🎄 DANIEL MACIEL² - Especial de Natal

1097 palavras

A família de Maciel era enorme, e a casa de praia era um reflexo disso. Espaçosa, arejada, com uma decoração simples e charmosa, o lugar parecia abraçar quem chegava. Todos estavam vestidos de forma despretensiosa, em roupas bonitas, mas confortáveis, criando uma atmosfera de aconchego e casualidade. Risos ecoavam pelo ambiente, enquanto primos mais jovens se divertiam com jogos de tabuleiro no chão da sala. Do outro lado, um grupo de adultos estava reunido em torno de uma mesa grande, onde taças e pratos delicados se acumulavam entre conversas animadas.

A energia daquele lugar parecia pulsar em harmonia, algo tão distante da solidão que eu sentira horas atrás no meu apartamento.

- Cheguei! - Maciel anunciou com a familiaridade de quem pertencia àquele espaço, sua voz cortando a mistura de sons e chamando a atenção de todos.

Sua mãe, uma mulher de aparência jovial, com cabelos presos de forma elegante e um sorriso caloroso, levantou-se rapidamente da mesa.

- Filho! Que saudade de você! - Ela exclamou, envolvendo-o em um abraço apertado e depositando um beijo estalado em sua bochecha.

Eu observei a cena com um leve sorriso, me lembrando da minha mãe. Mas então, os olhos dela encontraram os meus, e sua expressão se iluminou com curiosidade.

- E essa linda moça quem é? Oh... Não me diga que é... - Ela deixou a frase no ar, como se estivesse tentando adivinhar algo.

Maciel riu, balançando a cabeça enquanto me puxava levemente para frente, como se me apresentasse oficialmente.

- Essa é a Thais, mãe.

O rosto dela se abriu em um sorriso ainda maior, e, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela já estava se aproximando.

- Ah, Thais! É um prazer te conhecer. - Disse, abrindo os braços para um abraço caloroso.

Eu hesitei por um segundo, surpresa com a recepção, mas logo retribuí o gesto, sentindo o calor acolhedor daquele abraço que parecia dissolver a tensão em meus ombros.

- O prazer é meu... - Respondi, tentando não tropeçar nas palavras enquanto ela me olhava com um misto de curiosidade e aprovação.

- Ah, mas você é ainda mais bonita do que ele comentou! - Disse ela, piscando para Maciel. Ele fez uma careta exagerada de protesto, e a sala encheu-se de risos.

- Mãe, não começa. - Ele revirou os olhos, mas havia um sorriso brincando em seus lábios.

Helena - agora eu sabia o nome dela - me conduziu até a mesa, já fazendo perguntas sobre mim e me apresentando ao restante da família. Eu ainda me sentia um pouco deslocada, mas o calor daquela recepção começou a suavizar o desconforto. Talvez, só talvez, aquele Natal pudesse ser mais especial do que eu esperava.

Olhei para o relógio, depois de muita conversa e alguns goles de vinho, e percebi que já eram 23h30. O ambiente estava animado, cheio de risos e conversas, mas um aperto discreto no peito me fez lembrar de casa. Inclinei-me na direção de Maciel, que estava sentado ao meu lado, observando a família com aquele sorriso tranquilo no rosto.

- É quase Natal. - Falei baixo, tentando não interromper o clima ao nosso redor.

Ele virou o rosto para mim, e seus olhos brilharam com aquele jeito de quem sempre entendia mais do que eu dizia.

- Sim, está quase.

Hesitei por um segundo, mordendo o lábio antes de continuar.

- Eu... Posso subir e ligar para a minha mãe?

Maciel colocou a taça de vinho na mesa e me encarou com um olhar que era ao mesmo tempo leve e acolhedor.

- Claro que pode. Vou te mostrar onde você pode ficar mais à vontade.

Ele se levantou e estendeu a mão para mim. Relutante, mas grata, segurei sua mão, e ele me guiou para longe do burburinho da sala, subindo uma escada de madeira que levava ao andar de cima.

- Aqui está tranquilo. - Disse, abrindo a porta de um quarto com uma vista deslumbrante para o mar. - Pode ligar para ela à vontade.

- Obrigada, Maciel. - Falei, com um sorriso tímido.

Ele assentiu, parando por um momento na porta antes de acrescentar:

- Ah, e avisa pra ela que você está em boa companhia.

Eu ri, balançando a cabeça enquanto ele fechava a porta atrás de si. Peguei meu celular e disquei o número familiar, esperando que ela atendesse. Quando ouvi sua voz do outro lado da linha, algo dentro de mim se aqueceu.

- Mãe?

- Thaís! Feliz quase Natal, minha filha.

- Feliz quase Natal, mãe. - Respondi, tentando soar leve, mas minha voz embargou um pouco. Caminhei até a janela, observando as ondas que quebravam suavemente na areia iluminada pela lua. Um calor diferente preenchia meu peito, algo entre saudade e gratidão. - Estou ligando agora porque acho que não consigo ligar mais tarde. Estou na praia, sabia? - Acrescentei, tentando soar animada.

- Na praia? - Ela repetiu, surpresa. - Você foi viajar?

- Mais ou menos. Vim com um amigo. A casa dele é aqui em Maricá, e a família é enorme. - Ri suavemente, tentando pintar uma imagem descontraída.

Do outro lado, o tom da minha mãe mudou para um mais leve e caloroso.

- Ah, que bom, filha! Fico tão aliviada de saber que você não está sozinha. Achei que ia passar o Natal naquele apartamento pequeno, trancada.

