Corujas de Tóquio

c a p í t u l o c r o s s o v e r



— Vamos lá dinossauros, fósseis e romana. Ainda faltam dez — Dan disse e logo em seguida deu um apito contando —, estou vendo você folgando Aki. Vou acrescentar cinco movimentos para cada um deles mal feito.

— Ditador! — ela gritou em resposta.

— Treinador e preparador, é diferente — rebateu com um sorriso miserável. Os olhos de águia atentos as jogadoras e qualquer mau posicionamento.

Apertei as mãos juntas agachando mais uma vez sentindo a força dos elásticos presos nas minhas pernas fazerem tremer os músculos. Outros grunhidos de dor também tomavam o ginásio como uma sinfonia de desespero enquanto a última dezena era contada.

— Ele é sempre assim? — a italiana perguntou com a voz entre cortada, uma vez que estava do meu lado esquerdo. Suor escorria do seu rosto com alguns fios de cabelo escuros grudados na testa de maneira desordenada. Seu rosto estava vermelho pelo esforço físico e os olhos miravam Dan com o mesmo sentimento que todas suas outras jogadoras estavam acostumadas: ódio momentâneo.

— Geralmente é pior, ele está se segurando porque está aqui — soltei um riso e me virei para frente cerrando os dentes para sufocar a dor do último exercício —, bem-vinda a Esparta.

— Descansar!

Daniel soprou o apito da libertação, sinalizando o fim da série, senti minhas pernas pedirem por clamor quando as estiquei novamente. Precisando girar os calcanhares para garantir que estava sentindo todas as partes dela.

Nossa visitante se baixou para pegar o elástico que caiu no chão — Me lembra os velhos tempos.

— Seu treinador também era desse estilo...

— Assassino — Sora completou o espaço na minha fala, visto que estava do meu outro lado arrumando os cadarços. Minha amiga se levantou e pediu os elásticos para devolver na caixa de tesouros do treinador Esparta.

A italiana riu, e entregou o objeto para a central — Sim, só que tudo soa mais agressivo em italiano.

Ela fechou cada mão, juntando as pontas dos dedos e balançou para ilustrar sua fala. Conseguindo tirar um meio sorriso de Sora.

— 15 minutos de pausa e Chie vai assumir — Dan indicou — Amano-kun separou toalhas e bebidas esportivas para vocês

— Santo Amano! — Kei agradeceu e se levantou com a ajuda de Hana.

Balancei a cabeça e me virei para a italiana — Então, como está se sentindo?

— Bem — ela jogou a cabeça para trás a fim de olhar o teto do ginásio — e com um pouco de saudade do meu antigo time. Ver como vocês são juntas me faz lembrar os dias de jogadora, de várias formas. Inclusive me lembrei o quanto odeio treinos de força.

— Somos duas — joguei o meu braço em cima de seus ombros a levando em direção ao gerente —, mas o de aumentar alcance de pulo ganha em disparado para mim.

— Pesos de perna?

Um calafrio percorreu a minha espinha — Também, mas os caixotes são meu atual alvo de ódio.

Aqui — Tom usou a mão livre para entregar duas toalhas, enquanto isso Amano-kun nos entrou duas garrafas.

Obrigada — agradeci e sai da fila para me sentar num dos degraus. Ocasionalmente durante o treino joguei um olhar ou outro para os dois garotos, eles pareciam estar se dando bem. Tom não é exatamente introvertido, o maior problema dele é com o idioma, mas como nosso precioso gerente parece ser letrado em línguas estrangeiras, os dois de tornaram amigos rápidos.

— O pensamento passou pela minha cabeça, algumas vezes — a gerente da Nekoma comentou olhando para os dois mais novos —, mas vocês podem ter um gerente menino?

Cruzei as pernas — Aparentemente, sim, só é incomum. Temos uma boa relação com o diretor da escola, e ele fez uma inscrição apaixonada sobre o cargo. Um pouco de conversa do nosso conselheiro e ele ganhou o cargo. Não só ajuda a organizar, mas também é uma peça fundamental do núcleo de estratégia.

