Quando nos tornamos mãe, nunca estamos preparadas para ver o filho crescer e começar a falar ou fazer perguntas das quais não saberemos como responder.

Bom, eu sabia que um dia isso aconteceria com meu filho. Noam, então Johnny e eu passamos a conversar sobre as possíveis perguntas que nosso filho nos faria, mas, mesmo sabendo disso, era assustador esperar este momento.

Como Noam nasceu no meio do ano de dois mil e dezoito, hoje nosso garotinho estava perto de completar seis anos de idade. E foi exatamente nessa idade que uma das mais constrangedoras perguntas fora feita por ele.

Estávamos, Johnny e eu na cozinha preparando o jantar para nossos filhos, pois Lily-Rose e Jack, frutos de seu relacionamento com Vanessa Paradis, estavam passando uma temporada de férias conosco em nossa ilha...Enfim, enquanto Johnny preparava o suco para as crianças, eu estava focada no molho bolonhesa no fogão quando ouvimos passos sutis se aproximar, então olhei por cima do ombro encontrando Noam segurando seu tablet. Presente de Paul Bettany, cujo também é padrinho dele.

-Oi, querido. Tudo bem?_Perguntei gentilmente ainda mexendo o molho na panela. Johnny olhou para mim e para nosso filho que estava encostado na geladeira.

-Uhum.

-Quer um pouco de suco? Seu pai está preparando.

Johnny abriu o armário e pegou o copinho infantil que tinha um canudo.

-Quero.

Disse a mini-copia do pai

John colocou um pouco do suco no copo, o fechou e entregou ao nosso filho.

-Beba de vagar, rapaz.

Brincou com a frase, insinuando que não queria que nosso menino ficasse bêbado antes do tempo. Mas é claro que só eu entendi, e sorri de sua gracinha. Johnny olhou para mim, piscou um olho e sorriu ladino com aquele charme que só ele tinha.

-Gostou, querido? _Perguntei ao pequeno que tinha colocado o tablete no balcão da cozinha para beber do suco. Ele assentiu freneticamente enquanto tomava pelo canudo.

Sorri e voltei a mexer o molho

-Mamãe? Como nascem os bebês?

Larguei a colher dentro da penela e fiquei tensa com aquela pergunta repentina. Olhei para meu marido que fingiu não me ver, tapou a jarra e a pegou levando-a enquanto saia da cozinha como se nada tivesse acontecido.

-John! Johnny...volta aqui! Amor...

Respirei profundamente contando até cinco, desliguei o fogo e encostei-me no fogão olhando para o rostinho inocente do meu garotinho. Johnny tinha que abandonar o navio, justo agora?_pensei

-Bom, é...querido...eu...eu não sei como te explicar isso...é...meu deus...

-Eu ouvi a tia Jenny dizer que os bebês vem da barriga das mamães, mais como eles aparecem lá?

-Hum..._Jennifer é a esposa de Paul e minha melhor amiga. Agora estava eu tentando recordar em que momento Jenny falou sobre isso com Noam. _-bem, tia Jenny está certa, querido...você mesmo, ficou na barriga da mamãe por nove meses. Papai e eu fizemos de tudo para cuidar de você para que viesse saudável para nós.

-Sim. Mais como foi que eu apareci na sua barriga, mamãe?

-Bom é...vem aqui com a mamãe, filho.

Ofereci a mão para ele e o levei para fora da cozinha, na intenção de encontrar o fugitivo senhor Depp. Eu logo o vi falando algo com Lily-Rose que estava se acabando de rir enquanto o pai parecia apavorado. Bem, ele estava igual a mim naquele momento.

-John! Amor...

Ele ergueu os olhos e me encarou no mesmo momento que Lily-Rose. Jack estava sentado do outro lado da sala digitando no celular e alheio a conversa.

-Explique aqui para o seu filho como ele apareceu na minha barriga...eu não vou segurar essa bomba sozinha.

-Eu?_Apontou para ele mesmo

-Você! Se vira.

Lily continuou rindo da cara de paisagem do pai.

-Oh...é...bem...de fato. _Johnny coçou os cabelos com um sorriso nervoso.

-Fala aí, pai. Acho que até o Jack gostaria de saber?!

O menino ergueu os olhos do celular

-Saber o quê?_perguntou tão inocente quanto o mais novo

-Nono quer saber como ele apareceu na barriga da S/n.

-E me perguntou como os bebês nascem. _eu completei

-Oh...bem...eu sei como eles nascem. Não sou tão ingênuo assim, Lily-Rose.

-Ótimo. Então conta pro Nono.

-Eu não. _Disse Jack_-É constrangedor.

-Nem me fale, Jack. _eu concordei com ele e Lily gargalhou ainda mais. _-Johnny?

-O que?

-Vai falar nada não? _ele me olhou sem jeito e enfiou as mãos nos bolsos da frente da calça.

-Amor, eu não sei como...Lily-Rose!

Ela riu e revirou os olhos para o desespero dele em querer uma mãozinha. Lily ajoelhou no sofá e se virou para encarar o irmão mais novo que ainda segurava minha mão.

-Nono, vem aqui, vem...

Soltei a mão dele e meu filho correu até a irmã. Ela o pegou por cima do sofá e sentou com Noam em seu colo.

-Você quer saber mesmo, não é?

-Aham...quero._o garotinho assentiu

-Ok...então, é muito simples.

-Olha lá o que você vai dizer, querida. _disse Johnny um pouco agitado.

-Bem, sua mãe e o papai, eles...eles transaram!

-Lascou!_Jack arregalou os olhos jogando o celular no colo.

-Lily-Rose?_Johnny a corrigiu

-Virgem santíssima!_Eu quase desmaiei.

-E o que é isso?_Noam perguntou

-Socorro!_exclamei tentando sair daquele constrangimento.

-É algo que os adultos fazem, maninho.

-Quando eu crescer, vou fazer também?

-Não sei se estou gostando do rumo dessa conversa. _Johnny coçou os cabelos mais uma vez.

-Muito menos eu.

-Vai...mais só se você tiver uma namorada...e for um pouco maior que Jack.

-Sim. E só quando tiver uns trinta anos. Até la, continue aí na sua inocência, meu filho.

Falei de uma vez, quase num fôlego só.

-Ouça sua mãe, ela sabe o que diz.

-E Johnny!

Ele sorriu olhando pra mim

-Só pra constar, hoje não tem, tá?

-O quê?

Ele ficou sério ao entender muito bem o que eu quis dizer e seus filhos deram risada.

-Mais por quê?_abriu os braços em questionamento_- Meu amor?...

Eu saí dali sorrindo ao ver que Johnny me seguia agoniado.

...