sᴇɢᴜʀᴀɴçᴀ
Deus que perdoe minha alta velocidade, ultrapasso um carro após o outro e torço de dedos cruzados pra que não tenha policia na estrada.
O celular chama e eu divido meu olhar entre ele e a estrada.
— Vamos lá, atende, atende. — o nervosismo preenche todas as minhas veias e sinto a adrenalina do medo por todo meu corpo.
Senhora Smith, sou eu, Hope.
Oh querida, ele entrou.
Foi pros fundos.
Quer que eu chame a polícia?
Não, não se preocupe.
Eu já estou indo pra casa, pode deixar que eu resolvo.
Tem certeza, ele é um brutamonte.
Solto um riso divertido e desesperado ao mesmo tempo, Deus, a primeira vez que vou usar meu taser em alguém.
Não se preocupe, eu vou dar um jeito.
Qualquer coisa pode nos pedir ajuda, sim? É só gritar, eu e Tom estaremos na sacada.
Tudo bem, obrigada senhora Hamsey.
A chamada se encerra, eu troco a marcha e acelero, a entrada de Longcity está próxima.
— Ah... — gemo sentindo a mesma dor de mais cedo no estômago. — Isso está chato já. — xingo mentalmente e pisco algumas vezes com a vista embaçada.
Quando atravesso a entrada da cidade pego a primeira rua que me levará para o condomínio, a velocidade agora está reduzida, logo chegarei.
A forte azia ainda perturba meu corpo e eu concluo que tenho que procurar um médico, coisas estranhas estão acontecendo ultimamente e eu não estou entendendo nada.
Sempre fui saudável.
Aperto o botão pra abrir a garagem e entro com meu carro, antes mesmo de sair vejo o casal de velhinhos na sacada da casa ao lado, sorrio quando vejo senhor Smith com sua espingarda na mão.
Me debruço sobre o bando do passageiro para abrir meu porta luvas, de lá eu tiro o taser. Abro a porta e saio travando o carro.
Aceno pros senhores e Hamsey aponta pros fundos. Ele com certeza deve ter ouvido o som do meu carro e isso me deixa ainda mais alerta, assinto e começo a caminhar em direção a lateral da casa onde tem um corredor estreito.
A arma de choque alcança um pouco mais de sete metros, age direto nas ondas cerebrais da pessoa causando a imobilização.
Quando adolescente eu ia com meu pai em um clube de tiro, por isso sei segurar bem uma arma e sei como utilizá-la também. Caminho de lado olhando pra frente e pra trás, consigo ver quando da sacada Tom fala pra eu ir que ele ficaria a minha guarda.
Me concentro então no que virá, as folhas grudadas no muro roçam na lateral direita do meu corpo e eu abano a cabeça quando me sinto arrepiar.
Estou nervosa, mas me concentro em manter o taser bem posicionado, agora, perto dos fundos da minha casa, me arrependo de não ter ligado pra polícia ou de ter deixado Kaleb vir.
Abro o pequeno portão de madeira, que há no fim do extenso corredor, e ele range um pouquinho.
— Sebastian? — franzo o cenho quando percebo que espero que seja ele.
Continuo caminhando e saio na varanda gourmet, passo por ela e contemplo a varanda coberta dos fundos que dá pra porta francesa de vidro da sala de jantar.
Daqui eu já consigo ver a área toda da piscina, mas não vejo ninguém.
Olho em volta, tomando cuidado pra não deixar nenhum cantinho sem atenção e abaixo a arma quando não encontro nada.
— Droga de homem sem noção. — limpo minha testa aliviada.
— Que homem? — viro-me depressa com o coração acelerado, o taser em posição.
Recuo alguns passos quando não reconheço o rosto a minha frente, e, por Deus, ele realmente é um brutamonte.
— Quem é você? — eu respiro rápido, algumas mechas do cabelo no meu rosto por conta do giro.
O cara sorri, parece a vontade e um pouco divertido com a situação.
— Vai me acertar com isso aí? — debocha dando um passo na minha direção, franzo o cenho me sentindo afrontada e ergo a arma de choque na altura de seu peito.
— Se continuar se aproximando, sim. — ele sorri e eu me irrito.
Além de ser alto, ele tem os braços totalmente tatuados e o cabelo com cachos bem abertos, mas curto, tem barba e os olhos verdes.
— Meu nome é Jace. — enfia as mãos nos bolsos despretensiosamente — E eu sou seu segurança. — solto um riso desacreditado, mas ele não se mexe, nem muda a expressão do rosto.
— Segurança? — repito a palavra um pouco menos cética.
Flashs de memória me lembra do momento em que Kaleb disse que tínhamos que conversar e isso é bem a cara daquele...
— Sim, Kaleb me contratou. — sinto vontade de apertar o taser só de raiva, mas coitado, pagar pelo idiota do meu irmão também não dá.
Mas eu também não posso tirar a razão dele, não depois que meu carro foi fechado em pleno trânsito por um fanático, nem depois do fatídico dia em que tentaram me sequestrar ou das vezes que Sebastian veio atrás de mim, enfim, motivos ele tinha.
Mas...
— Que provas eu tenho disso? — encaro o rosto dele ainda apontando o taser em sua direção, vai saber, né?
Pra ele me taxar nas cotas e me botar em um porta malas é moleza.
— Trocamos mensagens ainda hoje. — sua mão sai do bolso da frente e eu me assunto. — Só vou pegar meu celular no bolso detrás, calma. — ri da minha reação com as mãos levemente erguidas e eu repenso em lhe acertar com o choque.
