Vs. Itachiyama Final

"Invicto, carregado e pronto, estamos prestes a explodir
Peguei eles com aquele direto esquerdo, deixei eles desacordados no chão
3, 2, 1 pegajoso, ágil, me veja marcar um ponto"

ᴺᵒʷ ᵖˡᵃʸᶦⁿᵍ; [ UNDEFEATED - XG x Valorant ]
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Fraca.

Por muito tempo essa foi a palavra que me acompanhou em pensamentos. Fraca por fugir, fraca por aceitar, fraca por não lutar por algo muito mais importante que qualquer coisa, eu mesma. É impossível não se sentir boba quando era tão claro a relação tóxica que tinha com meu time do fundamental, porém, fraca não é a palavra. Ingênua, talvez. Como pode ser fraca uma pessoa que voltou? Como pode ser fraca uma pessoa que dia após dia trabalhou para ser alguém melhor, que estudou, que tentou, que descobriu num emaranhado de tentativas, acertos e erros.

Ser fraco é não compreender dentro da sua vulnerabilidade a chance de melhora, ignorar medos, aceitar limitações sem questionar e negar que momentos difíceis também são uma parte do processo. Talvez, a verdadeira fraqueza seja deixar que todas essas percepções ruins dominem nossos julgamentos e nos faça desistir de algo que realmente almejamos.

Resiliência é o que nos torna fortes, continuar além da aceitação de falhas, crescer mesmo com limitações e voar do chão para ver a visão além do topo.

— Capitã!

Quando pulei para fazer o ataque no final daquele primeiro set, já estava definido, era nosso. Não havia a menor chance da Itachiyama suprir os 7 pontos de diferença no placar que nos colocaram na frente. Senti minha palma arder, quase pulsar, queimando pela força posta no ataque, era uma dor, mas uma dor boa.

— Boa cravada [Nome]! — Keiko levantou as mãos para eu bater e comemorei com ela respeitando o apito para recriar da quadra. Coloquei a mão no ombro de Chiasa agradecendo o levantamento e também comemorei com o restante do time aquele ponto.

— Se sentem um pouco — Dan indicou o espaço no banco. — O empenho de vocês em não deixar a Itachiyama ganhar está tirando mais do físico do que esperam, ainda temos mais um jogo depois.

— Não se preocupe, treinador Esparta — Hana dobrou o braço. — Estamos treinadas para cinco sets de alto rendimento.

Dan pareceu procurar palavras para responder, mas não as encontrou, tombando a cabeça para o lado, percebendo que o que a jogadora disse não era exatamente uma mentira. Um sorriso ameaçou a aparecer nos seus lábios, mas foi contido a fim de manter a feição preocupada. O homem colocou a mão na frente da boca e limpou a garganta.

— Mesmo assim, aproveite o momento para recuperar o fôlego. Vocês estão bem, o ritmo está completamente na nossa mão, vamos manter o nível para o segundo set. Chiasa pode acelerar um pouco os passes e se ver uma chance de pontuar de segunda, faça.

Chie se aproximou com uma prancheta repleta de botões magnéticos — Segundo o que analisamos do time, a estratégia agora vai ser usar mais as pontas. Já que Mahiru não está conseguindo passar, a tentativa vai ser conseguir pontos usando ataques um pouco mais indiretos. Limitem os cruzados e deixem que a linha de fundo lide com as paralelas.

A mulher parou por um momento e levantou os olhos para mim — Já que a nossa defesa parece estar com uma ajuda bem empenhada hoje. Aya trocará com a Emi para deixar a leitura um pouco melhor, já que deixaremos os ataques na direção da linha.

Respirei fundo e girei os ombros me alongando e secando o rosto com a toalha e cobrindo os olhos por um momento. O ginásio e a nossa torcida estava frenética por conta do set ganho, puxei a toalha do rosto devagar levando os olhos para as adversárias.

— Parece que as coisas não estão muito boas do outro lado. — Sora comentou esticando as duas pernas. — Aquela vagabunda está toda estressada

— Pode estourar as veias de tensão, não me importo. — respondi e continuei. — Se depender de mim, ela sai da quadra chorando hoje.

Sora abriu a boca por um momento e em seguida gargalhou a ponto de deixar a cabeça tombar para trás e seus olhos se fecharem. — Olha só, essa é nova, você é sempre tão educada e respeitosa com as pessoas.

