Capítulo 20: Seis Por Meia Dúzia

Amberly

Agora eu não tenho mais certeza se a Magnum é o lado certo.

Isso tudo é a vingança, eu sei, mas não sei se justificaria atacar a Comissão desse jeito, mobilizando tropas por todo o lugar e matando qualquer um que encontrar. Mesmo assim, não é só isso que cerca a minha mente. Norman está preso, junto a muitos de seus homens, incluindo Andrew e Kaley. Kane me perguntou se eu queria ir com ele para um interrogatório, mas na verdade sei que ele me chamou para eu aprender como se faz. 

Mesmo com tudo isso na cabeça, ainda tentava assemelhar os santuários com a história de Albert, que ele descanse em paz. A Magnum sempre destacou que era a vingança, assim como a Comissão era a necessidade, mas quem seria a justiça? Como estaria Ylleeth hoje, com sua memória apagada e vivendo entre nós? Não sei e tenho medo de saber. Se a Magnum e a Comissão fossem mesmo como as da história, então Kane seria Laurentio, Norman seria Hugo e algum homem aleatório seria Ylleeth. Se eles realmente forem, provavelmente não se lembram já que foi a muito tempo atrás. Mas ninguém esquece de sua origem, nem mesmo a pior.

O primeiro a ser interrogado foi meu irmão. Fomos até a cela dele, que sofria uma certa pressão por alguma coisa. Pedras silenciadoras, todos nós ficávamos sem poderes lá dentro. Parecia que me sufocava, mas sem tirar meu fôlego. Me sentia fraca, inútil, como uma humana normal novamente. Talvez meu pior pesadelo seja virar humana de novo, e aquela pedra faz justamente isso. Tinha que ser muito boa para não transparecer, para não perder o foco e vacilar, para que meu irmão não descubra pontos fracos. Ele sabe que não é culpa minha dele estar aí, ele tem que saber. Caso contrário, acho que isso pegaria mal para os dois.

─ Amberly. Posso conversar com a Amberly? ─ ele pedia para Kane, que milagrosamente deu cinco minutos para conversarmos. Saindo da cela, Andrew me pegou pela roupa e me encarou profundamente nos meus olhos. ─ Não me diz que você e ele planejaram tudo isso. O ataque, a minha prisão. Quando ia me contar que ia nos usar para ter a sua namorada morta de volta? ─ fiquei sem reação por um instante. Abri a boca, porém tudo que saía eram tentativas falhas de respostas.

─ Eu preciso da Janet mais que tudo agora, Andy ─ foi a única coisa que consegui pensar no momento. Sei que vou me arrepender.

─ E quanto a mim? Tudo que nós tivemos juntos quanto família, aquilo não significou nada para você? ─ empurrei Andrew de perto de mim, porém ele segurou com mais força e seus dedos estavam enfincados nos meus braços, me arranhando enquanto eu o empurrava.

─ Da pra ficar quieto? ─ dei um tapinha no seu rosto, que fez sua expressão mudar de raiva para confuso. Acho que eu nunca pensei que estaria agredindo-o, mas ele precisa se concentrar agora. ─ Eu tenho um plano e preciso que você coopere comigo. Você não pode contrariá-los, me entende? Senão só vai piorar as coisas.

─ Espero que realmente dê certo, senão vamos todos morrer aqui, menos você. Você vai ter a pessoa que sempre quis e vai esquecer de tudo isso ─ Kane abriu a porta com tanta agressividade que levei um susto na hora. Já haviam dado cinco minutos? Não sabia ao certo, pareciam menos, não me surpreenderia se fossem menos. ─ Não confie nesse cara, Amberly, não dê sua vida a ele.

─ Vamos ao que interessa. O que você sabe sobre tudo isso? ─ Kane estourou enquanto entrava. Por um momento não consegui apoia-lo, se ele fizer algo a Andrew, vou sair do controle. Mesmo puto comigo, não conseguia abandonar Andy. Por que não conseguia? Por que não poderia deixar para lá?

─ Não sei quase nada. Passei minha última semana acorrentado tanto aqui quanto lá sem poder usar meus poderes e agora que consegui a confiança da Kaley eu fico preso de novo ─ Andrew disparava, Kane parecia entender. Chamou um guarda, o mesmo que prendeu meu irmão quando estávamos na escola e deu ordens bem claras.

─ Arrume esse garoto, deixe-o menos acabado. Vamos trazer a namorada da Amberly de uma vez por todas ─ terminou empurrando Andrew ainda mais para dentro da cela, como se não estivessem longe o bastante um do outro. ─ E você ─ se virou para mim e apontou diretamente para a minha cara. ─ Vá buscar o cadáver. Não podemos ter poder e não ter o material, deveria saber disso. Vá rápido, desenterre-a e se arrume quando chegar. Sinto que Norman vai arrumar um jeito de fugir ─ assenti balançando a cabeça e sai dando uma última olhada de esperança para meu irmão. Por enquanto ele estava sozinho, mas quando eu recuperar Janet vou fazer o meu melhor pra tirar ele daí.

Apesar de gostar muito do Kane, dele ter me acolhido e me aconselhado perante os últimos meses, o que ele fez na Comissão é errado. Ele me usou para invadir o santuário e deixar um rastro de sangue quando saiu, matando o professor, um homem inocente que eu procurei. Kane me mostrou uma ótima pessoa no inicio, mas agora eu não sei mais o que ele é para mim, se é uma espécie de pai ou um homem que têm mentido para mim desde o inicio, assim como Trent. Se pensar assim, eles não são tão diferentes um do outro.

Talvez eu tenha apenas trocado o seis por meia dúzia no final das contas.

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