JJ MAYBANK - OUTER BANKS (Parte Final)
Eu dirigia pelas ruas escuras, com as mãos firmes no volante, tentando manter o foco na estrada. A música no rádio era baixa, um som distante que eu mal registrava. Meu coração ainda estava acelerado, ecoando as últimas palavras da briga com Rafe. Eu mal lembrava como tinha saído de casa; minha mente estava tomada pela confusão, pela raiva e pelo cansaço.
Cada curva parecia interminável enquanto eu procurava por JJ. Primeiro, passei pelo bar onde ele costumava ir, mas estava vazio àquela hora. Então dirigi até a praia, mas a areia estava deserta, iluminada apenas pela luz fria da lua. Finalmente, tomei o caminho para o Castelo — a casa de John B — torcendo para que JJ estivesse lá.
Enquanto dirigia, o choro preso na garganta ameaçava transbordar. Eu sentia meus olhos arderem, mas me recusava a desabar. Por mais cansada que eu estivesse de tudo, do controle sufocante de Rafe, o medo tomava conta de mim. Medo do que meu pai faria quando soubesse que eu havia terminado com Rafe. Eu sabia que ele provavelmente ficaria do lado dele, como sempre. Medo dos próximos dias, das mensagens insistentes de Rafe, dos pedidos para voltar.
E mesmo sabendo que nada daquilo era culpa minha, eu ainda me sentia esmagada. Pequena. Minúscula. Um sentimento que sempre vinha depois das brigas com ele, como se as palavras dele fossem veneno que eu não conseguia tirar do meu sistema.
Quando finalmente cheguei ao Castelo, avistei as luzes da varanda. Os Pogues estavam lá, rindo e bebendo, suas vozes ecoando pela noite. Por um instante, hesitei, estacionando o carro e desligando o motor. Eu não queria estragar a alegria deles, mas eu precisava de JJ. Ele era a única pessoa que poderia me ajudar a respirar de novo.
Caminhei em direção à varanda, tentando me recompor, mas cada passo parecia mais difícil. Kiara foi a primeira a me notar.
— Está perdida, Kook?! — Ela provocou, rindo alto, com a voz arrastada pelo álcool. A piada fez os outros rirem também.
Eu parei, incapaz de responder. Se abrisse a boca, sabia que desabaria ali mesmo.
JJ, que estava sentado no degrau, com uma garrafa de cerveja na mão, percebeu minha presença. No momento em que viu meu rosto, o sorriso dele desapareceu. Ele largou a garrafa no chão e se levantou depressa, vindo direto na minha direção.
— O que aconteceu? — Ele perguntou, antes mesmo de chegar perto, a preocupação evidente em sua voz.
Não consegui responder. Minhas pernas fraquejaram, e meus olhos começaram a encher de lágrimas. Assim que JJ me alcançou e envolveu seus braços ao redor de mim, o choro que eu vinha segurando finalmente veio à tona.
— Ei... calma, eu tô aqui. — Ele murmurou, a voz baixa e reconfortante. Suas mãos acariciaram meu cabelo e minhas costas enquanto eu soluçava, o rosto escondido em seu peito.
Tudo que eu conseguia fazer era chorar. Não havia palavras para descrever o turbilhão de emoções dentro de mim — a raiva, a dor, o cansaço, o medo. Mas JJ não me apressou, não tentou forçar palavras onde eu só tinha lágrimas. Ele só ficou ali, me segurando firme, me ancorando, como se sua simples presença fosse suficiente para manter meus pedaços juntos enquanto eu me desfazia.
Depois de um tempo que não consegui medir, JJ se afastou apenas o suficiente para segurar meu rosto com as mãos, obrigando-me a encará-lo. Seus olhos azuis estavam cheios de preocupação, suaves e intensos ao mesmo tempo.
— O que aconteceu? Foi o seu pai? — Ele perguntou, a voz baixa, como se qualquer tom mais alto pudesse me quebrar ainda mais.
