RECOMEÇO
A partir daqui, começa os novos capítulos desse final alternativo. Espero que gostem e não esqueçam de comentar
Capítulo 16 – RECOMEÇO
Eu estava sentado na poltrona do meu quarto, observando a chuva forte que caía do lado de fora da minha janela. Vez ou outra eu enxugava as lágrimas solitárias que escorriam pelo meu rosto.
Min havia dormido a um tempo. Senhor Lee ainda estava em freedy porque queria conversar com o Duque no dia seguinte e não parecia nenhum pouco afetado por não ter mais Madame Sun ao seu lado.
Ele havia pedido desculpas, dito que havia feito o possível para me proteger dela, mas que Sun não tinha pudor e a maioria das coisas nem ao menos chegava ao seu conhecimento. Eu o entendia, havia visto durante anos o quão ocupado ele era e não o culpava por aquilo.
Ele me garantiu que havia amado muito a minha mãe e que sofreu muito quando ela se foi, e foi bom poder falar sobre ela, não precisar fingir que não havia acontecido. Madame Sun nem ao menos me deixou viver o luto quando aconteceu, sua primeira atitude foi tentar me botar para fora e quando o Senhor Lee a impediu, ela disse que eu deveria voltar a acompanhar Min imediatamente e que não tinha tempo para frescuras como aquela se quisesse ficar sob seu teto.
Agora eu entendo o porquê de todo o seu ódio sobre mim. O porque dela me detestar antes mesmo de Jaehyun, o homem que nunca me amou.
Saber que tudo havia sido um plano, uma tentativa de fazer com que o Senhor Lee tivesse nojo de mim, me causou uma dor diferente. Na minha mente, pelo menos por aqueles dias em que nós nos conhecemos, Jae havia me amado, pelo menos por um tempo, havia sido real. Passei todos aqueles anos me culpando, me perguntando o que eu havia feito de errado e o porquê dele ter me deixado, mas era reconfortante saber que apesar de tudo, de todas as grosserias e crueldades, ninguém conseguiria tirar as lembranças e a sensação de ser amado da minha mente.
Mas saber que nunca havia sido real, causou uma forma diferente de dor. Uma que parecia ainda mais cruel, porque significava que eu nunca havia sido amado na minha vida, que havia me entregado para uma mentira sem sentido, uma briga que nem ao menos era minha.
Meu peito se apertou com a lembrança de tudo aquilo e enxuguei a lágrima que escorreu pelo meu rosto com a manga da minha blusa de frio, me encolhendo mais contra a poltrona ao ouvir a porta se abrindo.
– Imaginei que ainda estaria acordado. – A voz calma ecoou pelo meu quarto, com um tom terno e afetuoso, mas não ousei respondê-lo. Ouvi seus passos se aproximando de onde eu estava. – Deus, vem cá. – Eu subi meus olhos até os seus, mas ele já fazia o movimento para me erguer do sofá para que pudesse se sentar e me puxar para seu colo.
– Meu senhor... – Murmurei constrangido pela posição. Desde o meu cio, quando ele pediu para que eu não o afastasse mais, ele estava me tocando deliberadamente sem nenhum receio. Havia me abraçado, me acolhido, me amparado, segurado minhas mãos, beijado minha testa e agora me segurava como se não tivesse nenhum problema naquilo, mas ainda assim, havia muitos.
– Shh... – me silenciou. – Eu não quis deixá-lo sozinho, mas a rainha quis falar comigo. Não poderia deixá-la esperando, mas Deus, quis tanto garantir que o senhor estivesse bem. – Ele me abraçou, afundando minha cabeça contra seu peito. – Como você está?
Eu não respondi. Não queria lhe dar mais preocupações e mais motivos para tentar fazer coisas por mim, ele já havia feito mais do que o necessário e aquela dor era passageira, logo eu me conformaria com aquilo e seguiria minha vida.
– Certo, foi uma pergunta insensível, eu consigo sentir como você está, não precisa me dizer. – Ele continuou falando, sua mão agora acariciando minhas costas.
