29
Sunghoon parou ao lado de Minjeong, animado, enquanto observavam a movimentação da equipe de apoio pelos bastidores.
Era noite de sexta. O Teatro Nacional havia fechado cedo e convidara todos os funcionários ao palco central para uma última reunião antes do espetáculo entrar em cartaz.
– O diretor Kim está muito satisfeito. – Minjeong fez um gesto na direção do seu supervisor.
O homem sorria orgulhoso, apertando mãos e dando tapinhas nas costas das pessoas.
– Todo mundo vai sair para comemorar. – Sunghoon tocou o ombro dela. – Você vem?
– Sim. – Minjeong sorriu. – Nunca perderia isso.
– E a sua namorada? Chaewon e eu queríamos conhecê-la.
– Ela está ocupada. – O sorriso de Minjeong desapareceu.
Sunghoon apertou o ombro dela novamente.
– Problemas no paraíso?
– Não. – Ela brincou com o anel em seu dedo. – Só está ocupada esta semana.
A musicista resistiu à vontade de mencionar que sua namorada na verdade era sua esposa e que ela andara dedicando boa parte do seu tempo a lidar com as questões de um principado do submundo vampiro. Esse do qual ela própria fazia parte.
– E a sua visão? Parece que o seu tratamento realmente deu resultados.
– Tenho certeza que sim.
– Que bom. Eu fico feliz por você.
Minjeong assentiu com a cabeça. Chaewon caminhou até eles e Sunghoon pegou na mão dela. Eles sorriram calorosamente um para o outro.
Minjeong sentiu uma pontada repentina de timidez.
– Vocês vão à festa de gala na noite de estreia?
– Sim, vamos. – Chaewon se apoiou em Sunghoon e abriu um largo sorriso. – E você?
– Acredito que sim.
– Kim Minjeong.
O diretor Kim se aproximou de Minjeong, cumprimentando-a e trocando cortesias com Sunghoon e Chaewon antes de perguntar se poderia falar com ela em particular.
– Vejo vocês mais tarde.
Sunghoon assentiu antes de Minjeong se afastar.
Ela tentou não ficar nervosa com a ideia de falar em particular com seu supervisor. Eles caminharam em direção às poltronas e o pequeno grupo de pessoas abriu caminho para eles.
– Sua execução no dueto está impecável. – Ele apontou para o palco, seu rosto expressando satisfação.
– A composição é vibrante – disse ela. – É como uma música completamente diferente do arranjo principal.
– Sim. – Ele lançou-lhe um olhar de aprovação. – Tenho boas notícias. O Teatro Nacional recebeu patrocínio para fazer um espetáculo com alcance internacional na próxima primavera.
– Sério? – Minjeong inspirou profundamente. – É maravilhoso. Você nunca esteve a frente de um projeto assim antes, né?
– Não. Acho que o trabalho que estamos desempenhando atualmente despertou o interesse dos patrocinadores. A repercussão do espetáculo vai ser um grande divisor de águas, mas posso escolher os membros da minha equipe. Gostaria que fizesse parte.
– Me sinto lisonjeada – Minjeong respondeu, pensativa.
Ele riu.
– Talvez você queira algum tempo para pensar? É um contrato de mais um ano aqui no Teatro Nacional. Talvez tenha outros planos.
– Claro. Gosto de trabalhar aqui e seria uma grande honra fazer parte de mais um espetáculo, mas confesso que preciso de um tempo para decidir.
– Bom. Então você pode me responder quando o espetáculo atual sair de cartaz – O direitor Kim estendeu a mão. – Ficarei aguardando.
– Obrigada. – Ela apertou a mão dele.
Após a conversa, o sorriso de Minjeong voltou, mesmo que um pouco menor do que antes. Ela se juntou aos amigos e pouco tempo depois eles saíram do teatro. Quando estavam na calçada, uma motocicleta preta chamou a atenção da musicista e ela parou.
– O que foi? – Sunghoon observava preocupado a reação dela.
– Minha namorada está aqui. – Ela deu aos amigos um sorriso de desculpas. – Não a vi durante o dia. Podem ir sem mim. Encontro vocês depois.
– Podemos esperar – ofereceu Sunghoon, estreitando os olhos para analisar a mulher recostada na motocicleta.
– Deixe Minjeong ficar com a namorada. – Chaewon puxou a mão dele. – Minjeong, falamos com você depois.
– Obrigada. – Ela olhou Chaewon com gratidão.
– Convide-a para a estreia – disse Sunghoon quando se afastaram.
Enquanto seus amigos caminharam em direção ao bar, Minjeong seguiu até a motocicleta.
Jimin estava recostada em sua Triumph, vestia uma jaqueta preta, calças escuras e coturnos. Os braços cruzados na frente do corpo não davam brecha para aproximação, mas mesmo assim algumas pessoas ainda olhavam na direção dela.
