38

A biblioteca estava escura, apesar da luz fraca que entrava pelas janelas e pelas vidraças que formavam a alta cúpula do teto. Minjeong andava de um lado ao outro entre as prateleiras de livro, sua mente tomada por pensamentos e seu corpo parecendo preso em amarras. Foi uma experiência desgastante tudo o que acontecera naquela noite.

Ningning já havia avisado que Jimin estava bem, que a situação na câmara do Conselho estava controlada. Mas ela teve dificuldades em abrandar a agustia crescente que sentia no peito.

Escutou Jimin chamar seu nome, como se estivesse distante. Quando se virou, a encontrou ali, observando-a silenciosamente.

– Minjeong? – O rosto de Jimin estava marcado de preocupação. – Como você está?

A Princesa levantou a mão para segurar o rosto dela.

O prazer que Minjeong sentia ao vê-la desintegrou-se quando se lembrou do que ela havia feito. Jimin havia tomado todas as decisões sozinha e a musicista não conseguia entender como parecera tão impassível enquanto fazia isso.

Ela virou a cabeça e a mão dela caiu.

– Eu pensei que eles tinham matado você – A voz de Minjeong ficou baixa. – Eu agonizei sobre isso. Você prometeu que ficaríamos juntas, e você simplesmente me dispensou.

– Minjeong, eu...

– Como você pôde me mandar embora?! – Ela apertou seus ombros, os olhos castanhos fixos em seu rosto.

Jimin respirou fundo.

– Você poderia ter sido morta. Ou pior, você e sua amiga poderiam ter se tornado escravas para qualquer um. Você entende o que isso significa?

Minjeong pôde sentir algo bem parecido com pânico na voz dela. Mas isso era impossível. Jimin era estoica e inexpugnável. Ela nunca entraria em pânico.

– Hyunjin não estava interessado em nós.

– Alguém teria se interessado. Uma vez que você e sua amiga estivessem em segurança fora da sala do Conselho, eu seria capaz de recuperar o controle do exército. Hyunjin está morto, e eu sou a princesa novamente.

– Mas eu estava nas mãos dos soldados que serviam a Hyunjin, poderia ter morrido ficando ou não...

Jimin a interrompeu.

– Eu juro em nome das relíquias que nunca vou mandar você embora. Mas se sua segurança estiver em risco e houver alguma alternativa... – Ela parou, incapaz de continuar.

– Eu podia ter tentado persuadir Hyunjin a me deixar ficar com você.

– Sempre admirei o seu otimismo, Minjeong, mas não consigo compartilhar. – Ela a envolveu em seus braços, puxando-a para si. – Ainda assim, eu estou grata que tudo tenha corrido bem. De nada valeria ter recuperado meu principado se eu tivesse perdido você.

A fadiga a alcançou, e ela fechou os olhos, descansando sua bochecha contra seu ombro. Era mais fácil assim, fechar os olhos e esquecer tudo o que tinha acontecido por alguns instantes.

Mas era impossível apagar as lembranças do que havia acontecido no seu apartamento. Sunghoon estava morto. Mesmo agora, com a retomada de Jimin ao trono, isso não mudaria.

Como se pudesse ler os seus pensamentos, a Princesa se afastou e a encarou atentamente.

– Você tem certeza de que está bem? – Perguntou ela.

– Só estou um pouco cansada depois da noite de hoje.

– Não faça isso.

– Não faça o quê?

– Mentir.

– Não estou mentindo. – Minjeong mexeu na camisa social que ela estava usando. Jimin ergueu as próprias mãos e segurou as dela.

– Sei quando não está sendo sincera. Posso ouvir no seu coração. Posso sentir o cheiro na sua pele.

– O que eu ainda acho extraordinariamente bizarro e irritante na nossa espécie – murmurou ela.

– Interessante como sua opinião muda quando consegue descobrir o que eu realmente estou sentindo. – Jimin mordiscou a orelha dela de brincadeira. – Eu sei que você está preocupada com a sua amiga.

Minjeong se retorceu nos braços dela, mas ela não a soltou.

– Não quero falar sobre isso.

