☄️ DANIEL MACIEL - Parte 2
Como eu imaginei, a volta para casa foi mergulhada em um silêncio pesado. Maciel não fez nenhuma piada durante o resto do jogo, tampouco no trajeto de volta. Seu semblante permanecia sério, e, sinceramente, eu estava cansada demais para tentar quebrar o clima.
Quando o carro finalmente parou em frente ao meu prédio, pensei que ele só me deixaria ali e seguiria seu caminho. Mas, para minha surpresa, ele entrou no estacionamento e começou a manobrar.
— Vai entrar? — Perguntei, franzindo a testa. Sua expressão não mudou, mas seus olhos ainda carregavam algo que eu não conseguia decifrar.
— Eu prometi que ia cuidar de você, Manu. — Ele respondeu, com a voz firme, enquanto estacionava o carro.
Suspirei, sentindo o peso daquela frase mais do que queria admitir.
— Olha, eu esqueci de avisar que talvez não tenha muita coisa pronta pra comer lá em casa... — Murmurei, olhando para o relógio do painel que marcava quase duas da manhã. — Você ainda vai querer comer a essa hora?
— Não se preocupa com isso. — Ele respondeu calmamente, reunindo suas coisas no carro e fechando os compartimentos com cuidado. — Eu cozinho alguma coisa pra gente.
Saímos do carro juntos. O clima continuava estranho, mas, mesmo assim, ele segurou minha mão no caminho do estacionamento até o elevador, o toque firme e silencioso. Fiquei em silêncio também, sem saber como puxar o assunto. No elevador, os segundos pareceram uma eternidade, o silêncio interrompido apenas pelo som dos andares passando.
Assim que entramos no meu apartamento, ele me soltou para fechar a porta e deixar as chaves sobre a bancada.
— Vai tomar um banho, tá? — Ele disse, já seguindo em direção à cozinha, com aquela tranquilidade que, em qualquer outra circunstância, seria reconfortante.
Fiquei parada ali, olhando para ele mexer na geladeira como se nada tivesse acontecido. Mas aquilo me incomodava. Maciel sempre foi alguém que não escondia o que sentia, e vê-lo ignorando o que estava claramente o incomodando me apertava o peito.
Respirei fundo, dando alguns passos em direção à cozinha. Eu não podia deixar isso continuar.
— Maciel... o que foi? — Minha voz saiu baixa, hesitante.
Ele parou por um segundo, a mão na porta da geladeira. O suspiro pesado que ele soltou encheu o ambiente de uma tensão palpável.
— Não foi nada demais. — Ele respondeu, sem me encarar, enquanto abria a porta da geladeira e começava a tirar alguns ingredientes. — Vai tomar seu banho.
Mas eu não podia aceitar aquela resposta vaga, não dele.
— Foi, sim. — Insisti, cruzando os braços. — E você não é do tipo que fica calado à toa. Se tá assim, tem algo errado. Então, me diz.
Maciel se virou de repente, seus olhos encontrando os meus, intensos e carregados de uma mistura de emoções que me deixou imóvel. Quando ele finalmente falou, sua voz veio cortante, repleta de ciúme, raiva e frustração.
— Eu não posso falar. Não posso exigir nada de você. Mas tenho que ficar quieto enquanto vejo o meu amigo dando em cima da minha mulher descaradamente, porque ele não sabe que ela é minha. Sabe o que isso faz comigo, Manu? — Sua voz tremeu no final, como se ele estivesse prestes a perder o controle.
As palavras dele me atingiram como um golpe, cada uma mais pesada do que a outra. Meu coração apertou no peito, não só pela intensidade do que ele disse, mas pela dor evidente que ele carregava.
Maciel fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Quando os abriu novamente, parecia cansado, como se estivesse lutando contra si mesmo.
— Por isso eu não queria falar agora. — Ele continuou, mais baixo, a raiva dando lugar a um tom de arrependimento. — Eu tô com a cabeça quente, Manu. Desculpa.
Maciel soltou um suspiro pesado e encostou as mãos na bancada, os dedos apertando o mármore como se aquilo pudesse conter sua frustração. Sua postura estava tensa, e o peso de suas palavras parecia pairar no ar como uma nuvem carregada.