– O que a rainha desejava? – Perguntei baixo, querendo mudar de assunto.
– Ela queria falar sobre o nosso casamento – Respondeu suspirando e ao me lembrar daquilo mais uma onda de conformação percorreu meu corpo.
– Certo. O casamento. – Murmurei para mim mesmo.
– O que quer dizer? – Ele perguntou, tentando afastar meu rosto de seu corpo, me tirar de meu esconderijo, para que pudesse me olhar nos olhos.
– Eu... eu achei que não seria mais necessário. – Respondi baixo, mas diante sua expressão confusa, expliquei. – A rainha disse que não tinha planos de oficializar o meu casamento com Jaehyun, ela apenas queria tirar uma confissão do senhor, e o senhor disse o que ela queria ouvir, então não achei que o casamento ainda seria necessário.
Sua expressão suavizou, a mão que antes estava parada em minhas costas voltou com o carinho circular e ele sorriu antes de continuar.
– Entendo seu ponto de vista, mas jurei diante a rainha que me casaria com o senhor, então ela espera por um casamento. Além do mais, estamos marcados, eu me sentiria melhor tendo o senhor do meu lado. – Meu olhar se abaixou ao ver que aquilo iria continuar. – O casamento não é do seu desejo? – Eu suspirei ao ouvir a pergunta doce.
– Apenas me sinto mal em sujar o nome da Min. Ela ficará mal falada por todo o país. – Expliquei o que me atormetava. – Além do mais, já prendi o senhor com uma marca, não queria continuar sendo um problema. Como sua esposa, Min poderia fazer muito mais do que eu pelo senhor. Ela é estudada e sabe todas as regras de etiqueta, contanto que eu a acompanhasse, ela poderia estar em todos os eventos sociais que se é esperado de uma duquesa. Com o tratamento certo, tenho certeza que irá melhorar e logo poderia assumir as responsabilidades que lhe são cabíveis.
– E quanto ao senhor? – Ele me interrompeu, mas eu não havia entendido seu ponto. – E quanto ao senhor e a sua reputação? Como elas ficam?
– Eu nunca tive um nome ou uma reputação, não há o que se limpar quando não se tem nada. – murmurei com certeza. – Sou apenas um criado. Criados não precisam de coisas assim. Se eu não tivesse cometido um erro bíblico, se Madame Sun não tivesse contado para todos o meu erro, ele provavelmente nem ao menos teria sido lembrado.
– Você é filho de um Conde. Vai assumir o título que a própria rainha lhe concedeu. Não é mais um criado. – Eu tinha me esquecido daquilo. – E seu erro não foi bíblico, pensar isso é um absurdo. E falarei pessoalmente com o próprio Papa se for preciso para que se sinta melhor. – Me desesperei ao ouvir sua fala. Não queria que ele falasse com ninguém, ainda mais comprar uma briga que não venceria.
– Não há necessidade de falar com ninguém. – Garanti. – Eu entendo porque todos me tratam assim e eles não estão errados. Por pessoas como eu, que não sabem resistir a tentações, a humanidade perdeu o direito ao paraíso. Impuros só trazem desgraça por onde passam e para as pessoas ao seu redor. – Repeti o texto que havia ouvido de tempos em tempos. – E a prova disso é o que estou fazendo com o senhor.
– Não está fazendo nada comigo.
– Estou sim. – Afirmei, sentindo ele me apertar mais, seu olhar era de ternura e negação, como se o que eu estivesse falando não fizesse sentido, mas eu sabia que ele era consciente do problema tanto quanto eu. – Não teria todos esses problemas se eu não estivesse aqui. Se tivesse se casado com Min Hee e a trago sozinha para suas terras, não teria que ter enfrentado a própria rainha, e nem tido as noites acordadas que teve. Eu trouxe problemas para você e o senhor não apenas lutou para me manter ao seu lado, como continua tentando fazer coisas por mim. Não entende que cada vez que me toca, atrai mais problemas para o senhor?