— Bom, tenho que considerar quem está do outro lado, uma pessoa, não é? — me levantei. — Ela não merece nem esse título.

Minha amiga pareceu pensar e em seguida fez o mesmo, se levantando e entregando a toalha para Amano em seguida — Tem razão.

Passado o tempo entre sets, voltamos para a quadra e novamente Chie fez uma leitura perfeita da estratégia adversária. A Itachiyama começou a forçar os ataques pelos cantos procurando batidas no bloqueio e pontos por erro, Dan também mudou a rotação para eu ficar no fundo quando Mahiru estivesse atacando, dessa forma quando chegasse a minha vez de estar na rede, ela estaria na linha detrás.

O que acabava sendo uma vantagem porque a recepção dela é pífia.

Mahiru sempre achou que era uma grande estrela, iludida que tinha uma força absoluta, adotava a estratégia que muitos jogadores de força usam, a de evitar receber para atacar. A diferença é que esse tipo de jogador também sabe receber com maestria se necessário, coisa que não acontecia com a capitã adversária.

Considerando a quantidade de boas defesas que fiz, ela também tentaria ganhar um pouco dos holofotes tentando fazer o mesmo. Mesmo durante a pausa, foi possível ouvir os comentários dos narradores nos comparando e obviamente, por ter uma personalidade falha, Mahiru tentaria fazer a conversa virar sobre ela.

Estávamos com 12 pontos no placar quando fui para o saque a primeira vez, depois de duas rotações. Estava na hora de começar a elevar o nível das jogadas.

Recebi a autorização para o saque e me preparei, joguei a bola para o ar com as duas mãos e pulei girando o braço esquerdo para fazer o ataque. Não sei o quanto elas estavam preparadas para lidar com ataques canhotos, mas aquele primeiro ponto foi meu.

Limpei a mão no uniforme e ajeitei a minha camisa, aproveitando para puxar os fios grudados na minha nuca para cima, jogando os fios de cabelo para o lado antes de receber uma nova bola. Olhei as minhas opções e de novo saquei com a esquerda com força, forçando a movimentação. O saque foi mal recepcionado, e apesar da rapidez em se organizarem para fazer o contra-ataque, nosso bloqueio estava bem posicionado e conseguiu interceptar o ponto.

Sorri ao ver que Sora e Kei quase se bateram em animação pelo ponto, terminando a interação com a vice-capitã ralhando para a companheira de posição para prestar atenção nos próprios pés.

Com a bola para o terceiro saque ponderei se deveria manter com a esquerda ou apelar para a força mais uma vez. Virei para o banco e vi Chie fazendo um sinal conhecido, se a deusa da estratégia está falando apenas me resta escutar.

Mantive o saque com a mão esquerda abrindo mão da precisão para ganhar força, a recepção foi feita e Mahiru gritou do outro lado pedindo pela bola. Completamente cega não viu que o bloqueio montou uma armadilha deixando o caminho livre para Aya fazer a recepção.

Do fundo me preparei para atacar, recebendo o levantamento de Chiasa e ganhando o ponto no block-out, visto que a bola estourou no bloqueio delas e voou até a área dos jornalistas. Teríamos conseguido um quarto ponto, mas Sora acabou encostando na rede nos fazendo abrir mão de um ponto e claro que Keiko rebateu ao seu argumento anterior dizendo que ela não podia dizer nada sobre seus pés se não conseguia controlar as próprias mãos.

As conversas bobas pareceram tirar Mahiru ainda mais do sério, seu rosto estava completamente vermelho, sempre que tínhamos alguma interação ela cerrava os dentes e ficava ainda mais nervosinha.

Sinto um pouco de pena, por nós, esperamos por tanto tempo para esse confronto e estava sendo mais fácil do que imaginamos. Uma grande batalha com rallys intensos e uma enorme sensação de conquista ao fim, mas não aconteceu. Seria possível se o time do outro lado tivesse se esforçado em fazer algo realmente bom e não ser um laboratório de teste e clonagem de técnicas, mas Mahiru é o que ela é, uma cópia barata.

Foram apenas nos últimos pontos, quando as jogadoras começaram a deixar ela de lado e ignorar suas chamadas, que vimos alguma reação. Apesar de tudo, a escola era de elite e tinha boas jogadoras no time.

— Na esquerda! — gritei para Sora mover o bloqueio.

