🪩DANIEL MACIEL² - Especial de Ano Novo
3729 palavras
A sala estava cheia de risos e música. Meus pais, como bons fãs da jovem guarda, nunca deixavam uma festa passar sem encher o ambiente com as músicas de sua época favorita. Era como uma tradição; bastava qualquer comemoração para que Roberto Carlos, Erasmo Carlos ou Wanderléa ocupassem o espaço. E hoje não era diferente.
Enquanto os primeiros acordes de "Festa de Arromba" começavam, eu me virei para Maciel com um sorriso travesso. Ele estava parado, me olhando como se não tivesse ideia do que vinha a seguir, o que só tornava a situação mais engraçada.
— Certo, novato, é agora que você aprende o que meu pai me ensinou. — Falei, já começando a mexer os quadris de um lado para o outro, no ritmo da música. — Tem que ter molejo na cintura, amor! Assim, olha! — Estralei os dedos das mãos no ar enquanto balançava o quadril com exagero teatral, cantando junto: "Que onda, que festa de arromba!"
Maciel riu alto, aquele riso genuíno que eu adorava. Ele parecia um pouco hesitante, mas sua diversão era evidente.
— Molejo na cintura? — Ele repetiu, tentando imitar meu movimento. — Tipo assim?
Ele balançou os quadris de forma desajeitada, como se fosse uma mistura de dança e exercício de aquecimento. Não consegui segurar a gargalhada.
— Meu Deus, amor, não é assim! Você está parecendo... sei lá, um robô tentando dançar samba! — Disse, rindo enquanto segurava os ombros dele para ajustá-lo. — Relaxa mais! Deixa fluir!
Maciel levantou as mãos em rendição.
— Ok, ok! Então me mostra de novo. Sou um aluno aplicado, prometo.
— Certo, preste atenção, professorinha Thaís entrando em ação. — Brinquei, girando nos calcanhares para demonstrar o movimento novamente. — Primeiro, o molejo! Vai mexendo o quadril devagar, sente a música. Depois, adiciona os braços, assim... e, por fim, os dedos! Estrala eles no ritmo!
Ele tentou acompanhar, e dessa vez estava menos desajeitado. Não perfeito, mas adoravelmente esforçado.
— Isso! Está pegando o jeito! — Falei, incentivando-o com entusiasmo, enquanto balançava os quadris no ritmo. — Agora, canta junto! "Que onda, que festa de arromba!"
Maciel tentou cantar enquanto balançava os quadris, mas acabou errando a letra de forma hilária, trocando as palavras e criando algo completamente novo. Isso nos fez rir ainda mais, e ele riu junto, sem nenhum traço de vergonha, o que só tornava tudo mais divertido.
— Isso mesmo, Maciel! — Minha mãe gritou da cozinha enquanto se aproximava, enxugando as mãos no avental, um sorriso largo iluminando o rosto. — Mesmo sua professora não sendo das melhores, você tá indo muito bem.
— Ei! — Protestei, colocando as mãos na cintura e fingindo indignação. — Tá falando de mim, mãe? Minha didática é impecável, viu?
— Impecável só se for no dicionário errado. — Ela respondeu, rindo ainda mais enquanto observava Maciel. — Coitado, tá quase caindo aí. Acho que você tá exigindo demais.
A música terminou, e Maciel colocou as mãos nos joelhos, respirando fundo, claramente cansado. Sua expressão exausta era cômica, mas também adorável.
— Vocês não me avisaram que isso era praticamente uma maratona... — Ele disse, tentando recuperar o fôlego. — Eu já corri 10 km mais fácil do que isso.
— Ah, amor, tá exagerando! — Comentei, aproximando-me dele e tocando seu braço. — Isso é só o aquecimento. Se quiser ser parte da família, vai ter que aprender a dançar todas as músicas do Roberto Carlos, do começo ao fim.
— Todas? — Ele levantou a cabeça, olhando para mim com uma expressão de fingido horror. — Quantas músicas ele tem?
