Intercolegial
— Velho Shin! Você ganhou um ônibus novo para dirigir!
No sábado, quando chegamos a escola para irmos até o ginásio onde seriam feitas as partidas preliminares do intercolegial, haviam dois ônibus novos. Adesivados no padrão da escola como todos os outros, mas ainda assim novos.
— Vocês ganharam um ônibus novo Aki-chan — o motorista disse alegre batendo no veículo —, agora com novas jogadoras todas precisam viajar juntas não é? A torcida de vocês também está se organizando para pegar aquele segundo veículo.
— A escala se tornou bem maior — Sora comentou do meu lado —, viajamos com os garotos na primeira vez. Agora temos torcida.
— Tivemos apoio ano passado também, vamos dar crédito a quem saiu da arquibancada masculina para torcer por nós — disse.
— Suponho que está certa, Amano disse que a torcida oficial dos alunos se organizaram para dividir e apoiar os dois times, caso fiquemos em ginásios diferentes. E que pegaram a nossa faixa ontem para levar.
Dei risada — Ele parece animado com isso.
— Claro que sim, se não estivesse nos ajudando no time com certeza seria o presidente do seu fã-clube — reclamou minha amiga.
— Está exagerando.
— Claro que não — Sora resmungou olhando envolta —, o time masculino já foi?
— Sim — respondi —, como tem mais pessoas, o diretor pediu para que eles saíssem antes. São praticamente mais dois ônibus para eles.
— Faz sentido — minha amiga levantou a mão para o pescoço — me sinto um pouco mais pressionada. Antes as pessoas nada esperavam de nós, agora estamos no centro das atenções.
— Aquele paspalho do Makoto realmente sabe o que fazer, não é? — comentei — Conseguiu nos colocar numa matéria na última edição antes do começo do intercolegial, e com página dupla.
— Achei que Aki e Keiko iam chorar quando viram — Sora riu baixo —, serviu para nos deixar animadas. Bem, exceto uma.
Nossos olhares se voltaram para a mesma pessoa: Misaki.
Não gostamos de colocar uma preocupação desnecessárias nas jogadoras, então andamos conversando de maneira isolada sobre alguns assuntos. A levantadora é uma delas, apesar de se mostrar forte para as outras, sabemos que as coisas não estão bem e que a exposição não teve um resultado positivo. Justamente pelos pais não a apoiarem e esperarem que ela foque ainda mais nos estudos.
Dan e Chie participaram de algumas dessas conversas, estavam cientes. Se fosse para avaliar nível técnico. Chiasa e Naoki estavam acima de Misa, mas a confiança de ter alguém conhecido na quadra criava reações excelentes. Ataques que ficam camuflados até o último instante e permite que criemos uma explosão.
— Dan e Chie vão tomar a responsabilidade sobre a escala — disse por fim —, nós precisamos garantir que a quadra continue funcionando, independente de quem for.
— Você consegue fazer isso muito bem sozinha — Sora ergueu os braços se alongando —, não precisa de mim.
— Vice-capitã não é só um título — a empurrei —, resgate a sua liderança do acampamento de treino nacional.
Sora não conseguiu questionar a minha fala, pois Dan nos chamou para reunir logo em seguida. Dando algumas orientações de movimentação para quando chegássemos no ginásio. Entramos no ônibus e apesar da conversa ser constante, a tensão estava no ar. As mais antigas estavam cada uma em sua poltrona, quietas, concentradas.
Era a primeira da nossa última chance.
Apesar de ter um sentimento desconhecido pesado no meu peito, não tinha nenhum resquício de medo. Sorri pensando que talvez fosse pelo pequeno ritual que tive com Koutarou no dia anterior.
Os treinos haviam acabado oficialmente, mas resolvi ficar mais um pouco para treinar meu saque com a mão esquerda. Para a mão direita o comum entre os jogadores é jogar a bola para cima com o braço do saque, mas não parece estar sendo uma boa estratégia para mim.
Apesar de a minha coordenação estar melhorando a altura da bola ainda está variando, por esse motivo certo dia Chie me chamou e mostrou um vídeo. Era um jogador profissional, que jogava a bola para cima com a mão direita e cortava com a esquerda.
É um pouco mais fácil de controlar a bola dessa maneira, mas ainda precisa de treino, é uma boa isca para os adversários também.
As gotas de suor escorriam pelo meu rosto, e inúmeras bolas estavam acumuladas do outro lado da quadra. Resultado das minhas tentativas, acertos e erros, puxei a manga para secar meu rosto olhando para o relógio, já estava de noite. Se eu passasse daquele horário Dan provavelmente iria me repreender.
