❄︎ ! prolóngo. Os mortos não voltam
.⸰ 𖥔 ͙ࣳ prólogo ͙ࣳ 𖥔 ⸰.
os mortos não voltam
⊱⋅ ──────────── ⋅⊰
ANTES MESMO DE COMPLETAR SEIS ANOS, — antes de ter noção sobre o sangue que corria em suas veias, — Cecília já sabia que se quisesse sobreviver teria que lutar por ela e pelo o que ela era.
Quando descobriu sobre a existência de deuses gregos, Cecília Rey tinha apenas sete anos e não passava de uma criança assustada tentando fugir de um pai desequilibrado. O Acampamento Meio-sangue havia tornado-se uma casa para ela, um lugar onde todas as crianças desajustadas — com fardos maiores do que poderiam carregar —, se transformavam em uma única família — igualmente desajustada.
E os anos passavam rápidos para pessoas como eles. Constantemente pensando em que momento velejariam pelas águas do Rio Estige.
Apesar de tudo, Cecília Rey, encarava a fogueira a sua frente, enquanto o som de fogo crepitando se misturava com o choro e a melancólica que havia ao seu redor. As plantas em volta de seus pés começavam a murchar e congelar, o ar ao seu redor ficava cada vez mais frio, o que apenas ajudava todo aquele cenário de tristeza e luto. Se a vida tivesse uma opção de retroceder, Cecília voltaria no tempo, para uma época onde as coisas eram mais fáceis. Acho que todos desejam isso pelo menos uma vez na vida.
O ar de fim de tarde enchia seus pulmões, o frio congelante penetrando sua pele e um a um, cada um dos seus sentidos começavam a desaparecer. Audição, tato, visão. À medida que todos os traços de luz começavam a sumir lentamente, enquanto seu peito a puxava para baixo. Cecília piscou os olhos e respirou fundo, precisava aguentar mais um pouco.
Mesmo com o peito latejando de dor, Cecília não sentia vontade de chorar. Ela está tentando ignorar a dor e o cansaço que dominavam o próprio corpo, porque queria estar lá quando queimassem a mortalha dele.
Entretanto, quando a mortalha de Luke Castellan começou a queimar, Cecília sentiu o desespero e a raiva se misturarem e correrem rapidamente pelas próprias veias. Novamente era como se estivesse em Manhattan, dentro do Empire State.
Percy tinha uma mão esticada em sua direção, o Monte Olimpo estava a um elevador de distância.
━ Eu não irei, ━ sua voz estava rouca e áspera. ━ Vou retardar o exército de Cronos e vocês acabam com isso.
Cecília olhou para Percy Jackson e Annabeth Chase, os olhos cristalinos pareciam carregar uma dor que ambos os três entendiam e dividiam. A traição. Percy sabia o quão importante Luke Castellan, — o filho de Hermes e responsável por toda aquela guerra — havia sido para a Rey. Ele olhou para a garota, para o rosto manchado de fuligem e sangue, para os machucados e curativos mau feitos e assentiu. E com o resto de sanidade que ainda restava, Cecília virou-se de costa, ainda de pé sobre aquele chão gelado e marchou em direção aos semideuses ainda vivos naquela batalha.
As coisas havia acontecido mais rápido do que Cecília poderia processar. Uma hora Luke estava ao seu lado ensinando tudo o que ela sabia, — defendendo suas costas — e em outro ele já havia traído não apenas ela, mas como todo o Acampamento Meio-sangue. Tendo um fim miserável, digno de um traidor — sozinho caído no chão com uma adaga atravessada em seu peito.
No entanto, Cecília tentou trazê-lo de volta. Mesmo sabendo que ele já estava decidido, algo dentro dela insistia para continuar tentando. Então percebeu que não adiantaria qualquer coisa que fizesse. Ele já estava morto, deitada na poça do próprio sangue. Foi como se uma parte sua tivesse morrido junto com Luke, e Cecília sabia que aquele sentimento estariam com ela em todas as vezes que virasse para contar algo e ele simplesmente não estivesse ali para escutá-la.
As mãos se fecharam em volta do anel de ouro branco, como se tentasse acalmar a raiva que dominavam seu peito.