Minha mãe gargalhou, se juntando a nós com um brilho nos olhos. — Ah, rapaz, são mais de 500 músicas. E aqui, a gente dança tudo, viu?
— É uma tradição. — Acrescentei, tentando parecer séria, mas não conseguindo conter um sorriso. — Mas senta aí no sofá um pouco, vou pegar alguma coisa pra você beber — Falei sorrindo, enquanto via o ruivo sentar no sofá aliviado.
Caminhei até a cozinha, cantarolando a próxima música que começou a tocar enquanto eu procurava algo na geladeira. O som da música preenchia o ambiente, e eu deixei-me levar pela melodia. O som da minha voz e a batida da música tornaram o ambiente mais acolhedor, ao mesmo tempo em que o ar da casa me parecia familiar e seguro.
Abri a geladeira e peguei uma garrafa de refrigerante, colocando o líquido na mesa enquanto ainda cantava para mim mesma. Caminhei até os armários procurando os copos.
Antes que eu pudesse alcançar, senti uma mão se estender e pegar um copo de forma gentil. Eu me virei e, lá estava Rafael, com um sorriso de canto, aquele sorriso que sempre me deixava desconfortável.
— Você realmente não economizou em ser bonita hoje, né? — Ele disse, me entregando o copo com um olhar irônico, como se estivesse mais interessado em me testar do que em qualquer outra coisa.
O sorriso dele era como uma provocação silenciosa. Eu o odiava por sua facilidade em sempre fazer de tudo uma brincadeira.
Peguei o copo com força, sentindo a raiva crescer dentro de mim. Meu estômago se revirou e eu forcei um suspiro.
— O que você quer? — Perguntei, a voz mais ríspida do que eu pretendia, enquanto despejava o refrigerante no copo, sem nem olhar para ele.
Rafael não se importou com o tom da minha voz. Ele se aproximou, ficando mais perto do que eu gostaria. O espaço entre nós parecia diminuir de forma desconfortável.
— Sinceramente? — Ele falou baixo, quase como um sussurro, e no instante seguinte, senti as mãos dele na minha cintura, puxando-me para mais perto. O gesto foi tão rápido que eu não tive tempo de reagir antes de ouvir suas palavras sussurradas em meu ouvido. — Quero você, Thaís...
Meu coração acelerou furioso. Eu o empurrei com a mão no peito, afastando-o de mim.
— Para de ser sem noção. — A palavra saiu de minha boca com firmeza, e minha voz ficou mais forte, mais autoritária. — Você não quer. Você sequer deveria estar aqui.
Ele ficou ali, olhando para mim, mas não parecia surpreso. Aquele maldito sorriso continuava estampado em seu rosto, como se nada do que eu dissesse fizesse diferença para ele. A impaciência que eu já sentia com Rafael transbordava agora em mim, mas ele parecia ignorar completamente, como sempre fazia.
Ele se aproximou de novo, com uma expressão desafiadora e sem uma pitada de vergonha, como se meu ato de afastá-lo fosse uma simples birra. Como se eu fosse apenas mais uma peça no seu jogo.
— Para com isso, linda... Eu sei que você sentiu saudades. — Rafael disse, com um tom doce, mas carregado de provocação. Suas mãos agarraram minha cintura com força, fazendo meu corpo se tencionar instantaneamente. — Vamo comigo lá em casa... — Ele continuou, as palavras saindo com a mesma facilidade com que ele se movia. — A gente mata a saudade fugindo das festas como nos velhos tempos...
Eu tentei me livrar dele, empurrando-o com força, mas era inútil. Rafael sempre foi mais forte que eu, e ele não parecia disposto a me deixar sair tão fácil. Cada movimento dele era calculado, quase como se soubesse o efeito que suas palavras tinham sobre mim.
Desesperada, fiz um esforço extra, tentando me afastar, quando ouvi uma voz familiar cortar o ar, cheia de fúria.