Em poucos segundos, Minjeong estava de pé ao seu lado.
– Estou surpresa em vê-la. Pensei que ainda estaria ocupada com suas responsabilidades.
Jimin sorriu e a puxou em seus braços.
– Consegui finalizar tudo por hoje e decidi aproveitar a noite com você.
Os olhos de Minjeong encontraram os dela.
– E o que você planejou para a gente?
– Estou te devendo um passeio pela cidade, lembra?
– Não posso. – Ela recuou. – Na última vez em que andei de moto com você, pensei que fosse morrer.
Os olhos de Jimin se cravaram nos dela.
– Desta vez será diferente. Juro.
– Você gosta de dirigir rápido.
– Sim.
– E eu tenho dificuldade para me segurar.
– Minjeong. – Ela se aproximou dela e acariciou seu rosto com as costas da mão. – Não vou colocá-la em perigo. Juro pela relíquia.
A musicista sentiu um calor percorrer seu corpo ao ouvir essas palavras.
– Você deve respeitar muito a relíquia. É a única coisa pela qual você jura.
Ela assentiu, olhando-a com seus intensos olhos castanhos.
– Não temos tempo para história esta noite. Preciso me certificar de que esteja na cama cedo o suficiente para descansar antes do trabalho amanhã.
– Prefiro ouvir sua história.
Jimin a beijou de leve nos lábios.
– Outra hora.
Ela encostou o rosto no peito dela e escutou o familiar som de seu coração.
– O espetáculo sai de cartaz em um mês. Vou ficar de férias até o começo de maio. Podíamos ir para algum lugar.
– Eu gostaria. – Ela passou os dedos no cabelo dela. – Queria levá-la ao exterior. Mas não posso deixar o principado agora que a Ordem está de olho e há um traidor entre nós.
– Traidor? – Minjeong se afastou, alarmada. – Que traidor?
Jimin cerrou os dentes.
– Faz algum tempo que uma pessoa ou um grupo de pessoas dentro do principado tem tentado me destruir.
Minjeong arregalou os olhos.
– O quê? Você nunca me contou isso.
– Contei, na verdade, durante uma de nossas conversas sobre Jisu.
A musicista franziu o cenho.
– Perdoe-me se apaguei a maior parte dessas conversas.
– Acredito que alguém tenha informado minha localização para os caçadores, por isso eles nos esperavam na saída da sua casa. Além disso, tentaram me matar há dois anos. Os assassinos vieram de Busan, mas alguém dentro da cidade os ajudou. Não descobri quem. Ainda.
– Por que não me contou?
– Aconteceu antes de eu conhecê-la.
Minjeong balançou a cabeça.
– E os assassinos?
– Eu os destruí.
– Todos eles?
– Eram só dez. Após a tentativa de assassinato, entramos em guerra contra Busan e os derrotamos. Desde então, os traidores foram covardes demais para arriscar um conflito aberto. Eles conspiraram com os caçadores para tentar me matar. Agora acredito que estejam tentando usar a Ordem.
– Você derrotou dez vampiros? De uma só vez?
Jimin sorriu.
– Sou velha.
– Por que os traidores usariam a Ordem? Se eles viessem, matariam todos os vampiros.
– A Ordem faz acordos quando servem a seus propósitos.
– Jimin – sussurrou ela, descansando o rosto no peito dela novamente.
A Princesa enrolou uma mecha do cabelo dela em seu dedo.
– Não foi isso que planejei para hoje. Pelo menos agora entende por que não posso levar você para o exterior. – Sua expressão se alegrou. – Mas eu gostaria de levá-la comigo esta noite.
Minjeong olhou para a motocicleta, abraçando-a com mais força. Ela a observou, uma sombra de esperança cruzando seu belo rosto. A musicista não iria decepcioná-la.
– Vamos, velha, nos conduza.
Ela abriu um largo sorriso e a levou para a motocicleta.
\[...]
Jimin pareceu ter escolhido a estrada mais escura e mais sinuosa que saía da cidade. Felizmente para Minjeong, a Triumph tinha faróis duplos que cortavam a escuridão da noite.
Ela a segurava com firmeza, sentando-se o mais para a frente possível, seu peito colado nas costas dela, os braços fechados ao redor da cintura. A moto acelerava, mas ela ignorou isso, concentrada na sensação de estar tão próxima da pessoa que amava.
Jimin usava óculos escuros, mas não havia colocado capacete, para consternação dela. A Princesa gostava de sentir o vento no cabelo, dissera, e não ligava para o risco de um acidente.
– Não vou colocá-la em perigo – prometeu ela, insistindo para que Minjeong usasse o capacete.
Ela levou uma jaqueta de couro preta para protegê-la do vento e teve muito prazer em vestir nela.
