Retorno



Depois de uma semana, nossa folga acabou e novamente me encontrei no ginásio das garotas me preparando para mais um dia de treino. As férias foram bem aproveitadas, mas estava com saudades.

— Lar doce lar! — Kei entrou na quadra de braços abertos. — Já estava sentindo meus músculos indo embora por conta do tempo parado.

— Eu não acho que eles desaparecem em tão pouco tempo assim — Hana comentou. — Devemos fazer um circuito apenas para você?

A meio de rede travou e virou de costas, flexionando ambos os braços — Não, nem um pouco. Ainda estou forte.

Balancei a cabeça — Vamos descobrir quando fizermos as medições, se os números estiverem mais baixos do que a última vez... Bom, não podemos imaginar o que Dan vai fazer.

Keiko congelou, pavor em seus olhos, então sua cabeça se virou na minha direção. Em segundos a garota estava na minha frente com as mãos nos meus ombros balançando.

— [Nome] comece o treino logo, o que devemos fazer correr? Pular? Flexões?

Sora passou por nós dando risada e provocando — Vou orar pela sua alma, Sayu vai ser uma boa companheira de posição depois que você se for.

Um grito fino deixou a boca de Kei — Estou ferrada!

— Como eu senti falta disso — Emi riu e veio me resgatar. Ela deu um cutucão na cintura de Kei e então a empurrou. — Se você não seguiu os treinos para fazer em casa, é sua própria responsabilidade, agora mantenha a capitã viva, essa só temos uma.

— Emi, você vai visitar meu túmulo? — minha amiga abraçou a líbero pelos ombros, praticamente se curvando sobre ela, uma vez que a diferença de altura era grande.

— Céus — emir revirou os olhos —, você não vai morrer. Misa, algum dado de probabilidade para ajudar nossa meio de rede dramática?

Misaki, como sempre, estava frequentando os treinos, apesar de ainda escolher se manter longe dos jogos. Aos poucos, muito com a ajuda de Washio, ela estava voltando a ganhar confiança. Nossa primeira levantadora colocou a mão no queixo e pensou.

— Treinador Dan não fez nada nem quando acertamos o saque no rosto dele — levantou o dedo. — Kei deve ficar bem, é só continuar treinando.

No fim era mais um dia comum, elas nunca mudaram. Me aproximei das mais novas, as cumprimentando também e trocando algumas palavras. Com as titulares e também aquelas que nos apoiavam da arquibancada, a nova geração de jogadoras da Fukurodani estava bem encaminhada. Com os anos criamos uma cultura para o time feminino que estava enraizada nos treinos e perpetuando pelos corredores do campeonato, criamos um estilo de jogo e um mito.

Se no primeiro ano, a eu de agora chegasse e falasse que ia dar tudo certo, certamente não acreditaria, mas suponho que evolução seja sobre isso. Continuar tendo a certeza do sucesso, é fácil, a dificuldade é quando continuamos sem ter perspectiva. Apenas acreditando.

— Olha só, todas nossas espartanas já estão aqui — Dan entrou na quadra ao lado de Amano e Chie. — Tudo isso é vontade de treinar?

— Encarar seu rosto por horas é que não é — cutuquei em voz alta.

Meu irmão cerrou os olhos na minha direção enquanto Chie virava o rosto para esconder uma risada.

— Bom saber que está em bons ânimos, capitã — rebateu com uma careta. — Antes de começar, vamos passar algumas informações sobre o Torneio de Primavera, venham todas aqui.

Nos organizamos nos degraus do ginásio e esperamos ele puxar sua amada lousa branca e canetas para o centro, enquanto isso Amano tirou uma pilha de folhas da mochila e entregou uma parte para Chie. Agradeci quando nosso gerente passou por mim e mirei as informações na folha.

— Permissões? Para o quê? — perguntei.

— Apesar do torneio ser sediado em Tóquio, não podemos ter vocês indo e voltando para casa todos os dias. São autorizações para estadia e viagem, a escola alugou quartos em hotéis para ambos os times próximos às imediações do ginásio. É mais confortável e lógico manter os times nas imediações.

Virei as folhas, olhando as informações, parecia juntar dados de ambos os times, tinha todas as divisões de quartos e andarem além de agendas detalhadas. Antes dos jogos começarem, teria uma reunião entre capitães e técnicos, onde todos deveriam comparecer. No dia seguinte uma cerimônia de abertura e alguns jogos. Por termos ganho a primeira vaga nas eliminatórias da província, viramos cabeça de chave. O que significa que nosso primeiro jogo seria apenas no segundo dia.

— É uma agenda apertada, olha a quantidade de jogos no segundo dia — Sora comentou.

— Não é conhecido como o dia infernal à toa.

Dan terminou de escrever na lousa — Realmente, nosso cronograma está todo aí, todas as partidas até a final. Só precisamos ir preenchendo com aqueles adversários que passaram. Ainda não está pronto, mas nós — ele apontou para si, Chie e Amano. — Fizemos uma análise complexa e completa de todos os times que estão participando do torneio.

— Todos? — Hana questionou. — Todos, todos mesmo? Não são tipo, uns sessenta times.

— Não precisa agradecer — Dan fez uma careta e em seguida respirou fundo. — Em nome da comissão técnica de vocês, digo que entender nossos adversários é o primeiro passo para uma vitória. Estamos na lateral ajudando, não podemos fazer muito dentro da quadra.

Chie colocou a mão no ombro do treinador e então tomou a frente da conversa — Queremos ganhar tanto quanto vocês, só não falamos com frequência. Vamos fazer tudo que podemos para minar o time de informações. Não podemos pensar que o título vai para aquele time que merece mais, é diminuir o esforço e a história que não conhecemos. O que podemos pensar é que o título vai para o melhor, é nosso trabalho colocar a Fukurodani nessa posição.

Dan olhou para a namorada dele com certa admiração, e quando nossos olhares se cruzaram meu irmão ficou ligeiramente vermelho e então limpou a garganta.

— O que não se conquista apenas com informação, é um equilíbrio. Comecem a se alongar e vamos para o treino, as autorizações devem ser preenchidas e entregues até o fim da semana. Entendido?

O time concordou e então voltamos a nossa rotina usual, o torneio seria no começo de janeiro, ainda tínhamos cerca de um mês para ajustar quaisquer erro ou técnica e então era realmente o começo da nossa última chance. Ao menos a última chance daquelas que começaram.

Aquelas que viriam depois poderiam continuar tentando, de novo, e de novo. Trocando o ciclo de tempos em tempo. Parte de mim fica feliz de ter colocado a escola num patamar onde deixar o time morrer novamente não é uma opção, essa vitória já temos, mas queremos mais.

Diversos pensamentos rondam a minha mente durante o aquecimento, andei com passos lentos para o meu lugar no fundo da quadra, onde iria começar uma partida, e eu estava no saque.

Queremos o ouro, a honra, a glória.

Bati a bola no chão duas vezes e me preparei para o saque a jogando para cima, meu braço fez o giro e o único som que ecoou depois disso foi a bola batendo no fundo da quadra adversária marcando o primeiro ponto.

Não aceito ir embora com nada menos do que o topo.








N/A: Última atualização de 2024, gratidão por acompanhar essa história durante o ano!

Obrigada por ler até aqui.

Até mais, Xx!!

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