ᴀ ᴍɪɴʜᴀ ᴏᴜᴛʀᴀ ᴍᴇᴛᴀᴅᴇ

Logo depois que Daio soltou meu pulso eu o beijei. Certa vez meus amigos me disseram que compartilhar o sangue entre um casal vampiro era como consumar um casamento humano e apesar de já ter feito isso com Michel não havia sentindo uma conexão tão forte quanto tive com Daio.

- Aonde ela está? - ouvimos meu pai perguntar do quarto e no mesmo instante Daio se afasta de mim.

Me desencosto da parede com pressa, limpo minha boca e ajeito meu cabelo.

- Pai - me ponho a frente do vampiro quando a figura de meia idade adentra o closet.

Ele olha pra Mollin, franze o cenho, olha de volta pra mim e me sinto corar, que situação.

- Precisamos conversar. - meu ar some por alguns segundos.

- Lissa está bem? Gutu, Tessa, Kaleb? - me aproximo e pego suas mãos.

- Estão todos bem. - ele consegue sorrir, mas seus olhos ainda estão aflitos - Gutu nasceu há uma hora atrás, está bem apesar de tudo, você sabe, ainda era muito novinho pra sair. - aperto de leve as mãos o confortando.

- Eles são fortes, eu sei que vão ficar bem. - ele está tenso, parece saber que algo está errado.

- Hope, precisamos mesmo conversar. - olha pra Daio - A sós. - volta a me encarar e entendo o recado.

Daio assente quando o olho, sai após cumprimentar meu pai e beijar minha cabeça.

- Sente-se, por favor. - aponto para o puff indo até a porta fechá-la. - Eu não tenho muito tempo, sinto muito por ter deixado o hospital daquela forma, mas é que eu vou precisar sair de Paradise. - me sento a sua frente.

- Não vou demorar.

Ele parecia perturbado e eu estava começando a ficar preocupada.

- Pai, o que está acontecendo? - pergunto me aproximando e me sentando ao lado dele.

- E-eu... - hesita e nega - Eu sei sobre o segredo da sua mãe. - e se eu não estivesse sentada, talvez eu cairia por que do jeito que minhas pernas tremeram... - Eu sei que é hereditário, por isso eu sei que você talvez seja um deles agora.

Eu tentei o interromper, mas ele pediu pra que eu me calasse com um acenar de mão.

- Na verdade, eu sempre soube sobre ela ser uma vampira e por muitas vezes quis me oferecer a ela, sabia que ela estava mal, mas não pude. - ele está ofegante, como se tivesse corrido pra estar aqui - Eu sei disso porque também tenho um segredo, que também é hereditário e que por isso preciso te contar.

É claro que estou apreensiva, qualquer um ficaria no meu lugar. Como novas informações continuam cair sobre mim dessa forma? Dessa forma meu cérebro entrará em pane. 

- Por que precisa me contar isso agora? - eu não poderia ter uma pausa, pelo amor de Deus.

- Eu sei de tudo o que está acontecendo e sei que pode ser demais pra você, minha filha. - ele respira fundo - Mas o que eu tenho a te dizer pode te ajudar, afinal você também é uma Spencer. - meu pai sempre me falara isso desde minha infância, mas não sabia que havia um significado real por trás disso.

- Sobre o que exatamente o senhor sabe, pai? - meu coração está aos pulos, não quero envolver minha família, mas aparentemente ela já está toda envolta.

Primeiro Kaleb, agora meu pai. 

- Sobre Michel, sobre a luta próxima que você enfrentará, sobre sua mãe. - meu coração está acelerado, minha garganta seca.

- Pai...? - não era suposto ele saber sobre isso, não pode, é arriscado. 

É como ser testemunha de um assassinato, você será o próximo a morrer

- Antes que me culpe por nunca ter te falado nada, eu não pude. - e lá estão as lágrimas, meu pai sempre foi chorão, mas ele saber sobre minha mãe é com o que eu menos estou me preocupando agora.