– Não é verdade. – Insistiu, mas eu neguei.
– Tudo começou com a marca. Quando me marcou para salvar Min e agora, o senhor vai se casar comigo, como se isso fosse algo aceitável.
– É o que eu quero. – Afirmou, me fazendo suspirar ao ver que não conseguiria convencê-lo. – E não me importo se é ou não impuro, ou se essa bobagem é ou não real. Não permito que fale de si mesmo dessa forma, não quero mais que repita coisas como essa, me entendeu? – Questionou serio. – A Partir de hoje não quero mais que se esquive das pessoas. Não quero que aja como se fosse um leproso ou que pudesse contaminar alguém com o toque. – Respirou fundo, segurando meu rosto com as mãos e me forçando a olhar em seus olhos. – Sendo ou não um filho de Eva, é meu ômega agora e não irei permitir que ninguém lhe trate mal, nem mesmo o senhor.
– Isso é loucura. Não pode mudar como o mundo funciona. – Murmurei sentindo meus olhos prestes a transbordar.
– Quer me ver tentando? – Sua voz era decidida e seus olhos estavam escuros e concentrados, conseguia sentir a intensidade de seu lobo e o aroma no meu quarto ficava mais forte a cada segundo. – Que Deus proteja quem ousar fazer mal a um fio do seu cabelo, porque não terei piedade com ninguém sobre esse assunto.
– E quanto a mim? – Perguntei com o tom baixo, e ao notar o quão alterado e nervoso ele estava com nossa conversa, soltei um pouco dos meus próprios feromônios, por vontade própria pela primeira vez, tentando o acalmar. – Terá piedade de mim?
– Nem mesmo de você. – Respondeu, com os músculos relaxando e o olhar se suavizando. – Irei lhe fazer feliz, o senhor querendo ou não. – Seu tom agora era leve, mas a ideia me pareceu perturbadora.
– Eu disse que não queria passar por isso novamente. Que não precisava se preocupar comigo. – Ele negou.
– E quanto a mim?
– O que?
– E quanto a mim e aos meus desejos? – Voltou a questionar, mas eu estava confuso com aquilo. – Eu também tenho desejos, Jimin. Também tenho sonhos. Eu gostaria de ter cortejado meu futuro marido, de ter um casamento com cumplicidade e afeto, gostaria de ser carinhoso com o meu ômega e pode lhe dar todo o amor do mundo, com palavras doces e momentos atenciosos. – Ele fez uma pausa, arrumando meu cabelo curto atrás da orelha, em um carinho que me arrepiou. – Não pude fazer nada disso com Lady Min, porque nunca fui um marido real para ela, mas imaginei que com o senhor, poderíamos ter algo como isso. Que poderia ter um casamento feliz e amoroso.
– Bom... eu não... – Eu balbuciei desconcertado, sem saber ao certo o que estava falando, mas ele me calou.
– Sei que o senhor não quer isso, mas dessa vez, irei ser obrigado a dizer não aos seus desejos e me garantir o direito de ser o mais atencioso e carinhoso eu puder com o meu ômega.
Deus, ele tinha razão. Ele também tinha direitos e havia aberto mão duas vezes de escolher seu futuro ômega para poder salvar a mim e a Min Hee, eu não poderia tirar isso dele, não quando eu seria tudo o que ele teria.
– Me desculpe. O senhor está certo. Foi egoísmo da minha parte não ter imaginado o que o senhor desejava. Não serei contra sua corte e muito menos aos seus desejos. – Minha voz era baixa e constrangida, mas ele sorriu antes de me puxar para mais um abraço, afundando sua cabeça em meu pescoço. – Serei um bom ômega para o senhor.
Ele murmurou algo que não consegui entender contra minha pele e depositou um beijo morno que me derreteu em suas mãos.
| IMPURO |
Gostaram? O que acharam? O que vcs esperam ver ou desejam ver nesses novos caps?
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