Eu respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas para responder. Me sentei no banco ao lado da bancada, cruzando os braços em frente ao peito, como se isso pudesse me proteger da intensidade daquele momento.
— Você sabe por que eu não quero que eles saibam... — Comecei, minha voz soando mais baixa do que eu pretendia. — Eu já te expliquei.
Maciel virou o olhar na minha direção, carregado de mágoa.
— Eu entendia antes, Manu. Você tinha acabado de ganhar o emprego com a gente, não queria parecer interesseira, e eu respeitei isso. Mas já faz tempo. Ninguém, absolutamente ninguém, acha que você tá lá por minha causa.
Desviei o olhar, mordendo o lábio inferior. Era verdade que já tinha se passado um tempo considerável, mas o medo ainda estava lá, preso em mim como um espinho difícil de arrancar.
— Eu não quero ser tratada diferente. — Rebati, mas minha voz saiu menos firme do que eu gostaria.
Ele riu, mas não era um riso divertido; era amargo, quase doloroso.
— Porra, Manu. — Ele passou a mão pelo cabelo novamente, bagunçando os fios ainda mais. — O que eu acho mesmo é que você não quer ser vista num compromisso comigo. Como se tivesse vergonha de mim. E às vezes, parece que você gosta das provocações do Chico.
As últimas palavras dele foram como um tapa. Meu corpo inteiro ficou tenso, e meus olhos o fitaram, incrédulos.
— O quê? — Perguntei, minha voz carregada de incredulidade. — Você acha mesmo que eu gosto disso? Que eu incentivo o Chico de alguma forma?
Ele não respondeu imediatamente. Apenas desviou o olhar, apertando os punhos. Foi o suficiente para me deixar ainda mais indignada.
— Isso não é justo, Maciel. Eu não dou abertura pra ele. Eu nunca dei. Se ele faz essas brincadeiras, é porque...
— Ele acha que você tá solteira. — Ele complementa antes que eu fale, de um modo que eu não falaria.
— Não. É porque ele é assim com todo mundo.
— Ele quer você, Manu. Ele já falou isso um milhão de vezes.
Levo as mãos ao rosto. Eu não queria isso. Não queria brigar. Era madrugada, Maciel estava aqui e a gente tava brigando. Essa cena já veio várias vezes na minha cabeça, mas nunca imaginei que aconteceria.
— Eu não quero brigar... — Falei triste.
Maciel soltou um suspiro pesado, como se estivesse tentando segurar todas as palavras que queria dizer, mas que de alguma forma escaparam em sua última frase. Ele virou de costas, encostando-se na pia, os braços cruzados sobre o peito, e olhou para o chão. A tensão no ambiente era quase palpável, sufocante.
— Eu também não quero brigar. — Ele respondeu, sua voz baixa, carregada de frustração. — Mas é difícil. Principalmente quando eu passo o dia inteiro tentando achar um motivo bom o suficiente pra você não querer o mesmo que eu. — Ele fechou os olhos, enquanto seus dedos apertavam o topo do seu nariz entre as sobrancelhas — Manu, eu juro que eu tento entender seu lado. De verdade. Mas você sequer se esforça pra entender o meu.
As palavras dele me atingiram como um soco, cruas e dolorosas. Era impossível não sentir o peso do que ele estava dizendo, da mágoa que vinha carregando e que agora transbordava. Por mais que eu quisesse argumentar, qualquer coisa que eu dissesse naquele momento soaria como desculpa.
— Maciel... — Murmurei, a voz falhando enquanto meus dedos buscavam algo para segurar na bancada. — Não é que eu não entenda. É só que...
Ele se virou, voltando a abrir a geladeira enquanto falava — Vai tomar seu banho, amor. Você está cansada e eu também, não vamos chegar a lugar nenhum com isso hoje.
Maciel fechou a porta da geladeira com um movimento firme, mas sem bater, enquanto pegava alguns ingredientes. O som das embalagens se misturou ao silêncio pesado que pairava no ar. Ele parecia focado no que estava fazendo, mas eu sabia que era só uma maneira de evitar o confronto.
