Aprovação
itálico - inglês
O lugar escolhido foi a loja de esportes no shopping. Primeiro, porque Thomas ainda não tinha visitado o local, e segundo pela vasta variedade de equipamentos e possibilidades.
— Chie por favor, não deixe Dan chegar perto da ala de musculação — pedi passando pela porta junto do mais novo.
Minha cunhada riu — Vou puxar ele para o departamento de corrida. Fique tranquila.
Dan fez uma careta por estarmos conversando como se ele não estivesse por perto, mas dessa vez não falou nada. Coloquei a mão no ombro de Tom e guiei ele para o departamento de futebol.
— Então como foi o treino com Shuuya? — questionei pegando uma cesta para ajudar enquanto ele via os equipamentos.
— Foi bom. É um pouco difícil, mas com uma palavra ou outra consegui, os termos gerais tipo; chuta, esquerda, aqui. O capitão é ótimo, e o goleiro também. No geral, o time é bom — o loiro se abaixou perto de meias começando as olhar. Levantando as numerações para eu conferir.
— Como você conheceu ele? Shuuya eu digo.
Resmunguei — Bem, nos encontramos sempre que tem reunião de capitães, mas falamos de verdade na primeira vez, quando ele veio me pedir ajuda com Dan.
— Dan? — Tom virou a cabeça confuso — Por quê?
— Ele queria ajuda com a rotina de treino físico — respondi —, então, saiba que se entrar no time, não vai escapar do treinamento de Dan mesmo sendo outro esporte.
Ele remusgou baixo me fazendo rir, baguncei seus cabelos e continuei andando no corredor. A cesta estava no meu braço e enquanto isso o mais novo vinha e ia, pegando tudo que precisava. Meião, caneleiras, vestes apropriadas para treino, até uma camisa do time oficial do Japão.
Enquanto na loja, tudo estava tranquilo. O problema aconteceu na saída dela, Dan e Chie acompanharam Tom no caixa e eu saí para aguardá-los do lado de fora. Contudo, no momento em que pisei no corredor dei de frente com parte da família de Bokuto. Por família entende-se a mãe, uma das irmãs, Katsue, e aquela coisinha chamada de Shizuka.
— [Nome]! — Katsue exclamou e veio até mim pegando minhas mãos. — Que surpresa boa te encontrar aqui.
Forcei um sorriso repleto de simpatia — Já faz um tempo, como você está?
— Sra. Bokuto, Shizuka-san — mantive a formalidades soltando de Katsue e me curvando.
Nenhuma das duas pareciam adequadas ao local, nem na maneira de se portar quanto a maneira de se vestir. Pareciam deslocadas, e com suas roupas de grife levavam nos rostos certo desprezo pelo "popular".
A mãe de Kou olhou para loja e então levantou os óculos, senti imediatamente o corpo travar quando seus olhos se cruzaram com os meus. Se Koutarou era o sol, sua mãe era como urano, o planeta mais frio do sistema solar. A sensação que a mulher me causava era estranha. Normalmente eu não dava muita atenção para o que as pessoas pensam de mim, mas ali era completamente diferente.
Por estar com o uniforme da escola, me senti suja. Inferior.
— Não posso dizer ser realmente uma surpresa — disse a mais velha — Kou também adora lojinhas como essas. Faz muito tempo que não escuto sobre você, continua treinando querida?
Cada frase sua parecia como uma ameaça, mas de maneira alguma poderia deixar que ela percebesse meu real medo — Sim, estamos nos preparando para o próximo campeonato.
— Oh, é verdade — Shizuka colocou a mão na frente da boca —, vocês não foram tão longe no intercolegial, certo? Espero que tenham mais sorte dessa vez.
Fechei a mão em punho e engoli a seco — Chegamos aos oito melhores times do país.
— Não acha melhor se dedicar aos estudos? Garante uma melhor vaga do que resultados esportivos — a mãe balançou a mão. — Soube que está na classe avançada. Então ao menos sabe estudar.