— Conversamos pela primeira vez mês passado, depois de um quase sequestro. — clica na tela algumas vezes — Foi semana passada que ele me contatou e assinamos contrato há quatro dias.
— Quatro dias? — minha voz sai confusa.
— Sim, estamos fazendo sua segurança há quatro dias. — assente com um sorriso e eu franzo o cenho.
— Dá pra você parar de sorrir? — ele me encara confuso e depois solta um riso com minha irritação.
— Desculpe, é que eu estou nervoso, você está apontando esse trem pra mim como se eu fosse te machucar. — volta seus olhos pro celular e eu suspiro. — Aqui. — estende o celular pra mim e eu penso bem antes de me aproximar.
Não toco no celular e nem fico muito próxima, mas mesmo assim consigo ler a conversa pelo aplicativo.
— Acredita agora? — puxa o aparelho para si quando eu me afasto mais e o guarda. — Se te ajuda a confiar ele chamou seu ex de seboso. — sem me conter eu rio, sim, depois de tudo Kaleb passou a chamá-lo assim.
— O nome dele é Sebastian. — abaixo o taser. — Inclusive, ele veio aqui ontem, aonde você estava?
— Dentro do carro do lado de fora da sua casa, não pude fazer muita coisa, ele pulou o portão e você não sabia de nós, iriam ser dois problemas. — dá de ombros enfiando as mãos nos bolsos de novo e eu franzo o cenho.
— Tem mais de vocês? — cruzo meus braços desacreditada.
— Sim, mas não se preocupe, você não nos verá se não quiser. — olho pros lados me sentindo esquisita. — Obrigado por não disparar, e desculpa por invadir a sua casa, sei que sua vizinha quase pirou. — olha pra trás mesmo sabendo que não a veria.
Eu rio.
— Senhor Smith estava pronto pra enfiar uma bala em você. — ele ergue as sobrancelhas surpreso e eu rio. — Bem, eu vou ligar pra senhora Hamsey, dizer que é só meu segurança. — ele ri baixo quando falo e lhe dou as costas.
— Devo te chamar de senhorita? — me viro pra ele com uma careta.
— Não, me chame de Hope, senhorita é cringe, apesar d'eu ouvir muito por aí. — ele concorda.
— Tudo bem, nesse caso, me chame de Jace.
— Jace... — repito enquanto assinto, de repente me lembro de ontem e semicerro os olhos. — Era você ontem atrás de mim na Klein?
— Estávamos atrás de você desde que saiu do laboratório. — confirma e eu assinto.
— Tudo bem. — ia me virando de novo, mas volto outra vez. — Falando nisso, agora que eu sei sobre...vocês. — ele assente me incentivando a continuar — Prefiro que esteja comigo dentro do carro do que atrás de mim em outro, carros preto me seguindo de perto me dá gatilho.
— Sem nenhum problema, apesar de que mesmo que eu vá com você sempre terá um carro a nossa retaguarda.
— Tem como pintar de outra cor, então? — faço careta e ele ri.
— Normalmente trabalhamos com preto, precisamos de descrição, mas podemos arranjar um azul bem escuro, pode ser?
Eu concordo e ele assente.
— Quer entrar? posso te apresentar a casa. — Jace aceita, mas pede pra que eu espere im minuto.
Ele aperta algo no ouvido e diz algo em seguida.
— Preciso te apresentar à equipe antes disso. — maneio com a cabeça e volto a me aproximar.
— São muitos mesmo?
— Não, somos em cinco contando comigo. — eu concordo e olho pro corredor da onde sai o primeiro homem.
De roupa escura também assim como Jace, ele é preto e tem os olhos âmbar mais lindo que eu já vi. Depois vem outro com a pele bronzeada, cabelo crespo e olhos castanhos escuros. O outro é ruivo, o rosto lotado de sardas, os olhos são uma mistura de caramelo e verde, e quando o quarto deixa o corredor eu seguro a respiração e quase tenho um piripaque. A pele branca como sulfite cobre a carne de um homem albino, Deus, Tom Cruise teria inveja dele. O cabelo, as sobrancelhas e os cílios são brancos como a neve, e seus olhos, seus olhos são vermelhos.
Cientificamente isso é possível e até normal em pessoas albinas como ele, pois há a ausência do pigmento, ou melanina, que deixa os vasos sanguíneos a vista. Provavelmente a real cor dos olhos dele deve ser azul, mas é tão claro, quase translúcido, que nem conseguimos identificar.
— Ele se chama Zion. — meus olhos vão para o rosto divertido de Jace e eu sinto o meu corar.
Semicerro meus olhos sem me deixar abater.
— Esse é Rael. — aponta pro ruivo que ergue a mão em cumprimento, ele sorri e eu sorrio de volta. — Baruc. -— o moreno também me cumprimenta. — E Otelo. — aponta pro último se colocando ao seu lado.
— Legal, é um prazer conhecer todos vocês. — seguro o taser com as duas mãos na frente do meu corpo e vejo quando o moreno o olha. — Meu nome é Hope. — digo simpática e o albino sorri.
— Sabemos quem você é, doutora. — sua voz soa convencida. — Inclusive, quando descobrir a fórmula da imortalidade pode testá-la em mim. — se oferece e eu sorrio.
— Em você e nas mais de 50 pessoas que estão na sua frente. — uns dos homens sorri e um deles assobia.
— Cacete. — fala o de olhos âmbar e eu rio alto.