— Solta minha namorada, caralho! — A voz de Maciel ecoou, firme e ameaçadora, e logo percebi sua mão empurrando Rafael para longe de mim. O moreno, surpreso pela intervenção, tropeçou para trás, dando espaço para eu finalmente respirar sem a pressão do seu corpo sobre o meu.
Maciel estava furioso, os olhos fixos em Rafael com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes. Ele estava completamente fora de si, e eu pude ver que o respeito que ele costumava manter estava desaparecendo. Ele se aproximou de Rafael, o rosto tenso e os punhos cerrados.
— Você tá maluco? — Maciel perguntou, a raiva quase transbordando em cada palavra. Ele avançou alguns passos, o corpo tenso como uma corda prestes a se partir. — Você não percebe que não é bem-vindo aqui? E agora essa porra?!
Rafael, no entanto, não parecia intimidado. Pelo contrário, ele apenas levantou as mãos, dando um sorriso sarcástico.
— Calma, cara... — Ele disse, como se estivesse se divertindo. — Eu sei que a gente tem um histórico, mas não precisa disso tudo. Não é assim que você resolve as coisas, Maciel. Ela não precisa de você aqui.
Maciel estreitou os olhos, um sorriso forçado nos lábios. Uma risada seca saiu da sua boca
— Ótimo, você é realmente maluco... Olha, vou falar devagar pra você: Ela não quer você.
Rafael deu uma risada curta, como se a situação fosse algo engraçado para ele. Ele virou a cabeça para me olhar, os olhos ainda divertidos, mas com um brilho que eu não sabia identificar.
— Eu entendo... — Ele falou, e sua voz parecia quase suave, mas com uma camada sutil de provocação. — Eu sei que você gosta dela, mas não se engane. Você acha que ela não sente nada por mim? — Ele olhou para mim com um sorriso que quase me fez acreditar que ele estava certo. — A gente teve algo, Thaís. Lembra? Eu te fiz ser alguém melhor, te fiz ser a mais bonita, te quis quando ninguém te quis.
As palavras dele me atingiram como um soco no estômago. O passado com Rafael sempre foi um emaranhado de sentimentos não resolvidos, e, de algum jeito, ele sabia exatamente como tocar nas minhas fraquezas. E eu me sentia uma idiota por realmente acreditar nisso, já que passei um ano inteiro no Rio me convencendo de que ele estava errado
Eu queria chorar. O nó na garganta parecia impossível de engolir. Me senti uma idiota. Estou com Maciel, tenho alguém que me ama e me valoriza, mas... por que essa sensação ainda me domina? A voz de Rafael parecia um eco distante, mas carregada de memórias de um tempo que eu preferia esquecer. Era como se suas palavras tivessem o poder de me puxar para um lugar escuro, onde eu era pequena, diminuída. Eu me sentia minúscula.
Rafael, percebendo meu silêncio, pareceu se aproveitar da situação. Ele deu um passo à frente, confiante, como se tivesse vencido uma batalha invisível.
— Tá vendo a cara dela? — Ele disse, apontando com o queixo na minha direção, um sorriso cínico curvando seus lábios. — Ela lembra. Lembra do que a gente tinha. Do que eu fiz por ela. Você acha que pode competir com isso? — Ele estendeu a mão para mim, os olhos fixos nos meus. — Vem, Thaís. Vamos embora. Você sabe que a gente ainda tem uma conexão.
Antes que eu pudesse reagir, Maciel se moveu. Ele deu um passo rápido, interpondo-se entre Rafael e eu. Com um movimento firme, ele agarrou o pulso de Rafael antes que ele pudesse se aproximar mais.
— Nem pense em encostar um mísero dedo nela. — A voz de Maciel era baixa, mas cada palavra parecia carregada de um peso ameaçador. Ele apertou o pulso de Rafael, o suficiente para fazê-lo recuar, embora sem perder o sorriso desafiador.
