Epílogo

Dez anos depois

A coroação aconteceu em uma primavera, e Minjeong ficou surpresa com a quantidade de soberanos dos principados aliados, assim como de membros dos conselhos, que viajaram para assistir. O interessante era ver que muitos se deram o grande trabalho de levar regalias. Era incrível ver a tentativa de obter favores; ao mesmo tempo, era gratificante.

A cerimônia começou ao anoitecer e aconteceu sob as estrelas, no Palácio Imperial. Braseiros ardiam, e o céu brilhava com um luar de prata. O chão sob seus pés estava coberto de mil-flores, que floresciam à luz da lua.

Minjeong estava usando um vestido de seda azul-marinho com um manto de veludo preto cobrindo os ombros, enquanto Jimin usava um terno preto com o manto vermelho imperial. Seulgi, em suas roupas sociais e manto azul, iria conduzir a cerimônia.

Bae Joohyun vestia preto com botões dourados. Para a surpresa de muitos, o "Rei" que por muitos séculos não aparecia em público, continuava com uma presença igualmente majestosa e poderosa.

– Há muito tempo, a tradição se mantém na Grande Corte Imperial – começou Seulgi. – Ligação de sangue define o sucessor. E embora estejamos diante de um novo tempo, vamos seguir a tradição mesmo assim. Dessa forma, Grande Rainha, aceite sua nova coroa de sua criadora e antecessora.

A antiga Conselheira Imperial fez uma mensura e pegou a coroa sob a cabeça de Joohyun, um aro de dourado intenso, com nove pontos nos formatos de folhas ao redor. Por ser a Grande Rainha, Jimin não devia se ajoelhar para ninguém, e Seulgi ficou responsável por colocar a nova coroa sob sua cabeça.

– Príncipes e Princesas da Coreia do Sul – continuou Seulgi, usando as palavras ritualísticas que Jimin conhecia há muitos anos. – Diante de vocês se encontra a mais nova governante suprema do país. A partir de agora todos os principados aqui presentes estarão sob sua regência e domínio.

Os presentes ficaram olhando-a. E um por um, aproximaram-se do trono e juraram sua lealdade no antigo idioma, curvando-se e demonstrando respeito. A solene reverência comoveu Jimin.

Sua criadora tinha razão, pensou. Eles eram seu povo. Como podia não liderá-los?

Quando os presentes terminaram seus juramentos, Seulgi olhou para Minjeong.

– Adiante-se e aceite sua coroa da Rainha, sua companheira e sua governante.

Minjeong deu um passo à frente e parou quando Jimin pegou uma coroa sobre uma almofada. Ela a colocou em sua cabeça. Era semelhante a que usava, e Minjeong ficou surpresa com seu peso.

– Eu te amo – sussurrou a Rainha.

Minjeong abriu um sorriso e repetiu as mesmas palavras que ela lhe dizia com frequência. Jimin sorriu de volta antes de se virar para multidão diante delas.

– Como de costume, o novo governate tem por direito reformular sua Corte da forma que julgar necessária. Temos muito em que trabalhar, mas nesse momento começarei pelo Exército e Conselho Imperial.

Ela sinalizou para um guarda imperial, que trouxe consigo uma linda espada prateada.

– Seo Changbin, comandante do exército seulita – disse ela. – Uma vez que Seul torna-se a cidade Imperial, você assumirá o cargo de General Imperial e unificará essas duas forças pelo tempo que permanecer a serviço da coroa.

Ele recebeu a espada com uma reverência e a mão sobre o coração.

A Rainha continuou.

– Uchinaga Aeri, a partir de agora você assume formalmente sua posição como Conselheira Imperial. Continue a trabalhar em benefício do reino e conte com o auxílio de Ning Yizhuo, a nova chefe de inteligência da corte de Seul.

Houve murmúrios depois disso. Aeri e Ningning se adiantaram e fizeram uma reverência.

