13 - Você me Bagunça
CHEGAMOS A 1K!!!
E em comemoração a isso, hoje serão dois capítulos!
Eu só tenho a agradecer a vocês que amam Imperfeitos comigo ♥
O sábado amanheceu ensolarado. Diego acordou seis horas da manhã, tomou um banho rápido, vestiu um jeans, uma camiseta toda cinza, colocou a pulseira que Duda deu de presente, passou seu melhor perfume e foi até a rodoviária. Estacionou ao lado da banca de jornal.
Reclinou o banco e ligou o rádio. Tocava Love is a Losing Game, da Amy Winehouse. Aumentou o volume. Sorriu ao se lembrar da dança com Duda. Quem diria que tanta coisa aconteceria depois daqueles passos bêbados no meio da sala de estar? Olhou o relógio, sete e dezoito. Mais quarenta e dois minutos e eles chegariam.
A cada minuto, Diego se sentia mais ansioso. Se distraía olhando as pessoas na rua, alguns indo trabalhar, outros chegando do trabalho. Olhava o relógio e... sete e vinte e cinco. "Não é possível, a hora não passa", dizia sozinho.
Abriu a galeria de fotos e foi até a pasta da viagem para São Paulo. Fazia tempo que não olhava as fotos, mas nunca conseguiu apagar. Tantas fotos espontâneas de momentos aleatórios, desde a Gabriela dormindo no táxi no caminho da rodoviária até a casa de Duda até a sombra da moça que cantava na Paulista.
Passou por várias fotos com Duda. Os dois na escada rolante da Galeria do Rock, ela na rua fingindo comer o chaveiro de cachorro-quente, uma foto tremida que Duda tirou enquanto ele mordia o lanche do Mc Donald's, as coxinhas lado a lado, algumas selfies na balada...
Ah, a balada... Encarava a foto tentando lembrar de cada detalhe daquela noite. Definitivamente não queria se esquecer de nada. Sorriu ao lembrar de Duda cantando Britney Spears. Olhou a hora, sete e cinquenta. As lembranças fizeram a hora voar. Desceu do carro e foi até a plataforma.
Oito e dez, o ônibus estacionou e o motorista desceu para abrir o bagageiro. Diego olhava ansiosamente para cada um que descia do ônibus. Jonathan desceu e foi para a fila da bagagem.
Mais alguns passageiros e finalmente Duda apareceu, meio sonolenta. Diego sorriu ao vê-la. Ela estava com a camiseta de mosca. Duda demorou a vê-lo, ainda estava acordando. Ele não aguentou a espera e foi até eles. "Que saudades!", disse enquanto a abraçava. "Ei, também estou aqui", Jonathan brincou enquanto o cumprimentava. Foram até o carro e Jonathan não perdeu tempo:
– Qual será a nossa primeira parada?
– Por favor, eu preciso dormir! Você dormiu a viagem toda em cima de mim! Eu só cochilei um pouco... – Duda implora.
– Minha casa é perto, minha mãe está esperando a gente para tomar café... Você pode dormir um pouco antes de ir pro sítio.
Duda concordou, apoiou a cabeça na janela do carro e só acordou quando Diego estacionou dentro da garagem. Entraram no apartamento e Mônica e Gabriela já os aguardavam com o café na mesa.
Tomaram café enquanto colocavam o papo em dia. Gabriela repetia que não via a hora de voltar em São Paulo, Mônica fez a clássica pergunta "e os namoradinhos?". Duda riu sem graça e mudou de assunto. Diego ofereceu sua cama para Duda dormir, que aceitou de imediato. Ele a acompanhou até o quarto. Era pequeno, mas os móveis eram muito bem planejados. Um criado-mudo bagunçado ao lado de uma cama de solteiro encostada na parede, de frente para um guarda-roupa e uma mesa que anos antes suportava um computador, mas que agora tinha uma televisão pequena e algumas bagunças.
