Você estava sentada no banco do passageiro, com a cabeça apoiada na janela enquanto mantinha o olhar fixo na casa e nas pessoas que passavam, o tédio tomando conta. Estar de tocaia era uma das atividades de que você menos gostava em ser policial.

Ficar trancada em um carro por horas para observar alguém, sem ter a chance de ir ao banheiro ou esticar os ossos era realmente estressante e dessa vez infelizmente foi a vez de você e seu parceiro Jay.

Ele estava sentado no banco do motorista, uma mão apoiada no volante enquanto seus dedos tamborilavam nele, a outra segurando o queixo, o cotovelo apoiado na janela, bonito como sempre.

“Droga, estamos aqui há quatro horas, quando o bastardo vai sair?” Você deixou escapar de repente, passando as mãos pelos cabelos e bufando. A inteligência estava trabalhando no caso de assassinato de um membro de uma gangue, Cobras, e na época o principal suspeito era o membro da gangue rival, Oliver Romero.

Embora não houvesse provas materiais suficientes para prendê-lo, todos vocês sabiam que era ele, bastava esperar que ele desse um passo em falso para pegá-lo. E foi por isso que Voight ordenou que você e Jay o seguissem aonde quer que ele fosse.

“Eu gostaria de saber, não sinto mais minha bunda.” Jay comentou, soltando um suspiro antes de pegar a caixa de batatas fritas e entregá-la a você. “Você quer um pouco?”

Você virou a cabeça para ele. “Ah, sim, obrigado.” Você respondeu antes de pegar alguns e começar a comê-los. Já era fim de tarde e você estava sentada na frente da casa de Romero há quase cinco horas esperando que algo acontecesse, mas nada, ele não saiu de casa nenhuma vez.

"Nada ainda?" Você perguntou depois de algum tempo.

Jay enxugou as mãos com um lenço de papel e tirou o binóculo para ver mais de perto a casa do suspeito. “Nada, ele apenas fica sentado, comendo e assistindo TV.”

"Ótimo."

“Você quer jogar um jogo?” Jay perguntou de repente e você lançou a ele um olhar perplexo.

“Quantos anos você tem?”

Ele riu. "Vamos, está claro que você está morrendo de tédio e eu também. Vamos passar algum tempo."

Ele não estava totalmente errado. Tudo teria sido melhor do que ficar sentada sem fazer nada. “Tudo bem, que jogo você quer jogar?”

"Verdade ou desafio?" Rle perguntou e você olhou para ele com uma sobrancelha levantada.

“Você não pensou em mais nada?”

“Você tem algo melhor em mente?” Ele perguntou ironicamente, olhando para você com uma sobrancelha levantada também e diante da sua não resposta ele continuou a falar. “Como eu pensava. Então… vou começar. Verdade ou desafio?"

Você pensou sobre isso por um segundo. “Hmm… Verdade.”

Jay olhou para você com um sorriso nos lábios, como se esperasse que você escolhesse essa opção. “O pior encontro que você já esteve.”

Você riu. “Certa vez, saí com um cara que não fez nada além de falar sobre a mãe a noite toda. Acredite em mim. A noite toda. E como se não bastasse, ele ligou para ela e me fez falar com ela dizendo que achava que havia encontrado o amor da vida dele…”

“Isso não pode ser verdade.” Jay começou a rir.

“Sim, infelizmente é… e no final da noite ele disse desculpe, esqueci minha carteira em casa, você pode pagar?”

"Você não pode estar falando sério!" Ele disse entre risadas.

“O que posso dizer… nunca tive sorte romanticamente.” Você encolheu os ombros, tremendo ao lembrar daquele encontro horrível “Sua vez… Verdade ou Desafio?”

Jay não respondeu imediatamente, continuando a rir.

"Você pode parar com isso?" Você perguntou, seus braços cruzados sobre o peito enquanto tentava reprimir um sorriso ao vê-lo rir com tanta vontade. Deus, a maneira como seu rosto e olhos se iluminavam toda vez que ele ria era algo que sempre lhe dava um frio na barriga.