Balancei a cabeça, negando. Meu corpo ainda tremia, e os soluços continuavam, embora mais baixos. Sua expressão endureceu, como se começasse a juntar as peças. Ele franziu as sobrancelhas, os dedos ainda firmes nas laterais do meu rosto, me segurando como se quisesse proteger cada parte de mim.
— Foi o Rafe? — Ele perguntou com cuidado, quase sussurrando, como se tivesse medo da resposta.
Ao ouvir aquele nome, foi como se algo dentro de mim se quebrasse novamente. As lágrimas voltaram com força total, e tudo o que consegui fazer foi assentir lentamente. JJ respirou fundo, fechando os olhos por um breve momento antes de abrir novamente, a intensidade em seu olhar queimando como fogo.
— Eu vou matar aquele filho da...
— Não. — Minha voz saiu fraca, interrompendo-o. Segurei seus pulsos com força, como se eles fossem a única coisa me ancorando naquele momento. — Só... Eu... Não me deixa sozinha...
JJ não hesitou. Ele me puxou para seus braços novamente, apertando-me com firmeza, como se quisesse me proteger de tudo que me machucava. Seu toque era diferente, não havia pressa ou exigências, apenas uma promessa silenciosa de que ele estava ali, comigo, para o que eu precisasse.
— Estou aqui... — Ele murmurou contra o topo da minha cabeça, o tom de sua voz calmo e constante. Pela primeira vez naquela noite, senti algo que não era apenas dor. Havia uma pequena fagulha de alívio no meio do caos.
JJ afastou-se apenas o suficiente para olhar nos meus olhos, mas ainda manteve as mãos em meus ombros, como se estivesse verificando se eu realmente estava bem para continuar. — Vamo entrar, sim? — Ele perguntou suavemente, esperando minha resposta.
Eu hesitei, olhando para a varanda onde os outros Pogues ainda estavam, rindo e bebendo como se o mundo lá fora não existisse. Meu coração apertou. Eu conhecia os amigos de JJ, claro. Já tinha namorado ele antes, mesmo que por pouco tempo. Mas nunca o suficiente para me sentir à vontade invadindo a casa de John B desse jeito — aos prantos, vulnerável e completamente destruída.
— Eu... não sei. — Sussurrei, sentindo o peso da hesitação em cada palavra.
JJ inclinou a cabeça levemente, os olhos azuis me observando com cuidado. — Tá tudo bem. A gente não precisa ficar lá fora. Tem um quarto vazio lá dentro. Só... Você não pode ficar aqui fora assim, precisa se acalmar. — Ele falou como se estivesse me oferecendo um porto seguro, uma saída para minha tempestade.
Eu respirei fundo, sentindo meus pulmões lutarem contra a ansiedade que ameaçava me consumir novamente. Finalmente, assenti devagar, confiando nele para me guiar. JJ segurou minha mão com delicadeza, como se eu fosse feita de vidro, e me levou para dentro da casa, ignorando os comentários dos outros quando passamos por eles.
No instante em que JJ fechou a porta, o barulho lá fora se tornou apenas um eco distante, uma lembrança de um mundo que eu queria esquecer, ao menos por um momento. Ele me guiou com cuidado até um quarto simples, mas aconchegante, fechando a porta atrás de nós como se estivesse selando aquele espaço de qualquer invasão externa.
Sem dizer nada, JJ me conduziu até a cama e me fez sentar. Ele se acomodou ao meu lado, próximo o suficiente para que eu sentisse sua presença, mas sem invadir meu espaço. Sua mão pousou levemente sobre o colchão, ao alcance da minha, caso eu quisesse segurá-la.
— Se você ainda quiser chorar, tudo bem... — Ele começou, a voz baixa e reconfortante, como se estivesse tentando me dar espaço para respirar. — Mas, se quiser me contar o que aconteceu... — JJ interrompeu a si mesmo ao olhar para minha mão.