Eu sei do caráter do meu pai, mentir e enganar não é do seu feitio. 

- Eu não posso interferir no que já está planejado, você deveria descobrir, você deveria enfrentar e você deverá libertá-la. - seus olhos nunca foram tão sinceros, afiados, claros e eu nunca estive tão sem palavras. - Esse é o seu destino, minha filha.

Seguro suas mãos mesmo que meu coração esteja nervoso e minha garganta amarrada em um nó, a falta das minhas palavras parece o confortar e o encorajar a continuar. 

- Eu não sei por onde começar a contar isso. - suspira e fecha os olhos os apertando por alguns segundos - Há alguns anos atrás, décadas com certeza, meus antepassados viviam em um vilarejo no sul da Itália, na comuna italiana Lecce*.

Eu já sabia sobre isso, papai me contava as histórias sobre esse vilarejo quando eu era pequena, só que...não esperava que fosse a história da família dele.

Da minha família

- Meus antepassados deixaram suas casas na cidade após a queda do Império Romano, antes de Lecce ser saqueada pelos Ostrogodos em 549*.

Também já sabia sobre isso, lembro-me como se fosse ontem dos detalhes de cada história que ele me contava em todas as noites de tempestade. 

- Eles prosperaram cultivando seu próprio alimento, cresceram comendo o que pescavam e caçavam, sobreviveram bem com a ajuda da natureza. - me pergunto aonde ele pretende chegar -  Eles permaneceram vivendo isolados do mundo mesmo quando Lecce voltou a ganhar importância com as rotas comerciais*, e foi nesse ambiente que meus avós tiveram Gioseppe e Gianluca. - ele finalmente me olha - Alguns anos depois ela engravidou novamente e deu a luz a uma menina, eles a chamaram de Leone. 

- Pai, aonde quer chegar? - ele franze o cenho e fecha a boca em uma linha reta.

Eu não tenho muito tempo, já arrisquei muito estando com Daio, os homens de Michel com certeza devem estar atrás de mim e eu não queria que me encontrasse em casa com Jace, Daio ou meu pai, daria problema na certa.

Entretanto, eu conhecia meu pai e sabia que não poderia sair sem que ele terminasse, até porque ele não me deixaria ir.

- Tudo bem, me desculpe. - digo me calando.

Não interrompa, Hope.

- Ela cresceu sob a influência dos irmãos mais velhos, já crescidos, Gioseppe a ensinou a lutar e Gianluca a caçar. - ele sorri - Meus avós não se preocupavam em a disciplinar, pra eles estava tudo bem ela agir como os irmãos, Leone também ajudava minha avó com os afazeres domésticos e isso era o suficiente, afinal ela era livre. - seus olhos voltam para o chão - Mas talvez, essa valentia, a alto confiança, tenham levado a minha mãe direto pra sua maior decepção.

- O que...? - ele me interrompe.

- O vilarejo era pequeno, todos se conheciam, não existiam segredos. - atropela minha pergunta - Até um estrangeiro chegar, não sabiam de onde vinha, mas todos sabiam que não era da descendência. - assente como se vivesse a cena. - Ele pediu abrigo por alguns dias, estava ferido e não tinha pra onde ir. - parece melancólico, como se sentisse a dor da mulher - Aos poucos, com sua alegria, sua música, suas histórias e seu bom humor, ele foi conquistando o vilarejo, todos o acolheram, menos Leone. - me encara.

- Não vai me dizer...  - estava interessante, é claro que estava, por alguns minutos estou me sentindo a garotinha a quem meu pai contava histórias.

- Leone era arisca e desconfiada demais para ceder aos encantos do novato, mas toda sua braveza só o atraia e o aproximava mais, era a personalidade da moça que o havia o atraído e o levado até eles. - revela o que eu já prevejo o fim - Leone demorou alguns anos pra se entregar ao amor, ele a desposou, mas antes mesmo que casassem ele a engravidou. - diz quase que em um sussurro. - Meu pai permaneceu conosco até meu nascimento, e então revelou a Leone, minha mãe, quem ele era e como a conheceu.