— Sem palavrões grandão, por favor.
— É claro, perdão. — concorda parecendo constrangido.
— Sem problemas, podemos ir Jace? — chamo o cacheado e ele assente.
— Me dê alguns minutinhos. — pede antes de virar pra sua equipe, eu aproveito para voltar para o corredor.
Preciso pegar minha bolsa com a chave de casa dentro do carro.
— Hope. — senhora Hamsey me chama de sua sacada e eu olho pra cima.
— Senhora Smith, eu ia te ligar. — coloco a mão sobre a testa para tapar meus olhos do sol. — Está tudo bem, o homem que a senhora viu é Jace, meu novo segurança.
— Segurança? — repete confusa e senhor Smith me olha parecendo decepcionado.
— Pois é, parece que meu irmão contratou seguranças.
— Fez bem, certo, nós vamos entrar. — acena para mim e eu retribuo o gesto. — Se cuida, garota.
Destravo meu carro e abro a porta do carona, pegue linha bolsa, a chave no console e sigo para a porta.
— Hope? — olho para trás e avisto Jace caminhar na minha direção, descolado.
— Pronto para o tour? — brinco e ele sorri.
Caminho com ele por todo o primeiro andar, mostro tudo atrás de todas as portas, só não desço pro meu laboratório, mas explico que era um.
No segundo lugar e levo ele por todos os cômodos, e lhe ofereço o quarto de hóspede que ele não demora pra recusar, depois disso eu passo a senha do wi-fi, uma cópia da chave da sala e um controle do portão.
— Estaremos por aqui. — eu assinto da porta de entrada e a fecho quando ele me dá as costas.
— Kaleb... — suspiro resignada indo em direção ao telefone.
Aperto o botão da caixa de mensagem e primeira voz que ouço é a de Margot.
Pelo amor de Deus, o que há com você? Celulares existem pra comunicação, não como enfeite. Se eu estivesse morrendo já poderiam me enterrar.
Reviro os olhos com seu exagero comum e sigo em direção à cozinha, abro a geladeira e a primeira coisa que vejo é a caixa de pizza com apenas um pedaço dentro.
Faço careta e a tiro de lá jogando tudo no lixo. Pego uma garrafa de leite e viro na boca, no gargalo mesmo.
Enfim, tenho novidades, então por favor, me ligue assim que ouvir essa mensagem.
Estou pensando em deixar a sala de aula, Hope eu nem tenho trinta anos e já tenho cabelo branco, aonde eu estava em seguir licenciatura até o doutorado? Apesar de que o erro começou quando eu escolhi licenciatura, enfim...
Me liga, ok?
Tampo a garrafa de leite e a volto pra geladeira, fecho a porta da geladeira e vou em busca do meu celular.
Hop, sou eu, seu pai.
Flora piorou essa manhã, temo que terei que interná-la, me ligue assim que der.
A voz abatida de meu pai me deixa com o coração apertado.
Irmãzinha, acredito que já saiba sobre o Jace.
Reviro os olhos com a voz manhosa do meu irmão.
Podemos conversar sobre isso depois de quiser, eu tentei falar contigo mais cedo, mas enfim.
Tenho certeza que você entende meus motivos e sabe que é necessário, fiz porque te amo.
Ah, liga pro papai., não esquece.
O bipe do telefone marca o fim das mensagens, eu disco o número do meu pai no celular e fito o chão.
Hope!
Ele atende no mesmo minuto em que ouço uma porta de carro ser fechada com força.
Oi, papa. Ouvi sua mensagem, o que está acontecendo?
Pergunto indo até a vidraça da porta, crispo meus lábios quando identifico o carro vinho de Sebastian.
Esse cara não desiste nunca.
Não sabemos ainda, mas faz alguns dias que ela reclama vem reclamando de tontura e falta de ar.
Hoje mais cedo ela desmaiou na escada e tive que levar ela pra clínica, está internada.
Ouço meu pai assistindo meu ex discutir com Jace.
O que o médico falou?
Nada ainda, segundo ele esses são sintomas comuns entre muitas doenças, estou aguardando.
Mama está acordada?
Sim.
Certo, estou indo pra EastVille vê-la.
Dou as costas para o vidro e dois passos em direção às escadas, mas paro quando meu pai nega.
Preciso conversar com você.
Sua voz soa seria e posso jurar que o ouvi engolir em seco.
É algo muito sério?
É importante.
Volto a caminhar em direção as escadas, subo os degraus e empurro a porta branca quando chego em meu quarto.
Eu irei, me diga aonde e a hora.
Caminho para o meu closet.
Pode ser as oito no Jaep?
Estarei lá.
Quer que eu te busque?
Não, não precisa se incomodar, é totalmente fora de mão pra você.
Tem certeza? eu não me importo.
Tenho, pai.
Obrigada.
Não precisa agradecer, até o jantar, meu bem.
Te amo, papa.
Diga a mama que desejei melhoras e que irei vê-la assim que possível.
Diga que a amo.
Eu direi.
Até breve.
Desligo o celular e encaro por poucos minutos o chão, me sento em meu puff ainda pensativa e desabotoo minha sandália. Coloco ela de lado e me levanto, puxo meu vestido pela barra até passar por minha cabeça, jogo em cima do assento e vou até as prateleiras, pego uma calça jeans e uma regata.
A voz tensa de meu pai repercute pela minha consciência, me sinto ansiosa pra essa conversa e nem tenho certeza se quero saber.
Principalmente se for alguma notícia ruim sobre Flora.