– Por fim – disse Jimin. – Gostaria que três dos antigos membros da Corte Imperial se aproximassem.

Lee Heeseung, Miyawaki Sakura e Huh Yunjin subiram no tapete em frente ao trono. Estavam usando roupas formais que deixavam em evidência a posição que exerceriam a serviço da coroa.

Era bem verdade que alguns dos membros do antigo conselho de Seul não foram dignos de acompanhar Jimin nessa nova era. Devido a sua insolência, Jisu havia sido despojada do seu cargo juntamente com Taeyong, que em mais de uma ocasião mostrara seu fracasso diante dos seus deveres.

Yeji, por outro lado, ainda estaria a serviço da coroa, mas apenas integrando uma das equipes sob comando de Ningning. E isso era muito mais do que ela merecia receber.

– Vocês que serviram eficazmente a antiga governate, quero que permaneçam comigo nessa nova era – Continiou Jimin. – Cada um deve permanecer na sua posição dentro do Conselho Imperial. E, embora eu os esteja escolhendo, espero que continuem a provar o seu valor em nome do Império.

Eles se curvaram e se juntaram a Aeri e Ningning.

A Rainha se demorou alguns instantes olhando para seus cidadãos, como para se certificar do quão real era aquele momento. Com um olhar de soberania controlada, dirigiu-se aos demais presentes ali.

– Agora que essa questão inicial foi resolvida, espero que aproveitem a noite.

Com essa deixa, a música começou a tocar pela câmara principal do palácio e os convidados puseram-se a apreciar a comemoração de forma apropriada.

\[...]

Depois da coroação, Jimin e Minjeong se dirigiram para uma área externa, onde o couro de vozes animadas e musica dava lugar a calmaria da noite.

Lá fora, Minjeong observou o horizonte radiante da cidade que se estendia logo abaixo, admirando as luzes dos edifícios reluzindo sob o céu noturno. Era tão lindo que fazia seu coração aquecer. Queria poder viver ali pelo resto da sua existência e aproveitar a beleza da cidade.

– O Palácio Gyeongbokgung. É para lá que iremos nos dirigir – disse Jimin, indicando a direção onde a construção ficava localizada. – Como mencionei antes, o Palácio Imperial e seu território permanecerá sob o domínio da antiga governante. Assim como os membros da sua Corte particular.

Minjeong olhou para Jimin, maravilhando-se pois, nos anos que transcorreram desde que a conhecera, ela jamais deixará de a fascinar. Estava linda e forte, tão formidável como sempre, arrogante, adorável, impossível e irresistível. Quando parou ao seu lado, segurou sua mão e acariciou sua palma com o polegar. Minjeong sorriu.

Estavam vivendo no Palácio Imperial há alguns meses enquanto ela se preparava para assumir o trono, traçando planos para o futuro. E todas as noites, o Conselho havia se reunido para discutir sobre as mudanças que seriam feitas. Minjeong se sentia entusiasmada pela perspectiva do que viria.

– Parece-me uma excelente idéia – disse ela. – Ele está bem isolado dos humanos e foi construído em pedra, de modo que não devemos temer os incêndios. Se instalarmos umas persianas metálicas em todas as janelas, poderíamos nos mover durante o dia.

A Rainha assentiu.

– Além disso o lugar é bastante grande – continuou Minjeong em tom calmo. – Todos poderemos viver ali sem que haja conflitos de interesses.

– Sobre essa questão... – Jimin olhou para ela. – Se você não estiver de acordo podemos designar os membros do Conselho para uma de nossas propriedades.

Uma de suas propriedades. Como nunca tinha sido proprietária de nada, Minjeong tinha certa dificuldade para assimilar tudo o que agora lhe pertencia. E não se tratava somente de imóveis, mas também de arte, carros, jóias. E o dinheiro em espécie que controlava era uma loucura.