— Maciel, não faz isso. — Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, quase um sussurro. — Não faz parecer que eu não me importo.
Ele parou por um instante, os ombros tensos, mas não se virou. Continuou a mexer nas coisas, como se a cozinha fosse um escudo entre nós.
— Não é isso. — Ele respondeu, ainda sem me olhar. — Mas, se a gente continuar agora, eu vou acabar falando o que não devo. E, sinceramente, eu tô tentando não piorar as coisas. Vai tomar seu banho, por favor.
Eu queria insistir, queria resolver tudo ali, mas o cansaço pesava nos meus ombros, e ele estava certo: continuar só faria a discussão escalar. Suspirei, derrotada, e comecei a me afastar em direção ao banheiro.
Depois do banho, a sensação de cansaço parecia ter se acentuado, mas a visão da crepioca com frango cuidadosamente montada na mesa fez meu peito apertar. No fogão, o bule soltava uma leve fumaça, indicando que o chá ainda estava quente. Olhei ao redor da cozinha, procurando por Maciel, mas ele não estava ali. Apenas os pratos sujos na pia entregavam que ele tinha comido antes de sair.
Fui até o banheiro social e o aroma fresco de sabonete denunciava que ele já havia tomado banho. A casa estava silenciosa, e aquela calmaria trazia um misto de alívio e incômodo. Era o jeito dele de demonstrar que, mesmo magoado, ainda se preocupava comigo.
Voltei à mesa e me sentei, sem fome, mas também sem coragem de ignorar o cuidado que ele teve. Assim que dei a primeira mordida, o sabor me pegou de surpresa. Simples, mas reconfortante. A cada garfada, o apetite crescia, e era impossível não sentir o carinho que ele tinha colocado ali, mesmo depois de tudo.
Terminei de comer e lavei os pratos, como um pequeno gesto de reciprocidade. Quando entrei no quarto, o vi deitado na cama, de costas para a porta, com os olhos fechados. Ele estava virado para a beirada, as pernas ligeiramente dobradas, e sua respiração era lenta, quase tranquila. Não sabia se estava dormindo ou apenas fingindo, mas a cena me deixou um pouco mais calma.
Tornei ao banheiro do quarto e escovei os dentes, tentando empurrar para longe o peso da discussão. Cada movimento parecia mais lento do que deveria, como se eu estivesse adiando o inevitável: dividir a cama com Maciel, mas sem resolver o que estava entre nós.
Quando voltei, ele continuava na mesma posição, virado para a beirada, imóvel. Caminhei em silêncio até o meu lado da cama e me sentei, hesitante. O colchão cedeu levemente sob o meu peso, mas ele não se moveu. Fiquei ali por alguns segundos, os olhos fixos no chão, ponderando se deveria dizer algo ou simplesmente aceitar o silêncio. No fim, optei pelo segundo.
Apaguei a luz do abajur e finalmente me deitei. O espaço entre nós parecia maior do que nunca, apesar da proximidade física. Acomodei a cabeça no travesseiro e respirei fundo, tentando encontrar conforto no escuro do quarto.
Foi então que senti. Um movimento lento, hesitante, mas decidido. Seu braço passou ao redor da minha cintura, me puxando para mais perto até que minha cabeça encostasse em seu peito. O calor de seu corpo, a batida firme do seu coração contra a minha bochecha, foram suficientes para dissolver qualquer resistência que eu ainda carregava.
— Eu disse que ia cuidar de você — Ele murmurou, a voz baixa, carregada de arrependimento e cansaço — Me desculpa.
— Para, Maciel... — Eu disse, a voz falhando ao sentir o peso de suas palavras. Ele estava pedindo desculpas, quando na verdade era eu quem devia. A culpa me corroía, mas ao mesmo tempo, não queria que ele sentisse que havia algo errado com o que ele fizera. Não dessa forma.