Estou inquieta, porque ele está demorando tanto?

- Quem ele era, pai?

- Minha mãe caçava com meu tio desde pequena, e em uma das caçadas meu pai a viu enquanto caminhava pela floresta. 

- Quem ele era? - insisto quando o vejo hesitar.

- Ele se encantou pela força dela e então passou a visitá-la sem que ela o visse, acompanhando todo seu crescimento. - conta. - Mas só se apresentou quando minha mãe era crescida.

- Quem ele era, pai? - pergunto e o vejo respirar fundo.

- Apolo. - diz de uma vez e eu franzo o cenho com a informação.

- Apolo? - um pensamento sobrevém a minha cabeça, mas é quase impossível de acreditar - O que? - rio desacreditada, porém os olhos dele sérios me faz ficar também. - Apolo tipo Apolo? - insisto o encarando e com o sorriso morrendo quando ele concorda - Apolo tipo o deus Apolo? - pergunto novamente e mais uma vez meu pai assente. - Tá brincando comigo! - me levanto sentindo minhas mãos soarem. 

Dou as costas pra meu pai em completo choque.

O que é isso agora? Como assim meu pai é filho de um deus? Isso faz dele um semideus? E se eu sou filha de um semideus, semideusa eu sou? Pensando bem, faz completamente sentido, por isso eu sou a chave tão importante para Michel, por isso que ele me quer ao seu lado e depois como oferenda, eu sou a filha de uma vampira com um semideus.

- Hope, você está bem querida? - e eu nem consigo raciocinar uma resposta para ele.

- Tudo faz sentindo agora, pai...

Estou em choque, mas consigo ver o quebra-cabeça completo agora que encontrei a peça que faltava.

A outra metade
A minha outra metade.

- Mas não sei se consigo acreditar. - sussurro com muitos pensamentos soltos na cabeça e nenhum deles fazia sentindo - Merda, o senhor está me dizendo que é a droga de um semideus, filho de um deus grego. - eu rio, mas de puro choque. - A merda de um deus grego.

- Cuidado, você não vai querer insultá-lo. - avisa e eu rio. - Posso te mostrar algo? Talvez fique mais fácil de acreditar - hesito, mas no fim concordo.

Meu pai se levanta e para meu completo pavor, quando ele estende as mãos viradas com a palma pra cima sinto a temperatura do ambiente aumentar, dou passos vacilantes pra trás o vendo começar a brilhar, como se luz saísse de dentro dele.

- Meu Deus do céu! - estou completamente paralisada. - Desde quando pode fazer isso? - mantenho distância.

- Desde sempre. - volta ao normal, chacoalha as mãos como se estivessem quentes e levanta as barras da calça para voltar a se sentar. - Eu sou um semideus - me olha - E você também é. - me sinto tonta, mas me recuso a sentar.

Eu não sei o que pensar e como pensar a respeito, até tentei me beliscar, mas a picada real me fez perceber que eu estava, sim, acordada. Estava acostumada com o tempo vampiros, mas deuses...é muito ireal.

- Isso está errado. - murmuro ainda em pânico e negação. - Isso não pode se misturar, são extremos demais pra se conectarem, não pode ser... - agora ando de um lado pro outro sem parar.

Apertava meu lábio inferior, estava nervosa, com medo também. 

Mitologia Grega pra mim era só isso mesmo, mito. Agora misturar deuses, semideuses com vampiro, não dá. Isso vai contra toda lógica que tinha dentro de mim, não dá.

- Hope querida, eu imagino que esteja assustada... - tenta se aproximar, mas recuo.

- Não é sua culpa, pai. - evito o olhar, não quero que ele se sinta culpado - Mas isso é muito pra mim, há poucos dias descobrir sobre a mamãe e sobre mim. - o que é manicômio e seus loucos comparado a minha vida?