Minjeong a agarrou com mais força, o rosto virado para o lado, enquanto a grande e potente motocicleta fazia as curvas em alta velocidade.
– Você está bem? – Ela levantou a voz acima do rugido da máquina.
– Está um pouco rápido. – A resposta dela foi abafada pelo capacete.
Minjeong mentia. Estava rápido demais, e a força que fazia para se segurar era grande, mas ela sabia quanto Jimin gostava de correr. Ela podia sentir o prazer, a louca entrega dela à velocidade quando acionava o motor nas retas e guiava sem esforço nas curvas. A empolgação pulsava por seu corpo, seus músculos rígidos ao controlar a máquina.
As coxas de Minjeong se apertaram contra as dela quando fizeram uma curva fechada, seus braços pressionando o abdome perfeito dela. Jimin desacelerou e ela ouviu sua risada, o som de sua alegria desaparecendo no vento.
A Princesa estava feliz. Estava livre. E, porque a amava, ela não ousaria se aproximar da velocidade a que gostava de chegar.
– É uma noite adorável. – Ela apontou para o céu escuro entre a copa das árvores. Minjeong a abraçou em resposta.
Jimin desacelerou, parando no acostamento, perto de uma entrada particular. Ela tirou os óculos escuros, desceu da moto e ajudou-a com o capacete, colocando-o sobre o assento antes de oferecer a mão para ela descer.
Sob a fraca luz das estrelas, Minjeong podia ver o prazer no rosto dela.
Jimin franziu a testa ao perceber que ela a examinava.
– O que foi?
– Ver você feliz me faz feliz.
Sem aviso, a Princesa pressionou os lábios contra os dela.
– Eu tinha esquecido – sussurrou ela no ouvido dela quando se afastaram.
– Esquecido o quê? – Os dedos curiosos dela acariciavam a nuca de Jimin.
– Como é ser amada.
A musicista a abraçou o mais forte que pôde, tentando demonstrar com o corpo o que ela não conseguia comunicar com palavras.
Jimin a puxou para perto, apoiando as costas dela com o braço.
– Eu montava a cavalo quando era humana. Gostava. Hoje tenho alguns carros de corrida, incluindo uma McLaren.
– O que é uma McLaren?
Jimin sorriu.
– É um carro fabricado por uma empresa que faz carros de Fórmula 1. É um veículo excepcional, mas, desde que andei de moto pela primeira vez, é o que mais gosto de fazer.
– Entendo. – Ela devolveu o sorriso.
Jimin a fez embrenhar-se no meio de ciprestes que margeavam uma entrada particular, conduzindo-a por um pequeno morro.
– Para onde estamos indo?
– Para um lugar especial.
As duas caminharam por um tempo. Quando Minjeong estava certa de que não poderia mais andar, as árvores rarearam, revelando um belo jardim dentro de uma estufa morro acima. O lugar estava protegido do clima de inverno. Havia pequenas luzes brancas ao redor de algumas árvores e luminárias espalhadas pelo jardim, misturadas a vasos de terracota com plantas e flores. Roseiras e lavandas perfumavam o ar. Do lado direito, a uma curta distância, havia um pomar do que pareciam ser laranjeiras.
Jimin a levou ao centro do degrau maior, ao lado de uma fonte impressionante. Vasos com limoeiros estavam espalhados a boa distância uns dos outros ao redor da fonte. Minjeong inalou o aroma alegre e cítrico.
– É incrível. Que lugar é este?
– O jardim pertence a uma villa morro acima. Foi construído no século XVI.
– Conhece os proprietários?
– Conheci os proprietários originais. Acredito que a villa ainda esteja na família.
– Eram seus amigos?
– Não tenho amigos, Minjeong. Os proprietários eram amigos da minha família, foi por isso que os conheci.
Ela olhou ao redor.
– Então estamos invadindo.
– Os donos atuais são idosos. Provavelmente estão dormindo.
– Você vem muito aqui?
– Fui uma frequentadora habitual no século XVII. Desde então, só visitei em algumas ocasiões, sempre sob o manto da escuridão. – Sua atenção vagou pelos degraus, detendo-se em alguns pontos. – Gosto dos jardins. É muito tranquilo aqui. E não há nenhum vampiro à vista.
– O jardim mudou muito desde o século XVII?
– Felizmente não.
Minjeong passou o braço ao redor da cintura dela.
– Conte como foi viver naquela época.
Jimin esfregou o queixo.
– Era fascinante. Houve tremendas inovações em arquitetura, arte, política e ciência. Seul era o centro de muitas dessas novidades. E no centro de Seul estava a família Yu.
Jimin fez uma pausa antes de continuar falando sobre seu passado.
