ɴᴏᴠᴀ ʏᴏʀᴋ
- Não gostou? - os olhos dele descem para meu pescoço, sinto-me arrepiar por inteira, mas não era por estar apreciando seu carinho.
Sua feição estava em uma expressão incompreensível, ele pareceu notar meu incômodo. Estive animada, mas agora pensava o que ele iria me pedir em troca.
- Gostei, claro que gostei, mas sei que você irá querer algo em troca depois e... - ele me cala colocando seus dedos em frente aos meus lábios.
- Shiiii. - me dá um sorriso esquisito - Você fala demais Valente. - eu ergo uma sobrancelha. - Eu tenho negócios para resolver e culminou que também precisava tirar você de Lórion por causa de Leopoldo, você sabe. - se afasta e cruzando as pernas colocando o laptop apoiado nelas. - Preciso que esteja ao meu lado e de preferência viva. - inspira levemente e eu reviro os olhos.
- Eu quero ver a minha família. - estava determinada quanto a isso.
Ouço sua gargalhada alta.
- Você não está na posição de exigir algo, nem de pedir, estou lhe garantindo a vida, isso deveria bastar. - seu tom é cínico e sinto como se levasse um soco.
Depois daquele sonho tudo o que eu queria era vê-los, com os lábios franzidos o amargor tomou conta da minha boca.
Michel não governaria minha vida e me trataria de qualquer jeito, sei o quanto valho, sempre soube.
- Você não está me garantindo nada, apenas o cativeiro. - rebato rápida atraindo enfim os olhos dele - Eu mesma posso acabar com minha vida se assim desejar.
- Você não seria capaz. - seus olhos transbordam desdém.
A última pessoa que falou isso para mim levou um pé na bunda, eu sorrio ainda com os olhos dele em mim.
- Michel, querido. - chamo calmamente, minhas mãos começavam a formigar - Você está a um mês comigo, sabe sobre mim o que eu quis te mostrar - o encaro - Eu sou capaz de muita coisa.
No segundo seguinte ele estava na minha frente, as mãos em cima de cada braço meu repousados sobre os braços estofados da poltrona.
- Isso é uma ameaça, Hope? - me encara com olhos perigosos, mas eu não sentia mais medo - Esqueceu-se de quem eu sou? - aperta meus braços.
Eu solto um riso fraco.
- Entenda como quiser. - murmuro da de ombros. - E a pergunta certa é esqueceu-se de quem eu sou?
Em um movimento rápido me liberto de seu aperto e o empurro para longe, estávamos dentro de um jato, não era o local apropriado para brigas, ainda mais de dois sobre-humanos, mas não deixaria ele me molestar.
- Grr... - grunhe vindo na minha direção, no mesmo estante que estendo minha mão.
- Wzywam moc werbena! - digo alto e minha mão perfura sua camisa social cara e em seguida sua carne o fazendo arregalar os olhos e grunhir de dor. - Te tenho nas mãos agora. - sussurro em seu ouvido enquanto segurava seu coração.
Me afasto devagar e antes de olhar em seus olhos beijo sua mandíbula.
- É divertido, foi assim que eu o matei... - comento sorrindo eencarando seus olhos raivosos, inspiro fundo sem conseguir conter fechando os olhos ao apreciar. - Esse cheiro...
- Hope... - ele murmura com a voz dura como pedra - Você irá se arrepender.
- Talvez, mas isso foi só pra te deixar antenado. - falo próxima. - Eu não tenho mais medo, e agora posso revidar de igual pra igual.
- Eu vou te matar. - ameaça com um rosnado e eu sorrio negando.
- Você não pode. - afirmo com o melhor sorriso irônico que tinha - Isso seria assinar a sua sentença de morte. - murmuro me lembrando de como meus avôs me olhavam, eu poderia usá-los ao meu favor afinal.
Michel tenta respirar fundo, mas desiste soltando um gemido.
- Me solte! - ordenou.
- Não me ameace mais, e muito menos encoste em mim com violência. - digo o encarando - E eu quero ver minha família. - concluo séria, sem deixar espaço pra contradição.
Encaro o vampiro por mais alguns segundos e então tiro minha mão de dentro dele.
- Maldita - xinga cambaleando até a poltrona se amparando nela, enquanto a camisa branca estava enxarcada do sangue da ferida que já cicatrizava.
- Sua mãe, criatura ridícula. - resmungo de volta.
Após isso me retiro do local caminhando em direção a suíte da aeronave, tranco a porta mesmo sabendo que se ele quisesse entrar o faria de qualquer jeito.
