Vislumbre do Futuro




As férias de fim de ano começaram e com isso ganhamos alguns dias para aproveitar longe de quadras, responsabilidades e mudanças. Dan e Chie escolheram por não falar para o time a decisão de Misaki de voltar para a quadra num primeiro momento, Chie aconselhou a falar para as jogadoras titulares de maneira individual, se fizéssemos um grande alarde ou uma grande comemoração poderíamos colocar uma pressão desnecessária na levantadora.

Porém, essas conversas aconteceriam apenas depois do retorno. Misaki também tinha passado por alguns momentos com os técnicos e com Hibiki-sensei para entender suas motivações e vontades. Por fim, eles decidiram que realmente tudo estava bem para fazer essa volta.

No dia em que Misa anunciou sua vontade para mim, ela me disse que esteve falando com os pais por um longo período, que ver o resultado palpável do que conquistamos em notícias, ou até mesmo a minha entrada na Nittaidai foram essenciais. Foi com os resultados do grupo que eles enfim compreenderam que estar num time vitorioso abria muitas possibilidades. Além disso, também havia o apoio que Washio estava dando para ela na questão emocional.

Como amigas, sempre estivemos ali para ela, no momento que ela precisasse e sobre qualquer assunto, contudo, havia uma certa segurança que só alguém como meu amigo meio de rede poderia prover. Não tão diferente da minha relação com Kou, apenas mais assumida.

No primeiro dia que eles apareceram andando de mãos dadas para o almoço, Emi quase caiu para trás. Misa e Washio quando juntos tinham uma aura calma, era visível que eles se apoiavam e genuinamente encontravam na presença do outro um conforto. Ele a tratava com uma delicadeza que geralmente não se esperaria, não era incomum o ver carregando a bolsa dela pelos corredores ou aparecendo com pequenas coisas que ela mencionava em conversas como uma caneta nova ou uma presilha nova.

As mudanças no relacionamento dos dois também trouxeram outros questionamentos, pelo menos para o meu lado.

— [Nome], você queria que fosse mais como o Washio?

Kou realmente tinha uma habilidade para jogar perguntas complicadas no meu colo como se não fosse nada. Essa em particular veio num sábado sem treino em que nos encontramos para correr num parque.

Apertei sua mão puxando de leve seu braço em minha direção — Não. Washio é Washio, e você é você. O que te faz perguntar isso?

— Não sei, é diferente. Os dois são fofos juntos, e eu estou feliz pelos meus amigos, realmente estou. — Respondeu olhando para frente sem filtrar muito os pensamentos. — Mas quando penso em nós, estamos sempre competindo e fazendo apostas.

— Casais são diferentes, pode ser que nós juntos temos uma energia um pouco mais caótica, mas não quer dizer que é ruim. Funcionamos assim, nós temos colares combinando, você me deu um lacinho de cabelo, trocamos joelheiras. — Comecei a listar as coisas que eram nossas. — Não precisa levar a minha bolsa quando posso simplesmente pegar uma carona nas suas costas.

O capitão parou de andar e sorriu — É acho que você está certa. — Em seguida, ele levantou a mão livre com o indicador levantado. — Mas, se tiver algo que você quer que eu faça, precisa me dizer, combinado?

— Sim. — também parei acompanhando seu movimento e então me virei de frente para o garoto levantando a mão para seu rosto, frio pela temperatura matinal. — Só que para ser bem honesta, você é perfeito para mim.

Seu sorriso se alargou e então Koutarou olhou para os lados antes de aproveitar a proximidade para me beijar.

Estava frio, mas o sol brilhava mais que nunca.

Nos alongamos na lateral da pista, com alguns empurrões tentando desequilibrar o outro e seguimos o curso do parque tranquilamente. Não era para ser nada parecido com um treino, apenas uma tentativa de se movimentar durante essa nova pausa, afinal também não podíamos correr o risco de nos machucar fazendo algo, além disso.

A manhã estava tranquila, ainda tinha aquela neblina fraca, um tom esbranquiçado que vinha com o nascer do dia apesar do céu azul. Ao redor estávamos as pessoas frenéticas para chegarem em seus compromissos naquele sábado ou fazer compras para o fim do ano.

Depois da corrida resolvemos parar numa padaria para pegar café da manhã, parecia um lugar famoso, pois tivemos que esperar um pouco para conseguir um lugar. Sem grandes exigências, pegamos qualquer coisa que não quebrasse tanto assim nossa rotina alimentícia e estivesse quente.

Tirei as luvas e coloquei no canto da mesa — Está quentinho aqui dentro e tem cheiro de caramelo.

Kou colocou a bandeja na nossa frente — Ah, e esse o cheiro que eu estava tentando descobrir. Parece gostoso, acho que uma das minhas irmãs já falou sobre, mas nunca vim.

— Como que você lembra de um lugar que alguém só mencionou? — puxei o meu copo com uma bebida quente na minha direção.