"Me desculpe, não posso evitar... é tão engraçado." Ele mal conseguia dizer. "Ok, ok, agora vou parar... eu escolho desafio."

“Ligue para uma pessoa aleatória e cante parabéns para ela.”

“Qual é, essa é a primeira coisa que veio à sua mente?” Ele provocou você ganhando um soco seu no braço.

“Você sabe que não sou boa nesse tipo de jogo, então cale a boca e faça a ligação.”

Jay tirou o celular do bolso e clicou no último número do registro de chamadas, que era seu irmão Will. Escusado será dizer que ele achava que seu irmão era totalmente louco. "Jay, você está drogado?"

“Cale a boca, é apenas um desafio. Tchau.” Ele respondeu antes de desligar enquanto você estava rindo muito.

“Você já pensou em ir para o American Talent?”

"Ah, ah, que engraçado." Ele disse com um sorriso, em seguida, pegou uma garrafa de água e tomou um gole enquanto isso você continuava a olhar a casa. "Verdade ou desafio?"

"Desafio."

“Mostre-me a foto ou o vídeo mais embaraçoso do seu telefone.”

“Uh, eu tenho muitos.” Você respondeu pegando seu celular antes de olhar na galeria. “Ei, cuide da sua vida.” Você afirmou ter notado a maneira como Jay estava tentando espiar.

Ele ergueu as mãos. “Infelizmente não vi nada, esperava uma foto sua nua.”

Você riu e bateu levemente na nuca dele. “Sonhe Halstead.” Você disse. “Aí está.” Você entregou a ele seu telefone mostrando o vídeo da sua cerimônia de formatura quando se levantou para pegar o pergaminho e caiu no palco… Na frente de toda a escola. Sim, um dos momentos mais embaraçosos da sua vida.

O estômago de Jay começou a doer de tanto rir, com lágrimas nos olhos. “Oh meu Deus… Por favor, envie-me isso.”

“Nem pense nisso.” Você arrancou o celular das mãos dele, travou a tela e colocou de volta no bolso. Você sabia que se arrependeria da decisão de mostrar aquele vídeo a ele, sabendo que agora ele iria te zuar até o resto de seus dias.

"Você terminou?" Você perguntou com um tom falso de irritação, mesmo que na realidade estivesse tentando não rir. "Verdade ou desafio?"

Jay enxugou as lágrimas no canto dos olhos e olhou para você, caindo na gargalhada novamente com sua expressão. "Sinto muito, não consigo parar..." Ele disse passando as mãos pelo rosto. "Oh meu Deus, não consigo respirar..."

“Fico feliz em saber que meu azar te diverte tanto.”

“A maneira como você caiu…” Ele ofegou por ar. “Você dobrou como uma folha de papel.”

“Você pode parar com isso, por favor, ainda não me recuperei desse trauma.” Você disse rindo.

Jay continuou rindo por literalmente mais cinco minutos e quando ele finalmente conseguiu parar, você disse a ele novamente. “Terminou?”

Ele respirou fundo e bebeu outro gole de água. "Sim, não vou rir de novo, eu prometo."

“Será melhor para você. Então, verdade ou desafio?

"Verdade."

"Qual é o seu maior medo?"

"Então você pode usar isso contra mim? Nem pense nisso, nunca vou te contar."

"Ah, vamos lá, que tipo de pessoa você pensa que eu sou?" Você perguntou em um tom fingido e ofendido. Ele olhou para você com uma sobrancelha levantada. "Tudo bem. Além disso, eu já sei disso."

"Oh sério."

"Sim. Aranhas."

"Não tenho medo de aranhas!"

“Ah, então você não se lembra de quando me ligou e me fez ir até sua casa para mandar uma embora?”

Jay revirou os olhos e bufou. “Não foi isso, eu só queria passar um tempo com a minha parceira.”

"No meio da noite?" Você perguntou retoricamente. "Jay, você estava à beira de um colapso."

"(S/s/n) você me prometeu que nunca mais falaria sobre isso!" Ele exclamou apontando o dedo para você, fazendo você rir.

