Princesa de Esparta




Em algumas semanas tudo pareceu virar de cabeça para baixo, inclusive Hibiki-sensei, estar planejando aulas e cuidando de ambos times de vôlei da Fukurodani pareceram deixar os fios de cabelo na sua cabeça ainda mais brancos. Apesar de sempre estar com um sorriso no rosto, o mais velho estava visivelmente cansado.

Num certo dia, depois do treino comum, o professor entrou no ginásio e aguardou pacientemente as orientações dos treinadores acabarem. Só então se levantou e anunciou que a data do amistoso com a Universidade Japonesa de Ciências do Esporte, havia ganho uma data. Aquela foi a primeira vez em algum tempo que vi Dan surpreso. Aparentemente, a confirmação viera ainda no meio daquela tarde, enquanto estávamos treinando diligentemente na quadra.

Foi depois disso que nossa rotina ficou frenética.

Para todas parecia que as motivações de Dan eram simples, querer ganhar, mostrar a força das espartanas ao seu comando. Contudo, o coração mole do meu big bro, pendia para outra motivação, uma talvez dita mais egoísta. Foi necessária uma longa conversa em família para ele entender que "a chance" era algo que somente eu podia ganhar. Com Chie de um lado e minha mãe do outro, o filho mais velho da família ouviu, e ouviu, sobre ter cuidado em projetar seus sentimentos em outros. Por mais que ele quisesse me fazer parecer bem para o treinador Zayasu e sua comissão, devia priorizar o time.

A notícia do jogo com a Nittaidai, desencadeou uma série de eventos. Desde Makoto ganhando uma permissão para cobrir o encontro, até colocar os pais com dúvidas sobre o futuro em silêncio. O discurso de dar mais atenção aos estudos, do que um clube esportivo repentinamente mudou para um de aproveitar as oportunidades. Chega a ser estranho como um simples nome pode mudar tudo, até alguns capitães de clubes que via apenas em reuniões, vieram nos parabenizar.

Os únicos que levaram a novidade com tranquilidade, foram os garotos do time masculino. Nas palavras deles, não tem nada de estranho entre um time forte encontrar outro time forme para treinar. Ainda que a primeira reação das minhas garotas fora jogar uma série de palavras espinhosas neles, depois de algumas explicações, foi como estar afogando e ganhar mais alguns metros para respirar. Apesar de parecer que não, a atmosfera no geral estava criando uma pressão desnecessária em cima de mim e das jogadoras.

Foi com esse pensamento em mente, que os times resolveram se reunir no domingo prévio a semana do jogo. Assim como nos anos passados, havia um parque de diversões itinerante passando pela cidade, um dia sem preocupações devia ser o suficiente para colocar os corações jovens sob controle.

— Traz lembranças — Sora comentou, olhando para os lados e também analisando o ambiente com calma. — A estrutura melhorou bastante desde o ano passado.

Pessoas iam e vinham de todos os lados, jovens, adultos, crianças, famílias completas. Risada e conversas preenchiam o ambiente e ainda na entrada era possível ver novas atrações.

— Parece ser o caminho natural — puxei a manga da jaqueta jeans e olhei o relógio. Ainda estava cedo, em relação ao horário marcado. Excepcionalmente hoje vim acompanhada apenas de Tom. Aki e Kou viriam juntos após deixar o pequeno Yusuke com a italiana e o gato preto.

— Espero que ninguém tente nenhuma gracinha — completei em voz alta. Konoha e Komi que já estavam por ali ergueram os ombros, completamente culpados.

— Ainda tenho pesadelos — disse o líbero. — Sonhei com a capitã correndo atrás de mim com uma bola de vôlei algumas vezes.

— Merecido — rebati. E pelo canto de olho mirei a terceira cabeça participante do esquema do primeiro ano. — Não pense que não estou te vendo Emi, ainda que encolha os ombros, parece que tem uma seta em cima da sua cabeça.