Já trocada, calço um chinelo e saio do quarto, volto pro primeiro andar e caminho até a porta do porão e desço após colocar a senha.
Aqui tiro os chinelos para calçar sapatos fechados de borracha, coloco meu jaleco e sigo até a gaveta de luvas. Pego um tubo de ensaio lacrado de sangue do tipo O e outro de veneno de coral, levo eles até o balcão e em um tubo de ensaio limpo e vazio misturo os líquidos com a ajuda de um conta gotas.
— Ah não, pelo amor de Deus. — resmungo irritada quando ouço meu celular começar a tocar.
Ignoro a chamada totalmente concentrada no que faço, uso o microscópio óptico e vejo quando o sangue reage muito rápido ao veneno começando a borbulhar imediatamente.
Normalmente a pessoa morre por insuficiência respiratória.*
O que eu vejo acontecer me deixa surpresa, após borbulhar as hemácias se juntam formando diversos grupinhos.
Não entendo nada e pela primeira vez em anos me sinto como no começo da faculdade, completamente perdida.
Subo o óculos e me afasto, observando a olhos nu o sangue que parece, agora, normal.
O toque ensurdecedor do meu telefone me tira a concentração e me assusta.
— Mas que droga. — praguejo o pegando do bolso.
Atendo irritada após ler o nome na tela.
Diz que é importante se não juro que te caço com uma besta.
É importante. E nem venha reclamar, estou tentando falar com você desde cedo.
Coloco meu peso sobre uma das pernas e cruzo o braço esquerdo embaixo dos seios, os olhos ainda na mistura.
Tá Margot, diga logo.
Lembra daquelas misturas que você me deu?
Qual delas?
Tem a numeração no tubo?
Sim, espera um minuto.
Eu concordo e caminho até meu notebook, eu o ligo enquanto espero pela resposta de Margot.
321.
Tá, já acho a classificação na planilha.
Mas adianta, o que houve?
Eu dividi as amostras em cinco pequenas miniamostras e em uma de cada uma eu misturei suco de algumas ervas e uma delas foi verbena.
Adianta, Margot.
Reviro os olhos procurando na lista o número que ela falou.
E nessa que eu te falei a numeração aconteceu uma reação muito fantástica.
Aqui, achei.
Ela se cala e eu leio a descrição da mistura, mas franzo o cenho.
Diga logo.
Margot, tem alguma coisa errada.
O tipo sanguíneo é AB, mas não está misturado com nenhum veneno.
Merda, Hope.
E o que isso significa?
Não sei, você é a bióloga, me diga você. O que aconteceu quando você adicionou o líquido?
Levanto o ombro para amparar o celular na minha orelha enquanto entro no meu bando de dados para tentar descobrir quem era o doador, seu histórico clínico e da onde veio sua amostra de sangue.
Bom, primeiro ele borbulhou enquanto a verbena se espalhava e então depois disso o sangue ficou claro e muito líquido, ele não clareou um ou dois tons, foi uns nove mais ou menos.
O sangue está parecendo água, eu vou tentar mandar foto.
Estou tentando achar mais informações sobre amostra no meu banco de dados.
Mas me diga, o que isso significa pra você.
Na verdade, eu não sei. Ainda não cheguei a nenhuma conclusão, é difícil provar que existe uma mutação no sangue que torna um humano um ser sobrenatural.
Eu disse a você que seria, porque isso é impossível.
Não é que eu não apoie minha amiga, mas meu, sobrenatural tipo Damon Salvatore, Edward Cullen e Drácula, me poupe.
Sem essa, se a imortalidade é impossível, pro sobrenatural é só um pulo. Achou alguma coisa?
Nada ainda.
E a foto?
Meu celular tá travando.
Eu rio e ela suspira.
Quando vai comprar outro?
Quando meu salário de professora permitir, a rica aqui é você.
Nem vem, eu sei que professor universitário tira uma grana boa.
Hope, eu parcelei até minha vida no último mês. Tô vivendo de prestação, e eu não tô brincando.
Gargalho mais uma vez e Margot me xinga.
Achou alguma coisa aí?
Ainda não, para de ser ansiosa.
Já enviou a foto, eu quero ver.
Tá carregando.
Deus do céu, eu morro e não vejo a foto. No seu próximo aniversário já sei o que te dar de presente.
Não recusarei.
— 329, 30, 31...achei. — meus olhos correm pela tela do computador junto com o mouse.
Vou colocar no viva voz.
Tá bem.
Eu peguei a amostra em fevereiro no laboratório aonde eu trabalho, o sangue estava sendo analisado porque o paciente havia sido mordido por um morcego.
O silêncio perdura entre mim e ela assim que eu terminei de ler.
Por que eu não sabia disso até agora?
A foto chegou.
A voz dela soa neutra e eu consigo perceber o choque em seu timbre.
Você acha que isso é possível?
Eu nunca acreditei, mas agora tenho uma leve sensação que eu estava enganada sobre...tudo.
Você ainda acha que não?
Não, quer dizer, não temos como comprovar, Margot.
São só pesquisas.
Você tem noção do que acabou de acontecer bem aqui na minha frente?
Margot, não viaja, se fossemos crer nessa experiência seria como afirmar que o doador tenha se transformado em uma criatura mística, pelo amor de Deus.
Hope, seu objeto de estudo é a mutação sanguínea, como não consegue perceber? já abriu a foto?
Pego meu celular e desbloqueio, abro o chat da conversa e carrego a imagem.
