Capítulo 8: Milagres acontecerão conforme nós falamos

Eric Morgan, o Chefe da Segurança da empresária, entra no escritório de Katherine Brown sem bater, ele não precisava àquela altura, pois a mulher já o esperava com novidades sobre as tarefas que ela tinha colocado em suas mãos para realizar.

- Tudo pronto, Senhora.

- A reserva no restaurante? Os abutres?

A mulher perguntou enquanto se levantava da mesa passando as mãos para arrumar o vestido preto coladíssimo no corpo, moldando cada curva dele e realçando o decote, a deixando sedutora, mas sem perder a classe como sempre.

- Sim, Senhora.

Ela pegou a bolsa carteira, parou diante dele apontando de forma ameaçadora a bolsa em direção a ele.

- Se algo der errado, se aquelas garotas... – Ela respirou fundo. – Nem volte amanhã, ok? Senão penduro sua cabeça no ponto mais alto de Nova York.

- Não haverá erros, Senhora. Vou acompanhar toda a situação.

- Bom saber.

Ela se volta para a porta e caminha seguida por ele, com passos firmes, espera o elevador chegar ao seu andar, entra e aperta o botão para o andar acima do dela, a cobertura do prédio. Assim que sai, lança um olhar para o segurança que faz um leve aceno, ela segue seu caminhar, tento a Assistente falando que ia anunciá-la, mas ela entra na sala com um grande estardalhaço aproveitando o fator surpresa.

- Temos que começar a colocar algumas regras no nosso ambiente de trabalho, Brown. – O homem fala sem tirar os olhos do computador, o tom de voz era algo quase beirando o tédio devido à falta de ineditismo.

A loira lança um olhar para a assistente e faz um gesto com a mão a dispensando com desdém. A jovem que poderia muito bem ser uma modelo, sai da sala fechando as duas folhas da porta dupla.

- Thompson não abuse da minha boa vontade, por favor. Estamos na hora da nossa reserva. – A mulher bate o pezinho no chão, enfatizando uma impaciência elaborada.

O homem ergueu a cabeça olhando intrigado.

- Como? Acho que me perdi no meio deste campo minado que é a nossa relação profissional. – A expressão séria contrastava com o humor na voz.

- Não faço o tipo piegas. Mas fiz uma reserva em um restaurante para comemorar 1 mês de projeto. – Falou de tal forma que não deixava brecha para discussão.

- Mas já faz algumas semanas que completou 1 mês. – Ele falou desconfiado.

- Desde quando ficou tão sentimental e apegado aos detalhes. Vamos, estamos começando a nos atrasar. – A impaciência dissimulada começou a dar lugar para uma impaciência real.

Ele deu um suspiro pesado, vendo que aquela mulher as vezes poderia ser uma louca, desligou o computador enquanto ficava em pé. Então pegou o celular colocando no bolso do terno e o abotoou enquanto caminhava até a mulher.

- Como eu já consegui o restaurante, vamos no seu carro. Espero que sua equipe seja realmente competente.

Ele nem se deu ao trabalho de responder, apenas saiu da sala dele marchando, encontrando o chefe de segurança dela que a ajudava a vestir o casaco enquanto ela lhe repassava instruções sobre "ficar de prontidão". O homem preferiu não dar atenção, precisava notificar a Assistente que avisasse para a sua equipe de segurança que estava descendo.

Então os dois empresários entraram no elevador, ele não aguentando aquela loucura, resolveu falar:

- Sempre precisa ser tão autoritária?

- Precisa sempre estar no comando?

A pergunta dela o incomodou, levando-o a trocar o peso do corpo do pé para o outro em um visível sinal de desconforto. Ela havia acertado o calcanhar de Aquiles de todo o ego dele.

- Fica reclamando que sou cruel, mandona e irritante. Estou aqui convidando para um jantar, como um sinal de cessar fogo e fica reclamando. Decida-se!

- Tudo bem, não está mais aqui quem falou! – Ele ergue os braços, em sinal de rendição.

Eles saíram do elevador caminhando em direção a SUV preto.

- Stone, vamos ao... – Andrew falou para o seu chefe de segurança e motorista, mas vendo que não tinha todas as respostas, olhou para ela em busca de ajuda para elucidar alguns mistérios.

- ...Table One. – Ela complementa, enquanto continua a caminhar passando por ele e entrando no carro cuja porta já estava aberta pelo segurança.

Logo eles estavam acomodados no veículo, seguindo para o restaurante e um silêncio tomou o ambiente. Ele a analisava sempre que podia, assim como ela. Repassando tudo que havia planejado em sua cabeça, a mente era um burburinho de passos sendo repassados.

Quando o carro encostou no meio fio, o segurança abriu a porta, enquanto eles desciam e caminhavam até a entrada do restaurante, os paparazzi aproveitavam para fotografar. Um pequeno sorrisinho escapou dos lábios dela, mostrando-se confortável com a situação, a linguagem corporal relaxada, ele em um instinto protetor de macho alfa, levou a mão a base da costa, a guiando, ela não tirou a mão de lá, nem refutou, ao contrário, queria aquilo.

Assim que chegaram ao metre, a postura amável dela se revelou.

- Boa noite, Maurice! Quanto tempo! A mesa reservada em meu nome já está pronta.