A líbero ajeitou a postura saindo de trás das gêmeas Chiasa e Chizue, ela juntava as mãos nervosamente encarando para o chão. — [Nome] você não pode apenas esquecer isso? Já tivemos o castigo, físico e psicológico.

— Não estou fazendo nada — balancei a mão —, só dando um aviso. Não queremos nada como o que aconteceu ano passado, acontecendo de novo, não é?

— Não! Quero dizer, sim! — Emi prestou continência. — Mensagem entendida capitã.

Respirei fundo e me virei para os mais novos, apesar dos grupos do segundo e terceiro anos serem grandes. Nossos primeiros anistas da vez se resumiam a Tom, Amano-kun e Naoki.

— Vocês podem ir se quiserem, só tomem cuidado e avisem se acontecer alguma coisa. — o pedido foi feito para Tom. Mas tinha plena consciência que ambos colegas de idade haviam entendido as minhas palavras. O loiro fez uma careta voltando seus olhos verdes para mim.

— Eu não sou uma criança, não precisa se preocupar tanto assim.

Levantei a mão para a sua orelha e a puxei de leve — Preciso sim, você é minha responsabilidade. Loirinho, fofinho desse jeito, sem quase falar japonês direito, é um perigo sozinho.

Thomas ficou vermelho na mesma proporção que fez uma careta, segurando a minha mão e a afastando.

— Não se preocupe capitã! Vamos ficar de olho, certo Naoki?

A levantadora do primeiro ano assentiu — Não vamos deixar nada acontecer com o Tom.

— Ei, por que estão falando assim?

Meu irmão mais novo reclamou mais novo foi puxado para longe pela levantadora. Que pegara ele pelo braço direto e Amano pelo braço esquerdo rumando para dentro do parque de diversões. Nessas semanas que passaram, além-claro de todas as mudanças com o time, no que se diz a respeito da minha família, essa também foi uma.

Thomas enfim começou a frequentar as aulas oficialmente como um aluno da Fukurodani, apesar de ter tido algumas aulas particulares de japonês o ritmo frenético do dia-a-dia era diferente. Demos a opção dele adiar um pouco a entrada no clube de futebol, mas simplesmente não era uma possibilidade. Diligentemente ele havia ajustado a sua rotina para encaixar, escola, futebol e aulas extras. Amano e Naoki pareciam o ajudar sempre que possível, até porque eram seus colegas de classe.

Respirei fundo, levantando a mão para a cabeça vendo os três se afastarem. Ainda com uma ponta de preocupação pesando no peito.

— Me sinto uma mãe de trigêmeos — virei para Sora. — Será que é assim que a sua se sentia?

— Não faço a menor ideia do que você está balbuciando. — minha amiga seguiu meu olhar. — Deixe eles se soltarem, Amano e Naoki são inteligentes demais para a idade deles, e Thomas, bom, ele é seu irmão. Estar na casa de vocês deve ter dado algumas noções de percepção bem afiadas.

— Palavras bonitas para dizer que ele está virando mais um manipuladorzinho — respondi com um riso. — É bom, assim ninguém vai passar por cima dele.

O grupo se dividiu mais uma vez agora com os segundanistas, surpreendentemente Akaashi escolheu ir com elas. No geral podia dizer ser o grupo mais tranquilo de todos, ainda que Aya e Sayuri fossem extrovertidas, as gêmeas e Yumi tendiam a ficar mais quietas. Como o levantador dos meninos não estava no espetro energético da coisa, era uma boa combinação.

— Desculpe, nos atrasamos.

— Jura, nem percebi — Hana rebateu ganhando uma careta em resposta. — O que aconteceu?

Aki suspirou audivelmente, e levantou a mão para os cabelos claros. Trocando um olhar rápido com primo, evitando claramente a minha direção. Um sorriso forçado apareceu em seu rosto.

— Trânsito, sabe como é. — Mentir não parece ser uma habilidade de qualquer um da família Bokuto.

