The Phoenix
— Que tipo de coisa fica fazendo quando eu não estou olhando? Podia ter acontecido algo de ruim com você!
Daniel estava com uma mão na testa e a outra na cintura, seu pescoço estava vermelho por conta do sentimento borbulhante de indignação.
— Apesar de sua reação fazer meu coração derreter, alguns pontos: não estava sozinha, a escolha não foi minha e a culpa é dele — apontei para Makoto que foi obrigado a comparecer a pequena reunião que eu e Sora pedimos com os líderes do clube de vôlei.
Makoto estava com os braços cruzados, olhos fechados e girava a cadeira da sala num ritmo irritante enquanto os mais velhos comentavam em cima do relato que dei junto de Sora, sobre o acontecido.
— A questão maior não é ver, ou encontrar com Mahiru — Chie tomou a palavra —, mas as pessoas envolvidas em tudo isso. Se as coisas darem errado, [Nome] não terá só as chances roubadas, a oportunidade não existirá. Nem para ela, nem para qualquer participante do clube de vôlei da Fukurodani.
— Chie está certa — Hibiki-sensei cruzou os dedos embaixo do queixo —, posso entender seus sentimentos Makoto-kun. Mas não posso ignorar a imprudência envolvendo as alunas, menores de idade da escola. Embora eu imagine que não tenha feito nada de imprudente.
O antigo capitão se ajeitou na cadeira, arrumando a postura e apoiando ambos os cotovelos na mesa.
— É claro que não — respondeu quase ofendido — Era um treino aberto. Qualquer um poderia ver, o pior que poderia ter acontecido era [Nome] acertar Mahiru. Felizmente nossa capitã é bem sensata nessa parte, e não concluiu a agressão. Por mais que fosse merecida.
Juntei as mãos tamborilando os dedos nervosamente, quieta, Sora que estava sentada ao meu lado também não parecia ter nada para dizer.
O estudante de jornalismo assumiu uma postura mais séria — Sei que parece que não, mas estou sendo cuidadoso com tudo que estou fazendo. Meu objetivo nunca seria prejudicar a escola em que me formei, uma amiga, ou o esporte que eu amo. Se algo acontecer, eu serei o único culpado. O ponto é que [Nome] precisava ver com os próprios olhos o que a Itachiyama, ou melhor, a Mahiru, anda aprontando.
— Ah! — Dan jogou os braços para cima — Tem mais essa, como ela ousa tentar copiar seu ataque, aquele que estamos aperfeiçoando há mais de um ano. Sempre a odiei, é isso.
Balancei a cabeça sabendo para onde aquela conversa ia, meu irmão colocou as duas mãos apoiadas na mesa olhando diretamente nos meus olhos.
— Eu te disse, anos atrás, que não gostava dela, e olha que só a vi uma vez.
— Me trancasse em casa, então — retruquei, sustentando seu olhar com desafio — o que queria que eu fizesse? Apenas ignorasse a pessoa que era minha capitã no fundamental? Que arrumasse uma briga ainda maior? Falar agora é fácil Daniel.
Tomei fôlego e então disse o que estava entalado, chegando a levantar e manter a mesma posição que ele. As mãos trêmulas espalmadas na mesa enquanto a voz aumentava.
— Garanto que não tem ninguém mais frustrado nessa sala do que eu. Foi a minha vaga no acampamento nacional, foi o meu destaque no fundamental, é o ataque que eu desenvolvi treinando sem parar. Mas o que você quer que eu faça? — ergui a mão por um momento, fechando ela em punho e soltando novamente quando os nós dos dedos se tornaram brancos, junto de um suspiro cansado.
— Eu não posso mudar o que já aconteceu, não posso meter a mão na cara dela, não posso gritar para o mundo o que aconteceu, espernear, nem mesmo falar — um riso sarcástico deixou a minha boca quando parei para respirar. — Pela minha reputação, pela reputação da escola, pelo time e o trabalho que você está fazendo a todos esses anos.
— O que [Nome] quer dizer é que sabemos que não vamos conseguir sair dessa por conta, não é só algo que está relacionado com o que acontece na quadra — Sora veio ao meu resgate evitando a situação de sair um pouco do controle. — Já sofremos com a birra de Mahiru, não podemos deixar isso escalar mais.
— Não só nós, considerando o que ela fez com a Johoku ano passado — disse finalizando o assunto. Passei as mãos nos cabelos e anunciei — Preciso tomar um ar.
Não esperei uma resposta ou uma permissão para sair da sala de reunião, bati a porta atrás de mim e percorri os corredores vazios da escola sem olhar para trás, desci as escadas e deixei meus pés me levarem para qualquer lugar.
Por algum motivo acabei no campo de futebol. Tinha alguns alunos por ali, seguimos para o fim do das férias de verão, então é normal que muitos times ainda estejam aproveitando para treinar. Nós mesmas estamos fazendo isso, visto que nosso acampamento de treino já aconteceu. O time liderado por Shuuya parecia ter terminado pelo dia uma vez que a maioria dos garotos começou a ir embora.
Com os dedos segurando a grade mirei a grava verde do campo refletindo um pouco sobre o que havia acontecido.
Eu entraria em conflito Mahiru quantas vezes fossem necessárias, abaixar a cabeça para alguém que é miseravelmente inferior a mim não é uma opção há muito tempo. Isso não quer dizer que não sinto raiva quando os fantasmas do passado sopram palavras venenosas no meu ouvido e fazem surgir no peito os resquícios dos sentimentos daqueles dias.
