9 - Jóinha
Era sexta-feira, Jonathan convidou Duda para um Happy Hour perto de casa com os colegas de trabalho. Seria isso ou assistir televisão, então ela foi. Encontrou o irmão em uma mesa com mais três homens de social e três mulheres de salto alto. Ela cumprimentou a todos e se sentou ao lado do irmão.
Um dos rapazes na mesa não parava de olhar para ela. Ela começou a olhá-lo também e ele não era tão ruim assim. Era arrumadinho demais, mas seu irmão também trabalhava de social e no dia a dia se vestia de maneira totalmente diferente. Seu cabelo era bem escuro, penteado para trás, formando um topete não muito alto. Tinha uma barba milimetricamente feita, apesar de rala. Duda se levantou para ir até o balcão pedir uma porção de fritas e o rapaz a seguiu.
– Então, é Maria Eduarda né? O Jonathan fala bastante de você.
– Isso! Que bom que ele fala de mim! E seu nome é...?
– Lucas, prazer.
– O prazer é meu.
Os dois continuaram conversando no balcão até a porção ficar pronta. Lucas era estudante do último ano de administração, tinha vinte e sete anos e trabalhava como analista júnior no mesmo escritório que Jonathan. Morava sozinho na Mooca e se interessou por Duda assim que ela entrou pela porta do bar. Palavras dele. Voltaram para a mesa e Jonathan percebeu o clima rolando. Algumas cervejas depois, decidiram ir embora. Antes de saírem, Duda passou seu telefone para Lucas. Chegaram em casa e já tinha uma mensagem de Lucas a convidando para almoçar no dia seguinte.
– Então quer dizer que você e o Lucas... – Jonathan sorri maliciosamente.
– Ah, vou sair com ele amanhã, vamos ver...
– Depois me conta se ele é legal. Se ele tentar qualquer coisa com você, você me liga.
– Fica tranquilo. Vai dar tudo certo.
***
Lucas mandou uma mensagem dizendo que estava chegando. Duda colocou um vestido listrado preto e branco e uma alpargata vermelha. Passou um batom vermelho e desceu para encontrá-lo. Sim, ele usava camisa social no dia a dia. Ele a aguardava dentro do carro. Assim que entrou, sentiu o cheiro forte do aromatizante e se sentiu em um táxi, só que sem pagar um absurdo.
Ele dirigiu até um restaurante na zona sul. Durante o caminho conversavam para se conhecerem melhor. Chegaram no restaurante e Duda ficou surpresa com o local, era muito diferente dos restaurantes que costumava frequentar. Soltou uma risada baixinha ao lembrar de quando foi comer cachorro-quente com Diego e comentou que não sabia usar todos os talheres de um restaurante chique. Talvez precisasse aprender hoje.
Sentaram-se em uma mesa próxima de uma janela enorme, que dava para o jardim de inverno do local. Lucas pediu uma garrafa de vinho para os dois. Duda aceitou, apesar de nem gostar tanto de vinho assim. Preferia um refrigerante ou um suco. A comida era realmente muito gostosa e a montagem do prato era digna de uma foto no Instagram, porém era muito dinheiro para pouca quantidade, ela repetiria facilmente umas três vezes. Pediram Tiramisu de sobremesa. Duda estava receosa com o valor da conta, mas Lucas não a deixou pagar.
Foram até o Jardim Botânico e ficaram horas conversando enquanto admiravam o lugar. Duda contou sobre sua relação com Jonathan, sobre a perda de seu pai, sobre sua indecisão para escolher uma profissão. Lucas ouvia tudo atentamente. Ele parecia realmente um príncipe. Decidiram voltar para casa. Lucas parou o carro em frente ao prédio, ficaram um tempo em silêncio, até que ele se aproximou lentamente e a beijou. Ela tentava se concentrar no momento, mas alguns flashes do beijo bêbado de Diego a tiravam do foco. Por que raios ela estava lembrando do lance casual com o outro rapaz se estava com uma pessoa tão fantástica ali?
***
Os dias foram passando e Lucas e Duda se viam cada vez mais. Algumas vezes ele até dava carona para Jonathan, só para poder vê-la. Jonathan apoiava a relação dos dois, pois Duda estava a cada dia mais feliz. E a cada dia, ela e Diego se tornavam mais estranhos um para o outro.