- Isso é o que você é, Hope. - se aproxima - A verdade sempre virá até você, mesmo se não estiver pronta. - respiro fundo, ele tem razão - Minha filha, não adianta fugir disso. - ele respira fundo - Eu poderia ter te contado mais cedo, mas existe momento certo para tudo.

As palavras dele me faz refletir, estou prestes a enfrentar um inimigo grande e talvez ter um deus ao meu lado seja proveitoso.

Essa ideia é absurda.

- Apolo...como eu posso alcançá-lo?

- Ele vem a você se assim deseja, é a vontade dos deuses que conta no fim.

Meu ser está inquieto e me vejo roendo a unha com o tanto que minha mente pensa, pensa em muita coisa, inclusive na fuga que eu ainda preciso ter.

Preciso manter minha família segura, ainda mais agora que sei que todos estão   envolvidos de alguma forma.

Paro por um instante, olho pro meu pai que me observava intrigado.

- Pai, se o senhor sabe sobre mim também sabe como Kaleb? - ele concorda - Você sabe sobre tudo?

- Não, eu não sou onipresente, mas sei de muitas coisas. - ele parece calmo demais pra uma pessoa que chegou aqui ofegante, o que aconteceu? - Ele saiu pra pescar com alguns amigos quando tinha vinte anos, iriam ficar o fim de semana. - se silencia - Mas só voltou dois meses depois, sozinho. - me olha - Perguntava o que havia acontecido a ele, mas Kaleb nunca dizia, estava sempre em silêncio. Na época de seu sumiço eu havia colocado os melhores investigadores atrás dele, mas ninguém descobriu nada além dos corpos a beira do rio. - eu me lembro das notícias - Certa noite ele se descontrolou e avançou sobre mim, foi assim que eu tive a confirmação.

- E eu achando que minha vida era normal. - ficamos em silêncio, um tempo considerável, olho pra ele quando acho estranho.

- Aquele sonho que você teve. - arregalo os olhos com sua menção - Foi uma profecia, uma visão dos planos de Michel e Erik. - se levanta e fica de costas para mim. - Apolo é o deus da música, deus da luz, deus da poesia, mas também é o deus da profecia. - vira-se devagar. - Você herdou esse poder do seu avô.

Meu coração está acelerado, não quero saber sobre herança de poder, não quero saber mais sobre Apolo, quero saber como podemos manter nossa família segura.

- Então isso vai acontecer? - me aproximo sentindo minhas mãos trêmulas e formigantes.

- Não deixaremos com que aconteça. - me olha firmemente. - Kaleb e eu protegermos a nossa família, você vá resolver o que precisa ser concluído. Apolo te guiará pelo caminho que precisa para encontrar Erik.

Meu pai se aproxima, nos lábios um sorriso contido, ele ergue a mão e a encosta em linha bochecha, não sabia que estava chorando até ele limpar as lágrimas.

- Eu te amo, meu bem. - me puxa pra um abraço que eu devolvo sem hesitar. - Vamos conseguir vencer nossos inimigos.

- Eu também amo você, pai. - me separo dele.

Meu pai deixa o quarto e me permito cair sentada no chão por alguns instantes, chorar como estou fazendo agora não vai resolver, o jeito é reagir e vencer como ele disse.

Eu deveria estar mais tranquila após saber sobre meu pai e Kaleb, mas não estou. Meu coração bate dolorosamente como se soubesse que eu vou perder alguém importante no final de tudo.

Deixo o local sem nem ao menos pegar a mala, preciso falar com Jace e com Daio, minha família precisa de um lugar seguro pra ficar e eu sei onde.

Também não fecho a porta do quarto quando saio, desço rápido, do topo da escada vejo Daio, meu pai e Jace conversando.

- Daio, quero que os levem para Órion. - digo sem hesitar. - Por favor, leve eles pra lá e os mantenham seguros. - peço olhando no fundo de seus olhos, eu o vejo assentir então suspiro.

- Preciso falar com você eu e Jace falamos ao mesmo tempo, ele sorri para mim e eu rio percebendo a careta de Daio.