Rafael soltou uma risada curta e amarga, forçando o braço a se libertar do aperto de Maciel. Ele sacudiu o pulso como se estivesse se livrando de algo desagradável e deu um passo para trás, ajeitando a camisa com um movimento impaciente, mas não perdeu a postura confiante. Seus olhos ainda estavam fixos em mim, como se esperasse uma reação, um sinal de que eu ainda era a mesma.
— Olha, vou te contar um segredo. — Ele disse, a voz carregada de sarcasmo, como se estivesse prestes a revelar algo crucial. — Sai dessa enquanto você pode. Eu cresci nessa cidade, eu convivo com ela desde o colégio. Eu conheço ela. Você não vai querer saber quem ela realmente é.
Ele me lançou um olhar de superioridade, como se quisesse me lembrar de tudo que passou entre nós. Tentei chamar Maciel, mas ele me ignorou, fazendo um gesto sutil com a mão, pedindo que eu ficasse quieta. Ele não desviava os olhos de Rafael nem por um segundo, a tensão aumentando a cada palavra que Rafael dizia.
— Ah, é? E quem ela é de verdade? — Maciel perguntou, sua voz carregada de uma calma ameaçadora, sem ceder ao desafio de Rafael.
Rafael respirou fundo, parecendo achar que finalmente tinha algo para me fazer recuar. Ele se aproximou um pouco mais, a arrogância transparecendo em cada palavra.
— Insegura, sempre vai desconfiar de você. — Ele falou, com uma ironia que me fez sentir um aperto no peito. — Extremamente ciumenta, você não tem a opção de viver com ela sem lidar com as crises de confiança dela. E, claro, sempre se achando vítima. Você vai ser o culpado de tudo que não der certo. Isso é o que ela faz. Ela sempre vai achar que algo está errado, que alguém está mentindo, e isso vai te consumir.
Rafael pausou, e seus olhos brilhavam com uma mistura de malícia e prazer por perceber o impacto de suas palavras. Ele sabia exatamente onde acertar.
Eu queria gritar, queria rebater, mas a voz ficou presa na minha garganta. Afinal, parte do que ele disse fazia sentido. Não era a primeira vez que eu me sentia assim... insegura, desconfiada, com medo de perder tudo o que mais queria.
Maciel, com uma expressão imperturbável, deu um passo à frente, desafiando Rafael com o olhar.
— É assim que você vê ela? Como uma pessoa difícil, que só causa problemas? — A voz de Maciel era fria, sem emoção, mas a intensidade estava ali, visível na tensão dos seus músculos. Ele não estava recuando. — Então a Thaís que você conhece não é ela, porque a minha Thaís é a pessoa mais corajosa, forte e adorável do mundo.
Rafael deu de ombros, com um sorriso quase cínico.
— Eu só tô dizendo o que é. Eu já estive perto o suficiente para saber. E quem você acha que vai ficar com ela quando tudo desmoronar? Você? — Ele se virou para Maciel com uma expressão desdenhosa. — Bom, boa sorte. Mas eu tô fora dessa. Eu já vi esse filme antes.
A voz firme e carregada de autoridade do meu pai ecoou pela casa, cortando o ar tenso que se formava na sala.
— Eu espero que você esteja fora mesmo, Rafael, incluindo da minha casa. — Ele apareceu na porta da cozinha, com os braços cruzados e uma expressão severa. — Minha filha não é nada disso que você insinuou. E você tem muita coragem de difamar a imagem dela dentro da própria casa.
Rafael, visivelmente desconcertado, tentou se recompor, mas sua postura vacilou. Ele deu um passo atrás, tentando manter sua arrogância, mas o peso das palavras do meu pai era inegável.
— Seu Antônio, eu... Ele... Eu não estava difamando, apenas estava dizendo o que... — Rafael gaguejou, tentando justificar suas palavras, mas a frieza do meu pai não permitiu que ele terminasse.
— Eu ouvi cada mínima palavra. — Meu pai interrompeu, a voz calma, mas carregada de uma autoridade inabalável. — E não vou tolerar esse tipo de comportamento aqui. Você não tem o direito de falar da minha filha dessa maneira. Nem nunca mais se atreva a entrar nessa casa, se for para propagar mentiras.
