7 - Só sei dançar com você

Dedico esse capítulo à @AnnaGreys007 e à @Jessik_Silva , minhas leitoras fiéis ♥

Se aproximava do meio-dia quando acordaram com a reforma ao lado. Jonathan já começou o dia reclamando da furadeira e praguejando contra os vizinhos. Gabriela acordou sem saber como foi parar em casa, mas com o incrível superpoder de quase não ter sinais de ressaca, no máximo uma dor de cabeça que passaria facilmente com um comprimido. Diego foi o primeiro a acordar e o último a levantar. Duda, por sua vez, acordou de bom humor, algo raro.

– Acho que devíamos aproveitar que estamos todos acordados e ir tomar café no Starbucks e depois dar uma volta pela Paulista.

– Duda, você não se cansa de sair? – Gabriela ri.

– Eu fico em casa o tempo todo. Pela primeira vez em muito tempo eu tenho companhia para sair vários dias seguidos. Vamos, por favor!

– Olha lá, ela vai fazer o olhar do gatinho do Shrek. – Diego sorri.

– Isso só funcionou ontem... – Duda sorri.


Não precisou de muita insistência para todos concordarem. Gabriela sempre quis uma foto instagramável do seu nome no copo do Starbucks. Diego queria curtir o último dia de viagem ao lado dos primos e Jonathan também queria fazer algo produtivo em um domingo que não fosse apenas descansar para o dia seguinte. Todos se arrumaram e seguiram para a Avenida Paulista.

Já no Starbucks, fizeram seus pedidos. Duda pediu um chocolate clássico. Diego experimentou o capuccino de chocolate, indicação de Duda. Jonathan ficou no tradicional café com leite. Gabriela pediu um frappuccino de chocolate branco e foi enfática "por favor, escreve Gabi e coloca um coraçãozinho do lado". Tudo estritamente pensado para a foto.

De lá, foram andar pela avenida e ver o que ela podia oferecer. No Vão do MASP havia uma moça cantando e encantando todos ao redor com sua voz suave e ao mesmo tempo poderosa. Ela cantava a música Só Sei Dançar Com Você, da Tulipa Ruiz.


"Você me chamou pra dançar aquele dia, mas eu nunca sei rodar
Cada vez que eu girava parecia que a minha perna sucumbia de agonia"


Duda e Diego se entreolharam e trocaram um sorriso de cumplicidade.


"Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz"


Diego deixou que sua mão se aproximasse à de Duda e tentou tocá-la com as pontas dos dedos, mas ela se retraiu e negou sutilmente com a cabeça enquanto deu um sorriso sem graça. Ele assentiu e voltou o olhar para a cantora.

Passaram a tarde na Avenida Paulista, assistiram a apresentação de alguns artistas de rua, visitaram a Livraria Cultura – e ficaram um tempão lá dentro –, descansaram no Vão do MASP e voltaram para casa quando o sol já estava se pondo. Chegaram tão cansados que só queriam tomar banho e relaxar no sofá.

***

Já era tarde e Diego estava arrumando sua mala antes de dormir quando Duda entrou no quarto. Eles mal se falaram durante o dia, mas simplesmente por falta de oportunidade de ficarem a sós. Ela se sentou no chão, de frente para a cama bagunçada e ficou o encarando.

– Diego... – quebra o silêncio – Por que a gente ficou?

– Se eu te disser que eu lembro, é mentira.

– Eu também não lembro bem, só lembro que você me beijou e aí...

Uai, mas eu lembro de você me abraçando primeiro! – sorri.

– Que seja... Não vai mais acontecer, tá? Você é meu amigo!

– Tudo bem.

– E outra, você é meu primo né?

– Não faz sentido, eu sei.

– Estávamos bêbados e rolou, foi só isso.

– Exato, calor do momento.

– Então... É isso... Não quero que isso estrague nossa amizade. – se levanta do chão e fica apoiada no batente da porta.

– Relaxa, não vai atrapalhar não. – Diego concordava com tudo enquanto guardava suas roupas na mochila.

– Ótimo. Boa noite. – vai para o quarto da mãe.

Diego terminou de arrumar sua mochila e tentou dormir, mas não conseguiu. Algumas horas depois, durante a madrugada, ouviu um barulho na sala e foi ver o que estava acontecendo. Encontrou a cortina da sala balançando com o vento que entrava pela porta da varanda. Duda estava lá fora, apoiada na sacada.

– Não consegue dormir também? – se apoia ao lado dela.