— Foi porque ela disse ser bom — respondeu. — Quer dividir tudo? Assim conseguimos comer dos dois.

Balancei a cabeça afirmando, vendo ele abrindo pacote por pacote e cortando com uma faca de plástico. Cada um de nós acabou pegando um salgado e um doce para experimentar além das bebidas.

Enquanto olhando para o lado de fora, pela janela, vi uma garota passando com o uniforme da Nittaidai. Tinha chuteiras penduradas na bolsa, então imaginei ser alguém do time de futebol da escola.

— Já escolheu qual universidade vai tentar entrar depois da Fukurodani? — perguntei e então dei uma explicação quando a confusão tomou seu rosto — Vi alguém passando com o uniforme da Nippon Sport.

Kou virou a bandeja para que ambos conseguíssemos pegar. — Não olhei, mas qualquer uma com um bom time de vôlei. Acho que vai depender de até onde vamos chegar no nacional para receber convites ou não.

— Não quer seguir profissional? — alcancei metade da minha escolha salgada a trazendo perto da boca. O garoto que também havia mordido seu pedaço fechou os olhos e cruzou os braços pensando antes de responder.

— Querer, é bem diferente de conseguir. Não sei se tenho uma resposta, mas preciso me formar de qualquer jeito, não? Se vão me olhar depois vai depender dos meus resultados, mas seria divertido — seus olhos voltaram a se abrir o sol os iluminando e deixando mais claros. — Imagine nós dois jogando no time nacional!

— Parece com um sonho — bebi do meu copo franzindo quando percebi ainda estar quente demais. — Mas provavelmente vamos nos ver bem menos do que agora, sabe... Não tem como eu invadir o treino masculino do time nacional.

— É verdade — respondeu com a bochecha cheia. — Provavelmente vamos nos ver pouco depois da escola. Não sou inteligente o suficiente para entrar na Nittaidai.

Um riso veio na minha boca, lembrando que Keiko também havia dito algo similar anteriormente. Apesar de ser um pensamento um pouco longe, também era um pouco amargo.

— Já sei! É só passarmos o maior tempo possível juntos até o fim das aulas, assim podemos acumular para o ano que vem. Tenho certeza que vamos dar um jeito — sua mão alcançou a minha em cima da mesa, seus gestos e rosto cheios de um sentimento de conforto. — Prometi que ia te esperar, isso vai parar além do colegial [Nome].

Kou se inclinou um pouco para a mesa, falando também numa voz mais baixa. — Você também é perfeita para mim, então acho que somos perfeitos juntos.

Se eu já soubesse que estávamos no caminho para nos oficializarmos namorados, eu teria explodido ali naquele momento. Não tinha intenção de flerte na sua fala, e é justamente por esse motivo que se provava ser tão eficaz. A sensação gelada que estava nas minhas bochechas sumiram, e fui obrigada a cobrir meus olhos com um pouco de vergonha pela declaração. No fim, ele realmente era irmão das irmãs dele.

Nossos dedos se entrelaçaram sobre a mesa, e uma sensação engraçada envolveu a boca do meu estômago.

— Sabe, você realmente é um Ace — limpei a garganta. — Em todos os sentidos.

Koutarou riu e puxou a mão que estava segurando para perto do rosto, a mesa para duas pessoas era pequena e estreita a ponto de nossas pernas até se tocarem embaixo dela. Era fácil puxar meu braço em sua direção. O garoto apoiou o rosto nela e sorriu.

— Não entendi o que quis dizer, mas é claro que sim. — A mão livre alcançou um outro pedaço solto na bandeja e veio na direção da minha boca. — Agora come, precisamos voltar em breve, prometi para seu irmão que íamos assistir a um jogo juntos.

— Dan? — mordi o que ele me estendeu.

Ele balançou a cabeça negando e em seguida mordeu em cima de onde estava a marca dos meus dentes. — Tom. Quando eu disse que não entendia muito de futebol, ele disse que ia me ensinar.

— Quer dizer que você vai ficar na minha casa? — questionei.

— Não — respondeu —, não agora. Eu vou voltar para a minha, avisar minha família e depois voltar para sua casa. Aprendi minha lição da última vez que saí sem avisar.

O capitão parecia orgulhoso pelo próprio plano, e fazia sentido se pensar que da outra vez ele ouviu por um bom tempo o quanto foi irresponsável.

— Explica o porquê minha mãe estava de bom humor quando eu disse que ia sair para correr com você.

— Ela gosta de mim? — perguntou de novo, retornando ao modo cheio de energia.

Gostar era uma palavra fraca, ela adorava, com ele por perto o medo dela de eu acabar sozinha numa casa com quinze gatos ia embora e o que restava era uma fantasia repleta de casamentos e de netos.

— Não imagina o quanto — mantive a explicação para mim, aquele tipo de conversa era algo a ser guardado para o futuro.







N/A: Obrigada por ler esse momento fofinho até aqui!

Até mais, Xx!!

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