No papel, um endereço estava escrito ordenadamente - presumivelmente o endereço do infrator. Ele imediatamente enviou para Mouse e pediu que ele enviasse os detalhes sobre a propriedade e então notificasse o resto da equipe. "Ela queria que a encontrássemos, o que significa que ela poderia muito bem estar em perigo."

Os dois saíram correndo do apartamento, Jay mantendo o papel com ele enquanto entravam em seu carro. Hailey digitou o endereço e esperou pacientemente pela mensagem de Mouse enquanto Jay dirigia com pressa.

Minutos depois, Jay desligou as luzes de seu veículo enquanto estacionava na lateral do meio-fio. Eles saíram do carro lentamente e sutilmente em direção à porta da frente, esperando que a porta da frente não fosse muito difícil de arrombar.

**

Sam suspirou enquanto se levantava lentamente da cama. Seu pé pressionou contra o chão frio enquanto ela se levantava. Ela foi na ponta dos pés até sua pilha de roupas, pegando-as antes de sair do quarto do homem.

Sam silenciosamente abriu a porta e fechou-a atrás dela, franzindo o rosto quando ela fez um barulho de rangido. A garota andou pelo corredor, esperando não estar fazendo barulho - pelo menos não o suficiente para acordá-lo.

Ela desceu as escadas, observando cada passo que dava. Quando chegou ao último degrau, ela rapidamente virou a esquina e seu corpo colidiu com outro. Sam não teve tempo de soltar um suspiro antes que seu corpo fosse pressionado contra a parede, o corpo quente e largo empurrando contra o dela com uma mão pressionada contra seus lábios.

Memórias começaram a rolar em sua mente, ruins. Sua respiração acelerou, pois ela não conseguia dizer quem estava na sua frente por causa da diferença de altura. Seu rosto estava pressionado contra o peito do homem enquanto ela ficava em silêncio, mas ela tentou se soltar - ela odiava tudo o que essa posição a trazia de volta.

As mãos do cara deslizaram para os lados dela, segurando-a com força enquanto ele soltava seus lábios. "Sam, Sam, você está bem. Sou eu, Jay." Ele sussurrou, tranquilizando-a. Seu coração ainda batia rápido, mas ela parou de se mover e ficou imediatamente tranquila pelo fato de que eles estavam procurando por ela — ou melhor, pelo agressor. Não importou muito na hora porque pelo menos ela estava segura. Sua respiração estava pesada contra o peito de Jay, embora ela tentasse controlá-la agora que sabia quem estava pressionado contra ela.

"Onde ele está?" A parceira de Jay, detetive Upton, perguntou a ela. Ela não tinha notado a mulher antes de falar, então sua voz a assustou um pouco. Jay a segurou, mantendo-a parada para que seu pulo não fosse perceptível para Hailey.

"Lá em cima." Ela sussurrou, apontando para as escadas. "Segunda porta à direita." Ela especificou, olhando para Jay, que estava olhando cuidadosamente para ela.

Sam de repente estava muito ciente de que seu corpo mal vestido estava pressionado contra o de Jay e que ele provavelmente tinha uma boa visão de seu decote. Ela sabia que ele era um cavalheiro e provavelmente nem estava olhando lá. Mas ela não conseguia deixar de pensar repetidamente sobre a sensação das mãos dele em seus lados nus. Fazia muito tempo que ela não sentia isso e ela se perguntava como ela conseguia esquecer como era.

"Tudo bem, vista-se e vá encontrar o carro cinza lá fora. Nós te encontramos lá." Jay falou enquanto a soltava, pegando sua arma enquanto ele e Hailey desciam as escadas - cobrindo as costas um do outro. Sam fez o que lhe foi dito, colocando seu vestido antes de sair apressadamente da casa. Ela foi recebida por uma unidade policial, todos apontando suas armas para ela.

"Samantha Johnson, os detetives Halstead e Upton estão lá dentro." Ela se apresentou, com as mãos levantadas no ar. Dois detetives imediatamente se aproximaram dela, um que ela reconheceu como Adam e outro que ela não conhecia.

Ela ouviu o sargento deles falar ordens para o resto da equipe enquanto Adam e seu parceiro a guiavam até o carro de Jay. Eles a questionaram sobre o infrator e tudo o que aconteceu desde a última vez que a viram. No meio do caminho, eles foram interrompidos por ninguém menos que William Withcomb, o infrator. Ele foi contido por Jay enquanto o guiava até uma viatura.

"Dedos-duros acabam em valas, Johnson. Cuidado com as costas." Ele rosnou, estremecendo quando Jay propositalmente bateu a cabeça no carro enquanto o empurrava para o banco de trás.

Samantha engoliu em seco porque sabia muito bem que ainda havia um homem à solta.