— Obrigada pela preocupação — rebati —, nosso conselheiro de time acompanha de perto os rendimentos. No momento em que as coisas apertarem, reconsideremos, mas não será necessário, venceremos dessa vez.
— É o que costumam falar — Shizuka deu um passo a frente repleta de deboche. — O que fará de diferente dessa vez? Tem algum ataque especial?
— Ela tem a mim — senti uma mão no meu ombro e quando olhei vi Dan parado com uma cara de poucos amigos. Imediatamente senti uma sensação de segurança, não foram necessárias palavras para entender que duas das três estavam se perguntando quem ele era.
— Sou Daniel, treinador do time e irmão da [Nome] — se apresentou —, infelizmente precisei deixar a campanha na metade no campeonato passado. Mas minhas garotas fizeram bem se mantendo na mesma posição mesmo com complicações.
Katsue deve ter percebido o clima, pois entrou no meio para tentar aliviar.
— Kou já falou de você, treina os garotos ocasionalmente certo? Ele te admira, por saber o tanto que sabe, obrigada por cuidar bem do meu irmão mais novo.
O rosto de Dan suavizou — Koutarou é ótimo jogador, com o direcionamento certo ele vai longe. Mas tende a exagerar, é preciso medir os treinos dele de perto. Suporte fisioterapêutico é essencial para ele conseguir performar em alto nível.
— Desculpa perguntar — Shizuka se curvou, um sorriso doce e uma voz ainda mais melosa —, disse serem irmãos, mas são tão diferentes.
— Meio-irmãos — Dan respondeu sem titubear.
A mãe de Bokuto voltou os óculos para os olhos — Vocês têm uma família... Moderna.
— O que está acontecendo? — Tom perguntou também mirando o grupo — Posso não entender, mas sei fazer uma boa leitura do ambiente.
— Não se preocupe — respondi para ele. E em seguida virei para a Sra. Bokuto.
— Com todo o respeito, não sei o que seria o conceito de moderna que fala. Mas somos felizes, isso que importa para uma mãe no fim do dia, certo? Que seus filhos estejam felizes.
Se ela estava me ameaçando com meias-palavras, eu também faria o mesmo, não era fácil deixar de encolher os ombros perante o seu olhar, mas a partir do momento que falava sobre a minha família a questão é outra.
Talvez ela tenha sido pega de surpresa pela minha resposta, ou apenas quisesse sair dali. Com uma confirmação repleta de incertezas, a mais velha se foi de braços dados com Shizuka — que mais parecia uma boneca — ao seu lado. Com uma desculpa qualquer sobre horários.
Katsue ficou para trás com a promessa de que as encontraria depois, e enfim quando a dupla saiu do meu campo de visão a irmã de Kou se inclinou para mim.
— Não se preocupe, você foi bem.
— Nossos conceitos de bem, parecem distantes.
Ela deu um sorriso triste — Não estou tentando justificar as ações da minha mãe, mas... Tem um motivo. Ela sofreu muito até hoje.
— Todos temos dificuldades, não é um passe para fazer o que quiser com outros — Dan rebateu. — Ou ainda, julga ela pela aparência.
— Sim, tem razão — respondeu por fim. — Minha mãe sempre teve altas expectativas de todos nós, ela espera resultados. Se tem algo que você pode fazer para ter sua aprovação é ganhar, embora eu acredite que ter Kou gostando de você devia ser o suficiente.
Respirei fundo e levantei a cabeça — Disse a primeira vez que não estou brincando com o sentimentos deles, mesmo se eu não ganhar. Não vou me afastar, porque outrem quer.
Katsue sorriu, genuinamente — Sei que não, e isso que me faz gostar de você. Preciso ir, podemos nos encontrar algum outro dia, Koemi também iria adorar.
Por hora concordei e então assim que ela se afastou deixei os ombros caírem. Chie me abraçou pelos ombros servindo de apoio.
— [Nome]?
Respirei fundo e deixei a cabeça cair — O dia estava bom demais, claro que ia acontecer algo.
— Não fique tão para baixo, libero para sobremesa hoje — Dan apertou a minha bochecha —, vamos comemorar que Tom vai voltar para escola.
