Capítulo 18: Runas

Andrew

Se Amberly queria finalmente investir em estudos, não acho que agora seja a hora certa.

Podíamos ter ido a qualquer lugar. Casa do Zayne, casa da mulher que cuida da Taylor, um restaurante, um bar, qualquer coisa, mas Amberly nos teleporta para uma escola. Não fiz nenhuma pergunta o caminho todo. Não sabia seus motivos, não sabia seu plano, não sabia sequer o que estava pensando já que ela me privou de tentar ler seus pensamentos. Mesmo assim, parecia que minha irmã tinha se metido em outro problema e ninguém ficou sabendo, apenas ela.

Não conversamos e nem discutimos, apenas deixei ela me levar para onde sequer que queria. Se ela está me levando quer dizer que não se sente ameaçada e isso já era o suficiente para saber que ela ainda confia em mim mesmo depois de tudo. Sou o irmão dela, o cara que tirou ela do roubo e colocou ela numa resistência mutante onde quase morreu e viu vários morrendo em sua frente. Talvez eu não mereça muita confiança dela mais. Pensando em tudo isso parece que eu ferrei com a vida da minha irmã mais do que antes. Se não tivéssemos nos conhecido, Amberly ainda estaria apaixonada pelo Zayne e eles formariam sua linda família juntos. Mas tive que me intrometer nisso tudo só porque tivemos uma reação ao toque. Eu poderia ter fugido.

─ Com licença. Você conhece um professor chamado Albert F... Frügel? É urgente ─ demorou um pouco para ela pronunciar o sobrenome dele. Não que fosse difícil, além do mais a pronúncia era só "frúguel", mas mesmo assim era difícil de ler para alguém que não sabe nem escrever o próprio nome. A pessoa que atendeu a porta pareceu entender e nos deixou entrar mesmo assim, provavelmente alguém que já trabalha nesse local a tempos.

Fomos subindo as escadas, me lembrava bastante da minha escola mesmo não sendo o mesmo lugar. A energia ruim dos alunos sentados nas carteiras apenas ouvindo um velho falar sobre as equações ou como um bigodudo criou a Alemanha nazista. A vida sempre parece morrer quando lembro da minha escola, mas pelo menos eu já me formei, ou deveria ter me formado antes de conhecer Amberly.

─ Albert. Sinto muito interromper a sua aula, porém esses dois vieram atrás de você. Dizem que é urgente ─ a secretária nos abandonava e deixava que o professor interrompesse sua aula para vir até nós por qualquer motivo urgente que minha irmã tenha.

─ Bom, a que grandes motivos levam vocês a virem até aqui só para interromper minha aula? ─ ele começava, sua voz era engraçada. Ele tinha um sotaque de outro país, a mesma língua, porém com certa estranheza. Ele era bem maior do que eu com suas pernas longas e finas, os braços também. Acho que se começássemos a lutar aqui e agora, ele teria vantagem sobre mim.

─ Podemos conversar em particular?

─ Terá que esperar meu turno acabar para podermos conversar em particular.

─ Então esperamos ─ Amberly se sentou em uma das cadeiras de espera. O professor nos encarava confuso, mas mesmo assim resolveu continuar sua aula até o fim dela. Pelo menos duraria pouco, eu espero.


─ Você deveria treinar mais, Bowen ─ apenas o treinador me chamava pelo último sobrenome. Não porque era o mais bonito, mas sim porque eu não gostava e me deixava irritado. Eu tinha perdido meu primeiro e último jogo de vôlei no campeonato interescolar, o que foi o suficiente para eu desistir logo depois.

─ Pode deixar, treinador Smith ─ o cara era quase duas vezes o meu tamanho, alto, magricela e com rugas por todo o rosto. A pele dele já estava caída pelo seu corpo, estava velho para esse trabalho.

Já era difícil o gastante ser vaiado pelos outros meninos, ainda mais pelo melhor amigo, que era o melhor do time. Eu tinha realmente decepcionado todo mundo, não só o treinador, todos tinham perdido porque eu me desliguei só por alguns instantes do jogo. Acho que minha tia realmente se questionou se eu não era autista.

─ Já podemos ir embora, Andy? ─ minha tia, Lilá, parecia querer embora rápido demais para o meu gosto. Preferi ficar mais um pouco para me trocar e lavar o rosto. Tenho treze anos e já suo igual um porco, talvez pior. 

O jogo tinha sido da arena da escola rival, o que foi humilhante, mas seria pior se perdêssemos na nossa própria escola. A torcida do outro time parecia mais animada que a nossa, além do mais perdemos de lavada e ninguém parecia ter mais esperança no jogo. Alguns pais até se retiraram para não ficarem nervosos, meu tio Michael foi um deles.

No caminho para o banheiro pude observar uma menina magrela e baixa de cabelos loiros que provavelmente se tornariam mais escuros no futuro. Ela dava passos trombados, uma hora dessas iria cair. Parecia uma retardada pelo jeito de andar e pela forma que parecia desnutrida, mas também não tinha um sorriso no rosto, estava completamente fechada. E como eu previa, ela conseguiu cair bem na minha frente.

─ Posso ajudar... ─ não consegui terminar a frase até tentar encostar na garota e uma luz branca sair de mim. Ao mesmo tempo, algo preto parecido com fuligem saia dela, mas nada sujava nossas roupas. A garota olhou por cima do meu ombro e fugiu, sem dizer nada mais.

Queria ter perguntado o nome dela, mas ela saiu correndo pelos corredores antes que eu conseguisse abrir a boca. No fim do corredor, um garoto maior que eu, um dos meus rivais de hoje pelo que me lembro, esperava por ela e os dois saíram de mãos dadas. Não queria dizer nada, mas não precisava dizer que tinha namorado desse jeito para mim. Se eu pudesse pelo menos saber o nome da garota, talvez eu pudesse me aproximar dela...


─ Andrew, acorda ─ Amberly me balançava, me acordando da lembrança que eu nem lembrava que tinha. 

A garota do sonho, ou melhor, do flashback, não era diferente do que conheço. Cabelo loiro quase castanho, não muito diferente da Amberly agora. Quando nos conhecemos, ela era morena, mas provavelmente pintava já que a polícia estaria procurando agora por uma adolescente desaparecida. Agora que não é mais procurada, não precisava pintar, deixando o loiro escuro tomar fio por fio de volta a como era antes.

Não posso tomar decisões precipitadas, além do mais tem muita chance daquela garota não ser a minha irmã, mas quando nos tocamos eu senti algo diferente, o mesmo poder que usamos para destruir a merda toda. Senti isso também quando nos conhecemos, quando eu a joguei contra a parede e tudo isso começar. O garoto, meu rival do jogo de vôlei, lembrava Zayne e os dois já eram próximos na época, já que o acidente já tinha acontecido. Mas lembro que não posso tomar decisões precipitadas por isso, além do mais foi a muito tempo atrás.

─ Qual assunto vocês pretendem discutir? ─ o professor perguntava e quando meu via, já estava sentado em sua cadeira. Amberly tinha me empurrado para cá rápido demais enquanto eu me perdia nas lembranças.

─ Runas antigas dos vikings. Já viu algo assim antes? ─ ela pegava o celular e mostrava uma foto de uma pedra com símbolos gravados nela. Não sei de onde vem isso, mas parecia com uma das tralhas da Kaley. 

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