Dois meses desde o primeiro encontro e Lucas a convidou para jantar. Foram até uma hamburgueria gourmet. Ela não gostava muito dessa ideia de tudo virar gourmet. Já tinha até conversado com Diego sobre isso, ambos brincavam que a palavra "gourmet" traduzida significava "mais caro".
Foi enquanto comiam um hambúrguer de carnes nobres no pão caseiro e bebiam cerveja importada que Lucas a pediu em namoro. Foi um pedido com direito a aliança e tudo. Duda aceitou, claro. Ela não era super, ultra, mega apaixonada por ele, mas gostava bastante. E outra, o amor vem com o tempo, né? E sua mãe mesmo dizia que ela seria uma boba se "não agarrasse um príncipe desses". Pois bem, ela agarrou.
***
Contrariando a todas as previsões, amanheceu nublado em Minas Gerais. Diego acordou, mas continuou deitado no escuro enquanto ouvia o barulho do liquidificador vindo da cozinha. Tateou o criado-mudo procurando seu celular. Oito e meia. Gabriela estava fazendo seu café da manhã antes de ir para a academia. Desbloqueou a tela e abriu o Facebook. Rolou a linha do tempo até que viu uma atualização:
Maria Eduarda Castro está em um relacionamento sério com Lucas Assis
Como assim? Desde quando? Entrou no perfil de Lucas e tinha uma foto dos dois na hamburgueria na noite anterior. Ela estava incrivelmente linda. Ele sentiu uma pontinha de ciúme. Não "desse tal de Lucas", mas por que ela não falou nada? Poxa, eles eram melhores amigos. Ele foi até a conversa dela no WhatsApp. A última conversa foi há pouco mais de dois meses. A última mensagem foi um jóinha. Quando a pessoa passa a responder só com um jóinha, é porque todos os assuntos e intimidades morreram.
Antes, o que terminava com um sol, uma flor, se resumiu a um jóinha. Sentiu um pouco de raiva de si mesmo. Como deixou chegar a esse ponto? Sendo que sempre pensava nela. Sempre. Por que não a chamava para conversar sempre que ela passava por seus pensamentos? Porque aí seria demais. Mas vez ou outra, talvez. Não sabia mais o rumo que sua cabeça estava tomando. Fechou o Facebook. Bloqueou a tela do celular. Voltou a dormir.
Não deu quinze minutos, abriu o Facebook de novo. Entrou no perfil de Lucas e olhou foto por foto. Que cara estranho. Perfeitinho demais. Arrumadinho demais. Não tem nada a ver com a Duda. Não tem nada a ver com ele. A maioria das fotos são selfies atrás do volante ou em restaurantes. Foi até o perfil de Duda e sorriu na primeira foto que viu. Ela deitada na réplica do sofá de Friends. Passou para a próxima foto. Aquela dos quatro na balada. Duda mostrando a língua ao lado de Gabriela, que mandava um beijo. Diego e Jonathan só sorriam. Que foto espontânea. Que dia maravilhoso.
Foi até seu perfil para ver suas próprias fotos antigas. Encontrou uma foto que estava marcado ao lado de Nicole. Ela não era uma má pessoa. Era bem diferente dele, sim, mas não era ruim. Um pouco ciumenta, também. Extremamente vaidosa, não ia até a padaria sem passar pelo menos um corretivo nos olhos. Um tanto mimada também, mas era novinha, acabou de atingir a maioridade, era até compreensível. Abriu o Messenger.
– Ei, posso falar contigo?
Ela não responderia tão cedo. Com certeza ainda estava dormindo. Ele deixou o celular de lado. Desistiu de dormir. Foi até a cozinha, Gabriela ainda tomava café.
– Bom dia. – Diego diz enquanto enche o copo de café.
– Você já levantou? Caiu da cama, foi? – ri.
– Perdi o sono.
– Você viu que a Duda está namorando? O rapaz é bem gatinho.
– Vi. Achei bem normalzinho. Só achei meio do nada.
– Ah, mas vai saber quanto tempo estão juntos, né? Às vezes eles já estavam juntos ou meio enrolados quando a gente foi lá.
– Acho que não... Senão ele iria junto, eu acho.
– Acho bem provável que sim. Ela não beijou ninguém naquele lugar cheio de homem bonito. E eu vi que vários olharam pra ela.
– É, ela não ficou com ninguém...