Tiro a sandália com mão limpa e vou para o banheiro, me limpo do sangue do vampiro, troco de roupa e só então vou até a cama aonde me deito e durmo.
Despertei com a comissária me chamando.
- Senhorita Delano, em alguns minutos iremos pousar. - informa calma e gentil enquanto eu me sento na cama um pouco desnorteada - É preferível que esteja sentada na poltrona. - assinto e agradeço.
A moça sai, fechando atrás de si a porta. Me ponho em pé e caminho até a minha mala que estava nos pés da cama.
Tiro de lá minha necessaire e uma troca de roupa, caminho para o banheiro e faço minha higiene.
Em nenhum momento Michel me procurou e agradeci aos céus por isso, mas depois de ontem sinto que as coisas entre nós dois irão se complicar de novo.
Sem muita paciência para me arrumar troco o moletom por uma calça jeans preta, e uma blusa larga de banda, não conhecia, mas foi Fred que me emprestou em uma das visitas a sua casa.
Enfim, nunca mais devolvi.
Prendo meu cabelo em um coque mal feito, meu humor estava péssimo e a preguiça pior ainda, eu estava com fome e temia que não fosse de comida habitual, dizem que a roupa reflete nosso estado de espírito, então...
A única coisa que passo no rosto é corretivo e pó, para esconder as olheiras profundas e uma manteiga de cacau nos meus lábios que estavam querendo rachar.
Enquanto limpava o excesso com o dedo indicador meus olhos fixam-se no anel de noivado.
Por alguns minutos permaneço paralisada ali, olhando para o reflexo do meu desespero.
Será que valeu a pena esse sacrifício?
Bem, eu vou descobrir quando encontrar minha mãe, que está viva.
Saio do banheiro após passar desodorante e perfume.
Para minha infelicidade encontro Michel de pé e encostado no umbral da porta.
Revirei os olhos quando senti seus olhos em mim e decidi ignorar completamente sua presença, guardei minhas coisas e me sentei para colocar o tênis.
- Senhor, iremos pousar em dez minutos. - ouço, mais uma vez, a voz da aeromoça.
Me levanto após enfiar os cadarços dentro do tênis e pego minha mala, com a outra guardo o celular no bolso e então pego o óculos de sol de cima da cama o prendendo aos cabelos.
- Vamos. - diz Michel me dando passagem após pegar a mala da minha mão.
Qual o problema desse cara?
Sento e passo o cinto, foco no céu continuando a ignorar o par de olhos claros que me encaravam sem parar.
Quando finalmente estávamos em terra agradeci aos céus, nunca estive tão ansiosa, era muito, mas muito bom ver pessoas de verdade novamente.
Não esperei muito para me por em pé esperando ansiosa para sair de dentro daquele treco pequeno, a porta se abriu e eu fui a primeira a sair, coloquei meu óculos de sol e desci calmamente as escadas com elegância.
Sorri me sentindo importante quando a porta de um jetta se abriu para mim e eu sorrio minimamente para o chófer que a fecha assim que entro.
Minha mala foi posta no porta malas assim como a de Michel que entrou do outro lado com o telefone no ouvido. Arrancamos dali assim que o chófer fechou o porta malas e assumiu o controle do volante.
Quando o vampiro ao meu lado desconectou a ligação ele pegou seu Mac e passou a digitar freneticamente, o barulho já estava me irritando profundamente, respirei fundo e abri um pouco a janela do carro deixando entrar o vento gélido e agradável.
Eu pensava em muitas coisas, pensava na minha família e em como ela deveria estar, penso em como eu mudei nesse mês fora, como minha pele parecia branca demais pra um humano normal.
Sibém que eu não sou tão normal quanto pensava ser.
Penso também nas coisas que descobri, mas que sofri, nas coisas que aprendi, em tudo que eu perdi, na experiência que vivenciei.
Nos vampiros que conheci, uns bons e outros nem tanto, nos amigos que incrivelmente ganhei, na minha visão de mundo que se ampliou em proporções drásticas.
Na imortalidade que é muito mais ampla do que eu imaginava ser antes de tudo, nos sentimentos que não são os mesmo, nas atitudes que tomei que eu poderia ter repensado e não ter sido tão impulsiva e nas que eu me orgulho de ter tomado.
Com tudo isso, eu posso dizer que não me arrependo de nada, principalmente porque agora eu sei que minha mãe está viva.
Há uma esperança.
Eu finalmente estou descobrindo quem eu sou, e apesar de nunca ter imaginado ou me sentido uma pessoa fora da realidade, estou feliz em saber que eu sou alguém especial, além de um sentimento.