Seus olhos fixaram no lugar vazio onde o anel de compromisso costumava estar. Sua expressão suavizou, mas havia uma intensidade em seus olhos, uma mistura de compreensão e alegria que ele tentava esconder. Ele soltou um suspiro curto, quase resignado, antes de completar:
— Certo... Acho que, na verdade, eu posso deduzir.
Minha garganta apertou, e as palavras que eu tentei evitar durante toda a noite começaram a subir à superfície. JJ não disse mais nada, esperando pacientemente, como se soubesse que eu precisava do tempo para organizar meus pensamentos, ou talvez apenas coragem para começar a falar.
— Depois que saímos da despensa... — Falo, vendo ele engolir seco, talvez também lembrando o que aconteceu há poucas horas atrás — Subi para o meu quarto para dormir, sem querer continuar na festa... Um tempo depois o Rafe chegou e começou a falar e falar e falar... — Encaro ele, lembrando do que Rafe disse — Você provocou ele.
Ele suspira, jogando a cabeça para trás levemente — Eu falei uma verdade. Você estava radiante na festa e ele é um imbecil.
— Ele começou a falar sobre você e me acusar de muitas coisas... enfim, brigamos... E eu... Terminei com ele.
JJ ficou em silêncio por alguns instantes após ouvir minha última frase. A tensão em seus ombros parecia ter diminuído ligeiramente, mas seus olhos ainda me observavam com cuidado, como se tentasse medir o impacto do que eu tinha acabado de dizer. Ele passou a mão pelo cabelo, respirando fundo, antes de finalmente falar.
— Você terminou com ele... — JJ repetiu, como se precisasse que as palavras saíssem da própria boca para fazer sentido. Ele parecia processar lentamente o que eu tinha dito, os olhos ainda fixos em mim. Depois de um momento, sua expressão mudou, mais tensa, mais preocupada. — E ele... Fez alguma coisa com você?
A seriedade em sua voz fez meu coração acelerar por um instante.
— Não. — Respondi rapidamente, sabendo exatamente o que ele estava perguntando. JJ conhecia Rafe o suficiente para saber que ele era explosivo, mas, apesar de tudo, Rafe nunca havia levantado a mão para mim. — Ele falou algumas merdas, como sempre, mas não passou disso.
JJ assentiu lentamente, um alívio discreto relaxando seus ombros.
— Ótimo. — Ele murmurou, mas seus olhos ainda pareciam avaliar cada detalhe do meu rosto, como se procurasse algum sinal que eu estivesse escondendo. Sua mão, que ainda segurava a minha, começou a brincar levemente com meus dedos, um gesto distraído, mas reconfortante — Eu queria conseguir te pedir desculpa por ter irritado ele, mas não seriam desculpas verdadeiras... — JJ admitiu, um pequeno sorriso brincando em seus lábios, embora seus olhos ainda refletissem uma mistura de preocupação e algo mais profundo. — Eu queria muito ter visto a cara dele quando você terminou com ele.
Eu soltei uma risada curta, apesar do peso do momento.
— Não foi tão espetacular quanto você está imaginando. — Respondi, balançando a cabeça. — Ele ficou em choque no início, depois, claro, começou a falar um monte de besteira. Mas eu não deixei ele me manipular dessa vez.
JJ estreitou os olhos levemente, como se já esperasse algo do tipo vindo de Rafe.
— Aposto que ele tentou jogar a culpa em você, como sempre faz. — Ele murmurou, a voz carregada de um desdém que ele não se preocupou em esconder.
— Tentou. — Confirmei, sentindo meu peito apertar levemente ao relembrar. — Mas eu fui firme. E, no final, só queria sair de lá o mais rápido possível.
JJ fez um som de aprovação, mas seu olhar continuava intenso, como se estivesse decidindo algo. Seus dedos pararam de brincar com os meus, e ele segurou minha mão de forma mais firme.
— Bom, eu sei que ele é um idiota... mas você foi corajosa. Finalmente fez o que deveria fazer há muito tempo. — Ele disse, o tom de sua voz agora mais sério. — E, olha, eu não vou mentir. Saber que você terminou com ele, que tá livre disso... — Ele fez uma pausa, respirando fundo. E escapando uma pequena risada nasal — Eu realmente estou me segurando pra não te beijar agora.
