ᴀʟɪᴀɴçᴀ
Eu sentia o cheiro, me atraia, nos ligava, o sangue dela me chamava, parecia longe por causa da distância, mas era perceptível pra mim.
Continuo a correr, não sabia ao certo aonde estava indo, mas estava.
Eles estavam atrás de mim e eu sabia, no momento eu estava pouco me importando com eles.
As casas aos poucos foram ficando mais escassas e só acabou quando chegamos ao pé da floresta.
— Hope, não entre aí. — ouço o grito alarmado de Fred atrás de mim, mas ignoro.
Cruzo a linha de árvores e mato no mesmo instante que sinto um vento violento passar ao meu lado, o uivo que veio em seguida me alertou quanto ao que eu iria enfrentar.
Não senti medo, apenas adrenalina, continuei correndo e eu os ouvia atrás de mim, não sabia mais se meus amigos me seguiam, mas sabia que os lobos sim.
O rastro estava mais forte agora, e o cheio dos lobos também, eu sabia que a floresta estava lotada deles por causa da guerra e sabia que não conseguiria lutar com eles sozinha, nem com a ajuda dos meus amigos.
Por isso estanco após ter uma ideia, a mesma que me trouxe aqui, a mesma que me fez descobrir a verdade, a mesma que me fez despertar.
Eu ainda enxergava tudo lilás quando ouvi os rosnados ao meu arredor.
Respirei fundo me arrependendo logo depois, eles não tinham um cheiro muito agradável, cheiravam a morte.
Olhei pra trás quando já estava cercada, eu sentia ele se aproximar, o alfa, Alan.
— Ora, ora, ora. — encara meus olhos — Olha quem estou encontrando novamente. — caminha lentamente até mim totalmente nu.
— Sem rodeios, eu não tenho tempo. -— digo confiante, não deixaria ele ver minha insegurança.
Já bastava estar em seu território, totalmente cercada por eles, não daria mais esse gosto.
Eu o vejo sorrir amplamente, o cara era bonito, forte e ao mesmo tempo macabro.
— Eu tenho ordem para capturá-la se me encontrasse com você, Valente. — sorrio
— É, e eu tenho ordem pra matar quem mandou você me capturar. — não hesito.
Ele ri, mas me mantenho séria.
— Então você realmente se voltou contra Lórion. — não era uma pergunta.
— Ainda não, ainda estou cobrando a dívida daqueles que torturaram minha mãe. — observo pela visão periférica o movimento da alcateia, um dos dele se retirava devagar, parecia não querer ser notado, mas eu o vi. — Sabe como é, estive ocupada com Leopoldo, Erick e agora com Michel, ainda não tive tempo de pensar em Lórion em si.
Ele concorda.
— Soubemos de Leopoldo, o mesmo fim tomou Erick? — parece divertido.
— Um pouco mais dramático.
— E o que pretende fazer com Michel? — sorrio sarcástica.
Era um interrogatório ou ele pretendia prender minha atenção nele pra não notar o mensageiro se afastar?
Não sei qual dos dois eram, mas eu vi, percebi e estendi minha mão e acertando o lobo que se afastava com um raio de luz, ao ouvir o choro do integrante a alcateia se alvoroçou.
Alan rosnou pra mim, no mesmo instante que senti Apolo aparecer ao meu lado.
Me senti ainda mais confiante.
— Você sabe quem eu sou, sabe o que eu posso fazer, não me obrigue a começar. — digo a ele cujo os olhos estavam amarelos e parecendo os de um gato, o que era irônico já que ele era um lobo e costumamos o chamar de cachorro.
— Eu não tenho medo de você, Valente. — a voz multada.
— E eu muito menos eu de você, mas se não acalmar seus lobos eu farei com que se acalmem — ameaço — Só que será pra sempre. — concluo e ele ergue uma sobrancelha.
Após alguns segundos me encarando ele emite um som e toda a alcateia para de rosnar guardando os caninos que me apontavam.
— Michel pretende te matar. — digo, não era mentira apesar dele nunca ter me contado isso — Você deve saber disso, não é? — sorrio pondo em prática meu plano — Me parece que pra ele ninguém é bom o suficiente pra viver. — o encaro. — Mesmo que isso signifique quebrar alianças, eu sou a próxima da lista, sabia?
— Você está tentando me comprar sua vaga...? — ele é interrompido após ser atingido por um feixe de luz.
Não foi eu
— Grr — grunhe alto e os lobos voltam a rosnar para nós, mas se silenciarem com o olhar de Alan.
— Não a xingue, bicho... — adverte meu avô com aparente nojo.
Bicho? Essa foi pior que a palavra que Apolo encontrou pra xingá-lo.
— Inferno... — gritou ele mais uma vez ao tentar tirar de si a flecha de luz. — O que é isso? — pergunta sangrando.
A luz se desfaz na mão dele quando o lobo a arranca do ombro com um grunhido de raiva e dor.
— Isso não interessa agora, o fato é que eu proponho um acordo. — ele ergue as sobrancelhas — Sua ajuda por liberdade. — mas ele ri.