— Já que estamos todos aqui, podemos ir então — Konoha desviou a atenção. — A cada momento isso aqui fica mais cheio. Tem muito mais pessoas que ano passado.

— Acho que estão entregando mapas daquele lado — Washio apontou —, vem comigo Bokuto.

O meu colega de classe, é certamente perceptivo. Sora bateu o ombro com o meu de leve chamando a minha atenção, dizendo em voz baixa.

— O que aconteceu com seu pseudo-namorado? Vocês brigaram?

Neguei com a cabeça — Também percebi, Aki não olhou na minha direção. Deve ser algo de família.

— E pensar que a ideia era justamente ficar sem preocupações — minha amiga seguiu Koutarou com os olhos, onde Washio parecia conversar com ele. — Não parece ser nada que você não possa resolver.

— Obrigada pela confiança.

Logo os dois garotos voltaram e distribuíram os papeis, Kou vestiu um sorriso não natural no rosto e se aproximou. Entregando um panfleto para Sora e outro para mim, antes de resmungar um comprimento e se abaixar para beijar o meu rosto. Não precisava ser uma mestre de observação para perceber que algo estava muito errado.

— A roda gigante é uma novidade, apesar de não ser tão gigante assim — disse em voz alta. — O que acha de irmos? Parece legal, ela fica parada no alto por um tempo.

— Se é o que você quer, vamos lá!

— Vão vocês — Sora me deu apoio para nos afastarmos do grupo. — Nos encontramos depois.

Estendi uma mão para Kou, e com um sorriso triste ele aceitou. Percebi a sua vontade de não deixar transparecer os verdadeiros sentimentos, comentando banalidades sobre o parque e as pessoas. Por hora entrei na onda, deixando para conversar quando estivéssemos sozinhos. A fila não estava muito grande, então logo entramos na cabine. Pouco a pouco ela foi se levantando e se afastando do chão.

— De alguma maneira realmente me faz sentir uma coruja — comentei olhando pela janela. — É sempre diferente olhar as coisas de cima.

Virei o rosto para ele — O que aconteceu? No caminho até aqui, junto de Aki.

Automaticamente seus ombros caíram. Mas as palavras não vieram, Kou levantou a cabeça e olhou para a janela também, o silêncio apenas não era completo por ter os metais da atração de movendo.

— Pode querer não me falar, mas consigo ver que está triste. Isso é o que me preocupa mais — estiquei a mão para pegar a sua.

— Minha mãe acha que eu devia sair do clube agora, e focar em estudar — confessou. — Acabamos discutindo quando saí de casa.

— Ela não te apoiava? Por que de repente mudou de ideia?

Kou balançou a cabeça e apertou minha mão entre as suas — Não sei. Mas eu não sairei do time agora, não posso garantir que sigo na carreira esportiva, mas não me importo com isso agora. Ainda que ela diga que é só mais um clube.

— Tenho certeza que sua mãe deve estar pensando no que seria, na visão dela, o melhor para você. Como algumas outras coisas também...

Deixei a minha voz morrer, ele sabia. Quando voltou do acampamento de Shinzen, contei sobre o nosso encontro, até porque eu não sabia como o outro lado da história podia chegar até ele.

— Ela não te odeia.

— Mas também não particularmente gosta — respondi com um riso, tomei um impulso e levantei. Nisso a cabine balançou e no desequilíbrio, Kou que ainda tinha minha mão entre as suas, acabou me puxando no susto me fazendo bater contra ele.

— Não estou falando que você precisa ignorar tudo que ela fala, mas entender que tem coisas que servem e coisas que não servem. Pensar por si — cutuquei a sua testa. — No meu caso, resolvi enfrentar o dragão para poder ficar com a princesa. Ou pelo menos convencer que sou digna disso.

— Eu sou a princesa? — Kou riu.

— Claro, uma princesa no alto de uma torre, protegida por um dragão que tem a preferência por outro príncipe — continuei —, mas você tem uma vantagem. Seu pai e suas irmãs do seu lado, é chato brigar com alguém. Mas pessoas falam coisas que não deviam quando nervosas, deixe as preocupações de lado por enquanto e converse novamente quando voltar.