Olha a cor desse sangue, não é mais sangue. Como você me explica isso?
Morcegos não tem veneno.
Mas transmitem doenças pelas bactérias que tem na saliva, não estou dizendo que o cada virou um conde Drácula, até porque ele deve ter passado por tratamento, mas o sangue da amostra não.
Eu entendi, mas isso é extremo.
Não mais que a imortalidade.
Percebe que elas andam juntas?
É muita informação.
Bloqueio o celular e apoio minha testa nas mãos.
Eu sei, Hope.
Mas pense sobre isso, é bem possível que as nossas pesquisas tenham muito a ver uma com a outra.
Tudo bem.
Beijo, meu bem.
Fique bem, pense, mas não demais, ok?
Tudo bem, se cuida.
Desligo a chamada e solto um grande suspiro. Aceitar a imortalidade parece mais fácil do que cogitar a existência de seres sobrenaturais.
Ergo meu rosto e olho pro meu quadro de vidro, eu e Margot já discutimos muito sobre a relação que a imortalidade e a existência de sobre humanos tinham na opinião dela, mas eu sempre neguei, porém ali no canto, bem no cantinho tem uma frase que eu quase nunca olhei.
Foi Margot quem escreveu.
— Se a imortalidade é real, vampiros também são? — leio em voz alta e me calo em seguida.
Volto a abrir a imagem que minha amiga me mandou e permaneço pensante.
Para mim viver pra sempre como humano é uma coisa, agora viver pra sempre com poderes, super velocidade e se alimentando de qualquer tipo de sangue eu não acredito ser.
Na imagem o sangue está sob uma lâmina de vidro grande e sua coloração é quase transparente., o encaro por alguns minutos e então miro meu notebook.
Baixo a guia do Excel e abro uma do Google, faço várias pesquisas e comparo algumas pesquisas com as linhas e com o que Margot me contou.
Consigo sentir meus olhos arregalados com cada frase que leio, não de medo, mas por perceber que agora eu não tenho tanta certeza sobre a não existência deles.
Existem relatos, alguns que sobreviveram contaram como eles eram, outros contaram como foram atacados e deixados para morrer.
Haviam também fotos de arquivos policiais, cenas fortes de corpos com os pescoços totalmente desfigurados e as peles dos mortos pálidas como mármore. Haviam também fotos de relatórios médicos e relatos dos que atenderam pacientes sobreviventes e dos que prestaram os primeiros socorros.
Baixo vários arquivos e guardo todos em uma pasta na área de trabalho, estou tão entretida que nem vejo as horas passando. Procuro pela planta que causou a reação na mistura de Margot e não demora pra ter vários links a minha frente.
Uma das perguntas que não se calam minha mente é: Por que verbena faria mal a uma criatura que é considerada invencível?
No site que eu entre explana que a planta pode irritar a pele do vampiro, causando uma coceira grande e quando esfregada pode gerar grandes feridas.
Franzo o cenho quando minha mente relaciona essa informação aos meus estudos laboratoriais, aos sintomas da Itch.
Continua a leitura após fazer uma anotação em um post-it salmão.
Quando o suco, óleo ou sangue de consumidores de verbena são ingeridos, o vampiro pode ter dores estomacais e uma grande fraqueza, as feridas podem levar a morte do sobre humano já que ele não consegue se se alimentar e nem se regenerar.
Engraçado isso, um ser morto, morrer.
— Seria cômico se não fosse trágico. — sorrio cética e olho pro meu celular que vibra com uma mensagem. — Deus, já são sete horas. — exclamo surpresa e me levanto da cadeira quentinha.
Volto pro balcão e coloco as luvas de borracha, olho pra mistura e constato que ela está como a deixei.
Eu a coloco no canto do balcão depois de decidir deixá-la exposto a temperatura ambiente por mais tempo para ver se ocorreria alguma mudança como no de ontem.
Limpo o resto, guardo meu óculos, desligo o computador, pego meu celular e subo.
Já na sala eu fecho a porta de acesso e coloco a senha em seguida, sigo para meu quarto, antes de me arrumar mando uma mensagem pra Jace, que me deu seu número durante o tour, e aviso que iriamos sair em alguns minutos.
De frente para a repartição de roupas formais e elegantes tento escolher uma. O restaurante que meu pai escolheu é o preferido dele, mas também é um dos mais bem conceituados da cidade mãe, ou seja, de gente rica, ou seja de novo, eu tenho que ir bem arrumada. Entretanto eu tenho que depilar minhas pernas, quase morri de vergonha hoje durante o almoço, tenho certeza que algumas daquelas senhoras do lar deve ter reparados nas minhas pernas.
Porém o problema não é nem depilar e sim a coragem que eu estou sem agora, por isso resolvo ir logo com uma calça e deixar pra depois a depilação, aproveito pra marcar uma sessão a laser.
Metade dos trinta minutos que passo em frente as roupas é divagando, até que eu resolvo voltar à terra e separar um conjunto de calça e blazer de alfaiataria verde, uma blusa de manga cavada e de gola redonda branca. Separo um sandália de salto fino e médio da mesma cor que a blusa e me sinto satisfeita com a combinação. Vou para o banheiro e aproveito para lavar meu cabelo, eu não tenho muito tempo, mas pra facilitar ele está curto, consequentemente é mais rápido secar depois.
Antes de ir pro banho tiro meu relógio e minhas joias.