No início foi tudo muito assustador e ainda é, levei várias bombas e todas de uma só vez, mas eu aprendi como aceitá-las e sei que vou superar as que ainda são demais, preciso aprender a como viver com elas.
Olho pra Michel quando o ouço inspirar próximo a mim, franzo o cenho quando encontro seus olhos próximos demais.
- Que foi? - tenho uma sobrancelha alta, mas ele permanece calado, vi sua mandíbula contraída, mas não era possível que ele fosse pular em cima de mim em pleno trânsito.
Ele então abaixou o olhar relutante e o vi engolir em seco, bem, ele poderia ser o imperador no mundo dele, mas aqui, no meio da sociedade, ele não era muita coisa não.
Michel não ousaria se expor.
Terminamos de chegar no hotel, que não era muito afastado do aeroporto, em completo silêncio. Michel desceu primeiro enquanto o chófer abria a porta para mim.
Nossas malas foram carregadas por um homem jovem com uniforme vermelho e quando chegamos a recepção recebemos da concierge a notícia de que houvera um imprevisto na reserva da suíte e a que era pra ser nossa já estava ocupada.
Michel estava irritado, parecia que ia pular no pescoço da moça a qualquer segundo.
- Mas senhor, não temos o que fazer. - ela dizia pela milésima vez, seus olhos arregalados demonstravam medo.
- Eu não quero saber. - rosnou ele massageando o cenho com os olhos fechados, seu alto controle estava pra ir com Deus junto com a cabeça da funcionária.
- Tudo bem querido, se acalme... - digo massageando seu braço com uma enorme vontade rir da situação.
- ME ACALMAR É O CARAMBA, EU QUERO A MERDA DA SUÍTE MASTER QUE EU RESERVEI. - berrou e a mulher quase deu um pulo da cadeira.
Toda a minha graça e paciência se foi com seu tom de voz, quem esse filho de satanás pensa que é pra gritar comigo?
Olhei pra mulher apavorada e dei meu melhor sorriso.
- Por favor, quais são as disponibilidade de quartos? - ignoro completamente o homem histérico ao meu lado, minha mão ainda em seu braço.
- Não, não, eu quero a sui... - ia dizendo o chato do Michel.
- Ou você cala a boca ou eu calo por você, qual você prefere? - digo ainda com um sorriso olhando para ele. - Seu berreiro não ajudou em nada até agora.
Se raiva matasse eu estaria a sete palmos do chão nesse exato momento, na verdade acho que a muito tempo.
- Temos o quarto 500, quinto piso. - fala a moça após conferir o PC e eu assinto.
- Está perfeito. - ela assente parecendo aliviada permitindo com um aceno a ida do carregador de bagagens que também assistia toda a cena que Michel fez.
- Eu não quero me juntar a essa gente, Evangeline. - ele continua a murmurar entre dentes e eu reviro os olhos.
Síndrome de superioridade de merda, em pensar que está condenado ao inferno tanto quanto alguns humanos.
- Então aconselho buscar por outro lugar pra dormir. - advirto e permito a menina dar continuidade no processo.
Pego o cartão que ela me entrega e sorrindo a agradeço.
- Vejo você depois, noivo. - balanço o cartão no ar já caminhando pro elevador.
Ouço uma série de xingamentos e rio baixo, eu sabia que ele não me deixaria sozinha nem se eu quisesse, mas de qualquer maneira eu não iria fugir, prometi a Alicie que voltaria para ela.
- Ué, mudou de ideia? - eu sei que estou exagerando e até abusando ao tirar sarro dele dessa forma, mas é quase impossível.
- Cala boca. - eu o encaro após apertar o botão com o número cinco.
- Vai se ferrar. - xingo de volta o ouvindo murmurar algo que não entendi.
Depois disso o elevador subiu em silêncio, mas eu ainda queria socá-lo, idiota.
Batucava o pé no chão impaciente e não dei a mínima quando os olhos de Michel recairam sobre ele soltando um suspiro irritado, eu aguentei ele teclando em silêncio.
Eu fui a primeira a sair quando as portas se abriram, caminhei calma pelo corredor que tinha apenas duas portas em cada parede com ele atrás de mim, passei o cartão e então entrei.
- Caraca. - observo o quarto.
Ele era imenso, como um pequeno apartamento, incrivelmente luxuoso.
- E você chorando pela suíte master, desnecessário. - zombo novamente indo até grande sacada.
Eu a abro com um sorriso e caminho até a beirada, seguro a barra de ferro que mantinha as placas de vidro e respiro fundo.