Duda se sentou na cama, de frente para a janela. O céu dali parecia tão mais azul. Embaixo da janela tinha um armário pequeno com uma vitrola vermelha em cima, dentro do armário, vários vinis e CDs.
– Pode ficar à vontade, o quarto é seu. – Diego sorri.
– A Nicole não vai achar ruim?
– Du... eu e ela não estamos mais juntos...
– Ah, eu não sabia... Foi porque a gente veio pra cá?
– Não, já faz pouco mais de um mês.
– Bom, então eu acredito que dessa vez eu não tenho culpa... – sorri.
Diego sorriu e saiu do quarto, a deixando descansar. Duda não demorou a pegar no sono. Algumas horas depois ela acordou e se revirou na cama. Sentiu o perfume de Diego no travesseiro e sorriu ao se lembrar que este mesmo cheiro ficou impregnado em seus lençóis por uma semana. Ouviu a falação vindo do lado de fora do quarto. Não adianta, sua família nunca soube falar baixo. Assim que chegou na sala, começaram a se aprontar para sair. Duda e Gabi foram de carro com Mônica e todas as bagagens. Jonathan foi de moto com Diego.
Chegaram no sítio e Maria e Pedro já estavam com o café da tarde na mesa. Se sentaram para comer enquanto os tios-avós perguntavam para Jonathan como Laura estava, por que não foi, diziam que Duda estava muito magrinha, precisava comer mais... "Mais?! Vocês não viram o tanto que essa menina come!", Diego brincou. Jonathan concorda com o primo "decidimos vir pra cá enquanto comíamos um quilo de coxinha... cada um!".
Duda e Jonathan escolheram o quarto em frente ao de Diego, o mesmo da última vez. Apesar de ter quarto para todos, ela não queria dormir sozinha. Ainda tinha muitas lembranças do pai naquele lugar e era durante a noite que elas insistiam em chegar. Jonathan era seu porto seguro nessas situações.
***
Maria preparava o jantar quando Gabriela insistia que queria sair. Repetia o tempo todo que sábado a noite não é dia de ficar em casa. Maria ria enquanto rasgava as folhas de couve colhida pouco antes no quintal. Duda e Jonathan jogavam sinuca enquanto Diego cochilava na rede. Gabriela veio resmungando no caminho, fazendo Diego acordar. Insistiu tanto para o irmão que decidiram jantar na cidade. Mônica, Maria e Pedro não quiseram ir.
Chegaram na cidade vizinha, a mesma que Diego, Gabriela e Mônica moravam. Por ser uma cidade pequena, poucos comércios funcionavam a noite. O centro da cidade contava com uma praça grande, bem iluminada, com um chafariz no meio e vários bancos ao redor, próximos de árvores e arbustos.
A vida noturna da cidade girava em torno daquela praça e dos bares que a cercavam, então estava sempre movimentada. Jovens flertando, crianças brincando, velhinhas caminhando com seus cachorros, ciclistas pedalando. Os bares eram bem diversificados, desde os locais que tocavam sertanejo até o único bar com temática rock. O que mais tinha era barzinho que cada dia era um estilo musical. Estes agradavam a gregos e troianos, estavam sempre cheios. Diego sugeriu um desses, o seu preferido.
Chegaram no bar e sentaram-se em uma mesa rústica próxima da janela. O local era grande, bem decorado com garrafas de cerveja do mundo todo. O ambiente à meia-luz o tornava mais aconchegante. Ainda não estava cheio, mas tinha algumas mesas ocupadas com casais, amigos e famílias. Jonathan sentou ao lado da irmã e pediu quatro cervejas. Algumas luzes coloridas iluminavam o músico no pequeno palco. "Um casal em aniversário de casamento me fez um pedido aqui, acho que a maioria não conhece, mas espero que gostem, é do Teatro Mágico", disse, antes de começar a dedilhar o violão.