Tomo banho em tempo recorde, com certeza devo ter esquecido de lavar ou enxaguar algo, contanto que não arda está tudo bem. Saio do banheiro com uma toalha branca no corpo e outra no cabelo, na minha mente o refrão de uma música brasileira que eu esqueci a letra.
Remexendo o corpo conforme o som da minha cabeça volto pro closet e me sento de frete ao espelho da penteadeira me preparando para o primeiro processo da arrumação. Seco meu cabelo e escovo deixando ele com os fios totalmente retos, combina com a roupa que escolhi vestir hoje, com essa parte pronta começo a me maquiar.
Eu me lembro que durante minha adolescência e juventude meu cabelo teve várias cores, se tornou até o arco-íris, eu sinto saudades das aventuras, mas hoje como uma adulta e profissional de respeito, notem a ironia, eu mantenho ele loiro, mas a cor natural é castanho escuro, como o do meu pai.
Esfumo a sombra verde no concavo e puxo pro final da pálpebra deixando o restante limpo, depois faço um delineado branco sem puxar o tal do gatinho, passo rímel nos cílios e começo a trabalhar na pele. Nada muito exagerado, depois da base passo o corretivo, o contorno e então espalho com a ponta do dedo um pouquinho de iluminador nas maças do rosto. Nos lábios passo um batom nude.
Esborrifo perfume nos pulsos e atrás das orelhas para só então escolher as joias que usarei, em um look cabe até três cores, e por isso eu escolho um colar de corrente dourado e brincos pequenos da mesma cor. Coloco o mesmo relógio de mais cedo e alguns anéis nas mãos, um no indicador direito e outro que vai até a metade do meu dedo do meio da mesma mão e na outra coloco um no dedão, outro que fica no meio do indicador, um do mesmo estilo no dedo do meio e um no anelar que vai até a base, todos combinando com o colar e o par de brinco.
Com essa parte pronta me levanto para colocar a roupa, visto primeiro a blusa, com um cuidado que não tá escrito, depois a calça de cintura alta, me sento no puff para calçar o salto, a tira que vai sobre os dedos é transparente e no restante é toda branca. Pego na prateleira a mesma Louis Vuitton de mais cedo pra me agilizar o tempo e me encaro no espelho.
— Ah. — exclamo e rio de mim mesma ao notar a faixa de skin care que coloquei no cabelo quando fui me maquiar.
Ajeito meus fios e giro em frente ao espelho, me analisando de todas as maneiras que consigo.
— Estou bonita sim. — concluo por fim, sinto meu celular vibrar. — No bolso da calça. — me recordo e saio em direção ao banheiro, mas não sem antes pegar meu blazer e apagar a luz.
Leio a mensagem do meu pai pedindo pra que eu não me atrase, e eu respondo dizendo que ele não precisa se preocupar porque já estou chegando...na porta de casa.
Deixo meu quarto a passos rápidos, ou quase isso, desço as escadas e cruzo o ambiente de conceito aberto, pego as chaves no aparador do hall e abro a porta dando de cara com Jace.
— Ai. — levo a mão ao peito.
— Eu ia tocar a campainha. — seu semblante é divertido e eu sinto raiva.
— Não precisa disso, é só entrar. — resmungo um pouco irritada pelo susto que ele me dera.
— Não foi proposital. — se desculpa após me dar espaço para sair e trancar a porta.
— Tudo bem, só não... — olho pra ele — Só tenta ser mais barulhento e não me assustar, ok? - lhe entrego a chave do meu carro o vendo sorri.
— Prometo que vou tentar. — ouço sua voz atrás de mim que já caminho em direção ao automóvel.
— Você está muito bem. — olho pro meu segurança que está do outro lado do carro, o vejo sorrir e então um pibi soa por todo o local, abro a minha porta e o vejo sorrir antes de entrar.
Jace está vestido em uma calça preta, numa camisa de gola alta preta e em um blazer preto, tem uma corrente prata dependurada em seu pescoço, um Rolex no pulso direito e alguns anéis nos dedos.
— Obrigado. — não ligaria se ele me pedisse pra ser meu estilista, o cara se veste bem. — Você também não está nada mal. — dá de ombros e eu rio.
— Obrigada. — viro-me para puxar o cinto. — Conhece o Jaep? — pelo canto dos olhos vejo que ele assente, eu concordo e pego meu celular para responder a mensagem do meu irmão.
— O restaurante preferido dos grandes empresários de Paradise. — dá ré e ao som de sua voz e do rádio que ligara passamos pelo portão. — Hope, no carro detrás tem dois homens. — informa olhando rapidamente pelo retrovisor.
Ao raciocinar o que disse, bloqueio o celular e viro-me para trás.
— Ficaram dois na sua casa, trabalharemos sempre com essa divisão. — me ajeito de novo. — Normalmente eles sempre vão revezar a guarda, tanto por causa das folgas e coisas do tipo, mas eu serei sempre fixo. — mantém os olhos atentos na estrada e eu concordo.
— Tá legal. — mentalizo a cor azul do carro que nos segue, azul. — O que rolou mais cedo com Sebastian? — pergunto de repente, pra distrair a mente e porque eu também estou curiosa.
Jace olha pra mim rapidamente e dá um sorriso ladino.
— Você namorou um babaca. — me afundo no banco e olho pra fora da janela.
— Éramos noivos. — conto e o silêncio pesado repercute por alguns minutos até eu rir. — Não precisa se sentir mal, ele é mesmo um babaca. — dou de ombros e Jace sorri, parece aliviado.
— Ele estava chapado mais cedo. — conta sem olhar pra mim.