- Tudo bem, vamos... - mas antes disso olho pro meu pai.

- Pai, eu preciso que você volte. - seguro suas mãos, sinto meu tempo correndo. - Deixe Paradise ainda essa noite se possível. - ele concorda.

- Orarei à Apolo por você. - meu pai me abraça e eu sinto uma imensa dor no peito.

É como se fosse um mal presságio, contudo tento me convencer de que tudo vai focar bem. Olho pra Daio, se fosse necessário implorar faria isso.

- Eu levarei eles e voltarei pra te ajudar. - sinto segurança em suas palavras, mas não queria a ajuda dele, quanto mais pessoa eu tenho ao meu lado, maior o risco de perdê-las.

- Apenas cuide da minha família. - meu coração dói, Daio me encara e parece perceber o quanto é difícil para mim também.

Ele finalmente concorda e se aproxima devagar.

- Não se preocupe, eu darei a minha vida pra protegê-los.

- Eu acredito. - quero chorar, mas tenho que ser forte.

Toco rosto enquanto ele o aproximava do meu, Daio fecha os olhos e encostamos nossas testas por um instante antes dele se afastar e ir embora com meu pai. Observo eles irem e meu semblante e postura mudam quando vejo o loiro passar por meu pai, por Daio que surpreso estanca os passos para o chamar, mas é ignorado.
O loiro caminha com pressa até mim, os olhos estão concentrados e ouço quando Jace xinga baixo.

- Cristian, o que faz...? - meu irmão por pacto tenta se colocar a minha frente, mas o vampiro é mais rápido e fica a um palmo de distância do meu rosto.

Sinto sua respiração se chocar com a minha e seus olhos claros parecem ler os meus.

- Minha miúda, a minha Alicie... - vejo e sinto seu arfar. - Ela está mesmo morta, Hope? - meu coração se contorce e antes que eu pudesse responder o português é puxado para longe de mim.

Pisco várias vezes, tento imaginar a dor dele como pai e por isso não hesito em pedir pra que Daio o deixe.

- Está tudo bem, pode ir. - ele me encara por um tempo, depois olha pro amigo, dá dois tapinhas no ombro dele e deixa minha casa novamente.

Olho pra Cristian que em nenhum momento tirou os olhos de mim.

- Alicie está viva. - e ele desaba, ouço os soluços dele que cortam a minha alma.

Eu não posso sequer imaginar o tamanho da sua dor, mas estou grata por poder dar a ele esse alívio.
Me aproximo dele no chão e peço para que me olhe como quando chegou.

Com os olhos cheio de lágrimas ele o faz e eu deixo com que as minhas memórias sobre Alicie sejam vistas por ele, enquanto Cristian chora a minha frente não consigo definir o que eu mesma sinto, é um misto de compaixão e dever cumprido.

Cuidar de Alicie foi uma das minhas melhores decisões.

- Alicie está segura por enquanto, mas preciso voltar pra Lórion para salvar a ela e minha mãe. - me levanto.

O vampiro ainda no chão limpa os olhos, está calado, o único som que sai de seus lábios são dos seus suspiros.

Volto minha atenção ao meu amigo que me encara com um semblante duvidoso.

- Descobri muitas coisas sobre minha família enquanto estive em Lórion, inclusive sobre minha mãe estar viva. - me aproximo de Jace. - E essa foi a razão pela qual deixei vocês e fui com Michel, mas agora minha família corre risco de vida no primeiro plano e eu preciso que você cuide deles para mim.

- Daio me contou sobre Leopoldo Lee, você não pode lutar sozinha, Hope. - ele nega, mas eu não vou ceder.

- Não irei, tenho pessoas esperando por mim em Lórion, eles não me deixarão na mão. - sorrio pro meu amigo que tem um semblante desconfiado. - Também tenho minha tia ao meu lado, mas para eu ir preciso estar tranquila de que vocês cuidarão da minha família por mim.

Jace não fala nada, mas me observa com olhos vacilantes.

- Eu irei com você. - Cristian toma minha atenção.