Naquela noite, depois do jantar, Cecília não voltou para o chalé de Hermes, como de costume. A garota andou em direção a praia e se sentou na areia, enquanto observava as águas do estreito de Long Islang a sua frente. Não se importava se as harpias pudéssem aparecer ali a qualquer hora e a vissem fora do chalé ou se Poseidon usasse sua fúria e fizesse as águas a arrastarem para o fundo do mar. Ela apenas precisava de um tempo sem que alguém perguntasse se precisava de alguma coisa. Além disso, Cecília já estava farta de comer jujubas, mas Grover realmente acha que aquilo poderia ajudá-la.
O colar com as nove contas, — a quantidade de anos que esteve no acampamento — agora pesava em seu pescoço. Tinha a sensação de ter alguém pressionando sua garganta, a impedindo de respirar normalmente, o que só piorava as coisas. Talvez Luke estivesse ali a punindo com aquela seção horrível, e ela realmente não poderia culpá-lo.
Cecília cerrou os punhos, sentindo os olhos e a garganta queimarem. Ela queria gritar, queria que aquele pesadelo horrível terminasse, queria não ter que sentir todo aquele ódio e tristeza, e sobre tudo queria seu amigo de volta. As lágrima já começavam a escorrer de forma descontrolada. Cecília passou as mãos pelo rosto na expectativa de acalmar seus nervos. O anel agora queimava em seu dedo. Ela se alto repreendeu, sabia que não deveria chorar depois de finalmente terem derrotado Cronos, ainda mais por causa de um traidor. Mas não conseguia. Por quê Luke Castellan não era apenas alguém que ela poderia apagar de sua mente tão facilmente.
Aos sete anos, depois de passar meses sozinhas vagando pelo mundo, Cecília achava que ao chegar ao acampamento, finalmente entenderia quem ela era. A decepção de não ser reclamada abalou o coração da pequena Rey.
Luke Castellan havia sido o único que esticou a mão para ela. O único que viu além de uma criança perdida. Ele lhe mostrou o significado de força e Cecília Rey se tornou forte sem precisar da ajuda de uma deusa que à rejeitará. Luke ensinará mais do que apenas seu estilo de luta, ensinará como se apoiar na força, como poderia destruir quem pisasse em seu caminho apenas com uma espada.
Cecília era uma completa desajustada e mesmo em um lugar cheio de iguais, ela ainda se sentia distante. Entendeu muito cedo que nunca faria grandes coisas, não tinha nascido para isso. Era uma criança rejeitada, então precisou se agarrar a força. Com o passar dos anos, Cecília aceitou que seria muito difícil que os outros a vissem como ela gostaria. Ela sabia fingir bem, apesar de tudo não conseguia viver sem a aprovação de alguém. No entanto as coisas mudaram quando Percy Jackson, o garoto engraçado e desengonçado cruzou seu caminho, Cecília sentiu que finalmente poderia ter mais alguém que a entendia.
É claro que depois de se conhecerem, irem para uma missão atrás de salvar o mundo mais de uma vez e lutarem lado a lado em diversas ocasiões, não se tornarem amigos parecia impossível.
Quando as esperanças de ser finalmente reclamada haviam se dissipado completamente, Cecília foi então vista pela sua mãe. Aos quatorze anos, sozinha, com seus melhores amigos longe em uma missão de resgate, ficando com o cargo de baba no acampamento, sua mãe a reclamou e as coisas não poderiam ter ficado piores.
Cecília soluçou enquanto limpava as lágrimas que insistiam em cair. O silêncio estava a matando lentamente. A Rey se levantou, olhando diretamente para o mar enquanto invocava a lança de gelo. Lentamente seu anel assumia uma forma cumprida com uma fina e afiada ponta. E marchou em direção as arenas de treinamento.
Cecília se apoiaria no força.
⊱⋅ ──────────── ⋅⊰
00
Eai o que acharam do primeiro capítulo de Ice Heart? Espero que tenham gostado.
Eu estive bastante ansiosa para mostrar a vocês esse capítulo. Ice Heart é uma fic que tenho escrito e reescrito inúmeras vezes desde de 2019, então ela passou por diversas mudanças até eu finalmente encontrar um resultado que realmente gostasse.
Algumas coisas podem ter ficado confusas, mas prometo que em breve mais informações serão mostradas.
Não sejam fantasmas, voltem e interajam, eu amo ler os comentários e interagir com vocês, a cada apoio a está fanfic, me dá mais motivo para continuar.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top