— É, só faltava essa mesmo. — tento esconder a minha surpresa, mas não consigo esconder de mim mesma a crescente decepção quanto à ele.
Eu amava Sebastian, ele foi meu primeiro namorado e o cara que eu mais amei, e o amor que eu sinto pelo meu pai e pelo meu irmão não entra aqui. Havíamos feito planos, muitos aliás, e aquele idiota deixou ir tudo pela descarga.
— A quanto tempo trabalha como segurança, Jace? — mudo o assunto de novo enquanto troco a música do rádio.
— Há alguns bons anos. — um sorriso sincero cresce em seus lábios. — Montei a empresa junto com meu irmão um dois anos depois que terminamos o colegial. — não hesita em falar. — Antes ele ficava com o administrativo da empresa, mas um empresário amigo nosso precisou de um de nós, na época eu estava com o contrato assinado com outra pessoa e não pude ir, Jason foi no meu lugar.
— Legal, e você já fez a guarda de algum famoso? — quis saber curiosa e ele sorri.
— Faço agora. — me olha rápido e eu rio.
— Não, estou falando dos de Hollywood.
— Eu sei que está. — assente com um lindo sorriso no rosto. — Na verdade sim, pra Ruby Salezar. — conta e eu arregalo os olhos — Mas foi quando ele ainda estava no início da carreira de cantor, mas eu acabei saindo fora assim que o contrato expirou. — faz careta — O cara era um descontrolado e também tinha gente demais o tempo todo, era fã de todo tipo, louco, sensato, pirado demais, era muita gritaria, flash pra todo lado. — sua cara de desgosto não esconde o descontentamento. — Daí eu decidi não trabalhar pra pessoas com um nível tão alto de fama. dá de ombros após negar com a cabeça. — Claro que teve os pontos positivos, eu viajei com eles pra alguns países desse mundão, mas eu já estou velho pra essa agitação.
— Quantos anos tem? — continuo olhando pra ele totalmente entretida com a conversa.
— Sério? — franze o cenho em uma careta.
— Vamos lá. — insisto curiosa. — Eu tenho 25. — conto e ele solta um riso engraçado.
— Achei que era insensível perguntar a idade de alguém. — olho pra estrada sorrindo.
— Não, seria insensível se você perguntasse a idade de uma dama intocável. — corrijo — Mas eu não sou uma dama de cristal e você não perguntou nada, eu falei. — rebato.
— Tudo bem, eu sou alguns anos mais velho. — diz apenas e foi minha vez de rir.
— Vamos lá, Jace. — insisto — Diga de uma vez, homem. — soco de leve seu braço e ele ri.
— Sou cinco anos mais velho, pronto.
— Aaah. — deixo minhas costas bater contra o encosto do banco e ele ri. — Muito velho, você. — ironizo e Jace nega.
— Não é fácil ter trinta anos.
— Não me parece ser tão difícil também.
— Vai por mim, é um peso e tanto. — dramatiza.
— É casado, tem namorada, tem rolo? — Jace ri e eu não entendo o motivo.
— Achei que estava interessada no Zion. — olho pra ele com os olhos arregalados, claro que ele presumiu isso.
— E o que te faz achar que estou interessada em você? — solto um riso convencido.
Jace parece constrangido e não responde, apenas sorri.
— Seu amigo é intrigante pela genética dele, nem você pode negar isso. — olho pela janela em direção às árvores densas que enfeitam as duas margens da pista que liga as três cidades.
— Talvez, as vezes ele me dá medo. — eu rio alto com a confissão, mas sim, isso não é nada difícil.
— Ainda bem que ele não pode nos escutar.
— Pode...talvez. — completa virando seu rosto de lado rapidamente para que eu visualize o comunicador intra auricular.
Eu rio baixo e cruzo minhas pernas, volto a pegar meu celular e o desbloqueio ainda com um sorriso no rosto.
— Você quer ser imortal? — olho pra ele pela pergunta repentina, mas nego. — Então por que busca pela imortalidade?
Eu assinto, é uma boa pergunta, não sei dizer quantas vezes já falei sobre ela para repórteres, apresentadores e escritores de blogs de fofocas, mas para todos eles a resposta foi totalmente técnica, mas pra Jace eu quero dar a verdadeira.
— Eu nunca conheci minha mãe, cresci ao lado de uma madrasta gananciosa. — respiro fundo olhando para fora da janela. — E meu pai estava sempre viajando, mas ele fazia de tudo por mim. — suspiro bloqueando o celular e virando meu corpo no banco em direção à Jace. — Ele me deu Kaleb, e depois Flora, meu irmão me deu Lissa e eles dois me deram Tessa e Gustav. — sorrio olhando pro volante. — Eles são tudo pra mim, e quando eu era criança esse apega ao meu irmão e ao meu pai me despertou algo, sabe? — brinco com meus dedos. — O medo de perde-los como eu perdi a minha mãe. — suspiro de novo sentindo um incomodo no peito, mas continuo. — Então, durante uma noite de tempestade e pesadelo eu me perguntei se as pessoas poderiam ser imortais. — sorrio me lembrando daquele dia e com memórias fotográficas pipocando minha mente, eu estava deitada com meu irmão, abraçada à ele e ao terno do meu pai. — Naquela época eu queria a imortalidade, mas para eles. — respiro fundo. — Eu não conseguia pensar em um mundo sem os dois. — meu nariz arde e olho pros carros à nossa frente.