— Como assim? — ela esfregou a toalha no rosto e também cruzou as pernas se mantendo na mesma posição que eu.

— Ele é um especialista em dados, ou algo próximo disso — expliquei —, consegue a maioria das informações que Dan e Chie usam para montar nossas estratégias e treinos. Não só dos adversários, nossos também.

Ela pareceu pensar um pouco — E o outro garoto, o loiro? Ouvi você falando em inglês.

Bati os dedos na garrafa — Thomas, meu novo irmão. Não de sangue, ele é meio-irmão do Dan, na verdade, foi recentemente adotado na nossa família. Veio da Inglaterra e ainda está se adaptando.

Um olhar empático e uma feição suave vestiu seu rosto — Posso entender como ele se sente. Quando vim já sabia um pouco mais do idioma, mas meu irmão Nico teve um pouco mais de dificuldade.

— Posso imaginar que sim. Ele tem 7 anos não? — perguntei, me lembrando de Aki comentando que Yusuke estudava na mesma classe que o irmão mais novo da italiana.

— Sim — ela sorriu, provavelmente pensando no pequeno —, se ele estive aqui estaria maravilhado.

— Quem sabe numa próxima, Yusuke veio uma ou duas vezes, é só combinar.

— [Nome] — Keiko se aproximou me chamando, ela se deitou ao meu lado usando minha perna de travesseiro —, vamos invadir o treino masculino hoje?

— Não sei, depende do ânimo de vocês — virei a cabeça para ver como minhas outras meninas estavam. A maioria agora tinha se juntado nos degraus para aproveitar os momentos de folga.

— Por mim tanto faz — Hana disse girando a toalha —, graças a nossa visitante Dan não pegou tão pesado. Empatamos de novo no placar de sets em treinos invadidos, não é?

— Desculpe por isso Hana-senpai — Sayu se desculpou levando uma batida de leve com a garrafa na cabeça logo em seguida.

— Qual é a graça de manter um placar se ganharmos todas? — A repreendeu pela desculpa

— Nós também queremos recuperar esse set! — Chiasa fechou as mãos, falando em prol das segundanistas.

— É necessário manter a invencibilidade do time feminino nos treinos livres — Chizue, a gêmea, completou e em seguida se virou para mim. — Capitã, nós aguentamos.

— Seus maus hábitos de competitividade estão passando para as crianças — Sora andou e parou na minha frente, levantando a perna para bater a ponta do tênis no meu joelho.

— Já percebeu que você me acusa mesmo quando eu não fiz nada? — reclamei e apontei para aquelas atrás de mim com exaspero — Elas que querem jogar!

— Porque elas vêm você — Sora deu ênfase — agindo como uma idiota do vôlei e acham que podem fazer o mesmo.

— Por favor — Emi se levantou erguendo as mãos e pulando para o chão vestindo a toalha envolta do pescoço — parem de brigam como um casal de 50 anos na frente da nossa visitante. O que ela vai pensar de nós?

A italiana tinha a mão na frente do rosto escondendo uma risada — Que são um time muito divertido.

— Bom ver que ainda estão animadas — Chie se aproximou sorrindo e com uma prancheta. Havia algo escondido em seus olhos, e isso imediatamente acionou um sinal de alerta dentro da minha cabeça.

Minha cunhada abaixou um pouco a cabeça — Essa integração toda vai ajudar muito nessa próxima etapa do treino.

Sora bateu no braço de Kei para ela se sentar e tomou o espaço ao meu lado. Amano-kun se aproximou logo em seguida com um pote cheio de palitos.

— Dan disse mais cedo que você ia coordenar o jogo — falei vendo treinadora e gerente lado a lado —, qual vai ser nossa missão do dia?

Sabia que ela tinha alguma carta na manga, afinal é nossa estrategista. Todos os treinos dela eram voltados para o jogo como um todos, reações, pensamentos e soluções.

Nossos olhares se chocaram e a mulher riu — Nossa capitã nunca falha, pois bem, dessa vez é bem simples. É só ficar em silêncio.