Abaixei a cabeça colando a testa na grade, travando os dentes em seguida. Me afastei, soltando a mão em seguida, deixando as minhas pernas me levarem para longe mais uma vez, cada canto da Fukurodani parecia sufocante.
Antes que pudesse perceber comecei a correr, os mesmos caminhos que trilhamos desde o primeiro ano e que corremos incontáveis vezes pareciam mais estreitos e infinitos. Não havia nada atrás de mim, nem um tempo para bater, e mesmo assim eu estava correndo como se não houvesse amanhã. Como se fosse a única maneira de me livrar de todas as sombras presas nos meus pés, sendo que há muito tempo eu havia saído delas.
A súbita corrida, forçando meu corpo ao máximo que eu podia, me fez arfar por ar suprimindo a vontade de gritar, mas não aliviando a raiva de querer seguir em frente em não conseguir. Eu não sou um monte de cinzas amontoada de uma vontade que queimou tudo que tinha, uma de mim morreu para outra poder nascer mais forte e essa força continua presa numa gaiola sem poder fazer muita coisa.
Diminuí o passo com um gosto amargo e um sorriso distorcido no rosto, de nada adianta ser forte se não existe liberdade.
Apoiei as mãos nos joelho completamente exausta, arfando a ponto de sentir a garganta ardendo, fios de cabelo estavam grudados no meu rosto e eu não conseguia diferenciar o que era vestígios de lágrimas e suor. Levantei a barra da camisa e sequei o rosto sem me importar com a mancha que ficou marcada.
Respirei fundo, e olhei para o céu por um momento, então vendo que eu havia parado ao lado do ginásio masculino.
— Não importa as sombras, todos os caminhos me fazem voltar para o sol — sorri e coloquei a mão na parede do prédio. Sabendo que hoje ele estava vazios e seus habituais residentes estavam bem longes dali.
Com a mente clara, e objetivos bem definidos, voltei para a sala de reunião, onde o clima estava um tanto quanto tenso. Sora quase suspirou de alívio quando me viu e as cabeças se viraram para mim, Hibiki-sensei sendo aquele que puxou a primeira fala.
— Parece que você chegou a uma conclusão capitã.
— Sim — me apoiei na ponta da mesa —, primeiro... Daniel, não é porque você é meu irmão que você pode ser um completo babaca, você também tem muitos erros na bagagem de vida para falar de mim.
— Culpado — ele levantou a mão ciente que disse coisas que não deveria —, desculpe.
— Segundo — olhei para o outro lado da mesa —, Makoto. Não quero saber de guerras políticas fora das quadras. Você tem seu objetivo, eu tenho o meu, eles estão ligados, mas meu foco é o campeonato, você consegue se virar com o restante.
— Imaginei que diria algo como isso — o antigo capitão concordou —, estou ansioso para saber o que será a terceira.
— Chie — chamei a treinadora Atena —, o que nós precisamos fazer para ganhar?
— Oh — a mulher cruzou os braços e sorriu com um tom de desafio —, dizer "o que precisamos", e não "o que podemos" pode ser perigoso para alguém como eu.
— É exatamente isso que você entendeu — respondi e ajeitei a minha postura e coloquei a mão na cintura —, está na hora do Dan tirar umas férias.
— Parece mais que você está me colocando de lado — reclamou o treinador principal.
— Considere seu castigo por ser malvado comigo — dei de ombros e ignorei sua careta —, precisamos de Chie e toda sua sabedoria para ganhar. Se você nos deixar mais fortes, viraremos um time de fisiculturistas.
Sora riu e virou o rosto — Aki pensou algo como isso no nosso primeiro ano.
Minha cunhada se levantou e colocou a mão no ombro de Dan — Você fez um bom trabalho, mas está na hora dessas garotas pararem de lutar como bárbaras e começar a usar mais a cabeça.
— O que você quer dizer com isso? — meu irmão levantou o olhar — Elas não jogam como bárbaras!
— Limpe os ouvidos querido, não foi o que eu disse. Essas garotas estiveram lutando com mais coisas do que os adversários em quadra. Técnica, força, espírito em jogo, e psicológico fora dela. [Nome] está certa quando diz que não vai se envolver com o que não precisa, foco no objetivo também é importante.
— Eu não sei se eu particularmente gosto do modo que está falando isso.
Suspirei altivamente — Pare de agir como uma criança Daniel, descanse um pouco seus ossos velhos enquanto ficamos com Chie um pouco.
— Ou melhor — Sora chamou a atenção —, parece que o time masculino pode fazer bom uso dos seus dons de treinamento. Pelo que ouvimos eles andaram saindo da linha na comida durante as férias.
— O que?! — Dan se levantou — Eu trabalhei tanto para construir os músculos daqueles cabeças de vento! Claro que podemos afrouxar um pouco, com moderação tudo pode ser consumido, mas sair da linha é fora da cogitação.
— Já tem o que fazer então Treinador Esparta — Sora finalizou, algo em sua voz dizia para mim que a vice-capitã estava esperando por esse momento já há algum tempo. Pois a feição em seu rosto tinha algo de vitorioso.
Bom, a boca grande de alguns deles — falando diversas vezes que queriam o nosso treinamento —, trouxe isso.
Chie pegou a intenção no ar, e servindo de apoio para Sora, bateu no ombro de Dan e disse.
— Se divirta.
N/A: Capítulo intermediário pra entrar num breve treino e então as eliminatórias de Tóquio. Passadas as eliminatórias Karasuno vem aí.
Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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