— Quero é entender o que está acontecendo, não gostei daquela velha. Nem da menina ao lado dela, mas porque elas parecem com seu namorado?
— Quer dizer, que você não quer um doce?
— Não foi o que eu disse. — O mais novo imediatamente corrigiu.
Chie deu a ideia de passar numa doceria e pegar um bolo, visto que hoje seria um jantar de família.
Todos eles pareciam alertas sob as minhas reações, inevitavelmente pelo resto da tarde e noite fiquei mais retraída. A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi tomar um banho e me livrar da sensação de suja.
Quando saí, é claro que a maior psicóloga da casa já estava me esperando. Eu era apenas a aluna, em questão de percepção. Minha mãe que era a mestre.
E claro que Daniel já tinha dito a história inteira para ela enquanto escondida no quarto.
Me sentei na cama do quarto enquanto ela entrava e fechava a porta se sentando ao meu lado.
— Dan é um fofoqueiro — reclamei.
— Também, mas quem estava mais preocupado com você foi Tom. Ele provavelmente não está acostumado a te ver tão para baixo.
Juntei as mãos, mantendo os cotovelos apoiados nos joelhos e o corpo curvado para frente — Não sei dizer porque aquela mulher me afeta tanto.
— Desde o fundamental, você passou tempo demais prestando atenção só nos outros. Até mesmo no time, apesar de ser você que começou a história, é um desejo comum, compartilhado. Seu único desejo individual, agora, é amor, e quem parece ser aquela apta a impedir de alcançá-lo é a mãe de Bokuto.
A mais velha afagou meu ombro — Se preocupa porque é alguém que ele ama, e que escuta. Tem medo de que ela possa convencê-lo que você não é adequada.
— Como poderia não ter? A outra garota parece uma princesa, se veste e se porta como uma. E eu... Não consigo dar toda a atenção que ele merece agora.
— Não importa quando o que vale são os pensamentos dele, não podemos colocar nome ou tamanho no que os outros sentem [Nome]. Você confia nele? — questionou já sabendo a resposta. — Então não duvide do seu valor, quem questiona, só não entende.
Minha mãe se levantou após de dar um tapinha em meu joelho — O jantar está quase pronto, não demore para descer.
Assim que ela saiu me deitei na cama olhando para o teto tentando alinhar as minhas merdas. O time estava bem, apesar da situação com Misaki ser incerta. Dan e Chie estavam sempre por perto para guiar. Estudos, se eu tivesse qualquer deslize, ouviria de Sora já que temos nossa competição particular de resultados. Mahiru, era um assunto na mão de Makoto, a minha participação viria com vitórias em quadra.
É normal ter dúvidas, passar por momentos onde ponderamos nossa capacidade. Principalmente quando enfrentamos algo que coloca nossas habilidades em cheque, contudo. Um dia ruim não define todos os outros de trabalho.
Palavras de um terceiro, não devia me fazer duvidar das promessas de Koutarou.
— Se Sora estivesse aqui, ela me chamaria de idiota — voltei a me sentar e peguei o celular —, dessa vez não só do vôlei.
No momento em que o fiz, mensagens apareceram, e com elas, um sorriso afinal era a única aprovação que eu precisava.
> [Nome]!! Chegamos em Shinzen, de manhã, não agora.
> Estamos indo para o treino livre, lembra quando ficamos eu você e o Akaashi treinando? Já não fazemos muito isso.
> A punição da vez é correr a colina atrás do ginásio, a escola convidada Karasuno levou todas as punições dos jogos que jogaram.
> Aconteceu algo muito estranho porque eles estão errando várias jogadas, é até engraçado de ver.
> Vamos treinar juntos quando eu voltar?
> Ahhhh, Kuroo está me chamando.
> Falo com você depois.
E a última.
> Queria que estivesse aqui.
N/A: Obrigada por ler até aqui!
Ânimo capitã!! O homi te amaaaa, não será uma coisinha que tirará seu lugar.
Até a próxima, Xx
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