No momento em que essas palavras deixaram sua boca me senti fazendo uma careta, travando um palavrão entre os dentes.

— Como assim treinadora? — Aya, nossa líbero do segundo ano, levantou a mão e perguntou.

— O desafio desse jogo será combinar jogadas sem usar comunicação verbal. E sim a movimentação das suas companheiras, quem está na rede olha o adversário. Quem está na linha de fundo olha suas colegas e então muda a movimentação usando seus gestos. Esse exercício ajuda a expandir a visão espacial de você e evitar erros como, duas pessoas irem na bola ao mesmo tempo. Ler quem está jogando do seu lado, é tão importante quanto seus colegas de time.

— Mas a [Nome] já tem isso — Kei comentou com um tom de dúvida.

— E só porque ela tem você vai deixar de desenvolver? — no momento ela se calou mantendo os lábios pressionados numa linha fina. — Um time é um time porque funciona em conjunto, não são só as peças individuais que detém importância. Ninguém é insubstituível.

Não eram essas as palavras que a treinadora queria usar, eu sabia bem, a verdade era relacionada a minha ausência na quadra. Ela estava usando a oportunidade para triar uma substituta de tática. Uma nova maestrina.

— Pintamos a ponta de alguns palitos para separar os times — Amano-Kun balançou uma lata — hoje serão divididas por sorteio.

As meninas todas pegaram e por último sobraram três palitos, uma para Sora, outro para a italiana e último para mim. Os times estavam separados, duas de nós ficaremos juntas e a terceira iria para as adversárias. Para dar um pouco mais de emoção, escondemos as pontas para revelar de uma única vez.

— Um, dois, três, e já! — Keiko disse.

Apenas o meu era diferente. Sora e gerente ficariam no mesmo time, parecia uma divisão interessante.

— Cinco minutos para se organizarem e então vamos começar — Dan subiu no lugar do juiz para apitar o set —, mais uma coisa. Aqueles dois estão anotando quem causar infrações, qualquer fala será penalizada com cinco abdominais. E sim Keiko resmungos também contam.

Ele completou antes de ser sequer questionado, ganhando uma careta da central.

Olhei para o time que ficou comigo, Kei, Hana, Aya, Chiasa, Aki. Do outro lado estava Sora, a italiana, Chizue, Sayu, Emi, Yumi.

— Estamos com três pontas e só Kei de central — Hana disse quando as puxei para o canto.

— Eu assumo na rede com ela — propus — você e a Aki podem assumir de ponta. Chia precisamos explorar mais as laterais e bolas falsas. O outro lado está com três centrais praticamente, já que a Yumi andou trocando de posição para atuar com a Sayu.

— Certo capitã!

Senti um olhar penetrante na minha nuca, e quando me virei nossas adversárias estavam todas olhando para o nosso lado. A Sora e a italiana pareciam particularmente ferozes.

Tombei a cabeça — Sinto que estamos prestes a sermos devoradas por uma alcateia.

— E o que vamos fazer contra isso? — Aki questionou seguindo meu olhar.

— Voar mais alto — pisquei um olho — coordenem seus movimentos com a linha da frente e trassem possíveis trajetórias. Não podemos falar, mas podemos nos olhar.

— Chega de conversa — Dan apitou. Bati a mão nas das meninas e tomei minha posição no lado direito da quadra, na rede. Olhando com cuidado a organização do outro lado, Sora estava me enfrentando diretamente nessa rotação.

Um sorriso largo se abriu no meu rosto, joguei meu cabelo para o lado no característico efeito e me apoiei nos joelhos, pensando.

Isso será divertido.







N/A: Obrigada por ler até aqui!

Tem mais um capítulo de crossover, com o jogo delas + invasão no treino masculino e voltamos para corujinhas completas no acampamento de treino do grupo Fuyumi.

Também te convido a ler o especial Bokuto!Zeus x Leitora, um dos agradecimentos pelos 6k de seguidores postados no perfil.

Até mais, Xx!

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