Por sorte, Sakura compartilhava com ela seus profundos conhecimentos do mercado de valores, e também estava ensinando os mistérios dos investimentos em bônus do tesouro, ouro, mercadorias. Era assombrosamente boa com o dinheiro.

E ainda melhor com ela.

Ela percorreu com o olhar a cidade logo abaixo antes de encarar Jimin.

– Peço que considere essa alternativa. Não pensa que é mais conveniente que o Conselho esteja por perto?

– Quer mesmo fazer isso? A antiga governante mantinha um esquema similar, mas não imaginei que você fosse concordar.

– A decisão final é sua, lembra? Mas eles são seus conselheiros mais próximos, as pessoas nas quais mais confia. Por que iria querer mantê-los distante?

Jimin ficou alguns instantes em silêncio antes de responder:

– De acordo, então.

Minjeong sorriu e baixou o olhar para a mão de sua companheira que estava entre as suas, e sentiu uma absurda vontade de chorar.

– Meu amor – disse Jimin suavemente – Está tudo bem?

Ela assentiu, mesmo depois de anos ainda se surpreendia com o fato de que a Rainha podia perceber todos os seus sentimentos com facilidade.

– Estou muito bem. – Disse, sorrindo.

– Sabe? Justo antes de conhecê-la estava procurando uma aventura.

– Sério?

– E encontrei muito mais que isso. Agora tenho um passado e um futuro. Toda... uma vida. Algumas vezes não sei como lidar com minha boa sorte. Simplesmente não sei o que fazer com tudo isto.

– É estranho, eu sinto o mesmo.

Jimin segurou seu rosto entre as mãos e posou seus lábios sobre os dela.

– Por isso a beijo com tanta frequencia, Minjeong.

Ela sorriu, sentindo mais do que nunca que pertencia a algum lugar.

– Já disse que te amo hoje? – Perguntou Jimin, levando as mãos ao meu rosto.

Isso a fez sorrir.

– Já.

Seus dedos acariciaram suas bochechas.

– Bom, não custa nada repetir – ela disse, suavemente, levando os lábios à sua têmpora. – Eu te amo. Amo que faça minha existência ganhar um significado. E amo que seja a luz que ilumina meu mundo sombrio.

Minjeong sentiu seus olhos arderem e piscou depressa para impedir as lágrimas de caírem.

– Por favor, não chore.

Ela deu uma risada.

– Fica difícil com você agindo assim – disse, fechando os olhos e deixando que beijasse suas pálpebras.

Jimin foi rápida, mordendo seu lábio para provocar.

Ela a beijou como se fosse o último momento da sua vida, suspirando e deixando a língua escorregar por entre seus lábios enquanto suas mãos inclinavam sua cabeça para trás.

– Hoje à noite – Jimin disse ao se afastar para beijar seu pescoço. – Vamos aproveitar a companhia uma da outra da melhor forma possível.

– Promete? – Perguntou Minjeong, com uma risadinha, enquanto ela a mordiscava.

– Prometo. Agora, quantas horas ainda vamos precisar ficar nesta festa mesmo?

Ela deu uma risada e deslizou suas mãos nos cabelos negros de Jimin. Chegando mais perto, tomou os lábios dela nos seus.

Era verdade que talvez chegasse um dia em que precisassem voltar a entrar em conflito contra a Ordem dos Caçadores. Mas por hora, elas viviam uma vida Imperial juntas enquanto seus inimigos pareciam perseguir outros inimigos.

Minjeong não tinha ideia de por que Jimin havia entrado na sua vida. Ela não tinha ideia do porque elas tinham recebido uma segunda chance juntas. Mas ela vivia todos os dias grata e cheia de esperança.

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Bom galera, quero agradecer quem acompanhou essa fic até aqui. Com certeza foi uma das mais diferentes que já postei aqui no Wattpad, mas ter o apoio de vocês foi realmente animador. Então muito obrigada! ^^

E para quem está acompanhando Behind Your Touch, a partir de agora nos encontramos por lá.

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