Nunca tinha vindo à Nova York e tudo que vi até agora me agradou, mesmo que tivesse sido por janelas.
Sinto a presença de Michel atrás de mim e eu sabia o que ele queria, não estava disposta a discutir por negá-lo então apenas deixei rolar.
Agora eu sabia que se ele abusasse poderia joga-lo longe.
- Seu cheiro está diferente. - comenta afastando o aplique que escondia meu pescoço.
Com a mão desocupada ele segura minha cintura, não achei necessário respondê-lo, então apenas fechei meus olhos enquanto ele cheirava meu pescoço soltando o ar gradativamente em seguida.
Sinto seus lábios na minha nuca desnuda e a sensação era boa, mesmo sendo Michel a causá-la, com as duas mãos na minha cintura ele me guia de volta pra dentro do quarto.
Assim que entramos o vampiro me pressiona contra a parede coberta por papel de parede, passo meus braços pelo pescoço dele e encaro seus olhos.
Se Michel não fosse um vampiro tão desprezível eu me apaixonaria por ele sem nenhum problema, o cara é um gato.
Ele me beija sem cortesia nenhuma, não era de todo ruim, mas mexia com uma parte de mim que eu não gostava.
- Parece melhor do que antes... - murmura de olhos fechados, seus lábios quase colados ao meu. - O seu gosto... - murmura novamente beijando em seguida meu maxilar. - Eu preciso... - exclama rápido e no segundo seguinte minha cabeça está de lado e seus dentes dentro da minha carne.
Eu permaneço com minhas mãos nele, mas apertei seus ombros quando, gradativamente, eu senti as coisas saírem do controle.
- Michel. - chamo preocupada. - Michel. - soco seu ombro - MICHEL. - grito sentindo algo diferente, algo alarmante, meu coração falhar. - ME SOLTA, DROGA!!! - pressiono minhas unhas contra sua pele e então grito o feitiço.
Elas deslizam por ele o cortando, Michel me solta rapidamente com um grito, mas me joga com força contra a parede, caio fraca no chão não enxergando absolutamente nada e sentindo minha cabeça arder.
Eu sabia que ele devolveria.
De todas as formas eu tentei sentir a outra parte de mim, o meu outro lado, mas não consegui e ao invés disso senti a consciência se esvair devagar.
Talvez eu passasse dessa pra melhor.
Ou pior.
ᴏɪ ɢᴇɴᴛᴇ, ᴇᴜ sᴜᴍɪ sɪᴍ,
ᴍᴀs ᴘᴏʀ ᴠáʀɪᴏs ᴍᴏᴛɪᴠᴏs.
ᴄʀᴇɪᴏ ǫᴜᴇ ɴãᴏ sᴇᴊᴀ ɴᴇᴄᴇssáʀɪᴏ ᴇxᴘʟᴀɴᴀʀ-ʟᴏs ᴘʀᴀ ᴠᴏᴄês, ᴍᴀs ᴇᴜ ᴇsᴛᴏᴜ ᴅᴇ ᴠᴏʟᴛᴀ.
ᴅᴇsᴄᴜʟᴘᴇ ᴘᴇʟᴀ ᴅᴇᴍᴏʀᴀ, ᴍᴀs ᴀs ᴠᴇᴢᴇs é ɴᴇᴄᴇssáʀɪᴏ ǫᴜᴇ ɴᴏs ʀᴇᴄᴏʟʜᴀᴍᴏs ᴘʀᴀ ǫᴜᴇ ᴀʟɢᴜᴍᴀs ᴄᴏɪsᴀs ᴠᴏʟᴛᴇᴍ ᴀᴏ ʟᴜɢᴀʀ.
ᴅᴇᴇᴍ sᴜᴀs ᴇsᴛʀᴇʟɪɴʜᴀs ᴇ ᴄᴏᴍᴇɴᴛᴇᴍ ʙᴀsᴛᴀɴᴛᴇ.
ᴏʙʀɪɢᴀᴅᴀ ʜᴜᴍᴀɴɪɴʜᴏs.
ᴍúsɪᴄᴀ ᴅᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ: sᴀɪʟ - ᴀᴡᴏʟɴᴀᴛɪᴏɴ
ᴅɪsᴘᴏɴíᴠᴇʟ ɴᴀ ᴘʟᴀʏʟɪsᴛ ᴅᴏ ʟɪᴠʀᴏ ɴᴏ sᴘᴏᴛɪғʏ, ʟɪɴᴋ ɴᴏ ᴘʀɪᴍᴇɪʀᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ.
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