Dando meu treino extra por finalizado puxei o carrinho até o acumulado de bolas de vôlei e comecei as recolher. Guardei o carrinho no depósito e apaguei as luzes antes de trancar, mas no momento de sair vi alguém sentado nos degraus do lado de fora.
— Kou? — chamei, o garoto que estava curvado com a cabeça descansando nos joelhos se levantou.
— Terminou de treinar? — ele se espreguiçou e sorriu fechando até mesmo os olhos.
— Sim — fechei a porta —, o que está fazendo aqui fora sozinho? Aconteceu alguma coisa?
Ele balançou a cabeça e se espreguiçou — Não, estava esperando você terminar. Vi que estava concentrada, não queria atrapalhar.
Meu coração se animou e o sorriso surgiu fácil no meu rosto — Pode entrar da próxima vez, não vou ligar. E eu disse que podia ir, seu treino acabou a horas.
Kou balançou a cabeça e ficou sério tirando um embrulho da bolsa — Nossa tradição, da última vez quase deu errado! Eu tinha que te esperar.
Dei risada — Tudo bem, você está certo. Preciso pegar as minhas coisas na sala do clube, me espera na saída da escola?
— Sempre vou te esperar.
Vendo a paisagem passar pela janela, respirei fundo e fechei os olhos. As preliminares eram feitas no ginásio do Tóquio, apenas o nacional tinha uma localidade diferente, então a viagem foi relativamente curta.
O nosso ônibus estacionou e logo nos reunimos do lado de fora.
— Certo, já sabem, mas vou repetir. O time fica junto até o momento do jogo, depois disso precisamos nos separar, a torcida deixa as primeiras fileiras da torcida para os jogadores — disse. — Vocês que não estão na quadra, tomem o momento para aprender e treinar por outra perspectiva.
— Vamos deixar nossas bolsas e equipamentos na área designada e depois podemos circular. Estamos no mesmo local dos jogos masculinos, não quero nenhuma de vocês perdidas, então cuidado.
— Tão gentil — Hana apontou —, relacionamentos realmente fazem uma pessoa mudar. Nunca ouvimos isso.
— Os filhotes não são tão agressivos quanto os fósseis — Dan rebateu —, se vocês se perderem do grupo, temo pela vida das outras pessoas.
Hana e Aki riram alto, mas concordaram.
Ajeitei a bolsa no ombro — Vamos entrar então.
Sora colocou as mãos no bolso do casaco e se colocou ao meu lado — Me pergunto que tipo de coisa vão falar esse ano.
— Não importa realmente. Se forem boas vamos confirmar, se forem ruins mostramos que estão errados.
A atmosfera era intensa, e como esperado muitos times já estavam por ali. As pessoas nos olhavam quando passávamos, não é para menos, escalamos até os melhores times da região e nos mantivemos. Vi alguns volumes da revista mensal de vôlei e soube que a promessa de vitória sobre qual Makoto escreveu ajudou a criar a atmosfera.
Ouvi dizer que cinco jogadoras foram para o treinamento nacional.
Na matéria falava que a capitã está entre as melhores atacantes do país.
A resistência física desse time é insana. Mal posso esperar para ver o jogo.
Postura e cabeça erguida, como da primeira vez que entramos num campeonato. Antes com apenas sete jogadoras, agora com mais de vinte. Como uma lança nós cortamos os corredores, pessoas abriam espaço para podermos passar, então naturalmente chegamos rapidamente a área onde os times se dividiam.
— Vocês, da Fukurodani não é? — um dos organizadores nos chamou — Acabamos confundindo o local, por favor coloquem seus pertences naquela área. Tem alguma ideia de onde está o time masculino? Vão precisar mudar também.
— Duvido que algum deles esteja com o celular — comentei —, podemos nos dividir e procurar.
— Vamos ajeitando as coisas por aqui — Dan concordou —, nos encontramos na entrada dos times depois.
Deixei a minha bolsa com Chiasa e sai junto de um grupo para procurar os meninos do time, nos separamos para cobrir uma área maior. Porém, no meio do caminho encontrei outro rosto conhecido.
— Sempre bom te ver [Nome].
— Iizuna — me virei para o cumprimentar —, é impossível não reconhecer a Itachiyama com esse uniforme, é uma jogada de marketing?
O garoto riu — São só as cores da escola, achei estranho quando vi o time masculino chegar antes. Estão brigados?
Balancei a cabeça — Foi por conta dos ônibus e a torcida, nosso diretor achou melhor separar. Sinto por não ter uma fofoca pra você dessa vez, e o que está fazendo perto dos times femininos? Por acaso tem uma namorada secreta.