— Um toque, Aya!

A líbero correu para fazer a recepção, sendo seguida da levantadora que se posicionou para o passe.

— Hana-senpai!

O corte veio, mas foi defendido. A Itachiyama se organizou para atacar ignorando por completo a capitã, foi uma visão e tanto ver ela sendo chamada pelas jogadoras e sendo completamente ignorada. Passei a língua no lábio de leve e sorri, aquela era uma visão do caos.

Bati uma palma chamando a atenção das minhas garotas — Vamos acabar com esse set, é o nosso último golpe de misericórdia.

Todas se alinharam à minha posição apenas para, então, fazer a minha mágica, Aya recebeu no fundo e Chiasa se posicionou para levantar com um sorriso.

— É sua Capitã!

Corri paralela à linha da quadra, joguei os braços para trás e pulei, Mahiru estava na trajetória do meu corte, mas mesmo que ela conseguisse reagir não seria o suficiente. Seus olhos estavam desesperados, a raiva por ser incompetente passou e o que restou foi o medo.

Sorri sabendo que ela estaria na primeira fileira para ver meu ataque, curvei o braço e cortei com a mão esquerda a bola num ângulo estreito, batendo com velocidade poucos centímetros na frente de seus pés.

— Isso é vôlei de verdade — disse alto o suficiente na rede, olhando por cima do ombro com desdém para uma Mahiru atônita. Motivada pela raiva, ou pela frustração da derrota, a garota passou por debaixo da rede me dando um empurrão.

— De verdade? Vindo de uma falha como você?

Fiz um bico me virando de frente — Acabaram os argumentos? Os juízes comprados pelo seu pai não apareceram, seu time superior perdeu para o meu, agora eu sou a falha? Quantos pontos você fez mesmo?

Suas mãos pegaram a gola da minha camisa, nisso a confusão se instaurou com gritos vindo de todos os lados. Segurei ambos seus pulsos me inclinando para frente.

— Se você queria comprar briga comigo, devia ser melhor. — disse em seu ouvido e me soltei dando passos para trás. De imediato os juízes intervieram e Dan se colocou na minha frente bloqueando a minha visão.

Ergui as minhas mãos — Ela que atravessou a quadra.

— Eu sei, mas não piore a situação para seu lado.

Mahiru empurrou a própria treinadora e jogadoras com um grito e saiu correndo da quadra desaparecendo antes das formalidades. Algumas das jogadoras que ficaram, estavam profundamente envergonhadas e se curvaram em desculpas.

O jogo terminou com um clima tenso, mas uma vitória esmagadora. Alisei a minha camisa e afastei meu irmão e seu súbito instinto protetor, nos alinhamos na quadra e fizemos um agradecimento rápido para as adversárias que ficaram e em seguida nos viramos para a torcida. Porém, o grupo mais barulhento estava na lateral.

— [Nome]! Você está bem? Aquilo foi falta! — Kou gritou apontando para o outro lado.

— Tecnicamente o jogo já tinha acabado — me aproximei dos meninos do time. — Mas estou bem, ela só pegou a minha camisa, vou pedir para Hibiki-sensei providenciar outro uniforme, esse aqui deve ser queimado, quem sabe o tipo de mau-olhado que deve ter.

— Sorte que no próximo jogo vamos com o segundo uniforme — Sora disse do meu lado.

— Foi uma boa vitória, limpa — Washio levantou a mão para batermos. — Bom trabalho.

Comemoramos com eles, mas logo tivemos que nos afastar para dar lugar para o aquecimento dos garotos.

— Já estamos com a vaga — disse enquanto me afastava. Vendo no canto do olho um conjunto de casacos vermelhos aparecendo para ser os adversários do time masculino da Fukurodani. — Agora só faltam vocês!















N/a: Eu fiquei pensando muito numa vitória assim suada, mas no fim não fazia sentido. Pode até parecer anti climax, mas é a realidade, enquanto a [Nome] ficou se esforçando a Mahiru se apoiou em dinheiro e influência para conseguir  o que queria.

Então, porque esse jogo devia ser difícil? Na verdade foi um verdadeiro amasso da Fukurodani, pra humilhar mesmo.

Espero que tenham gostado!

Bora que está chegando o fimmmmmmmm (quase).

Obrigada por ler até aqui!

Até a próxima, Xx!

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