– Ela ainda está na minha residência, mas irei providenciar para que retorne ao mundo humano em segurança – Jimin tocou o canto do queixo dela com suavidade, como se estivesse tentando incitá-la a olhar para ela. – Sinto muito que as coisas não tenham corrido como você esperava.

– Isso é pouco. Não posso imaginar o tamanho da dor que ela vai sentir quando descobrir o que aconteceu com Sunghoon.

Jimin ficou quieta por um momento. Minjeong quase podia ouvi-la pensar.

– Você... me deixa preocupada.

Ela arqueou uma sobrancelha.

– Por quê?

– Não posso parar de pensar sobre como você ficou quando tudo aquilo aconteceu

Minjeong respirou fundo.

– Desculpe-me.

– Não quero desculpas. Você não tem nada de que se desculpar. – Jimin afastou o cabelo da testa, seu corpo visivelmente tenso. – O que eu quero é ver você bem.

– Estar com você aqui já me faz se sentir bem. – Minjeong relaxou contra o seu corpo, deleitou-se com a maciez, a presença, todo o ser dela.

– Por isso preciso dar o meu melhor – Lentamente, ela entrelaçou as mãos de ambas, levou-as à boca e começou a beijar a ponta dos dedos de Minjeong.

– E quanto a você? – Perguntou a musicista. – Parecia distraída quando entrou na biblioteca.

– Vou reformular o Conselho a partir de agora, mas ainda temos preocupações com a Ordem dos Caçadores.

– São sérias?

– Sim, mas estamos cuidando disso.

– Que tipo de preocupações?

– O sol já vai nascer – Ela beijou a testa dela, então se afastou. – Talvez fosse melhor você descansar um pouco.

Minjeong pegou a mão dela e a puxou. Jimin não resistiu e olhou para as mãos das duas unidas. Ela era uma vampira, mas a Princesa era extremamente poderosa, mesmo para uma antiga. Controlava sua força quando estava perto dela. Do contrário, ela nunca seria capaz de detê-la.

– Está escondendo algo.

Minjeong estreitou os olhos castanho. Jimin soltou sua mão e esticou o braço.

– É claro que não.

– Você mudou de assunto quando fiz uma pergunta simples. E seus olhos escondem algo.

Ela a encarou, sem se mover, como um cervo que tenta evitar um predador. Minjeong bufou.

– Sei que você não tem preocupações com o principado por conta da Ordem. Mas é difícil acreditar que não tenha algo mais te atormentando para reagir dessa forma.

– Às vezes a ignorância é uma bênção. – Ela falava em voz baixa. – Há mil coisas que eu desejaria poder esquecer.

– Você está me assustando.

Jimin pareceu considerar a observação dela. Suspirou e afastou os cabelos dela do rosto.

– Com todas as questões envolvendo a Ordem, tenho pensado em me encontrar com o Rei. Irei enviar um mensageiro ao Palácio Imperial o quanto antes – Jimin pegou o queixo dela. – Vou explicar tudo a você quando tiver descansada. Meu objetivo é protegê-la, não a ferir. Espero que acredite nisso.

Minjeong começou a protestar, mas desistiu. Ela não tinha razão para duvidar dela. Ainda assim, sabia que a Princesa estava escondendo algo, e, quaisquer que fossem as informações, eram extremamente importantes.

Mas ela prometera lhe contar. Daria a ela o benefício da dúvida.

– Preciso tomar um banho e me trocar antes de dormir. – Ela tocou a barra da sua camisa com pesar.

– É uma ótima ideia. – Jimin trouxe a mão dela à sua boca e a beijou. – Vai te ajudar a relaxar.

– Toma um banho comigo?

Jimin piscou.

– Perdão?

Minjeong fez um bico.

– Da última vez que fizemos isso, digamos que eu não estava totalmente consciente.

Jimin deu uma risadinha, lembrando da ocasião em que a havia transformado, e a seguiu para o banheiro da suíte.

Ela abriu o chuveiro, ajustando a temperatura da água, e chamou Minjeong para testá-la. Vampiros podiam sentir calor e frio, mas apenas vagamente. Por ter uma resistência maior, temia que a água estivesse quente demais.

Minjeong observou enquanto ela se desnudava rapidamente, dobrando cada peça de roupa preta e colocando-as na penteadeira.

Ela ficou limpando fiapos imaginários da camisa enquanto a Princesa permanecia na frente dela, nua.

