Dia de Sol
O domingo de competições terminou bem para a Fukurodani, tanto para o time feminino quanto o masculino. Por programação vamos jogar no próximo sábado, quartas de finais e se ganharmos as semifinais.
A final da província seria no domingo seguido, jogo único.
— Está fazendo de novo.
A voz tranquila de Washio me tirou dos pensamentos, é diferente de ter Sora chutando a minha cadeira para me fazer parar de olhar para a janela. Virei a cabeça olhando para frente, o professor da próxima aula ainda não chegou.
Virei na cadeira para poder falar com o meio de rede, ele fazia algumas anotações da aula interior e marcava conteúdos. A aula terminou um pouco antes e aguardávamos para o intervalo, minha amiga que quase estava dormindo foi para o banheiro jogar uma água no rosto.
— Você é bem meticuloso com seus estudos — comentei —, me surpreende que não te colocaram numa classe avançada antes.
— Espero receber uma proposta de faculdade pelo esporte, mas se não for possível preciso passar por meios convencionais — explicou antes de parar por um segundo e olhar também pela janela.
Cruzei as pernas e apoiei o braço em sua carteira — Se for possível você gostaria de seguir uma carreira profissional?
— Talvez, depende das oportunidades que aparecerem na minha frente — respondeu —, por quê? Você não?
Respirei fundo e fechei os olhos apoiando a cabeça na janela atrás de mim. Olhando para o teto em seguida.
— Nunca foi algo que dei muita importância, achei que apenas concluir meus objetivos durante os anos de colegial seria o suficiente. Mas ter Chie por perto e a italiana me faz pensar que ainda tem muito que eu não sei. — acabei confessando — Só que não sei o que precisaria deixar para trás a fim de perseguir essa vontade incerta.
— Faz sentido — o garoto concordou —, acho que no fim estamos na mesma situação. Só que de verdade acho que é mais fácil a chance chegar para você do que para mim.
Se Washio soubesse o tanto de chances que já foram roubadas de mim, pensando friamente o futuro onde continuo jogando vôlei fora da Fukurodani só existe num mundo onde Mahiru, não.
— Vamos esperar então.
O sinal tocou e logo os alunos começaram a sair da sala, Sora retornou, mas antes de podermos nos encontrar com o restante do time e os garotos. Alguém me parou no corredor.
— Ei [Nome] tem um momento? — Shuuya, o capitão do time de futebol me chamou levantando a mão. Os cabelos loiros dele estavam ajeitados para trás deixando a mostra os olhos escuros, apesar de ser proativo no campo, fora dele passava uma sensação tranquila.
Sora o olhou de cima a baixo — Te encontro no lugar de sempre.
— Eh, sua amiga não gosta de mim — comentou vendo por onde Sora saiu andando.
— Ela não gosta de muitas pessoas — respondi rindo —, como posso ajudar?
O jogador de futebol olhou para os lados, atento as pessoas que estavam escutando a nossa conversa. — Se importa de conversarmos em outro lugar?
Balancei a cabeça e o segui para fora do prédio da escola.
— Não é nada de mais na verdade, mas... Também não é nada que quero espalhado por aí. Se lembra que ano passado vocês usaram o campo do time para fazer alguns treinamentos?
— Argolas e pulos, sim. É meio difícil não lembrar, foi horrível.
Shuuya riu da minha resposta — Lembro que foi seu treinador que propôs o treino, estamos com muitos jogadores novos esse ano. O que é bom, mas também preocupante. Os garotos novos não tem tanta resistência.
— Futebol é um jogo de mais contato do que vôlei, mas não entendi ainda onde quer chegar.
— Seu treinador é conhecido por treinar a resistência de vocês e do time do Bokuto também — Shuuya tirou um caderno da bolsa, parecia envergonhado e determinado —, será que pode pedir para ele dar uma olhada nesse plano de treino?
Ele me estendeu o caderno com as duas mãos, por um segundo me lembrei do momento em que fiz o mesmo sobre a jornada de três anos do time feminino.
— Posso fazer isso, mas não adianta reclamar depois — puxei o objeto de suas mãos.
— Não vou, o restante do time talvez. Obrigado.
Balancei a cabeça — Não é nada, boa sorte nos jogos da semana.
— Para vocês também — o loiro acenou e eu me afastei para encontrar com minhas amigas como o combinado. Não aguentei a curiosidade e no meio do caminho folheei o caderno, tinha várias anotações e parece que o capitão de futebol andou fazendo boas pesquisas.