- De jeito nenhum. - é Jace quem esbraveja. - Não posso deixar que faça tal coisa, Daio não aprovaria.

- Não estou levando a opinião dele em consideração agora, minha filha está longe de mim por culpa deles, a minha criança foi iniciada, minha mulher foi morta por aquelas mãos, está na hora de me vingar como prometi pra minha estrela que faria. - ele está de pé agora.

- Cristian, Alicie precisa de você vivo, não pode se arriscar dessa form... - eu tento o convencer, mas ele nega.

- Eu estive vivo por todo esse tempo e ela não esteve melhor com isso, minha filha precisa de mim ao lado dela e é por isso que eu irei com você.

Arregalo meus olhos quando ele arranca a jaqueta de couro preta dos braços, o que está pretendendo?

- O que está fazendo? - começo a entrar em desespero quando ele começa a desabotoar os botões da camisa de linho branca.

- Se o problema é me reconhecer, eu farei com que seja impossível. - viro-me de costas a tempo de não vê-lo nu.

Olho pra Jace que estava sério,  as pernas abertas e com os braços cruzados, ainda olhava pro amigo parecendo um segurança.

- Pode se virar. - Jace avisa e me olha com um sorriso ladino.

É quando ouço o piado de um pássaro.

- O que...? - ele é pequeno, tem penas marrons com tons mais claros e escuros, o bico era vermelho e um círculo amarelo ao redor de seu olho.

- Sobre isso... - olho pra Jace ao meu lado e é quando Cristian volta a sua forma normal - O nome do pássaro é Oxpecker de bico vermelho... - ele parecia querer continuar a explicação, mas é impedido.

- Eu irei com você. - afirma e eu volto a olhá-lo, Cristian já estava com a calça - Se pretende lutar contra eles vai precisar mais do que apenas alguns aliados.

Cristian tem suas próprias motivações do porquê querer se juntar a mim e é por isso que vou respeitar e não me opor, sem contar que ele está certo. Quanto mais melhor.

- Tá bem. - concordo respirando fundo - Mas por agora eu irei só. - preciso conseguir algumas coisas com Margot, ela que era a louca das lendas e tem em casa o que eu preciso pra me defender. - Eu preciso ir, encontro Daio e minha família no hospital.

Jace concorda, mas não mexe um músculo. Seus olhos me olham de forma estranha.

- Eu ficarei bem. - prometo a Jace que me encarava com as mãos no bolso.

- Eu sei que sim. - Jace está de costas para o balcao onde socorri Cristian e quando meus olhos caem sobre a peça de pedra engjlo em seco. - Eu não podia contar. - me faz olhá-lo de novo. - Fazia parte da promessa, eu só poderia caso você se transformasse.

Me aproximo dele e o abraço.

- Eu confio em você. - e isso nunca foi tão verdade.

E antes d'eu sair ele me puxa pra um abraço e beija minha testa.

ᴛá ᴀí
ᴠᴇᴍ ʟᴜᴛᴀ ᴘᴇʟᴀ ғʀᴇɴᴛᴇ,
ᴘʀᴇᴘᴀʀᴇᴍ-sᴇ.

ɴãᴏ sᴇ ᴇsǫᴜᴇçᴀᴍ ᴅᴀ ᴇsᴛʀᴇʟɪɴʜᴀ ᴇ ᴅᴏ ᴄᴏᴍᴇɴᴛáʀɪᴏ.

ᴠᴀʟᴇᴜ ɢᴜʏs.

ᴍúsɪᴄᴀ ᴅᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ: ɢɪᴠᴇʀ - ᴋ.ғʟᴀʏ 

ᴅɪsᴘᴏɴíᴠᴇʟ ɴᴀ ᴘʟᴀʏʟɪsᴛ ᴅᴏ ʟɪᴠʀᴏ ɴᴏ sᴘᴏᴛɪғʏ, ʟɪɴᴋ ɴᴏ ᴘʀɪᴍᴇɪʀᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ. 

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