Ergo minha mão e abaixo o som do carro, a música alegre do Louis contrata com minha história melancólica, mas eu amo a voz da Bebe Rexha e amo ainda mais a música Back to you do ex boy band.
— Então eu comecei a estudar, eu sabia que tudo poderia ser possível nesse mundo grande. — sorrio com as memórias. — Mas conforme crescia eu passei a perceber o quanto o mundo é corrupto e cheio de pessoas piores que a mulher que meu irmão chama de mãe. — é inevitável a cara de nojo que faço ao pensar no nome dela. — As pessoas não merecem ser imortais, já que as que querem a imortalidade são más. — olho pro rosto de Jace. — Depois de grande eu entendi que não os terei pra sempre e que terei que aceitar isso. — reflito em minhas próprias palavras. — E por isso eu sempre presei estar perto deles, mesmo que seja irônico eu estar um pouco afastada agora por causa do meu trabalho e da pesquisa. — tagarelo — Eu decidi continuar as pesquisas sobre isso porque eu quero uma resposta, sabe? não pro mundo, mas pra mim. Não quero vender a fórmula, quero que o segredo morra comigo.
— Sabe que isso é arriscado, não? — me olha rapidamente, preocupação ocupa seus olhos.
— Nem que me torturem. — afirmo com um sorriso. — Valente, é o sobrenome da minha mãe, sabia?. — toco meu peito quando encosto minhas costas no banco. — É a única coisa que tenho dela, e meu pai vive dizendo que eu honro meu sobrenome. — sorrio orgulhosa da mulher que eu sou. — Já fui perseguida, Jace. — seguro o colar. — Quase sequestrada, mas não vou desistir do meu objetivo, mesmo que permanecer calada e fiel aos meus princípios me mate.
— Sua mãe... — vejo a hesitação em sua voz ao iniciar a frase. — Está orgulhosa de você, aonde quer que ela esteja.
Eu sorrio, mas não comento, logo o silêncio toma o carro e eu olho pro rádio que toca Runaway.
— Curte cantar? — o motorista sorri.
— Seus tímpanos sangrariam. — eu nego e começo a cantar o refrão da música.
— Vamos, cante comigo. — insisto, mas Jace nega. — Ora, deixe de ser chato, já vai acabar. — belisco a manga do seu blazer e chacoalho o fazendo rir. — O último refrão, vamos lá.
— But no, take me home. Take me home where I belong. — canta ele sozinho e eu gargalho.
— Até que não é tão ruim. — tiro sarro, ele me manda calar a boca e eu rio. — No, take me home, home where I belong, no, no. — tento cantar como a cantora, mas as únicas coisas que consigo é desafinar e fazer Jace rir.
— Você consegue ser pior que eu. — sua fala se mistura com suas risadas e eu me junto a ele.
— Não minta pra si mesmo, minha voz é como a de uma sereia.
— Coitada da Ariel, então. — nega e eu me preparo pro último verso.
— I can't take it anymore oh, oh, oh, oh... - canto e ele ri ainda mais. — Para, Jace. — empurro seu braço. — Você está me ofendendo. — rio junto.
— Ainda bem que você é biomédica, e eu espero que seja muito melhor nisso do que no canto.
— Pode crer que eu sou. — sorrindo afirmo e ele suspira recuperando o fôlego. — Você é divertido. — encosto minha cabeça no encosto do banco, fecho os olhos e coloco a mão sobre minha barriga dolorida.
— Isso é um elogio? — rolo meu rosto na direção dele para revirar os olhos com o questionamento óbvio, ele solta um riso nasalado. — Obrigado, pra quem tava apontando um taser na minha direção essa tarde, você também se mostrou divertida. — retribui e eu sorrio.
—Ora, leve em conta o fato de que você invadiu minha casa e era um total desconhecido. —retruco. — Mas obrigada. — cedo ao agradecimento enquanto cruzamos a entrada de EastVille.
ʜᴜᴍᴀɴᴏs, ᴍᴀɪs ᴜᴍ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ.
ᴀ ɴᴏssᴀ ʙᴇʟᴀ ʜᴏᴘᴇ ᴇsᴛá ᴘʀᴇsᴛᴇs ᴀ ᴛᴇʀ ᴜᴍᴀ ʀᴇᴠᴇʟᴀçãᴏ ǫᴜᴇ ɪʀá ᴍᴜᴅᴀʀ ᴏ ᴄᴏɴᴛᴇxᴛᴏ ᴅᴀ ᴠɪᴅᴀ ᴅᴇʟᴀ.
ᴏ ǫᴜᴇ sᴇʀá?
ɴᴏs ᴠᴇᴍᴏs ɴᴏ ᴘʀóxɪᴍᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ, ᴀᴀᴀʜ ɴãᴏ sᴇ ᴇsǫᴜᴇçᴀᴍ ᴅᴇ ᴀᴘᴇʀᴛᴀʀ ᴀ ⭐
ᴠᴀʟᴇᴜ ɢᴀʟᴇʀᴀ!
ᴍúsɪᴄᴀ ᴅᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ: ᴛʜᴇ ᴍʏsᴛɪᴄ - ᴀᴅᴀᴍ ᴊᴇsᴇɴ
ᴅɪsᴘᴏɴíᴠᴇʟ ɴᴀ ᴘʟᴀʏʟɪsᴛ ᴅᴏ ʟɪᴠʀᴏ ɴᴏ sᴘᴏᴛɪғʏ, ʟɪɴᴋ ɴᴏ ᴘʀɪᴍᴇɪʀᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ.
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