– Não. Acho que estou ligada no 220 desde ontem. – sorri.

– Essa cidade não para. Olha, já são quase quatro horas da manhã e tem muitas luzes acesas pelos prédios. Não tem como ser sozinho aqui.

– Muito pelo contrário, aqui é um antro de pessoas solitárias tentando socializar umas com as outras a fim de fingir um enorme círculo social. Mas na verdade, depois de todas as cervejas, todas as risadas, todos os papos, elas chegam em casa sozinhas e tudo acaba. Restam pouquíssimos amigos.

– Eu não me senti só em nenhum momento.

– Mas esse final de semana eu também não. Eu me senti muito bem, aliás. Fazia um tempo que eu não me sentia assim. E foi graças a você... a vocês.

– Fico feliz em saber que te proporcionei alguma felicidade em meio a todo o caos – sorri.

– Mas amanhã de manhã vocês vão embora e tudo volta para a realidade, né?

– Mas e o Jonathan? Eu acho incrível a relação de vocês, é algo que eu jamais tive ou terei com a Gabriela.

– Ele é maravilhoso, e é por isso que eu não o envolvo na minha confusão.

– E suas amigas?

– Diego, por favor né? – ri ironicamente – Depois que meu pai morreu eu me retraí e aquelas que eu chamava de amigas foram se afastando. Hoje eu tenho só duas amigas, a Carol e a Jéssica, mas elas fazem faculdade, trabalham... Enfim, elas não tem tempo e eu as entendo perfeitamente.

– Eu tirei um tempo pra você. Três dias, para ser exato.

– Você é um ótimo amigo. – sorri.

Diego a abraçou e ficaram observando o movimento da cidade em silêncio. Vez ou outra Diego fazia alguma gracinha ou cantarolava o verso "só sei dançar com você", mas para não falar de amor, concluía apenas com "na na na". Arrancou algumas risadas de Duda. Entraram um pouco depois, precisavam dormir.

***

O despertador tocou às sete horas da manhã. O ônibus sairia às dez com destino a Minas Gerais. Jonathan já estava tomando café para ir trabalhar. Diego e Gabriela chegaram na cozinha já prontos. Igual a quando chegou, ele tampava os olhos mal dormidos com os óculos escuros. Duda levantou toda descabelada e com olheiras fundas, não dormiu bem. Jonathan se despediu dos dois com a promessa de que não demorariam para se reencontrar e saiu para trabalhar.

Chegaram na rodoviária com meia hora de antecedência. Duda já sentia um aperto, não queria que fossem embora. Esse foi um dos melhores finais de semana dos últimos anos e ela não sabia quando e nem se iria se repetir. Aguardavam em silêncio, sentados de frente para a plataforma de embarque.

O ônibus chegou, Gabriela se despediu da prima com um abraço, agradeceu por tudo e já foi entrando, procurando o seu lugar. Diego parou de frente para Duda, os dois ficaram se olhando nos olhos, em silêncio. Os olhos dela brilhavam como se lágrimas estivessem chegando. Os dois se abraçavam forte, sem querer soltar. O celular de Diego vibrava no bolso, eram várias mensagens de Gabriela: "vem logo!", "o ônibus vai sair sem você", "tá demorando".

– Bom... Me avisa quando chegar, tá bom? – segura a mão de Diego.

– Pode deixar. Me avisa também... Quando chegar na sua casa.

– Tudo bem. Me desculpa por qualquer coisa.

– Foi tudo perfeito. Tudo, sem exceção.

– Voltem sempre que quiserem.

– Agora é a sua vez de me visitar. – sorri.

Duda sorriu e Diego seguiu para o ônibus. Ela ficou parada na plataforma até o ônibus sair. Ainda recebeu um aceno ou outro pela janela. Colocou os fones de ouvido e foi para casa. Saiu cantando baixinho "só sei dançar com você, isso é o que o amor faz..."

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♥ Oie! Se você chegou até aqui, eu deixo o meu muito obrigada! ♥

Mas agora, me digam o que vocês acharam do capítulo?
Caso tenham gostado, peço que deixem aquele voto maroto pra ajudar o livro a ter mais visibilidade.

O diálogo dos dois no quarto pareceu convincente pra vocês? rs

O que será que vai acontecer agora, depois que o Diego foi embora?

Quinta feira chega mais um capítulo fresquinho pra vocês!

Ah, é claro, a música. 
Eu amo essa música e não é pouco. Caso queiram conhecê-la, ela tá aqui: 

https://youtu.be/WLxw8SGA_ew

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