"Você me bagunça e tumultua tudo em mim
Essa moça ousa, é musa e abusa de todo meu sim
Você me bagunça e tumultua tudo em mim
E ainda joga baixo, eu acho, nem sei
Só sei que foi assim"
Diego olhou para Duda e sorriu. Ela retribuiu com um sorriso envergonhado. Ambos prestavam mais atenção na letra da música do que em qualquer coisa ao redor. Se encaravam sem dizer uma palavra. Quando o músico tocou o último acorde, foi como se os dois voltassem de um transe.
– Muito bonita essa música, não conhecia. – Duda diz.
– Eu também não. A letra é linda, é quase uma declaração. – Gabriela responde.
– Eu acho que não é "quase". – Diego sorri.
A noite corria e eles continuavam sentados no bar, conversando, brincando, bebendo, tirando fotos e cantando. Diego foi até o músico e entregou um pedido escrito em um guardanapo. Algumas músicas depois, o pedido foi atendido. Duda reconheceu a melodia e sorriu. Seu celular vibrou, era uma mensagem de Diego, que estava sentado bem na sua frente: "um metro e sessenta e oito". Duda sorriu e respondeu com um sol e um girassol. Diego sorriu de volta e guardou o celular.
***
Eram quase duas da manhã quando chegaram no sítio. Gabriela e Jonathan estavam bastante alegres, dividiram algumas caipirinhas e a mistura com a cerveja não ajudou. Diego quase não bebeu, pois era o motorista. Duda tomou apenas cerveja, estava sorridente, porém sóbria.
"Vamos pular na piscina!", Gabriela sugeriu, animada. Jonathan aceitou na mesma hora, já tirando a camisa. Diego e Duda se entreolharam e sorriram. "Por que não?", ela disse. A noite estava bem quente, o céu estava limpo, não estavam tão cansados assim... "Por que não?", ele repetiu.
Diego tirou a camisa, esvaziou os bolsos e entrou na água. Duda só tirou os sapatos e mergulhou. Jonathan e Gabriela jogavam água um no outro, pareciam crianças. Crianças bêbadas. A água não estava quente, mas também não era gelada. Estava muito agradável.
– Duda, quero te mostrar uma coisa.
– O quê?
– Vem aqui.
Diego saiu da piscina e pediu para Duda segui-lo. Ele foi até a parte de trás da casa, completamente escura, iluminando o caminho apenas com a lanterna do celular.
– A vista da sua casa é linda, eu não posso negar, mas quero te mostrar algo tão lindo quanto.
Desligou a lanterna e olhou para cima. Inúmeros pontinhos brilhantes iluminaram o céu. Duda ficou maravilhada, não se lembrava de ter visto um céu tão estrelado. Certamente em São Paulo não dava para ver nem metade das estrelas que ela via agora. "É tão lindo", ela respondeu baixinho enquanto contemplava as estrelas.
– A lua parece sorrir pra gente.
– O sorriso do Cheshire.
– O gato da Alice no País das Maravilhas? – ele sorri.
– Sim. – ela responde sem desviar o olhar do céu.
Duda ficou encantada, questionava o porquê de não ter o mesmo céu em São Paulo. "Vocês são iluminados demais", Diego sorriu ao responder. Olharam mais um pouco antes de voltarem para a piscina. Gabriela e Jonathan estavam sentados na borda, contando piadas e rindo de si mesmos. Os dois se sentaram ao lado deles e entraram na onda. Passaram um bom tempo conversando, até que o vento contra as roupas molhadas os fizeram sentir frio.
Hora de entrar.
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Oi meus amores! Mais uma vez obrigada por acompanharem Imperfeitos!
Peço que, se estiverem gostando, não esqueçam de deixar aquele votinho dahora que ajuda o livro a ganhar mais visibilidade.
Essa música é uma das minhas favoritas do livro, eu a ouço literalmente todos os dias. Se puderem, ouçam também!
O próximo capítulo eu posto jajá!!
https://youtu.be/5tcH53GrMDA
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