A MARCA DE UMA VIDA
Capítulo 3 – A Marca de uma vida.
*Park Jimin*
Eu encarava Min com um sorriso no rosto. Ela estava tão linda. O vestido branco e rendado combinava com a aura infantil e pura que ela carregava. Madame Sun iria surtar ao ver que ela havia trocado o buque de rosas do campo pela boneca favorita, mas ela falou que queria a pequena Lili com ela, que se sentiria mais segura assim e eu não poderia negar isso em um momento como esse, já que eu sabia o que ela teria que enfrentar no futuro próximo.
– Jimin. O senhor Lee está te chamando no escritório dele. – Jinny disse mau humorada enquanto eu dava uns últimos retoques no cabelo trançado da Min.
Me levantei com cuidado, sorrindo para a menina e em passos rápido desci as escadas me dirigindo para o escritório. Meu relacionamento com o Senhor Lee nunca foi dos piores. Minha mãe era uma antiga funcionária da casa e quando ela faleceu, ele me acolheu em sua casa como um funcionário padrão e me designou para o cargo de baba da Min.
Quando Lorde Jaehyun foi embora, Madame Sun queria me colocar na rua, mas ele não permitiu. Disse que Min precisava de mim e me permitiu continuar na fazenda. Ele era o tipo de patrão que mesmo sem expressar totalmente, eu sabia que no fundo ele gostava um pouco de mim e talvez tenha ficado com mais pena do que nojo no final de tudo. Eu tinha muito o que agradecer a ele, principalmente por ser o único em todos aquele anos, que nunca havia dito nada grosseiro para mim.
– Você veio. Pode se sentar um minuto. – Pediu, enquanto escrevia algo em um papel. – Estou escrevendo uma carta para o Duque. Quero que entregue a ele na hora da marca. – Eu o encarei sem entender. No fundo, eu esperava um pouco mais de explicação, já que nem se eu quisesse conseguiria ler a carta.
Ele respirou fundo quando acabou de fechar a carta. Suas mãos foram para os cabelos brancos e os bagunçou de forma cansada. Quando seus olhos caíram sobre os meus, eu soube que ele estava tão cansado e preocupado com aquela situação quanto eu. Era difícil lidar com a sociedade e com tudo o que ela exigia.
Ter uma filha doente como Min, era algo inadmissível para uma família com títulos como eles. A sociedade falaria barbaridades e colocaria a culpa nas crenças. Falariam que algo assim era uma punição divina para os pais por algum pecado e isso era um absurdo. Talvez seja por isso que Madame Sun nunca admitiu o problema da filha em voz alta.
Não os culpo em absoluto, ouvir algo assim, seria horrível, principalmente para a própria Min. Mas dizer ao mundo que ela era perfeitamente normal, os obrigava a seguir os velhos costumes. Como o casamento arranjado e a marca. Madame Sun não admitiria, mas Senhor Lee me parecia sensato para notar que Min não estava pronta para tudo aquilo.
E talvez a carta fosse sobre isso. Pedindo ao duque que tivesse paciência com sua filha ou entendesse suas limitações. Seu olhar cansado me falava muitas coisas. Deixava claro que seu medo era o mesmo que o meu.
– Eu estou doente. – Foi o que disse por fim. – Tinha medo de morrer e deixar você e Min sozinhos com a Sun. Por isso fui a favor do casamento.
– O senhor está doente? – Questionei incrédulo. Ele era como uma figura paterna pra mim, mesmo que uma fria e distante, era o mais próximo que eu tinha. Ele era como um ser imortal em minha mente. Pensar que ele poderia morrer, era algo absurdo. – O que o senhor tem?
– Estou feliz que o Duque vá levar você junto. – Respondeu me ignorando. – Sei que ele ira lhe proteger e que você protegera a Min.
– Senhor. Deve ter uma forma. Uma cura ou... – Ele riu fraco, antes de me olhar com os olhos cansados.
– Eu estou pagando meus pecados, Jimin. – Disse de forma calma. – Eu errei muito na minha vida, mas tive uma pequena chance de me redimir e irei. Quando a hora chegar, você saberá do que estou falando, mas agora preciso que me ajude em uma coisa.
– No que o senhor precisar. – Afirmei ainda em choque.
– Na hora da marca. Entregue isso ao Duque. Ele irá saber o que fazer. – Concordei com a cabeça segurando a carta entre minhas mãos. – Min Hee não está pronta para uma marca. Isso acabaria a matando. – Seu tom era calmo, mesmo que suas palavras fossem duras. – Me prometa que fará de tudo para proteger ela?
– Eu prometo, senhor. Farei de tudo para proteger ela.
~...~
Min me fez prometer que não sairia de trás dela. Durante toda a cerimônia, ela brincava com os próprios dedos e tentava segurar a risada ao ver o enorme bigode que o padre tinha. Eu a encarava com um sorriso no rosto. Havia prometido toda a geleia que ela poderia comer se ela se comportasse no casamento e ela estava se esforçando.
Todos acharam estranho o fato de eu estar ali, ao lado do altar e ainda mais dentro da igreja. Madame Sun me olhava com superioridade, como se cantasse vitória em cima de mim. E todos os olhares daquelas megeras da alta sociedade, me deixava ainda mais nervoso. Porque eu sabia o que elas estavam pensando sobre mim.