Seu rosto suavizou a e a cabeça pendeu para o lado deitado do meu ombro

— Washio me disse o mesmo.

— Já chegou a pensar no futuro? O que vai fazer? — questionei.

— Sim, algumas vezes.

— Então fale seus planos para ela — me inclinei e deixei um beijo estalado em seu rosto. — E não fique triste, você brilha mais forte quando está feliz.

Kou suspirou e então abriu o meu sorriso favorito — Você tem razão. Obrigado [Nome], agora vamos deixar você feliz também. Já é para isso que viemos aqui, onde quer ir depois?

— Não sei, mas podemos descobrir quando voltarmos ao chão. E só de ter você por perto já fico feliz — deixei o corpo pender para seu lado. Aproveitando que ficaria no alto por algum tempo antes de descer.

— Então vou fazer de hoje o melhor dia! — prometeu.

E assim foi.

Depois que saímos da roda gigante, que não era tão grande assim. Andamos sozinhos por algum tempo, passamos por alguns brinquedos e visitamos algumas barracas de atividades em dupla. Depois disso voltamos a nos encontrar com o grupo, era mais barulhento estar com eles, mas com três anos juntos, o silêncio se tronava incômodo. Washio e Misaki ficaram juntos a maior parte do tempo, o que fez Emi olhar para mim pedindo por uma aprovação. Prontamente negada, afinal eles pareciam estar se ajeitando para ser um casal a sua própria maneira. De qualquer forma, a casa dos horrores não estava aberta para o público, deixando para que visitarmos outros brinquedos.

Ainda que as atrações fossem legais, não tinha como ganhar da praça de alimentação. Ali, todos os brinquedos viravam uma atração secundária, e também foi onde passamos mais tempo. Comer sem preocupação, o que quiser, certamente deixa uma pessoa feliz.

Contudo, também foi o momento em que algo aconteceu.

No meio de uma disputa com Hana pelo último pedaço de doce, senti alguém agarrar a minha jaqueta. Em alerta me virei apenas para encontrar uma garotinha segurando o pano como se a vida dela dependesse disso.

— Você não é a minha mãe — disse e então desatou a chorar.

Sora gargalhou alto — Eu te entendo criança, também tenho vontade de chorar quando olho para [Nome] às vezes.

Cerrei os olhos na direção da minha vice-capitã e peguei a criança no colo, procurando rapidamente com o olhar possíveis pais desesperados.

— Ela deve ter se perdido — comentei afagando suas costas. — E pelo que disse, a mãe dela deve estar usando uma roupa parecida com a minha.

— Ei, você quer um doce? — Kou que estava do meu lado perguntou. Roubando o pedaço que antes estava em disputa, para entregar para a pequena. O choro diminuiu e o colorido do açúcar pareceu chamar mais a atenção.

— Não devo aceitar comida de estranhos — respondeu escondendo o rosto em mim.

— Eu sou estranho? — o capitão fez uma reação exagerada de puro choque, ganhando um riso tímido da garota.

— Um pouquinho.

Reparei em suas vestes, ela vestia uma saia jeans escura até os joelhos e uma blusa amarela de mangas compridas, na cabeça dois pompons amarelos prendiam seus cabelos.

— Qual seu nome? — perguntei.

— Hina.

— Hina-chan, que tal procurarmos seus pais? Se lembra de onde viu eles a última vez?

Sem responder em voz alta, ela balançou a cabeça. Me virei para o resto da mesa — É melhor procurar a administração. Podem anunciar uma criança perdida.

— Sim, tem razão — Misaki disse. — Quer que eu vá com você?

— Eu vou! — Kou se levantou prontamente.

Dei risada e me levantei também ainda com Hina no colo — Está tudo bem Misa, obrigada.