Ele apertou um pouco mais a minha cintura, como se quisesse garantir que eu estava ali, que nada mais estava entre nós além do silêncio carregado de sentimentos não ditos. Sua respiração estava calma, mas havia algo em sua postura que ainda refletia uma tensão sutil, como se ele estivesse esperando uma resposta que eu não sabia se poderia dar.
— Eu não deveria ter ficado tão... irritado. — Ele continuou, a voz baixa, quase inaudível. — Mas eu acho que eu não sei viver sem isso aqui mais...
Eu fechei os olhos, sentindo o peso de suas palavras. A intensidade delas, o modo como ele me dizia isso, como se fosse a última chance de se fazer entender, me deixava sem palavras. Não sabia o que ele esperava, mas a sensação de não saber o que fazer com aquilo me apertava o peito.
— Me diz... Isso aqui é real pra você? A gente é real? — Ele perguntou. Embora parecesse ainda chateado, seus dedos faziam carinho nas minhas costas, como se tentasse não transparecer a sua aflição.
— Sim. É real.
— Então por que não parece? — Ele solta um suspiro, fazendo seu peito levantar minha cabeça levemente — Todos os meus instintos me dizem que você não sente a mesma coisa que eu, mas ao mesmo tempo nenhum desses instintos me fazem querer ir embora. — Sua voz era calma e suave, como se contasse uma história de dormir.
— Maciel... — Sussurrei, hesitando. Meu coração acelerava a cada palavra que ele dizia, e o peso daquilo me deixava sem fôlego. Não era que eu não sentisse nada, eu sentia muito. Mas colocar em palavras? Assumir, sem qualquer dúvida, o que nós éramos? Isso parecia tão... definitivo.
Ele continuava me segurando firme, como se tivesse medo de que, se me soltasse, eu escapasse. Seus dedos ainda desenhavam círculos lentos nas minhas costas, mas o silêncio que preencheu o quarto depois da minha voz parecia mais pesado do que nunca.
— Fala o que você sente de verdade. — Ele pediu, baixinho, mas firme. — Sem me poupar. Eu preciso saber.
Fechei os olhos, tentando organizar as emoções que pareciam uma bagunça dentro de mim. Eu sabia que ele merecia mais do que o silêncio. Mais do que respostas vagas e evasivas.
— Eu sinto. — Comecei, a voz quase falhando. — Sinto tanto que às vezes isso me assusta. Eu nunca tive algo assim antes. Eu não sei lidar com o jeito que você é tão... inteiro comigo...
Ele não disse nada, mas o modo como ele me segurava mudou — ficou mais leve, como se estivesse me dando espaço, mesmo enquanto me mantinha próxima.
— Eu tenho medo, Maciel. Medo de não ser suficiente pra você. — Soltei um riso nervoso, mais pra mim mesma do que pra ele. — E talvez, medo de ser feliz demais, porque parece bom demais pra ser verdade. Coisas muito boas sempre... Acabam.
Eu senti isso hoje. Eu senti que ia acabar. Maciel parecia estar lutando dentro de si, na cozinha, para arrumar motivos para essa não ser a última vez que ele pisava os pés aqui. Eu conhecia aquele olhar de mais cedo, o olhar de "eu quero terminar... O problema não é você, sou eu".
Ele se mexeu, levantando um pouco o rosto para olhar pra mim. Seus olhos estavam intensos, mas havia algo de suave ali também, algo que me fazia querer chorar. Ninguém nunca olhou pra mim assim, talvez por isso eu tenho tanto medo que acabe.
— Você acha que eu não sinto medo? — Ele murmurou, o tom tão sincero que me fez prender a respiração. — Eu sinto medo de estragar tudo. Medo de te sufocar. Medo de fazer você pensar que não tem escolha, quando você sempre tem...
Eu senti uma lágrima escorrer, e nem percebi que estava chorando até ele a limpar com o polegar. Seu toque era tão delicado que parecia quase uma promessa.
— Para de querer levantar tantas barreiras... — Ele falou, com uma suavidade que contrastava com o peso das palavras. Seus olhos me encaravam com uma intensidade que era ao mesmo tempo esmagadora e reconfortante. — Para de querer sempre me chamar pelo nome, como se eu fosse seu chefe. Para de querer esconder isso tudo, Manu.