— [Nome], aqui!
No telhado Keiko acenou se levantando, o grupo raramente mudava. Havia um lugar ao lado de Kou para mim e também alguns pães doces fechados. Coloquei o caderno na mesa.
— O que é isso? — apoiei uma mão no ombro do capitão do time masculino e pulei o banco antes de me sentar.
— Misa trouxe para gente comemorar — Aki disse animada. A levantadora estava no fim da mesa conversando com Saru, Washio e Hana. Ali parecia feliz e sem preocupações. Pelo que Dan e Chie me disseram, parece que o seu pânico se diz a respeito apenas de estar numa quadra. Pela pressão que os pais colocam nela.
Teríamos a prova durante o treino, se ela conseguisse participar normalmente é uma condição exclusiva de torneios.
— Senpai — Akaashi que estava na minha frente me chamou — acho melhor comer antes que o Bokuto-san roube de você.
Me virei e os olhos do garoto estavam vidrados nos pacotes fechados, se sua boca estivesse aberta com certeza estaria babando.
— Kou você quer? — perguntei sabendo a resposta, mas achando divertido suas reações. Seus olhos diziam que sim, porém a sua resposta foi diferente.
Ele virou o rosto — Não, é seu.
Às vezes ele é tão fofo que eu não posso me segurar de puxar seus botões — Já que é assim, vou comer inteiro.
Abri o saco e Kou usou o canto de olho para ver. Ajeitei o pacote — É tão fofinho, parece doce.
— É uma delícia — Keiko disse animada, contribuindo para minha brincadeira sem saber.
Koutarou engoliu seco, não se aguentando de curiosidade, aproximei o pão doce dos lábios e mordi, fazendo uma reação um pouco mais exagerada de propósito.
— Tem razão, Kei. Derrete na boca, nunca comi nada assim antes — abaixei para dar mais uma mordida, ainda observando as reações do capitão. Ele estava quase se balançando de inquietação.
Ajeitei a embalagem mais uma vez, estiquei em sua direção — Se você quiser pode-
Eu não terminei a fala e Kou mordeu o pão, seus lábios encostando de leve nos meus dedos e tomando quase metade do que restava. Seus olhos brilhantes se voltaram para os meus, as bochechas cheias e uma expressão contente.
— Gostoso!
— Você pode me pedir um pedaço da próxima vez — o empurrei de leve e coloquei o restante na boca. É realmente gostoso.
— Posso mesmo?
Peguei um segundo embrulho — Normalmente eu não gosto de dividir com as pessoas, mas se for você eu deixo.
— Céus, quer que deixemos vocês a sós?
— Não Sora, sua presença azeda deixa os pães ainda mais doces — rebati para a vice-capitã que estava com o rosto apoiado na mão e uma feição desgostosa.
— O que o capitão do time de futebol queria com você? — perguntou. Kou pegou o meu pulso de leve e levantou até a boca para morder o novo doce que eu estava segurando. Ignorando completamente os outros assuntos.
— Pedir ajuda do Dan com treino de resistência — apontei pro caderno.
— Treinador é realmente conhecido entre os times pelo trabalho físico — Akaashi comentou —, mas senpai, por que ele não foi atrás dele direto?
— Você já viu como o Dan anda por aí? — questionei com uma careta — Como se ele fosse realmente algum tipo de divindade, não é tão fácil se aproximar dele.
Kaashi levantou a mão na frente do rosto escondendo o riso — Tem razão.
— Falando nisso, estou surpresa que ganhamos um dia de folga — Aki comentou estendendo os braços na mesa.
— Jogamos dois jogos seguidos, com vitória — mordi o último pedaço do pão doce — é mais do que justo.
— Vocês são sortudas — Komi reclamou —, vamos ter treino normal
O sinal tocou e Sora levantou com um riso sarcástico — Só lamento.
Kou se ofereceu para pegar o lixo, e eu agradeci batendo a mão na saia e pegando o caderno de Shuuya em seguida. O garoto correu até a lixeira e eu fiquei esperando enquanto nossos amigos já seguiam para a saída.
— Desculpe te deixar para voltar sozinho hoje.
— Não tem problema, é melhor descansar para ganhar no próximo fim de semana — Kou abriu um sorriso largo — dividiu sua comida comigo, então tudo bem também.
Segurei sua mão, pelo menos pelo pequeno trajeto do telhado para as salas de aula. Parece que a previsão do tempo para essa semana são de dias ensolarados.
N/A: Eu amo eles, de verdade.
Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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