— Não se preocupe, vamos encontrar seus pais logo. — continuei andando procurando alguém vestida parecida comigo.

— [Nome] sempre cumpre suas promessas, então é verdade. — Kou colocou a mão no meu ombro, provavelmente para evitar nos afastarmos. — Hina-chan, você realmente acha que sou estranho?

Ela levantou um pouco a cabeça — Seu cabelo é diferente, parece que brilha.

— Mas sabe, é porque eu tenho um segredo — Kou se inclinou, e olhou para os lados antes de cobrir a boca. — Sou uma princesa.

— Você não pode ser uma princesa.

— Por que não? — o rapaz pegou uma mexa de cabelo entre os dedos — Você disse que meu cabelo brilha.

— E cadê seu príncipe?

Eu não sabia dizer se era uma técnica para distrair a criança, ou uma discussão séria da parte de Koutarou. De qualquer forma, parecia estar deixando Hina mais tranquila.

— Sou o príncipe — também disse como um segredo —, o dragão que guarda a torre não sabe, então pode guardar esse segredo também?

Com curiosidade, passando os olhos entre nós dois. Ela assentiu.

— Meu pai me chama de princesa também, eu até tenho uma coroa — ela brincou com o botão da minha jaqueta.

De alguma forma a situação me lembrou de quando eu era criança e me perdi, talvez se naqueles dias alguém tivesse me ajudado dessa forma, não teria ficado algum tempo incomodada com lugares repletos de pessoas em circulação. A administração era um pouco longe, praticamente na entrada, então durante o caminho Kou e Hina, trocaram algumas conversas encantadas.

Melhor isso do que prestar atenção nas falas ignorantes que estavam nos rodeando.

Olha só, tão jovens.

Só pode ter sido um acidente.

Que família sem futuro. Coitada da criança.

— De quem estão falando? — Kou olhou envolta, percebendo os murmúrios dos mais velhos.

— De nós — respondi. — Devem achar que Hina é nossa filha e estão falando besteiras.

— Nossa, filha? Mas nunca... — Kou cobriu o rosto imediatamente vermelho —

Quase pude ver fumaça saindo de sua cabeça, os pensamentos que foram longe demais.

— Se concentre capitão, estamos numa missão. — respondi impedindo os meus próprios delírios de irem para uma direção perigosa.

Foi então que vi próxima à entrada uma mulher com a jaqueta realmente parecida com a minha, ela tinha as mãos no rosto. E o marido estava ao seu lado a consolando.

— Olhe Hina, são seus pais — disse indicando.

A coloquei no chão quando nos aproximamos e imediatamente ela correu chamando por eles, a mãe se abaixou a tomando nos braços com força. Como se a qualquer momento ela pudesse desaparecer novamente.

O pai se virou para nós — Obrigado, muito obrigado! Não tenho como agradecer. Tudo que bastou foi piscar de olhos e então...

— Mas está tudo bem agora — o acalmei. — Também me perdi quando era criança, o importante é ficar de olho. Hina pode se sentir aflita em lugares com muitas pessoas, é bom olhar de perto suas reações.

— Sim faremos isso — a mãe se levantou com ela no colo, o rosto avermelhado e olhos marejados por conta das lágrimas. Por um momento consegui ver algumas similaridades, no pai também apesar de parecer novo tinha os cabelos num tom grisalho cuidadosamente penteados para trás. — Realmente, muito obrigada por trazer nossa Hina de volta.

— Papai, você está com a minha mochila? — a criança pediu. E então uma bolsa pequena de cor também amarela apareceu. Hina a abriu e inesperadamente tirou de dentro uma coroa de criança prata com diversas pedrinhas cor de âmbar. Ela se inclinou na direção de Kou e colocou a coroa na cabeça dele.

— Agora, sim, é uma princesa.

Minha companhia sorriu e ajeitou o brinquedo na cabeça — Obrigado.