Meu coração disparou com a confissão repentina, e senti meu rosto esquentar enquanto os olhos de JJ permaneciam fixos nos meus. Ele soltou uma risada baixa, como se estivesse aliviando a tensão, mas eu podia ver a sinceridade brilhando em seus olhos.
— Então por que está se segurando? — Perguntei, a coragem surgindo de um lugar inesperado dentro de mim. Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, mas não tremulava.
JJ ficou imóvel por um momento, como se não tivesse certeza se tinha ouvido corretamente. Seus dedos apertaram levemente minha mão, e seu sorriso desapareceu, substituído por algo mais sério, mais intenso.
— Porque eu não quero errar com você. — Ele disse, a honestidade em sua voz fazendo meu peito se apertar. — Não quero que pareça que tô me aproveitando de um momento difícil. Quero fazer isso direito, [Nome].
Seus olhos buscavam os meus, como se estivesse procurando por alguma confirmação, algo que dissesse a ele que não era um erro. Mas eu já sabia a resposta. Eu não queria esperar mais, não depois de tudo o que tinha acontecido.
Sem pensar muito, me inclinei para frente, diminuindo o espaço entre nós. Segurei o rosto dele com as duas mãos, meus dedos sentindo a leve aspereza da barba por fazer. Os olhos de JJ se arregalaram levemente, mas ele não recuou.
O beijo foi tudo o que eu lembrava e mais. JJ respondeu imediatamente, sua mão se movendo para a base das minhas costas enquanto a outra segurava minha nuca com delicadeza, mas firmeza suficiente para me manter próxima. Não havia hesitação nele agora, apenas intensidade e um calor que parecia consumir tudo ao redor.
Ele rapidamente deitou-se na cama, me puxando para cima de si.
— Cacete... Eu acho que tô apaixonado — Falou fingindo surpresa, o que me fez rir — É o que dizem, as corajosas são as melhores.
Eu ri baixinho, me inclinando mais para ele, sentindo o calor do seu corpo pressionando o meu. — É muito bom saber o que eu quero...
Ele fez um som baixo, quase um grunhido de prazer, quando nossas bocas se encontraram novamente, agora de forma mais profunda, mais lenta, como se cada movimento fosse uma promessa silenciosa de que, finalmente, as coisas estavam no seu devido lugar. Nossos corpos se encaixavam com facilidade, como se o tempo tivesse se esticado e cada momento que passamos separados fosse apagado de uma vez só.
JJ deslizou suas mãos pelas minhas costas, puxando-me mais para perto enquanto nossos corpos se alinhavam perfeitamente. A intensidade do beijo aumentava a cada segundo, como se as palavras fossem desnecessárias agora. O mundo à nossa volta desapareceu, e só existíamos nós dois, envolvidos em algo que finalmente parecia certo.
Eu me senti segura, protegida, e ao mesmo tempo, completamente entregue a esse momento. A maneira como JJ me beijava, com tanto desejo e carinho, fazia com que eu esquecesse todas as dúvidas e medos. Ele não estava apenas me tocando fisicamente, mas me alcançando de uma forma mais profunda, como se cada gesto, cada suspiro, fosse uma declaração silenciosa de tudo o que ele sentia.
Quando ele se afastou levemente, ainda com a testa encostada na minha, nossos olhos se encontraram, e algo brilhava neles—não era apenas o desejo, mas algo mais. Uma certeza. Ele me queria, e eu o queria de volta, de uma maneira que parecia ir além do momento, como se o que estávamos vivendo fosse apenas a continuidade de tudo o que nos separou e nos trouxe até aqui.
— Você é... — Ele começou, sua voz baixa, quase um sussurro, mas cheia de significado. — Sempre foi a única coisa que eu desejei.
Não revisei, gente. Mas foi sobre isso né
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