Jimin tinha cerca de 1,70 metro de altura, era esguia e forte. Minjeong ficou um momento apreciando a musculatura definida da barriga dela e a constituição forte de suas coxas. Nem mesmo uma estátua entalhada pelo escultor mais talentoso representaria um ser com tamanha perfeição. O rosto dela a fazia lembrar um anjo, com olhos castanhos intensos que agora olhavam para ela, ansiosos.

Ela escondeu o rosto.

– O amor é uma coisa estranha. Eu já o vi. Fiquei feliz quando outros o encontraram. Mas nunca acreditei que fosse para mim.

– Por que uma jovem bela e forte não deveria encontrar amor?

– Porque, como você costuma dizer, seres humanos são superficiais.

– O amor é profundo. – A voz dela ecoou no banheiro.

– O amor é ter o poder de destruir outra pessoa.

Jimin se aproximou.

– Você tem medo de ser destruída?

– Destruída, consumida, traída.

Ela começou a mexer no decote de sua camisa. Jimin colocou a mão sobre a dela, detendo-a.

– O amor cria, não destrói.

Seus lábios tocaram o lugar onde o pescoço dela se juntava com o ombro. Ela a beijou devagar, traçando o caminho de sua clavícula nua. Segurou a barra da camisa dela.

– Permita que eu faça.

Ela puxou a camisa por sua cabeça, deixando-a cair no piso de mármore. Em seguida, ajudou-a com a calça, tirou o sutiã e a calcinha. Finalmente Minjeong estava tão nua quanto ela, e os olhos de Jimin percorreram deliciados o corpo dela.

– Eis um banquete para meus sentidos assim como para meu coração.

Seus dedos pálidos acariciaram a bochecha, a boca e o pescoço de Minjeong. Suas mãos fortes pegaram os seios dela, acariciaram a barriga e os quadris. Finalmente seus olhos encontraram os dela.

– O poder que você descreve é o poder que existe aqui. – Ela tocou a testa de Minjeong antes de levar a mão até o coração dela. – E aqui. É o poder que tem sobre mim. Poder que nenhuma outra possuiu desde que eu era humana. – Ela levou os lábios à orelha dela. – Seus medos são compartilhados.

Com um lento beijo no pescoço, Jimin a conduziu para o chuveiro, ficando atrás de Minjeong enquanto a água caía sobre ela. Minjeong fechou os olhos e levantou o rosto, como uma flor seguindo o sol. A água quente encharcou seu cabelo e escorreu pelas curvas generosas de seu corpo.

– Você me convidou apenas para um banho ou tinha segundas intenções?

Jimin descansou as mãos nos ombros dela. Ela limpou a água de seu rosto.

– Estou aberta a sugestões. Apenas não me deixe cair.

Jimin passou o braço pela cintura dela, puxando-a de costas até seu peito.

– Então eu devo me certificar de que isso não aconteça.

Minjeong a beijou, se esticando para correr os dedos pelo cabelo molhado dela enquanto a água caía sobre os ombros. Movia-se com a avidez nascida do amor, do afeto e do alívio de lembrar que não a havia perdido.

Jimin era dela.

Mesmo antes, com uma miríade de falhas que poucas pessoas deixavam de notar, ela a havia abraçado. Ela abraçou suas imperfeições.

Ela a amava.

Suas mãos frias queimavam a pele dela, e a Princesa a puxou, com os dedos bem abertos sobre sua barriga, até que as costas de Minjeong entrassem em contato com seus quadris. A musicista entregou seu peso e ela a segurou firme, mordiscando e lambendo os lábios dela antes de deixá-la colocar a língua na sua boca.

Ela deslizou a mão por sua barriga, parando no meio das suas coxas antes de mover os dedos ali, acariciando-a suavemente.

– Jimin... eu... – Minjeong agarrou o pulso dela, excitada.

– Você tem certeza? – Perguntou ela, respirando pesado em seu ouvido.

Minjeong assentiu.

– Preciso de palavras, Minjeong. Preciso saber o que você quer.

– Eu quero você.

A Princesa a beijou, sua língua penetrando e saindo da boca dela num ritmo sensual. Minjeong virou a cabeça, recebendo-a, enquanto a água continuava a cair.

