Um passo de cada vez
Pela primeira vez eu estava sozinha naquela grande sala, eu havia chegado cedo e me deixaram ali para esperar Hoseok que havia saído para descansar um pouco.
Eu olhei cada detalhe que havia ao meu redor, o grande espelho, a mesa de som junto, as barras que ajudavam crianças a ter equilíbrio ao praticar ballet e outros pequenos detalhes que meus olhos captaram e me fizeram sentir uma enorme nostalgia... Quanto tempo já fazia? Dois? Três anos que eu não dançava? Não me arriscava ou tentava? Que havia tomado a decisão que aquilo não era mais para mim e que sentia pena de mim mesma pela situação que eu me encontrava? Ah era tão difícil imaginar, era automático colocar os olhos naquela perna e a culpar por tudo e ter vontade de sair dali achando que não conseguiria.
- Vejo que chegou cedo! – sua voz me despertou de todas as coisas que surgiam e bombardeavam meu cérebro.
- Acho que cheguei cedo demais devido a ansiedade
- Isso já é um bom começo! – ele sorriu parando em minha frente, como não respondi julguei que ele riu do meu semblante que não entendia o que ele estava dizendo e logo o mesmo continuou – se está ansiosa a sua paixão, seu fogo ainda está vivo.
- Hoseok... eu já disse...
- Vamos tentar sim, eu já disse para desconstruir esse sentimento de pena que você tem de si mesma e focar na paixão que sente – ele chamou a atenção para suas palavras deixando as minhas paradas no ar – tudo que temos que fazer é dar um passo de cada vez...
- Um passo de cada vez? – repeti um pouco patética...
- Me siga...
Com a ajuda de um controle ele colocou uma música no ambiente, ela não era tão calma como eu imaginava para um começo, porém os passos que ele fazia eram e por incrível que pareça se adaptava perfeitamente a batida da música. Ele me instruía em como pisar, os intervalos que eu devia dar e como usar corretamente meu corpo ao meu favor...
E sabe, devo admitir que me senti viva novamente, deixe-me explicar melhor para você entender: sabe quando você gosta de fazer algo, mas acaba parando de o fazer por medo ou então por achar que não se encaixa mais com você, daí um belo dia você volta a fazer aquilo e tem a certeza que foi feita para aquela atividade ou então sente a felicidade de estar novamente fazendo aquilo que gosta? Eu estava assim no momento.
Meus pés não vacilaram nenhuma vez, meu corpo não fraquejou com nenhum movimento e meus pulmões se encheram por voltar a fazer aquilo que gostava. Terminamos a musica e eu cai na gargalhada, eu me sentia alegre, transbordante e animada.
- Não preciso nem perguntar como se sente! – o sorriso brilhou em seu rosto e eu sabia que era um reflexo de como também estava o meu.
- A dança ainda está em mim, eu estou tão feliz!
- Foi o que eu disse, é só continuar praticando e recuperará todo o tempo perdido rapidinho.
Sem segurar meu corpo fui em sua direção e o abracei, a emoção tomou um pouco a minha pessoa e eu era mais que grata a ele, ele veio me salvar me tirar daquele barco que estava afundando e me mostrar que devia começar de mim, parar de sentir pena e agir.
- Obrigada Hobi, obrigada por me ajudar!
Seu corpo estava rígido e ele gaguejou um pouco a responder e então me liguei no que havia feito me afastando sem jeito, o sorriso estava ali novamente, no entanto o dono dele estava um pouco sem jeito devido a ser pego de surpresa, aproveitei e me despedi seguindo caminho para casa.
Não deixando de sorrir tive algo empolgante para contar a minha mãe pela primeira vez em anos e senti seus olhos brilharem ao ver que finalmente eu tinha parado de me esconder.
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