A forma como ele disse meu nome, quase como se fosse algo sagrado, me desmontou. Minha garganta se apertou, as palavras presas como se minha própria voz se recusasse a sair. Ele me olhava, esperando, mas sem exigir. Havia paciência ali, mas também uma dor profunda que eu sabia que tinha ajudado a criar.
— Não é tão simples assim... — Eu murmurei, tentando encontrar alguma justificativa que pudesse suavizar o momento, desviando o olhar um pouco — É o meu jeito. É... É como eu aprendi a lidar com as coisas. Nada é tão simples.
— E como isso tá funcionando pra você? — Ele perguntou, inclinando a cabeça de leve, mas sem desviar o olhar. — Porque, pra mim, parece que tá te deixando mais confusa. Tá me afastando de você, e... — Ele fez uma pausa, soltando um suspiro pesado. — E eu não quero ficar longe.
As lágrimas vieram de verdade antes que eu pudesse contê-las. Ele tinha razão, e admitir isso era uma luta interna. Eu não sabia como abaixar a guarda, como permitir que alguém entrasse sem medo de destruir tudo. Mas ele estava ali. Ele não tinha ido embora, mesmo quando eu quase o empurrei pra isso.
— Você acha que eu quero te afastar? — Perguntei, minha voz tremendo.
— Não acho. Mas às vezes parece que você tá tão preocupada em se proteger que esquece que eu tô aqui pra te proteger também. — Ele deslizou a mão por meu rosto, afastando uma mecha do meu cabelo, sorrindo de leve — Você pode me chamar de "amor", sabia? Eu não sou só "Maciel". Não pra você.
Soltei uma risada fraca entre as lágrimas, um som quase sem graça, mas genuíno.
— Isso parece tão... diferente. Estranho.
— Diferente não significa ruim. — Ele respondeu, sorrindo de leve. — Tenta. Só uma vez. Sem pensar demais.
Eu respirei fundo, olhando para ele. Aquele olhar, aquele sorriso. Ele estava tão certo, tão disposto a carregar tudo aquilo com paciência. Eu fechei os olhos por um segundo, buscando coragem.
— Amor... — A palavra saiu hesitante, quase inaudível.
Ele sorriu, um sorriso que iluminou tudo ao nosso redor, como se só aquilo já fosse suficiente para apagar todos os receios.
— Viu? Não foi tão difícil. — Ele disse, e antes que eu pudesse responder, inclinou a cabeça e me beijou.
Seu beijo era lento, como se ele quisesse garantir que cada segundo fosse gravado na memória. Não era só um gesto de carinho, mas uma promessa silenciosa, um lembrete de que ele estava ali, mesmo quando eu achava que tudo podia desmoronar.
Eu me entreguei, deixando que aquele momento fosse suficiente para dissipar as inseguranças que ainda pairavam na minha mente. Seu toque era firme e reconfortante, e pela primeira vez em muito tempo, eu senti que talvez pudesse abaixar minhas defesas.
Quando nos separamos, ele encostou sua testa na minha, os olhos fechados como se estivesse saboreando o que acabara de acontecer. O silêncio entre nós era pesado, mas não de um jeito ruim.
— Me deixa te amar de verdade... Sem medo dos outros. — Ele murmurou, a voz baixa e cheia de vulnerabilidade. Suas mãos me envolveram, e antes que eu pudesse responder, ele me puxou para mais perto, minha cabeça repousando novamente contra seu peito. — Me deixa fazer isso, por favor.
Fechei os olhos, sentindo a segurança do abraço dele, ouvindo a batida constante do seu coração. Havia tanto em jogo, tantas coisas que ainda me assustavam, mas ali, naquele instante, a ideia de deixar que ele me amasse não parecia tão assustadora quanto o medo de perdê-lo.
— Eu vou tentar... — Sussurrei, com a voz embargada. — Eu prometo que vou tentar.
Gente, a parte três sai mais tarde. Ela será tipo uma cena pós crédito, vai ser um cap pequeno.
Eu não revisei direito, então relevem os erros.
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