Capítulo 14: Decisões Precipitadas

Andrew

Tentava me convencer de que isso era o certo a se fazer.

Claro que não era, além do mais troquei minha irmã pela minha própria pele e sei que ela nunca faria isso comigo. Mas eu nunca pedi nada a Kaley além de apenas manter minha irmã trancafiada e sem qualquer tipo de vingança que Kaley queira ter. De todo modo eu sei que isso nunca seria cumprido não importa quantas vezes eu implore, todos sabem o preço que Amberly vai pagar por toda a morte que causou.

O quarto em si não era tão ruim, era mais parecido com o de Kaley que imaginei. Cheguei a conclusão de que todos os quartos eram mesmo iguais, mesmo tamanho, mesmas cores. Se algum quarto tivesse modificações, provavelmente teria sido feito pelo próprio dono. A janela tinha vista para a cidade mesmo o santuário não ficando na cidade. Carros passavam todos iluminados pelos postes de luz no meio da noite. Acho que a última vez que parei para uma vista assim foi a meses atrás no terraço da resistência enquanto tinha algum tipo de crise. Pelo menos pude relaxar sem arrancar a cabeça de alguém fora ou pior. Odiava o que havia me tornado naquele lugar. Um assassino pior do que minha irmã.

Não acho que poderia olhar para ela assim, mas eu tinha que tentar. Foi horrível a solidão, as paredes frias e a barra de ferro gelada, a diferença é que ela está trancada por uma porta. Talvez eu pudesse conversar com ela. Antes de me deixar sozinho no quarto, Kaley tirou minha coleira, provavelmente colocando outra no pescoço de minha irmã. Se ela tivesse seus poderes com certeza já teria fugido desse lugar.

Respirei fundo enquanto seguia meu caminho para a cela de Amberly. Eu não poderia estar com medo de uma pessoa tão indefesa como ela agora. Ela era minha irmã, a garota que prometi a mim mesmo que cuidaria não importa o que acontece, estava numa solitária por minha causa. Mas eu nunca pedi para ser solto, eu pensei que eu e Amberly ficaríamos presos juntos, um ao lado do outro enfrentando essas pessoas, mas agora eu não sei de que lado eu estou.

Minha irmã cantarolava o refrão de uma música bem baixinho, quase inaudível. Summertime Sadness foi o que eu consegui identificar. Com as mãos tremendo, abri a porta da cela solitária e encontrei minha irmã sentada na mureta de costas para a parede com sua cabeça apoiada na própria parede. Fechei a porta devagar, porém com um desespero de deixa-la fugir. Qualquer passo em falso e sou eu no lugar dela.

─ Curtindo a primeira classe? ─ me zoava e sei que não poderia me defender. ─ Aposto que agora ta comendo caviar no pãozinho banhado a ouro ─ respirei fundo, caso contrário acho que iria explodir de raiva. Não a julgo, ela tem esse direito, e não vou fazer nada para impedi-la, não vou fazer nada. ─ Como eu fui patética de tentar vir atrás de você mesmo sabendo o que aconteceria ─ soltou uma risada nasal que eu tentava entender de onde isso vinha. Ela está rindo de desespero da própria desgraça.

─ Amberly, você tem que entender o lado dessa pessoas ─ revirou os olhos para mim como se o que eu falasse fosse nada. ─ Você matou amigos dela, da Kaley, e ainda espera que seja recebida com um convite e flores ─ suspirei devagar e tentei continuar. ─ Olha, eu já conquistei a confiança deles, mas se eu for traí-los, tenho que saber se estou traindo o lado errado ou não.

─ Você está do lado errado, Andrew ─ agarrou a gola da minha camiseta, me puxando para perto de seu rosto para encará-la. ─ Me solte e eu posso te mostrar o verdadeiro lado.

─ Você fala como um Imperador do Star Wars ─ ela não acreditou quando eu associei a situação a um filme de ficção cientifica do século passado. Não caiu bem na minha imagem, mas pelo menos é uma prova de que sou um nerd. Em decepção, minha irmã me soltou de suas mãos e revirou os olhos novamente como se eu fosse a pessoa mais estúpida do mundo.

Mas depois disso comecei a associar esse lugar como uma base da rebelião, que luta pelo bem, e o lado de minha irmã como o lado sombrio da força. Na minha cabeça tudo já estava dividido e, por mais que eu tente, era difícil pensar numa hipótese dessa Magnum ser realmente o lado certo. Mesmo assim, eu tinha que ouvir o lado da minha irmã para saber se não estava tirando decisões precipitadas.

─ Um dia você vai ter se arrependido de ter me deixado aqui, Andrew ─ era estranho a entonação usada no meu nome, um tom de ameaça. Acho que era a primeira vez que minha irmã me ameaça desse jeito. Então acho que ela já decidiu o meu lado da história por mim, agora eu estou oficialmente do lado errado na cabeça dela. Queria poder fazer minha irmã acreditar em mim, acreditar que eu ainda não tomei uma decisão precipitada demais. Mas agora, na cabeça dela, eu sou o inimigo.

Talvez eu já tenha me arrependido de ter feito ela vir até aqui desesperadamente por mim, para me salvar.

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