– Eu fingia ser uma jovem abastada ávida por gastar o dinheiro da família e conviver com a elite. A sociedade seulita me recebeu de braços abertos. Aproveitei a oportunidade para aprender tudo o que eu podia acerca das inovações intelectuais e silenciosamente comecei a adquirir instrumentos clássicos. Os vampiros tinham sido mandados para o submundo pela Ordem, mas era bem fácil me misturar com os humanos entre o pôr do sol e a aurora. Eram desconfiados o suficiente para manter distância, mas não tinham o medo que seus ancestrais tiveram quando vivíamos abertamente.
– Você deve ter conhecido músicos importantes.
Jimin franziu a testa.
– Conheci. Não posso dizer que gostava de todos. Certamente admirava o trabalho deles quando não estavam tentando descobrir mais sobre a minha vida.
Minjeong a encarou como se uma ideia de repente lhe ocorresse.
– Algum deles criou uma composição para você?
Jimin deu uma risadinha.
– Não, outros talvez tenham tido mais sorte.
– Tem algum músico famoso que se tornou vampiro? Beethoven? Mozart?
– Nenhum deles. Mas não posso falar pelo mundo da música inteiro. Por anos foquei minha atenção exclusivamente no principado. Em todo caso, muitos da minha espécie mudam de nome para não serem reconhecidos. Ou caçados.
– Sim, porque historiadores da música teriam interesse em entrevistá-los.
Jimin balançou a cabeça.
– Seria uma entrevista breve. O historiador certamente terminaria como um aperitivo.
– Que forma de morrer...
Jimin riu e a abraçou, girando-a lentamente num círculo. Ela mais uma vez admirou o lugar onde estava.
– Aqui é adorável. Mas o jardim da sua residência também é bonito.
– Obrigada. Tirei inspiração daqui.
Minjeong olhou para ela.
– O que gosta neste lugar?
– É bonito. A localização. No topo, onde está a villa, dá para ter uma visão extraordinária das montanhas ao redor. Há um vinhedo aqui perto. E atrás da casa há uma plantação de oliveiras. Eles produzem o próprio azeite. – Ela a abraçou. – É aquele que você gostou na villa. Pedi a governanta que guardasse para você.
– Obrigada.
– O jardim aqui é diferente dos jardins da família Yu quando eu morava lá. Mas algo neste lugar me lembra o lar.
O rosto de Jimin tomou uma expressão que Minjeong nunca vira antes. Ela pareceu perdida em seus pensamentos por um tempo.
Minjeong esperou que ela voltasse.
– Como eram seus pais?
– Minha mãe era linda e de uma família abastada. Era muito talentosa e educada.
– E seu pai?
– Era um guerreiro. – Jimin pegou-a pela mão e começou a conduzi-la para longe da fonte.
– Para onde estamos indo?
– Surpresa.
– Acho que já tive surpresas o suficiente. Quer me contar mais sobre seu pai?
– Não.
– Tudo bem – concordou ela baixinho. – Ainda estou tentando processar o fato de que algum músico famoso por aí pode ser um vampiro.
Elas caminharam uma boa distância em meio ao laranjal até chegarem a outra clareira. Novamente, pequenas luzes brancas penduradas nas árvores iluminavam os espaços vazios. Luminárias emolduravam o perímetro de um pequeno lago.
Minjeong lançou um olhar fascinado para o lugar. Jimin sorriu e a conduziu adiante.
– Então, o que você achou? – A expressão dela era quase terna.
– Lindo. Nunca estive em um lugar como esse antes.
– Eu sabia que você ia gostar.
A Princesa levantou a mão, mas, em vez de puxá-la contra seu corpo, ela gentilmente tocou o rosto dela e alisou seu cabelo. Minjeong colocou os braços nos ombros dela para se apoiar.
– Obrigada. Eu não sabia que estava precisando vir a um lugar como esse até você me trazer.
Ela assentiu, ainda olhando nos olhos dela.
Minjeong desviou o olhar.
– Você ficou quieta.
– Você vai levar um tempo para desenvolver todas as suas habilidades. Mas precisa saber que temos sentidos excelentes. Quando nos alimentamos ou temos uma relação, ficamos distraídos. Para garantir que não sejamos surpreendidas, tenho que adiar essas atividades. – Sua mão deslizou para descansar no quadril dela. – E está sendo difícil…
Ela se aproximou, pressionando o corpo contra o dela. Jimin fechou os olhos e grunhiu.
– Acho que seria rude praticarmos essas atividades nos jardins de outra pessoa – disse Minjeong e beijou o pescoço dela.
Tomada de uma inspiração repentina, ela mordiscou a pele dela. As mãos de Jimin agarraram os quadris de Minjeong, puxando o corpo dela contra o seu. Sem uma palavra, ela a beijou profundamente.
– Vou tomar conta disso – falou ela numa voz rouca, e seus olhos pareciam duas chamas castanhas.
Ela a envolveu com os braços e Minjeong esqueceu qualquer possível problema com os donos da residência.
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