“Não, eu prometi que não contaria a ninguém que nunca mais falaria sobre isso.”

"Eu te odeio, você sabia disso?"

Você beliscou a bochecha dele. "Não, eu sei que você me ama."

Houve um breve momento em que você e Jay se olharam nos olhos, em silêncio, e foi como se tivessem esquecido do que estavam falando. A maneira como os olhos dele sempre faziam seu coração derreter era algo com o qual você já estava acostumada e quase tinha medo de manter o olhar dele por causa da intensidade com que ele olhava para você, como se pudesse ler dentro de você e entender como você se sentia.

Seus lábios se ergueram em um pequeno sorriso que fez sua frequência cardíaca aumentar. “Sim… eu amo” Houve outro momento de pausa enquanto os dois desviavam o olhar um do outro. Você tentou ignorar a forma como suas bochechas coraram ao olhar para a casa de Romero.

“É a sua vez, (S/s/n).” Disse Jay.

"Verdade."

“Conte-me o seu maior segredo.”

Você virou a cabeça para ele, percebendo que ele já estava olhando para você. “Não seria mais meu maior segredo se eu te contasse, você não acha?”

"Essa é a regra, detetive, você tem que me dizer agora."

Como você pôde contar a ele que seu segredo era que você tinha uma queda por ele? A palavra crush era até um eufemismo, esse termo não expressava totalmente o que você realmente sentia por ele. A verdade é que você se apaixonou pelo seu parceiro, mas foi forçada a ignorar isso e agir como se não houvesse nada além de amizade entre vocês. Com o tempo, você e Jay formaram um vínculo lindo e forte e o medo de que você pudesse arruiná-lo devido aos seus sentimentos não correspondidos sempre foi alto.

“Não…” Você estava prestes a dizer quando um movimento chamou sua atenção. “Jay olha.”

Era Oliver Romero e ele estava saindo de casa em direção ao carro. Jay imediatamente ligou o carro e o seguiu assim que Romero foi embora.

“Aqui é detetive Halstead, estamos seguindo Oliver Romero na Avenida Belmont.”

“Certo detetive Halstead.”

Você seguiu Romero por cerca de dez minutos até que ele parou na frente de uma casa, você e Jay dois carros atrás dele. O bairro em que você estava era território da gangue Vice Lords, a mesma gangue que incluía a vítima de assassinato que você estava investigando.

Escusado será dizer que você e Jay sabiam por que ele estava lá.

Depois de alguns momentos de espera, Romero saiu do carro e sua suspeita se revelou verdadeira.

“Ele tem uma arma!” Jay exclamou e nesse momento você imediatamente saiu correndo do carro.

“Polícia largue sua arma!” Você gritou apontando a arma para ele, mas Romero começou a correr.

“Aqui é detetive Halstead, estamos perseguindo um suspeito armado, ele está correndo entre Nelson e Barry!”

“Polícia pare!” Você gritou novamente. Apesar dos seus constantes avisos, o suspeito não parou, na verdade, ele continuou a correr o mais rápido que pôde. Ele virou uma esquina e você o seguiu. Jay, que estava parado na sua frente, colocou a mão na sua frente para primeiro verificar se Romero não estava espreitando para atirar.

Felizmente, havia um portão no final daquela estrada e, quando ele tentou passar por cima, isso permitiu que você e Jay o alcançassem e o derrubassem no chão.

Você apontou sua arma para ele enquanto o desarmava e Jay o algemava.

"Acabou, filho da puta."

Romero confessou tudo antes mesmo de colocar os pés na sala de interrogatório do distrito, o que facilitou seu trabalho e permitiu encerrar o caso com sucesso.

Quando você terminou de preencher o relatório de prisão, já era noite e você estava indo para o carro para poder voltar para casa quando uma voz a fez parar.

"(S/n) espere!"

Você reconheceu aquela voz imediatamente.

“Halstead.” Você disse parando em seus passos e virando-se para encará-lo.

"Você vai voltar para casa?"

"Sim, na verdade, por quê?"

“Você não me respondeu.” Ele disse e uma expressão totalmente confusa apareceu em seu rosto.