Rafael olhou de um lado para o outro, procurando algo, qualquer coisa, que pudesse usar a seu favor. Seu olhar então se fixou em Maciel, como se esperasse uma reação. Tentando mudar a dinâmica, ele apontou para Maciel, a raiva evidente em seu rosto.
— E ele?! — Rafael exclamou, acusatório, apontando para Maciel com o dedo tremendo. — Como você pode aceitar isso? Ele mal a conhece, e já está se achando no direito de... — Mas a interrupção foi imediata.
Meu pai deu um passo à frente. O tom de sua voz ficou ainda mais firme, sem sinal de hesitação.
— Diferente de você, desde quando ele chegou, eu só vi ele protegendo minha filha e respeitando minha casa. — Ele fez uma pausa, encarando Rafael com um olhar penetrante. — Ele não precisa fazer nada além disso para merecer respeito. E você, bem, você nem sabe o significado dessa palavra.
O silêncio foi pesado, quase palpável. Rafael ficou imóvel por alguns segundos, claramente derrotado. Tentava se recompor, mas parecia que cada palavra de meu pai o atingia com a mesma força de um golpe certeiro. A arrogância que antes marcava sua postura agora estava desaparecendo, substituída por um desconforto visível.
— Agora, eu quero que você saia da minha casa. — Meu pai disse, sem dar espaço para mais nenhuma discussão. — E se eu ver você aqui novamente... Sua imagem será manchada na cidade inteira.
Rafael olhou para mim, um último lampejo de raiva nos olhos antes de se virar e sair, sua postura ainda tentava manter um vestígio da bravata, mas ele não teve coragem de dar mais nenhuma palavra. A porta se fechou atrás dele com um baque, e o silêncio que se seguiu foi profundo, quase ensurdecedor.
Eu olhei para Maciel, o coração batendo mais rápido agora, misturado com um alívio crescente. Ele estava ali, ao meu lado, e parecia que, de alguma maneira, tudo estava voltando ao lugar. A tensão que me corroía durante toda a situação com Rafael se dissipava aos poucos, e a presença de Maciel me dava uma sensação de segurança que eu não sabia que ainda existia.
Meu pai se aproximou de mim, e eu pude sentir a suavidade de sua mão no meu ombro, como se quisesse me proteger do que quer que estivesse acontecendo ali. Seu olhar estava cheio de carinho, mas também de um leve arrependimento, como se ele tivesse reconhecido o peso de suas palavras e ações.
— Maciel... — Meu pai começou, e a voz dele, normalmente firme e autoritária, agora soava mais suave. — Me desculpe. Eu fui muito rude com você hoje.
Eu olhei para o meu pai, surpresa com as palavras que ele disse. Ele sempre foi rígido e direto, mas aquele tom de vulnerabilidade era algo raro, algo que eu não esperava ouvir, especialmente depois do que aconteceu. A tensão que ainda pairava no ar, entre o que foi dito e a intensidade do momento, parecia estar se dissipando junto com o pedido de desculpas dele.
Maciel, que até então estava em silêncio, pareceu ficar momentaneamente surpreso com as palavras do meu pai. Ele olhou para mim e, em seguida, voltou sua atenção para o meu pai. Não havia raiva ou ressentimento em seu olhar, apenas uma calma serena que parecia refletir o que ele já sabia: que meu pai estava apenas defendendo o que achava ser certo. E, de alguma forma, ele compreendia isso.
— Não foi nada, seu Antônio. — Maciel respondeu, com a mesma calma de sempre, um sorriso tranquilo nos lábios. — Eu entendo que você esteja preocupado com a Thaís. Não tem problema. O senhor está certo em querer proteger ela.