O capitão da Itachiyama riu — Antes fosse, estou procurando a minha gerente, é o primeiro campeonato dela, acabamos por nos separar.
— Achei que já tinham uma gerente antes.
— Por políticas internas, não, mas tivemos uma boa candidata.
— E você a perdeu? — questionei
Ele levantou a mão para o pescoço — Bem... Sim.
Balancei a cabeça — Tenha mais atenção com uma dama pelos céus, já deve ser difícil o suficiente lidar com todos vocês.
No fim andamos juntos pelos corredores, ele procurando a gerente dele e eu os meninos do time. Enquanto isso trocamos algumas informações sobre o torneio, eles iriam jogar contra a Nekoma se ganhassem o primeiro jogo
De longe vi o uniforme da Fukurodani. Koutarou e Akaashi estavam parados no corredor e junto deles uma garota com o mesmo uniforme verde, amarelo e branco da Itachiyama. Não é incomum ver Kou esbarrando nas pessoas por aí. Afinal, foi assim que nos encontramos na primeira vez.
— Pelo menos achou a sua gerente Iizuna-kun.
— E você achou seu capitão — me respondeu e em seguida me apresentou para a gerente dele — Ela é a capitã do time feminino da Fukurodani.
A garota se curvou levemente, parecia ser mais nova, mas tinha uma aura gentil e olhos brilhantes — É um prazer.
Sua presença me fazia querer sorrir — Balancei a mão, não precisa dessas formalidades, fico feliz de saber que a Itachiyama arrumou uma gerente. Iizuna parece meio bobo às vezes.
— Ei! — reclamou o capitão do meu lado enquanto dei risada.
— Estou brincando, espero que vocês tenham um bom jogo contra a Nekoma — me afastei dele para me colocar junto de Kou e Akaashi —, com certeza vou assistir. Kou, os equipamentos da Fukurodani precisam mudar de lugar, precisamos voltar para reorganizar.
— Mas eu queria ver os jogos — respondeu desanimado.
Peguei o tecido da sua camisa e o puxei para andar — Ainda vai conseguir ver, as meninas estão procurando os outros jogadores. Vamos Akaashi.
O levantador sorriu para mim e concordou, com a mão livre acenei para Iizuna me despedindo.
— Senpai faz muito tempo que estava nos procurando?
— Não Kaashi, acabamos de chegar. Pelo menos vocês dois eu achei rápido, como estão as coisas por aqui?
— Intensas — respondeu o levantador — a maioria dos times já chegou. Vi a Nekoma de longe.
— Ah Kuroo já chegou? — Kou se recuperou —, quero jogar com eles também.
— Eles vão ter que passar da Itachiyama pra isso — respondi —, vão se enfrentar nos jogos de amanhã.
Akaashi fez uma careta — Não queria estar no lugar de nenhum dos dois.
— Preciso concordar, de um lado a poderosa recepção da Nekoma e do outro a precisão e os ataques extraordinários do Sakusa.
— Por que extraordinários? Os meus também são bons.
Troquei um olhar com o vice-capitão, não queria criar confusão para o time masculino, então tratei de me retratar.
— Você é o meu ace favorito Kou, seus saques são tão fortes e poderosos, foi só uma observação sobre o Sakusa. Não é uma coisa ruim já que vocês dois estão no top 5 não é?
Seu bico se desfez — Isso mesmo! Somos dois dos melhores do país, você vai ver vou marcar muitos pontos hoje!
Pisquei para Akaashi, pelo menos a motivação do ace da Fukurodani estava garantida.
— Vou tentar assistir os jogos, então marque um ponto para mim.
— [Nome], todos os meus pontos vão ser seus! — Kou parou para pensar colocando a mão no queixo — Bom primeiro do time porque se não a gente não ganha, mas depois seus! Posso fazer isso não posso Akaashi?
Senti meu rosto esquentar, envergonhada abaixei a cabeça e a levantei em seguida para ver seus olhos brilhantes.
— Pode dedicar seus pontos para alguém, Bokuto-san.
— Então é um combinado — estendi a mão —, todos os pontos que eu marcar são seus, e os seus são meus. Akaashi é nossa testemunha, quem marcar mais... Carrega a bolsa do outro na escola por um mês.
Kou apertou a minha mão — Feito.
N/A: Não importa o que dizem, pra mim eles acabaram de casar. Nesse momento aí, nossa eu sou muito iludida por eles. QUE SACOOOOOOOO!
Agora, o Haikyuuverso haikusan é maravilhoso né hahahahaha fica ai uma oura visão do trecho do capítulo 'Intercolegial - Redamancy'.
Obrigada por ler até aqui!
Amo vocês de verdade.
Até mais, Xx!
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