Um ômega que havia sido abandonado e enganado por um alfa que se dizia duque, agora assistia de camarote esse casamento de conto de fadas. Era como se eu estivesse vendo o que eu nunca teria, mas eu não via dessa forma. Senhor Lee estava doente e provavelmente morreria. Duque Jeon estava casando a pedido do Rei e para Min tudo não passava de uma grande brincadeira. Eu tinha tantas coisas na minha mente, que a ultima delas era o que Jaehyun havia feito comigo.
Meu olhar intercalava entre o dela e o do Duque, que também sorria para mim, ao reparar que eu observava a menina. Quando o padre os declarou casados, ele colocou um pequeno anel, no dedo indicador dela e beijou suavemente as costas da mão dela. Ela riu boba, achando engraçado o ato e eu acompanhei a risada por achar fofo.
Quando a hora da marca chegou, todos ficaram apreensivos. Min Hee e o Duque caminharam até a sala ao lado do altar, para terem um momento sozinhos, mas assim como a Madame Sun havia ordenado, eu deveria ir junto. Pude ouvir algumas risadas, como se soubessem que aquilo era um castigo. E por um segundo, acreditei que Madame Sun era capaz de se vangloriar por isso.
– Podemos comer a geleia agora, Chimchim? – Min me perguntou animada quando fechamos a porta, mas eu apenas neguei, retirando a carta que tinha no meu bolso interno e entregando para o Duque.
– O Senhor Lee me pediu para entregar isso ao senhor, Milorde. – Disse sem o olhar nos olhos. Aquilo ainda me deixava nervoso. O Alfa pegou a carta e leu todo o conteúdo com um rosto limpo, sem expressar nenhuma reação.
– Você está de acordo com o que está escrito aqui? – Me perguntou com calma e por um segundo eu me senti tremer.
– Eu não sei ler, Milorde – Admiti um pouco envergonhado. – E o Senhor Lee apenas me pediu para entregar. Ele não me disse mais nada. – O alfa então suspirou frustrado e se aproximou, me fazendo dar um passo para trás, mas antes que eu pudesse me afastar mais, ele segurou minhas mãos.
Ele segurou minhas mãos de verdade. Como a muito tempo, ninguém fazia. Em um gesto de carinho e paciência. Como se eu tivesse voltado a ser uma pessoa de novo aos olhos da sociedade. Por um segundo, me senti em um conto de fadas novamente, o que era perigoso, devido ao meu histórico.
– Ele quer que eu te marque no lugar de Lady Min. – Disse de forma calma e polida. – Quer que sujemos ela de sangue e façamos um curativo falso para que ninguém note a diferença, mas ele quer que a marca esteja em você.
– Isso não daria certo. – Eu disse um tanto ofegante com a ideia. – Ela não teria seu cheiro e...
– Você teria. – Ele afirmou. – Estão sempre juntos. Ninguém notaria. – Ele afirmou, levando seus olhos para a carta. – Daria certo e sendo sincero, prefiro marcar você. – Meu coração acelerou com suas palavras, mesmo eu sabendo que não deveria. – Ela é só uma criança.
Uma marca. Eu teria uma marca. Estaria ligado a ele pelo resto da minha vida. Milhares de marcas eram feitas sem amor e eu sabia disso, mas só de imaginar que eu carregaria uma, me deixava nervoso. Depois de Jaehyun imaginei que nenhum outro alfa jamais me marcaria e mesmo que não houvesse amor entre nos e que não fossemos casados e que a marca não fosse verdadeira, eu fiquei feliz por um segundo, para logo ser levado pela tristeza de viver uma vida que nunca seria minha de verdade.
– Prometi que faria de tudo para proteger Min Hee. – Disse com o tom baixo. Era por um motivo mais importante do que tudo aquilo. Era por ela e eu faria tudo por ela.
– Sinto muito, Senhor Park. – Disse com pesar na voz e se aproximou com a respiração ofegante. – Temos que ser rápidos ou vão descobrir que estamos tramando algo. Posso? – Indicou para minha camisa de botões de segunda mão. Concordei com a cabeça, me sentindo tremer em nervosismo.
– O que você vai fazer com o Chimchim? – Min questionou curiosa, mas havia medo em seu tom. Não respondemos, por não saber o que responder. O duque fez uma leve caricia no meu ombro tentando me acalmar, mas todo aquele afeto fingido estava apenas me deixando pior. Quando ele fincou os dentes na minha pele, a dor me cortou e eu gritei, mas o grito de Min Hee foi maior que o meu.
Ela chorava e soluçava, completamente apavorada. Eu chorava pela dor e por ver minha menininha chorando tão doido. Ela queria bater no Duque e até mesmo contar para sua mãe, mas eu a fiz prometer que não contaria.
– Eu estou bem. O duque estava me salvando, Min. – Disse forçando um sorriso, mas a dor erra intensa. – Iremos fazer um curativo. Um pra mim e um pra você. O que acha? – Ela sorriu no meio das lágrimas mais concordou. Quando manchei seu curativo e vestido de sangue e escondi o meu com as roupas, pudemos finalmente sair.
Os dois tinham os rostos banhados em lagrimas, por motivos diferentes, mas a imaginação do povo seria completamente diferente da verdade e ainda sim, mas cruel do que deveria. Diriam que ela chorou pela dor da marca e que eu chorei, por não aguentar a verdade.
De certa forma, nenhum deles saberia a verdade, mas ao menos, Min Hee estava segura.
| IMPURO |
Essa história me abala. Esse capitulo estava no "purgatório" a quase um ano?
A Karol lembrou dele e me deixou boiolinha, porque só ela tinha visto esses caps na época
Um brinde ao purgatório e todas as coisas que eu guardo lá e vcs nunca vão ver.
hehehehehe
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top