— Eu não preciso da sua ajuda pra que possamos ser livres. — é desdenhoso e eu sorrio.
— Ah, você precisa. — ouvimos Fred e vejo os olhos do lobo semicerrar. — Platon fechou os portões de Lótrion, e mesmo após a guerra não poderão voltar. — conta e vários dos lobos voltam a forma humana de uma só vez.
— Senhor, nem morto que quero viver com esses sanguessugas ridículos. — diz um ruivo.
— Alan? — chama um lobo em especial, seus cabelos grisalhos o denunciavam como o mais velho.
O alfa o olha, estava atento, mas não hesitou quando ouviu o chamado.
— Eu disse a você que isso poderia acontecer. — disse ele — Não podemos viver aqui como cãos de guarda, nem abandonar nossas descendências em Lótrion, os jovens lobos e lobas precisam do alfa. — eu observo os lobos atentos aos lobisomens no meio do círculo.
Fred se aproxima de mim e se coloca ao meu lado.
— Aonde estão os outros? — no mesmo instante ouço um grito de ataque e os vejo vindo na nossa direção, vejo os lobos se colocarem em posição para atacar também, mas antes que começassem a lutar tomo a frente.
— Não! — grito em direção a Marceline que vinha na frente.
Jogo ela pra trás e a vejo bater contra uma árvore, Fred tentava pará-los também, mas pareciam estar involtos a ódio.
Vou até Clóvis e o encaro, ele não hesita muito quando tenta acerta um golpe em mim, desvio antes que fosse atingida, toco em seu peito e solto a luz que o faz voar.
— Estão enfeitiçados. — digo alto — Aonde está Amélia? — grito pra Fred e vejo Denver quebrar algo em algum dos lobos.
Olho depressa pra ele que olha pra mim com um sorriso, mostrando-lhe meus caninos avançando pra cima dele, agarro suas mãos e o empurro até estar prensado contra uma árvore.
Ele ainda me encarava com um sorriso maléfico, eu nunca o tinha visto sorrir, mas aquele ali não parecia ser de alguém como ele.
— Prendam eles, mas não os machuquem. — ordeno. — Olha pra mim vampiro.
— Eu não obedeço você. — diz olhando por cima do meu ombro.
— JÁ! — grito a centímetros de seu rosto e ele me encara fechando o sorriso.
Tento entrar em sua mente pra entender o que estava acontecendo, mas estava difícil, parecia que estava amarrado.
— Usa a sua luz. — fala Apolo ao meu lado, as mãos atrás do tronco e uma tranquilidade absurda. — Não vai machucá-lo se você canalizar só o suficiente pra libertar a mente da escuridão e entrar. — instrui.
— Você não vai se mexer. — mando e as mãos dele vão pra trás rapidamente, como se fossem puxadas.
Ergo as minhas e coloco elas uma em cada lado da cabeça de Denver, ele me mostra suas presas, mas ignoro, fecho meus olhos e tento me concentrar.
— Hope. — alerta Apolo quando a luz começa a fritar a pele de Denver e ele a gritar.
Puxo rapidamente minhas mãos encarando o vampiro que parecia atordoado, mas ainda enfeitiçado.
— Tudo bem. — respiro fundo fechando as mãos para depois abri-las de novo, volto a fechar os olhos e tento me concentrar.
Ergo meus braços novamente e posiciono minhas palmas ao lado, e um pouco afastadas, da cabeça dele.
— Não sei se vou conseguir. — digo a Apolo quando não sinto diferença.
— Vai sim, quem tem meu sangue sempre consegue. — sorrio com seu convencimento.
Tento mais uma vez e o ouço gritar, era como se quebrasse correntes na mente dele, estava dando certo.
Abro meus olhos quando consigo ter acesso a sua mente e ele me encarava ofegante.
— Denver? — chamo e ele continua me encarando.
— Que merda aconteceu? — me afasto devagar e olho pros outros que estavam sendo segurados por Fred e pelos lobos.
— Parece que foram enfeitiçados. — vou em direção a Marceline.
— Não se aproxime sua vaga*****, eu terei o prazer de te fazer em pedaços e te dar a esses cachorros. — ouço o lobisomem que a segurava em sua forma humana rosnar.
É bem, eu poderia desconfiar que ela estava usando o feitiço como desculpa para me falar o que sentia desde o inicio, mesmo.assim tomo o lugar do lobisomem depois de sorrir pra ele, nós éramos agora aliados.
— Não ligue pro que ela está falando, está fora de controle. — ele se afasta sem me responder.
Ela sorri para mim e a vejo vir pra me atacar, quando estava próxima desvio de dois golpes, me abaixo quando ela desfere um soco e agarro sua barriga a empurrando de volta para a árvore.
Marceline gritava histericamente e então eu me ergui repetindo as palavras que disse a Denver e que o paralisaram, segurei a cabeça dela e permitir a luz sair, fecho meus olhos e ouço ela gritar.
Ela cai sentada perdendo as forças e eu acompanho seu movimento me agachando e ficando da sua altura.
Dessa vez foi mais difícil e enquanto tentava quebrar o feitiço tive acesso a sua memória.