Diego virou o café em um gole só, sentindo a garganta queimar. Colocou o copo na pia de qualquer jeito e voltou para o quarto. Pegou o celular e abriu a conversa de Duda. Começou a digitar. Apagou tudo. Bloqueou a tela. Repetiu.
"Fiquei sabendo pelo Facebook, parabéns pelo namoro! Só te desejo coisas maravilhosas". Não, ficou muito recalcado. "Oi, vi no Face, parabéns pelo namoro!". Isso, assim está melhor. Enviar. Deixou o celular de lado, foi assistir série. Duas horas depois o celular vibrou. Era Nicole.
– Oi, pode sim.
– Você pode me encontrar?
– Quando?
– Agora.
Nicole concordou e marcaram na praça central da cidade. Ele chegou adiantado. Estava distraído com algumas crianças correndo, assustando as pombas que ciscavam por ali. Avistou Nicole de longe, toda produzida para uma volta na praça. Imediatamente se lembrou de Duda. "Não é hora de pensar nela", repetiu duas vezes. Voltou a focar em Nicole. Estava bonita, seus cabelos lisos e longos estavam soltos, balançando conforme ela caminhava em direção a ele.
– E então? Por que me chamou aqui? – ela é curta e grossa.
– Queria te ver.
– Diego, foi escolha sua.
– Você pediu para eu escolher entre minha família e você.
– Ela não é tão da sua família, é prima de sei lá quantos graus.
– Esse não é o foco, Nicole. Não foi para discutir isso que te chamei.
– E então?
– Não sei. Me deu vontade de te ver. Recomeçar do zero.
– Para dar errado de novo?
– A gente pode tentar fazer dar certo dessa vez.
Nicole ficou balançada. Diego a beijou e ela correspondeu. Combinaram de ir com calma. Isso foi iniciativa dela, tinha medo de se machucar de novo. Diego estava incerto, tinha dúvidas se estava insistindo no erro, mas quis tentar. Não tinha certeza sobre nada, mas decidiu se dar uma segunda chance. Seria um passo de cada vez. Estava abraçado com ela quando sentiu seu celular vibrar. Não pegou, imaginava que fosse Duda.
***
Duda viu a mensagem de Diego e não soube o que responder. Queria agradecer, mas não sabia como desenrolar o assunto. Pensou em pedir desculpas, mas desculpas pelo quê? Por não falar que estava conhecendo alguém? Por conhecer alguém? Nos últimos tempos eles mal se falavam... Decidiu só agradecer. Chegou a digitar que estava com saudades, mas apagou. "Obrigada! Tudo bem por aí?". Enviou. Sem firulas, sem carinhas felizes, sem intimidade. Respondeu da mesma maneira que responderia qualquer pessoa. Fingiu para si mesma que não, mas aguardava ansiosamente por uma resposta.
Olhava para a aliança em seu dedo e achava tudo aquilo muito bizarro. Uma aliança! Ela julgava necessário apenas em um casamento. No máximo, um noivado. Estava tão distraída com o acessório de ouro branco que não viu Jonathan parado na porta do quarto, segurando sua toalha para tomar banho.
– Olha que fofa, admirando o anel de casamento! – brinca.
– É estranho, né? Assim, do nada. O que você acha dele?
– Ele parece ser um bom rapaz.
– Parece né? Tomara que seja. Bom, nunca me falou de ex namoradas, nem sei como é com relacionamentos.
– Ah, ele já saiu com a Renata lá do escritório. Acho que até namoraram. Do nada acabou e eles não se falam mais. Todo mundo diz que ela que aprontou, mas como eu não me envolvo nessas fofocas ao redor da garrafa de café, eu nem sei se foi isso mesmo.
– Ele nunca comentou, deve achar que sou ciumenta. – ri.
Jonathan sorriu e Duda voltou a rodar a aliança, procurando alguma falha ou alguma resposta. Lucas era muito bom. Perfeito até demais para gostar de alguém como ela, ela dizia.
_________________________________________
Oie! Espero que estejam gostando!
Se estiverem curtindo a história, deixem seu voto e comentários, isso ajuda muito a história a ter mais visibilidade e me deixa muuuuito feliz! ♥
E aí, o que acharam do Lucas?
Já estão shippando?
Aliás, qual seria o nome desse shipp? Luda? Ducas? Haha
Sou péssima com isso, então me deem dicas!
E esse ciúme do Diego?
Acharam que foi uma boa ideia ele encontrar a Nicole?
Vejo vocês na quinta ♥
Beijinhos
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top