Jimin não era uma amante mansa. Em seus braços, ela sentia seu controle, seu desejo, e a guerra que se deflagrava entre os dois sentimentos dentro dela. Mas ela nunca a machucava e sempre se preocupava em dar prazer antes de tê-lo. Geralmente mais de uma vez.

– Você é um sonho – suspirou Minjeong. – Um sonho de amor que eu nunca achei que fosse ter.

Mãos firmes acariciaram suas costas, massageando-a com movimentos cheios de volúpia. Ela sentiu sua respiração em seus pescoço quando Jimin a puxou ainda mais contra seu corpo. Ela estendeu uma das mãos para a parte inferior das suas coxas, procurando por sua abertura e deslizando os dedos com calma, acariciando-a até que seus quadris começassem a se mexer e uma onda de umidade a lubrificasse. Então provocou seu centro com toques suaves.

– Jimin...

– Respire – ordenou ela, mordicando sua pescoço.

Jimin era uma vampira, orgulhosa e poderosa, no limite do controle. Ela mostrou os dentes como por instinto e um rosnado escapou de seu peito.

– Apenas não me quebre – sussurrou Minjeong, virando a cabeça para encontrar seus olhos. A expressão de Jimin ficou ainda mais feroz.

– Não vou. Qualquer que seja o mal que eu faça a você, juro que jamais irei me perdoar.

Ela calou sua resposta com um beijo e então moveu a mão sob seu sexo e foi enfiando os dedos lentamente. Minjeong prendeu a respiração. Tudo naquele momento a excitava, mas não havia nada melhor do que a sensação de alargamento que continuou até Jimin encaixar os dedos perfeitamente dentro dela. Minjeong tentou engolir, falar alguma coisa. Não conseguiu. Só queria sentir.

Beijos molhados pousaram em seu pescoço, em alternância com mordidinhas leves. A Princesa a acariciou antes de mover um pouco mais o polegar. Quando a massageou ali, Minjeong se contraiu por dentro e gemeu.

Só então ela começou a se mover. Recuou os dedos, voltou para dentro dela, retirou, deu uma nova estocada e foi encontrando um ritmo. A ação simultânea dos dedos e dos beijos em seu pescoço deixava sua pele em chamas. O fogo parecia se espalhar de dentro para fora, em círculos cada vez mais largos.

Não havia palavras. Não havia pensamentos. Os olhos de Minjeong se fecharam enquanto ela ofegava, as palmas das mãos contra a parede em busca de apoio.

Seus beijos ficaram ferozes como seus movimentos, entrando e saindo dela, seguidamente.

Jimin estendeu um braço para entrelaçar os dedos da mão livre com os dela. O movimento fez seus seios roçarem contra suas costas, o que a excitava ainda mais. A musicista ignorou a água, o cheiro do sabonete e tudo a sua volta. Estava concentrada na sensação enquanto Jimin a levava rapidamente à beira do orgasmo.

O sexo dela se comprimiu. Por um momento que pareceu eterno, Minjeong flutuou no limiar do êxtase, sem fôlego, se sentindo perdida enquanto encostava-se na parede.

O orgasmo foi como uma onda que se quebrava em seu corpo. Ela estremeceu inteira enquanto Jimin continuava com as estocadas num ritmo incessante. Minjeong tentou acompanhá-la, mas as convulsões poderosas que percorriam seu corpo dificultavam sua coordenação.

Os lábios dela passearam por seu pescoço e seu queixo. Quando ela se virou às cegas, Jimin capturou sua boca, enfiando a língua bem fundo. As carícias no meio de suas pernas não paravam. Antes que o orgasmo terminasse, ela sentiu mais um a caminho. Seus músculos relaxaram em torno dos dedos dela, e em seguida se contraíram e explodiram outra vez.

Jimin esfregou o queixo em seu rosto e pescoço, abraçando-a enquanto o seu corpo trêmulo se acalmava. Elas ficaram assim por alguns segundos, então, com um grunhido, a Princesa girou-a, pressionando seus seios juntos.

Minjeong abriu os olhos e encarou aquele olhar castanho e intenso, que parecia queimar.

– Estou apenas começando – disse Jimin rouca. – Respire.

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