Assim nosso dia terminou, quando voltamos a nos encontrar com o grupo, apesar dos olhares confusos, ninguém comentou sobre a coroa disposta orgulhosamente na cabeça do capitão. Os grupos separados enfim se juntaram e eu voltei minha atenção para Tom que estava bem animado falando sobre o que fizeram. Na volta Aki e Kou também iriam embora juntos, e o momento de se reencontrar com a mãe se aproximava.

— Vai dar certo — segurei seu rosto entre minhas mãos.

— E se não der, vou fazer dar — o capitão se inclinou levemente deixando os lábios encostarem nos meus. Como um encanto de boa sorte.

— Lembra que me perguntou se eu já pensei no futuro? — respondi que sim. Kou sorriu — Já pensei no nosso também, mas só vou te falar quando me resgatar da torre mais alta do castelo. Até lá é um segredo.

O tom era de brincadeira, mas entendi o que estava nas entrelinhas. Sempre a promessa de espera, o beijei mais uma vez e então o deixei ir. Assim como Dan não podia lutar pela minha chance, também não podia interferir nesse aspecto da vida dele.

A semana que veio depois daquele dia no parque passou arrastada, talvez pela ansiedade do jogo que aconteceria no sábado. Os garotos até cogitaram assistir, mas dessa vez a escola sede do acampamento do grupo seria a Fukurodani. Ainda que eu estivesse curiosa para ver a nova escola, Karasuno, só poderíamos a encontrar depois do confronto com a Nittaidai.

Na residência Bokuto, parece que as coisas se acertaram. Na verdade, quem veio pedir desculpas pelas falas ditas primeiro foi a mãe, depois disso Kou e ela se acertaram.

— Pare de pensar coisas desnecessárias — Dan puxou minha orelha de leve.

— Não estou pensando coisas desnecessárias, apenas fazendo um resumo mental da última semana. Existe tranquilidade na rotina.

Treinador Esparta cerrou os olhos para mim, sem muita confiança na minha resposta. Porém, deixou passar, guiando o grupo junto de Hibiki-sensei até o local do jogo.

O campus de Tóquio era imenso, e o ginásio principal mais parecia uma arena. Tinham mais de cinco quadras dispostas em sequência. Alunos nos observaram entrando e quando aparecemos na quadra para cumprimentar as adversárias do dia. O técnico Zayasu também veio direto ao nosso encontro, com um sorriso no rosto.

— Faz muito tempo que não me sinto animado para um jogo treino, será uma ótima experiência. Obrigado pela oportunidade.

— Nós que agradecemos — Hibiki-sensei respondeu de maneira educada. — Espero que seja uma experiência de engrandecimento para ambos times.

— Não tenho dúvidas, vocês podem se aquecer com tranquilidade. Começaremos assim que estiverem prontas.

Fomos levadas até os vestiários, onde pudemos nos trocar. Já fazia algum tempo que não vestia o uniforme, mas era uma sensação diferente, respirei fundo e ajustei os shorts. Em seguida, levantando os braços para garantir que meu cabelo estava bem preso no rabo de cavalo.

— Não fiquem nervosas apenas por serem universitárias do outro lado da quadra, temos qualidade, temos peças. Não precisamos nos desesperar, treinamos e somos um time muito melhor do que o de meses atrás. Busquemos a vitória como boas espartanas que somos.

Coloquei a mão na frente do corpo, sentindo o time as colocando por cima.

— Fukurodani! - chamei.

— Fight!

— Fly.

— High!

Jogamos as mãos para baixo e saímos dos vestiários, mais animadas do que nunca. Levantei a mão para a nuca, ajeitei os fios por ali e joguei o cabelo para o lado no conhecido efeito chicote.

Chegou a hora de recuperar o que era para ser meu, desde o princípio.













N/A: Olha que capítulo grande! Mas de transição, usei como uma boa chance de dar aquele pulo legal de tempo, e contar um momento fofinho.

Jogo e Karasuno, logo aí, em sequência.

Obrigada por ler até aqui!!

Até mais, Xx!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top