A cutucada estava ali presente, a reserva no nome dela, fato que ela fez questão de enfatizar, assim como a familiaridade com o lugar. Escolheu um território dela, mal ele sabia o quanto literalmente era dela.

- Senhorita Brown, seja bem vinda! É claro que está pronta, preparamos a mesa de sempre. – Maurice se revelava extremamente educado e eficiente.

- Perfeito! – Ela agradeceu com um certo toque de afetação e um sorriso doce e educado.

Quando estavam acomodados em uma mesa discreta, bem no canto, ele a olhou chocado, que transformação havia sido aquela. Quando ele ia falar algo, sobre a máscara fria sair e agora voltar para o rosto dela, o chefe de cozinha e o proprietário se aproximou com um sorriso receptivo que foi retribuído por ela, e lá estava de volta a Katherine amável e carinhosa:

- Antoine, bon de te voir! (Antoine, que bom encontrá-lo!) – A mulher falou em francês perfeito.

- Ma chère, je suis heureuse de vous recevoir. Comment ça va? (Minha querida, eu que fico feliz em recebê-la. Como vai?) – O homem bem mais velho respondeu como se encontrasse uma velha amiga.

- Très bien et toi? (Muito bem e você?) – A mulher por sua vez devolveu a pergunta de forma leve e animada.

Andrew só acompanhava a interação com curiosidade. Como se estivesse diante de um experimento científico, ou melhor, de uma jaula de zoológico.

- Très bien aussi. (Muito bem também)

Então o chefe de cozinha lançou um olhar para o homem que a acompanhava e ela rapidamente deu lugar a boa educação.

- Je voudrais vous présenter mon ami, Andrew Thompson! (Eu gostaria de apresentar o meu amigo, Andrew Thompson!)

- Je ne savais pas que nous étions amis. (Não sabia que eramos amigos.) – Andrew jogou a piada com um francês igualmente perfeito e um sorriso irônico ao provas que os entendia por que conhecia a língua. - C'est un plaisir de rencontrer. (É um prazer conhecê-lo).

- Antoine Guillaume, o prazer é todo meu Senhor Thompson. – Se apresentou o homem. Vendo não ter mais necessidade em usar a linguagem secreta que era compreendida pelo acompanhante da mulher, ou seja, a brincadeira não tinha mais graça. – Seria um crime eu não o conhecê-lo, fico feliz que tenha vindo. A pouco tempo abrimos essa casa em Seattle. Ainda estamos em processo de soft open. Graças a brilhante ideia da belíssima Katherine e seu suporte, ampliamos para a Costa Oeste.

- Não ia conseguir ficar longe da sua cozinha Antoine, agora o tenho em Nova York, Boston e aqui. – Ela falou como uma velha amiga e admiradora.

- Então deixe-me fazer o que sei fazer de melhor, preparar um menu dégustation parfait (degustação perfeito). Só posso antecipar que o melhor acompanhamento é vinho tinto. – Deu uma piscadinha charmosa como se preparasse o público para uma grande mágica.

O homem mais velho fez sinal para um garçom que logo aproximou-se com as cartas de vinho, enquanto o Chefe de Cozinha se retirava.

- Uma garrafa deste La Romanée Grand Cru 2011. – Apontou no cardápio, tendo como resposta os olhos do jovem que saltaram em tamanha surpresa.

- Sim, Senhor.

O rapaz se retirou para preparar o pedido.

- Eu poderia fazer a irritante, perguntar se não era interessante saber a minha opinião, mas não farei nada disso porque estamos tentando estabelecer um acordo de paz e Antoine sempre mantem uma dessas em suas adegas para mim. Quando ele vê meu nome na reserva, ele providencia.

- Temos uma conhecedora de vinho aqui. – O homem olha para ela surpreso.

- Nem tanto, apenas aprendi a descobrir o que eu gosto ou não. Para não perder meu tempo com coisas inúteis.

- Então eu devo sentir que tenho alguma relevância, já que está perdendo seu tempo jantando comigo.

- Quase isso.

Ela deixou escapar um sorriso enigmático. Até que o rapaz retornou com a garrafa, que abriu na frente de Andrew, entregando a rolha para o mesmo, que a examinou visualmente e a cheirou enquanto o jovem serviu uma pequena amostra em uma taça, entregando então para avaliação. O homem balançou o líquido dentro da taça fazendo um espiral enquanto o analisava, então passou próximo do nariz seguindo o velho ritual, para em seguida beber um gole, então depois de um tempo fez o sinal de afirmativo enquanto pousava a taça sobre a mesa.

- Vejo que andou fazendo muitas lições de casa. - Ela comentava com ironia, enquanto o rapaz servia as taças e logo se retirava deixando a garrafa em um suporte sobre a mesa de apoio.

- Sim, tenho que saber aonde meu dinheiro está sendo investido. - O olhar dele estava claro o duplo sentido. – Por isso sou bem criterioso nas minhas avaliações e dificilmente erro.

- Então eu devo sentir que tenho alguma relevância, já que está perdendo o seu tempo com o meu projeto.

- Touché, minha cara. Touché.

Ele ergue a taça em um brinde, que foi retribuído por ela.

***

Essa e outras músicas estão na playlist da Trilha Sonora no Spotify: https://open.spotify.com/playlist/2l7XQw3oh4uZidoumVL96a?si=G5fRfy3uSMimeWcN9OFNmQ

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