Mordi o lábio, sentindo um pequeno peso por ter deixado ela acreditar que esse tinha sido o plano desde o início.

- Claro que não, mãe. Eu disse que ia me reunir com o pessoal, lembra?

- Você merece isso, Thaís. Aproveite, tá? E lembra de tirar fotos pra me mostrar depois.

- Vou lembrar. - Respondi com um sorriso, sentindo a sinceridade nas palavras dela.

Conversamos por mais alguns minutos, trocando aquelas trivialidades que só mães e filhas compartilham. Quando ouvi e vi os primeiros fogos iluminando o céu na praia, percebi que o Natal já havia chegado.

- Feliz Natal, mãe... - Falei, enquanto um sorriso se formava no meu rosto e as lágrimas escorriam sem que eu percebesse. Era uma mistura de saudade, alegria e alívio.

- Feliz Natal, filha! MARCOS, SAI DE CIMA DA MESA, MENINO! - Ela gritou de repente, e eu não consegui segurar o riso. - Filha, preciso desligar, mas amanhã a gente se fala, tá bom?

- Tá bom, mãe. Aproveita a bagunça aí.

- Sempre! Boa noite, minha menina.

Desliguei o telefone e fiquei olhando o céu por mais um instante, enquanto os fogos explodiam em cores vibrantes, refletindo na superfície do mar. O som das ondas misturava-se ao estalar dos fogos, criando uma trilha sonora inesperadamente reconfortante. Era um momento que, até algumas horas atrás, eu jamais imaginaria viver.

Ouvi passos atrás de mim e, quando me virei, vi Maciel parado no batente da porta, os braços cruzados e as mãos nos bolsos. A luz suave do quarto atrás dele desenhava sua silhueta, destacando o cabelo ruivo.

- É Natal... - Ele disse com um sorriso tranquilo, começando a caminhar em minha direção.

- É... Natal - Respondi, voltando a olhar a paisagem. Ele parou ao meu lado, apoiando-se na grade da varanda, tão próximo que senti o calor de sua presença.

Houve um breve silêncio enquanto ambos olhávamos o horizonte. Eu ouvia o som do mar, sentia a brisa salgada no rosto e percebia o quanto aquele momento parecia surreal.

- Melhor do que o apartamento? - Ele perguntou, quebrando o silêncio.

Deixei escapar uma risada, sincera e despreocupada.

- Mil vezes melhor. Obrigada, Maciel.

Ele me olhou de lado, um brilho divertido nos olhos.

- Posso contar um segredo de Natal? - Perguntou, inclinando a cabeça ligeiramente para mim.

- Claro.

- Eu fiz um pedido pro Papai Noel este ano. - Ele sorriu, mas havia algo mais ali, algo mais profundo que a brincadeira. Suas bochechas começaram a ficar levemente vermelhas, o que me fez rir.

- Não ri, é sério. - Ele protestou, mas o sorriso continuava em seu rosto.

- Tá bom, tá bom. - Disse, tentando conter o riso. - Qual foi o pedido?

- Pedi ter você no Natal comigo. - Ele soltou uma risada tímida, e então continuou: - Então, talvez sua zica com as passagens tenha sido culpa da minha cartinha...

- Droga, Maciel! - Ri, balançando a cabeça diante da sua brincadeira.

- Mas eu pedi mais que isso. - Ele ficou sério por um momento, os olhos presos nos meus. - Eu pedi ter você no Natal comigo... Seja aqui, no Maranhão ou em qualquer lugar, por muitos e muitos anos.

As palavras dele ficaram pairando no ar, e algo em mim deu um nó. Meu estômago se revirou, o frio na barriga tomando conta quando percebi o peso do que ele estava dizendo.

- Maciel... - Murmurei, sem saber exatamente como reagir.

Ele se inclinou um pouco mais perto, a voz baixa, quase como um segredo.

- Você é fascinante, Thais. Muito. Eu nunca conheci ninguém como você na minha vida inteira. - Suas mãos se apoiaram na grade, uma de cada lado dos meus braços, me cercando sem me pressionar. - E é extremamente linda. - Ele sorriu, aquele sorriso desconcertante que me fazia sentir borboletas no estômago. - Eu passaria o Natal assistindo Casamento às Cegas com você, se tivesse negado vir. Mas que bom que veio.

- Maciel, eu... Nossa, eu tô... Sem palavras. - Soltei uma risada nervosa, o coração batendo forte no peito. - De verdade.

Ele inclinou a cabeça, seus olhos fixos nos meus.

- Deixa eu te beijar? - Ele perguntou, a voz baixa, quase rouca.

Por um instante, o mundo pareceu parar. O som dos fogos, do mar, da noite... tudo ficou distante. Eu apenas o via ali, tão próximo, tão sincero, tão Maciel. E então, eu assenti, sem hesitar, sentindo o sorriso suave que cresceu nos lábios dele antes de ele se inclinar.

O beijo foi lento, doce, como se ele estivesse esperando por aquele momento tanto quanto eu. As mãos dele subiram até meu rosto, os dedos tocando minha pele com cuidado, enquanto o frio na barriga dava lugar a um calor reconfortante, quase inebriante.

Quando nos afastamos, ele me olhou com um sorriso muito sincero no rosto.

- Feliz Natal, Thaís.

Eu sorri, sentindo o coração cheio de algo novo, algo bom.

- Feliz Natal, Maciel.

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Talvez eu faça uma parte 3 tá bem?!

De ano novo vão ter mais, aqui e no outro imagine. Estou preparando pra vocês de presente de natal 🤣

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