— Você não me acha com cara de idiota... Ou acha? — Rio me pergunta calmo, encarando a bolsa em sua frente. Estávamos no mesmo bar de sempre, era o ponto onde nos encontrávamos às vezes para realizar o pagamento, para planejar algum trabalho ou simplesmente para beber - mesmo que esse último só tenha ocorrido uma vez desde o começo de tudo.

— Claro que não. O que tem de errado?

— Com o dinheiro? Nada. — Ele então me encara, elevando uma de suas sobrancelhas — Veio a negócios ou tá tentando arrumar um substituto pro seu ex?

— Perdão?

— Peço que seja profissional em nossas reuniões e não deixe estampado na sua cara o quanto queria dar para o garçom — Volta a encarar a bolsa, conferindo sutilmente o que havia dentro dela — É constrangedor. Principalmente quando você olha do mesmo jeito para mim.

Meu rosto ficou quente com suas palavras afiadas, uma mistura de surpresa e irritação se formando dentro de mim. Eu não esperava que Rio começasse a confrontar minhas intenções dessa maneira, especialmente não em um local público onde qualquer deslize poderia ser perigoso.

— Eu não sei do que você está falando. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, tentando disfarçar a onda de constrangimento que ameaçava me dominar. — Estou aqui para discutir negócios, assim como sempre fazemos.

Rio não parecia convencido, sua expressão impassível escondendo qualquer pista sobre o que ele estava pensando. Era assim que ele sempre operava, mantendo suas emoções trancadas a sete chaves, enquanto eu lutava para decifrar seus pensamentos.

—Só estou dizendo que conheço esse seu olhar, até porque você sabe o que aconteceu na última vez que olhou assim pra mim. — Tomou a bebida toda em um só gole e ficou em pé, segurando a bolsa em suas mãos.

As palavras de Rio atingiram como um soco, fazendo meu coração acelerar e minha mente se encher de lembranças que eu preferiria esquecer. Ele estava certo; não era segredo que havia uma atração intensa entre nós, uma faísca que nunca pareceu se apagar completamente.

Engoli em seco, lutando para encontrar as palavras certas para responder a ele. Sabia que não podia negar a verdade, mas também não queria admitir o quanto suas palavras me afetavam.

— Rio, nós concordamos em manter as coisas profissionais. O que aconteceu no passado... — minha voz falhou por um momento, as lembranças ameaçando me engolir — ...faz parte do passado.

Ele se aproximou, sua presença dominante preenchendo o espaço entre nós. Seus olhos escuros perfuraram os meus, buscando alguma resposta que eu não sabia se era capaz de dar.

— Eu sei que faz parte do passado, (Seu Nome). Mas algumas coisas simplesmente não desaparecem. — Sua voz era grave, carregada de uma intensidade que me fez tremer.

Tentei desviar o olhar, mas era como se estivesse presa em seu campo de visão, incapaz de escapar do turbilhão de emoções que ele despertava em mim.

— Talvez seja melhor eu ir embora. — Ele finalmente disse, dando um passo para trás e se afastando de mim.

Eu queria detê-lo, queria gritar que ele não podia simplesmente partir assim, deixando-me com todas essas emoções confusas. Mas as palavras ficaram presas na minha garganta, e tudo que pude fazer foi assistir enquanto ele se afastava.

Um capítulo bem mini, só pra colocar esse homem lindo nesse livro.