A sinceridade na voz de Maciel fez o peso do arrependimento de meu pai parecer mais leve. Meu pai olhou para ele, aparentemente aliviado com a resposta, mas também tocado pela compreensão de Maciel. Era um tipo de respeito que ele provavelmente não esperava, vindo de alguém que acabara de entrar em nossas vidas.
— Eu... — Meu pai continuou, com um suspiro mais profundo, como se tivesse liberado a pressão que estava guardada dentro de si. — Eu só quero que você saiba que, embora eu tenha sido ríspido, a Thaís tem boas pessoas ao redor dela. Eu confio em você.
Eu observei a interação entre eles, sentindo que, mesmo com todos os desentendimentos e dificuldades, o que estava acontecendo agora era um passo importante para que tudo se alinhasse de uma maneira mais saudável. Maciel não só tinha defendido a mim, mas também havia mostrado, mais uma vez, o quanto ele era uma pessoa que merecia respeito. Ele não precisava provar nada a ninguém, mas ainda assim, sua postura tranquila e respeitosa fez meu pai ver que ele estava ali de coração aberto.
— Eu só quero ver minha filha feliz, e você, Maciel, parece querer o mesmo. — Meu pai concluiu, com um olhar sincero. — Isso é o que importa no final.
Eu olhei para Maciel, sentindo a conexão entre nós se fortalecer a cada palavra trocada. Ele sorriu para meu pai, agradecendo com um simples gesto, e foi como se, naquele momento, todas as barreiras tivessem sido derrubadas. O que antes parecia um campo de batalha se transformava em algo mais leve, mais promissor.
Mas antes que eu pudesse processar completamente o alívio que tomava conta de mim, minha mãe apareceu na porta da cozinha, interrompendo o momento tenso. Ela estava com um sorriso iluminado, como sempre, o brilho nos olhos denotando a excitação que ela sentia ao ver todos reunidos.
— Aqui estão vocês! Vamos, gente. Vai começar a contagem regressiva! — Ela exclamou, animada, chamando nossa atenção para o que estava por vir.
Eu sorri, um sorriso verdadeiro, sentindo toda a tensão da conversa dissipar, substituída pela energia da virada de ano. Era como se, no momento em que entrei na sala, o ar estivesse mais leve, mais cheio de possibilidades. Todos estavam animados, se abraçando e se preparando para os últimos segundos.
A sala estava iluminada com as luzes cintilantes da árvore de Natal e a grande contagem regressiva no relógio de parede, que marcava os últimos momentos do ano. As vozes se elevavam, e os risos preenchiam o ambiente, criando uma sensação de calor e pertencimento. Eu podia sentir a vibração das risadas, o entusiasmo de todos ao meu redor, mas, ainda assim, algo me fazia me concentrar em Maciel.
Ele estava ao meu lado, seu olhar fixo no meu, como se soubesse exatamente o que eu precisava naquele momento. A contagem continuava, e quando chegou aos últimos três segundos, a atmosfera se intensificou, e, sem que eu esperasse, Maciel me puxou suavemente pela cintura.
Em um gesto espontâneo, ele me beijou. Não foi um beijo qualquer, mas um beijo longo, profundo, como se ele estivesse expressando toda a confiança, o alívio e a emoção do momento. O som das risadas e da contagem regressiva desapareceram, dando lugar ao único som que importava naquele instante: o bater dos nossos corações, o calor das nossas mãos entrelaçadas.
O beijo parecia não ter fim, mas no exato momento em que a contagem chegou ao final, os fogos de artifício explodiram no céu, ecoando pela janela e iluminando a noite. O estrondo e a luz dos fogos pareciam celebrar não só a chegada de um novo ano, mas também a nova fase que eu e Maciel estávamos prestes a começar juntos.
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Eeeeeeeh
Feliz ano novo, gente! 🥳
Como vocês já sabem: não revisei kakakakakaka
Tô muito cansada vei, ainda não me recuperei do ano novo, e vocês? Eu juro que eu dormi. Mas sei lá.
Eu não esqueci dos outros imagines 🤓 só não consegui escrever ontem (pelos motivos acima)
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