Ready, Set, GO!
* itálico, diálogo em inglês *
— É bom estar em casa.
— Como foi a viagem de volta — perguntei dando espaço para meu pai passar com uma parcela das malas.
— Longa — o mais velho deu um beijo no meu rosto.
Parada na porta vi o restante da família também sair do carro. Meu pai seguiu o olhar comentando em seguida — Ele não está muito feliz com a decisão.
— Posso imaginar que não — respondi vendo Thomas descer do carro. Dan e minha mãe também se organizavam para colocar tudo para dentro da residência, antes de partir o antigo quarto de Daniel foi esvaziado aguardando pelo novo dono chegar.
Tom estava bem mais alto do que a última vez que nos encontramos, com 15 anos menos de um palmo de diferença nos separava. Os cabelos loiros eram alguns tons mais claros do que os de Dan e os olhos ainda mais verdes. Um dos braços estava engessado, o rosto tinha feridas do acidente e também uma mancha roxa próxima aos olhos.
Não faria nenhuma diferença ficar olhando de longe então após colocar calçados saí para ajudar com as bagagens. Minha mãe me cumprimentou com um abraço e Dan também, esse parecia bem mais magro e cansado, para Tom dei um meio sorriso e afaguei suas costas ajudando ele a pegar a mochila com a mão livre.
Ele resmungou um agradecimento e abaixou a cabeça andando em direção à casa. Com seis pares de mão as bagagens foram levadas num instante e logo depois disposta nos cômodos dos seus respectivos donos.
Menos Dan que deixou a mala na sala enquanto se jogava no sofá, ele cobriu os olhos com o braço e respirou fundo. Ambos meus pais estavam no andar de cima falando com o novo morador da casa.
— Vai dormir se continuar assim — cutuquei o mais velho.
— Acredite, dormir é o que eu mais quero — ele levantou o braço pra me encarar — como estão as coisas por aqui?
Cruzei os braços sobre as costas do sofá me apoiando — Defina o seu por aqui, se for aqui em casa quem devia me dar uma resposta é você.
— Com o meu time pirralha.
— Quer dizer meu time não é? — corrigi e tendo como resposta um longo bocejo — Chie liderou os treinamentos normalmente e Hibiki-sensei está nas últimas negociações de acampamento de verão.
Dan se sentou e colocou as mãos na cabeça bagunçando ainda mais os cabelos — Desculpa, por não estar lá.
Antes que eu percebesse a palma da minha mão já tinha acertado sua nuca fazendo ecoar um estampido alto e agudo.
— Você é idiota ou o quê? Estando com a sua cara feia do lado da quadra ou não, teríamos perdido então não fale bobagens como essa novamente. É a sua família.
— Droga [Nome] — Dan esfregou o pescoço que agora tinha em relevo a marca perfeita de quatro dedos.
— Mal voltamos e já estão no pescoço um do outro? — minha mãe desceu as escadas com a mão apoiada no corrimão, um sorriso cansado estava em seu rosto. Também um reflexo das últimas semanas intensas.
Por sorte, a campainha tocou me salvando de dar uma resposta para a mais velha. Nunca fiquei tão feliz em ver Chie, minha cunhada me cumprimentou com um pouco de desconfiança, mas descobriu o motivo da minha felicidade quando viu a marca vermelha em Dan.
O clima no geral ainda estava um pouco estranho, mas Tom parecia melhor do que quando chegou. Alguns documentos ainda precisavam ser acertados, porém, meu novo irmão teria que terminar a escola aqui no Japão. O que potencialmente pode ser um problema, uma vez que não fala nada de japonês.
— Fukurodani tem um sistema de intercâmbio. Falei com Hibiki-sensei e ele vai ajudar a encaixar você — Dan disse — alunos de intercâmbio frequentam a aulas e a tarde têm um curso de idiomas para participar.
— Eu não sabia disso — comentei esticando o braço e pegando mais um pedaço de pizza, ignorando os olhares dos meus dois treinadores.
— Geralmente os alunos vem mais para o fundamental, já que o médio é um pouco mais decisivo em suas carreiras — me respondeu —, ainda vai levar algo em torno de um mês.
Thomas não parecia muito animado — Não se preocupe tanto Tom, Fukurodani é considerada uma escola de prestígio, a maioria dos alunos tem uma base de conhecimento em idiomas.
O chamei tentando o ajudar — Pelo menos os meus filhotes no primeiro ano sabem. Hibiki-sensei consegue mexer alguns pauzinhos para conseguir uma cadeira na sala da Naoki e do Amano não consegue?
— É uma boa, vou falar com ele.
— Filhotes? — Tom perguntou, pela primeira vez parecendo interessado em algo. Por mais que tivesse uma careta no rosto.
Algum tempo o time de vôlei foi o assunto que tomou a mesa, pelo menos as histórias serviram para entreter um pouco o garoto e o deixar mais a vontade com sua nova família.
Por conta da viagem não demorou muito para que todos se recolhessem, no fim, fui a última a ficar acordada. Sem sono, porém feliz de estar de volta a minha casa fiquei no quintal junto de uma bola de vôlei fazendo toques simples e deixando a mente divagar conforme a esfera subia e descia.
Era um pouco mais das 10 horas da noite que ganhei uma companhia.
Silenciosamente Tom se aproximou se sentando nos degraus, continuei jogando a bola para cima. A noite estava silenciosa, não havia nuvens no céu apenas uma lua solitária.
— Não consegue dormir? — questionei dando um passo para trás a fim de pegar um toque torto.
— Não, apesar de estar mais cansado do que nunca — Thomas respirou fundo apoiou o braço engessado no joelho. — Lembra quando foi pra Inglaterra, no último ano de fundamental?
Segurei a bola nas minhas mãos, olhando as tiras amarelas e azuis. Claro que eu me lembro, foi quando toda a situação com Mahiru aconteceu. Fazia quase 3 anos.
— É um pouco difícil de esquecer — me virei para o garoto e andei até os degraus me sentando ao seu lado.
— Como conseguiu?
— Eu já estava lá, não tinha muito mais o que fazer senão me dedicar — expliquei —, foi uma escolha que não tinha volta. É também a minha vontade de esquecer tudo que aconteceu antes.
Ele não respondeu apenas me escutou.
— Não vou ser hipócrita em dizer que sei o que está passando, eu posso imaginar vagamente baseado nas próprias experiências. O que posso dizer é que você não é um estranho aqui, e não tem culpa do que aconteceu — coloquei a mão no seu ombro. — Vai ser estranho se adaptar, será difícil. Recomeçar é sempre mais desgastante do que continuar, só que você não está sozinho. Como filha da minha mãe, garanto que ela vai perceber se tem algo errado antes mesmo de você se dar conta.
Tom riu — Dan me avisou, é realmente assim?
— É assustador, mas também reconfortante. Posso te contar um segredo? — Thomas balançou a cabeça dizendo que sim.
— Sempre quis um irmão mais novo.
O garoto virou o rosto envergonhado e eu me levantei rindo, voltando a jogar a bola para cima, ajustando a altura para que nos meus olhos ela ficasse exatamente sobreposta a lua nova.
— É um bom momento para recomeços — dei um toque mais forte — isso serve para todos nós.
N/A: Último intermediário, prometo! Já vamos entrar na rotina de treinos de novo.
Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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