Era como se eu visse pelos olhos dela, acabara de matar um benzido quando Daio gritou seu nome para que se abaixasse, uma bola de fogo saiu de sua mão, ouvi gritos desesperados.
Marceline girou tão rápido que degolou o vampiro com a própria mão, sem esperar muito ela estava em cima se outro vampiro que um moreno lançou na direção dela. Marceline socou a cabeça dele no chão tão rápido e tantas vezes que quando ela parou eu soube que o crânio estava rachado, não contente ela arrancou seu coração e o jogou longe.
Mulher rancorosa, Deus me livre.
Quando ela se colocou de pé ouvi um grito horrendo do andar de baixo, eu conhecia aquele grito e me desesperei com ele, todos no andar pareceram se alarmar.
Eu vi ela olhar pra Daio que estava de costas para a figura do irmão no mesmo instante que ele crava um metal em Daio.
Ouço o grito de Marceline e vejo correr até o criador, eu não vi pra onde aquele vampiro foi, mas encarei o rosto de Daio que respirava com dificuldade nos braços de outro homem que não conhecia.
Ele sangrava muito, o metal atravessou seu peito.
— Tragam Keila. — grita o homem que o segurava e Jason desce por um buraco e o ouço gritar por Koila.
— Vitor, eu que-uero que vão pra Ló-rion... — pede com dificuldade.
— Não, não vamos sair do seu lado. — diz Marceline preocupada.
— Não é um pedido, Hope vai precisar de vocês. — a vampira se levanta rápido, sentia sua furia.
— Não é possível, o irmão dela acabou de quase te matar. — protesta alto e o homem moreno se aproxima pedindo pra ela se acalmar.
— Você sabe que não foi ele. — Denver diz também próximo, mas não parece surtir efeito.
— Façam isso por mim. — pede ele tentando levantar a cabeça, mas falha.
— Por que Daio? — Marceline volta a se ajoelhar ao seu lado e ele sorri minimamente.
— Ela é importante pra mim, por favor Marceline, ajudem-a... — pede e a vampira tocá-lhe o rosto. — Eu a amo. — o ouço confessar e todo meu corpo gela.
Tentei me desconectar, mas ao invés disso sou conectada à memórias de Clóvis.
Vejo ele sorrindo pra uma pessoa, acaricia seu rosto e então outra memória invade minha mente me permitindo ver ele segurando um corpo miúdo nos braços, o vampiro não chorava, mas seus olhos eram tristes.
Como se mudasse a cena de um filme para outro vejo um homem moreno, ele tinha um belo sorriso e empurrava o ombro do que Daio chamou de Vitor enquanto os dois olhavam pra algumas mulheres, a memória muda me permitindo ver o mesmo homem nos braços de Daio, ele estava morrendo e Vitor não pode fazer nada, eu não sei de onde essa visão veio, mas era de alguém que os observava com tristeza.
Antes que minha mente conectasse outra eu fecho meus olhos com força e sinto voltar ao controle do meu corpo, no mesmo instante me afasto da vampira que gritava sem eu nem ao menos perceber.
Ainda sobressaltada me levanto e dou alguns passos para trás, olho ao redor, buscando os rostos de quem vi as memórias, preferia não saber.
Não sabia que eu estava ofegante até me ver debruçando sobre meus joelhos olhando para o chão como se tivesse corrido uma maratona.
— O que houve? — perguntou a vampira sem entender.
Olho pra ela sem responder, mas a deixo ali indo até Clóvis para repetir o processo, as lágrimas estavam acumuladas e o ódio transbordando, eu iria matar Michel sem pensar duas vezes.
Faço o mesmo processo com Cristian e com Jason, com ele foi bem mais fácil por ser um humano, a mente humana era mais suscetível a feitiços, encantos, magias e a hipinoses.
Me afasto dele deixando que Denver explicasse o que havia acontecido, pelo que falaram eles não lembravam de mais nada a partir do momento em que entraram na floresta.
ᴘᴏʀ ʜᴏᴊᴇ é só ᴘᴇᴏᴘʟᴇs, ᴇsᴘᴇʀᴏ ᴜᴍ ʀᴇᴛᴏʀɴᴏ!!
ᴅᴇɪxᴇᴍ ᴠᴏᴛᴏ ᴇ ᴄᴏᴍᴇɴᴛáʀɪᴏs,
ᴠᴀʟᴇᴜ ʜᴜᴍᴀɴᴏs!
ᴍúsɪᴄᴀ ᴅᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ: ғʟᴀᴍᴇs - ʀ𝟹ʜᴀʙ, ᴢᴀʏɴ, ᴊᴜɴɢʟᴇʙᴏʟ
ᴅɪsᴘᴏɴíᴠᴇʟ ɴᴀ ᴘʟᴀʏʟɪsᴛ ᴅᴏ ʟɪᴠʀᴏ ɴᴏ sᴘᴏᴛɪғʏ, ʟɪɴᴋ ɴᴏ ᴘʀɪᴍᴇɪʀᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ.
ᴀʟᴀɴ, ᴏ ᴀʟғᴀ.
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