"O que você está falando?"

“Sobre o seu maior segredo.”

Você sentiu seu coração bater mais forte. Você se esqueceu totalmente desse jogo. “Oh meu Deus, Jay, esqueça, foi apenas um jogo.”

"Você não vai escapar disso, você sabe disso, certo?"

“E você sabe que não é da sua conta, certo?” Você disse com um tom irônico, com os braços cruzados.

"Vamos (S/n), essa é a regra e além de eu ser seu parceiro, o que você não quer me contar?"

“Como eu disse, não é da sua conta.”

“Não será tão ruim, certo?”

É sim.

Você soltou um suspiro pesado, tentando pensar em algo para dizer para distraí-lo, mas infelizmente nada lhe veio à mente. “Tenho que ir, Jay, estou muito cansada.”

Ele deu um passo em sua direção e isso foi o suficiente para você parar de respirar. "O que há de errado (S/n)?"

"Você está me irritando, Halstead, você é tão intrometido."

Ele soltou uma risada. "Mas você me ama, certo? Mesmo que eu seja intrometido."

Você olhou para baixo por alguns segundos antes de olhá-lo nos olhos novamente. "Eu amo."

“Então por que você não me conta seu segredo? Você pode confiar em mim, sou seu melhor amigo.”

Você soltou um bufo mais pesado do que gostaria e revirou os olhos, sua paciência acabou. “Você quer saber meu maior segredo, Jay? Tudo bem.” Você declarou “Estou apaixonado por você! Esse é o segredo! Você está feliz agora?"

Jay não disse nada, apenas ficou olhando para você, e nesse momento seu coração se partiu, sabendo que você havia arruinado sua amizade e se arrependendo de ter dito essas palavras.

Seus olhos se encheram de lágrimas, mas você não queria que ele te visse chorar, você não queria revelar o pouco orgulho que lhe restava. Você estava pronta para sair, mas Jay agarrou sua mão, fazendo você parar.

“Ei, olhe para mim.” Ele disse e quando você o fez, sua respiração congelou novamente ao perceber a proximidade entre vocês dois.

“Jay, você não precisa dizer nada…”

"Pare." Ele interrompeu você colocando as mãos em seu rosto. "Eu tenho um desafio para você."

Você olhou para ele como se ele tivesse enlouquecido, sem saber se deveria ficar com raiva ou chocada. Você acabou de confessar que estava apaixonada por ele e ele ainda queria jogar aquele jogo estúpido?

"Você está falando sério agora?"

Ele acariciou suas bochechas com os polegares, um sorriso malicioso nos lábios. “Estou sempre falando sério.”

Incrédula, você tentou fugir, mas ele a impediu novamente.

"Me beija."

Por um instante você pensou que tinha ouvido errado, que sua mente estava pregando algumas peças em você. “O-o quê?”

"Eu te desafio a me beijar."

Você ficou tão em choque que não sabia o que fazer, apenas olhou para ele com os olhos arregalados e a boca ligeiramente aberta.

"Então?" Ele sussurrou com um sorriso nos lábios.

“Jay, juro por Deus se você estiver brincando-” Ele nem deixou você terminar de dizer aquela frase, logo ele pressionou a boca na sua. Antes mesmo que você pudesse pensar sobre isso, você já o estava beijando de volta. Não importa quantas vezes você imaginou aquele momento, a realidade de como você se sentiu ao poder finalmente beijá-lo superou qualquer tipo de expectativa.

"Eu não estou brincando, não quando se trata de você (S/n)." Ele sussurrou, seus lábios ainda roçando os seus. "Eu só não sabia se você sentia o mesmo e não queria arruinar nossa amizade, mas sim... estou apaixonado por você também."

O sorriso que você deu foi um dos mais lindos que Jay já tinha visto e ele se sentiu um idiota por não ter dado o primeiro passo, por ter perdido tanto tempo que poderiam ter passado juntos.

Você não disse mais nada, nunca foi boa com as palavras, em vez disso cumpriu o desafio dele, beijando-o novamente.